Annika é uma jovem que nunca conseguiu se encontrar no mundo e cada vez mais percebe que é muito “esquisita” para as outras pessoas. Muitos, com exceção de seus familiares e sua amiga Janice, sorriem dela e a ignoram. Por esse motivo, ela se isola do mundo e passa mais tempo a cuidar de animais como voluntária numa clínica veterinária, considerando gostar mais de animais que de pessoas.
Quando percebe seu deslocamento com o ambiente e desanimada com a faculdade, pede aos pais que venham lhe buscar para voltar para casa, é quando Annika é convidada a participar de um clube de xadrez, e como ela gostava de tudo que tinha mais “lógica”, coisas objetivas e concretas, acaba aceitando e tornando-se uma jogadora excelente, desistindo de ir embora.
Após alguns dias nesse clube, ela conhece Jonathan, um jovem que acabara de chegar à faculdade depois de passar por algumas situações difíceis e misteriosas de onde viera. Ambos acabam jogando algumas partidas de xadrez e Jonathan começa a investir, apaixonado, nesse relacionamento. Mesmo sem entender, de fato, as ações de Annika, Jonathan se apaixona por ela do jeito que é e ambos se envolvem profundamente. Contudo, numa noite juntos, Annika começa a sangrar e, muito desesperada, desmaia, parando no hospital.
Depois desse dia nada mais é igual entre eles e acabam se separando por 10 anos. Jonathan se muda para Nova Iorque, mas retorna 10 anos depois. Annika e Jonathan se reencontram, ela ainda solteira e trabalhando como bibliotecária, bem mais independente, e ele saindo de um divórcio conturbado e trabalhando a fim de conquistar uma promoção na empresa.
Dessa vez, Annika é quem está disposta a tudo por Jonathan e ele, embora com medo de ser deixado novamente, ainda nutre um amor intenso por Annika.
Com a motivação na terapia e ao lado de Jonathan, Annika faz um teste para identificar se possui o Espectro Autista, mas quando tudo parecia estar mais claro e melhorando para eles, Jonathan fica incomunicável, após a queda das torres gêmeas, deixando-nos cheio de dúvidas e nervosos quanto ao que virá acontecer, se ele estará vivo, se Annika conseguirá fazer algo e como isso tudo vai terminar, torcendo por um final feliz.
Sabe aquele livro que nem a sinopse ou resenha vai lhe dar a dimensão real da história? Apresento-lhes: “Sem lógica para o amor”, um romance que trata de reencontros e superação. Esse reencontro dá a oportunidade de um recomeço aos protagonistas, o que não dispensa a correção de alguns erros do passado e que, mesmo sendo ambos mais maduros agora, ainda terão que lidar com algumas lembranças dolorosas se quiserem enfrentar todos os obstáculos da vida juntos.
Essa história foi uma grande e agradável surpresa para mim, em especial, porque acreditava ser um romance adolescente, leve e descomplicado. Puro engano! Iniciei a leitura despretensiosamente e nas primeiras páginas comecei a acreditar que seria mais um romance “água com açúcar”, porque apresentava situações cotidianas, em que, na maioria das vezes, não conseguia compreender as atitudes da protagonista. Ela me deu uma grande lição!
“Permita-se embarcar nessa. Não deixe que uma experiência ruim a prive para sempre da felicidade de conhecer um cara legal.”
A narrativa intercala passado e presente, entre os primeiros anos de Annika e Jonathan como namorados e amantes e entre o ano do seu reencontro, o que deixa o leitor atônito (a) quanto aos motivos de não terem dado certo juntos, já que eram tão apaixonados um pelo outro. Até que, do meio para o meio - fim da trama, há uma enxurrada de informações que nos paralisam e faz tudo ter sentido. Fui tomada por um mix de emoções ao perceber as dificuldades de Annika e entender os motivos de existirem. Essas emoções são ainda mais fortes ao ver como Jonathan lida com as especificidades dela e com a vida de forma tão madura. Que mocinho incrível, humano e muito sensato, daqueles de se apaixonar à primeira leitura.
