Resenha - As águas-vivas não sabem de si

05 março 2021


Titulo: As águas-vivas não sabem de si
Autora: Aline Valek
Cortesia: Editora Rocco
Páginas: 296
Skoob
Onde comprar: Amazon

Escritora, blogueira, formadora de opinião com milhares de seguidores nas redes sociais, a paulista Aline Valek faz sua estreia no romance com o surpreendente As águas vivas não sabem de si. Mistura de suspense e ficção científica, o livro conta a história de uma mergulhadora profissional em meio à vida que pulsa numa estação a 300 metros de profundidade. Com uma narrativa fluida e sensível, a autora literalmente mergulha nos dramas vividos pela protagonista, que faz parte de uma equipe liderada por uma cientista obcecada pela ideia de encontrar inteligência no fundo do oceano, retratando com intensidade sentimentos e sensações como medo, solidão e claustrofobia, mas também uma enorme paixão pelo desconhecido e pelos segredos do fundo do mar, que só fala àqueles que sabem ouvir. Um paralelo subaquático perfeito para Gravidade, o premiado filme de Alfonso Cuarón.

A trama de "As águas-vivas não sabem de si" passa-se todo o tempo dentro do mar, em uma estação no fundo do oceano. Na história conheceremos os cinco personagens que compõe a narrativa. São eles: Corina e Arraia, os dois mergulhadores que testam os trajes experimentais de alta profundidade e que colocam a vida em risco todas as vezes que partem em missão em nome da pesquisa, que visa a busca por vida marinha inteligente.

O líder e responsável pela pesquisa, Martin é um homem que parece não contar toda a verdade por trás de seu desejo de encontrar vida marinha e por outro lado acompanhamos o seu ajudante inteligente Maurício. Por último, mas não menos importante temos Susana, engenheira responsável por checar o oxigênio, suprimentos, equipamentos, pressurização e outras coisas mais da Estação Auris.

Mas iremos perceber que o foco da história é Corina, que tem um segredo que pode lhe custar muito caro. Seu personagem é bastante complexo e, à medida que vamos sabendo mais sobre ela, e o segredo que esconde, a leitura vai se tornando interessante pouco a pouco.


A história é intercalada pelos acontecimentos da pesquisa, pelo convívio entre os personagens, seus segredos e problemas pessoais, mas, o mais inusitado de tudo é o relato das criaturas marinhas sobre suas vidas no fundo do mar.

Conforme o enredo avança, é possível perceber um clima de suspense rondando Corina, especialmente. E isso é muito benéfico para a história, pois são os momentos de maior adrenalina durante a mesma. A vida marinha é muito bem explorada e há momentos de muita tensão e adrenalina, com situações de risco para os personagens e a pesquisa.

"Corina saltava como se esperasse fugir daquela experiência, do reconhecimento de um som que agora ela sabia ser real. Era um chamado tão profundo que ela temia ser consumida por ele, pela sensação de que estava sendo observada, pela lembrança de uma advertência, quase um pedido de cautela - se você olha para o abismo, o abismo olha de volta para você."

A história retrata os animais marinhos que habitam o fundo do mar como seres pensantes e isso pode causar estranheza durante a leitura, que foi o meu caso.



[- Minhas impressões -]

Se tem uma coisa que gosto e aprecio nos livros é a parte reflexiva que os autores empregam em sua escrita. Isso para mim conta bastante, pois envolve e aproxima o leitor do personagem.

A escrita da Aline Valek tem uma profundidade ímpar e a qual não sei muito bem como explicar, só sei sentir e sinto muito. Por isso, criei grandes expectativas com a história do livro, que tem um dos títulos mais criativo e inusitado com o qual me deparei. Contudo, à medida que a história avançava me vi confusa muitas vezes com o excesso de informação e o vai e vem entre os capítulos, que intercalam entre si ao ser narrado por Corina e pelos animais marinhos.


Não consegui me acostumar com a dinâmica, embora tenha me esforçado muito para que isso tivesse acontecido. Em alguns momentos senti a necessidade de parar um pouco com a leitura, tamanha a dificuldade de me conectar a ela.

O livro é bom, mas penso que a quantidade de ponto de vista tornou a trama muito lenta e arrastada por várias vezes e acabou por não me permitir me apegar a nenhum personagem. Nenhum deles me causou empatia, infelizmente.

Corina e demais personagens têm seus mistérios e ao longo da leitura a gente descobre cada um deles. Mas nem assim consegui me solidarizar por nenhum, já que a empatia foi zero, mesmo que eu tenha me emocionado algumas vezes por conta da maneira como a autora escreve.

Gosto muito de suspense e isso a autora trabalhou muito bem, mas ao mesmo tempo, me deixou ansiando por algo que não aconteceu, pelo menos para mim. Fiquei esperando por uma conclusão que não veio, o que acabou me deixando muito frustrada e insatisfeita com o rumo que a história tomou. Mas se tem uma coisa que eu amei foi a capa. Uau! É simplesmente perfeita.

Tudo o que eu disse aqui sobre o livro foi por conta da minha percepção da história e de como ela chegou para mim, não quer dizer de forma alguma que vocês não devam ler ou que não irão gostar. Isso vai de cada pessoa e do momento de cada um. Pode ser que vocês gostem muito mais do que eu e esse que é o grande barato da leitura, a maneira como ela toca todos nós.


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