“Às vezes, é importante que as pessoas com quem nos preocupamos saibam que um único incidente não as define necessariamente.”
Ela é uma protagonista forte, embora limitada e sempre acompanhada por pessoas que lhe ama e ajuda. O mais duro é vê-la tentando se encaixar na sociedade, por diversas vezes se achando um erro ou uma esquisita que nunca fará nada direito. Essas situações me fizeram repensar na vida e na importância de nos aceitarmos. Muitas vezes, ela imita as atitudes das outras pessoas só para que acertasse e fosse vista como “normal”. Annika é aquela personagem em que temos a certeza de que não trairá seu amor, pois sua naturalidade e sinceridade extrema, ainda que às vezes dolorosa, faz dela ainda mais perfeita e única. É uma personagem completa e autêntica.
“Uma mulher é como um saquinho de chá; você nunca sabe quão forte é até que esteja na água quente.”
Já Jonathan é aquele mocinho inteligente, compreensivo e muito paciente. Ele não é perfeito, o que eu adorei, pois é mais real e palpável para o leitor. É um homem maduro para sua idade, mas entendemos os porquês no decorrer da leitura, quando nos deparamos com suas experiências desde a tenra idade.
Outra personagem muito importante na história é a melhor amiga de Annika, Janice, uma jovem descolada e equilibrada, uma pessoa maravilhosa e muito disposta, que ensina tudo sobre a vida à Annika, já que a mãe de Annika teve dificuldade em lidar com a síndrome da filha, em conjunto com a própria situação do pai. Os diálogos entre Janice e nossa protagonista são divertidíssimos e ajudam Annika a amadurecer muito até o final da obra. Essa amizade perdura da adolescência à fase adulta, dando um quê a mais para se apaixonar por Janice como uma personagem incrível e muito humana.
O desfecho traz diversas surpresas, tanto sobre os motivos de Annika e Jonathan terem se separado, quanto às conexões da história com um momento marcante em 2001. Além disso, alguns pontos se invertem, o que nos deixa nervosos, portanto, segurem os lencinhos, pois além de ter um final enérgico, deixando o leitor com o coração na mão até os últimos acontecimentos, deixa-nos também emocionados e satisfeitos com a superação de Annika e sua impetuosidade e coragem.
É uma leitura que nos faz repensar na vida, nos ensina a ser mais empáticos com os outros e aprender a lidar com nossas próprias limitações, a se aceitar, sem querer controlar tudo, o que, com efeito, é impossível. Além disso, compreendemos muito sobre a síndrome do espectro autista, algo tão novo e ainda misterioso para a ciência. Eu recomendo muito a leitura a todos, sem medo de errar!
“Não podemos parar de fingir por um momento e admitir que somos humanos? Que nem tudo que fazemos precisa ser feito para mostrar quanto damos duro todos os dias?”
Livro: Sem Lógica para o Amor
Cortesia: Editora Jangada
Número de páginas: páginas
Skoob
Onde comprar: AmazonAnnika e Jonathan se conhecem em uma partida de xadrez muito disputada no clube da Universidade de Illinois em 1991. Em meio a dificuldades de adaptação à vida independente após anos estudando em casa, Annika, apoia-se na colega de quarto para obter orientação sobre como se comportar em diversas situações da vida. Os dois confortos de Annika são jogar xadrez e ser voluntária na Clı́nica de Animais Silvestres. Jonathan, um estudante transferido de outra universidade, busca um recomeço após fazer escolhas equivocadas. Unidos pelas circunstâncias, os dois embarcam em um relacionamento, que termina de maneira abrupta. Em 2001, os dois se reencontram por acaso em um mercado de Chicago. Jonathan trabalha com finanças e é recém-divorciado. Annika, agora bibliotecária pública e mais hábil em situações sociais, está determinada a provar que o amor deles merece uma segunda chance. Entretanto, antes de reatarem, eles devem encarar a verdade sobre o motivo pelo qual o relacionamento deles se desfez.
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