24 maio 2021

Resenha - Honra Pirata


O que você faria se seu pai a culpasse por uma fatalidade pela qual você nem fazia ideia de que seria responsável? Aliás, como seria responsabilizada se era apenas um bebê? 


Marina sofreu a vida inteira com essa culpa nas costas, já que, durante o parto de sua mãe, descobriram haver um segundo bebê. Por causa disso, sua mãe acabou não aguentando a sequência do parto e morreu ao dar à luz a Marina. Desde então, o pai dela se tornou obcecado por tentar criar algum dispositivo que o fizesse voltar ao passado e salvar sua mulher, o amor de sua vida. O grande problema é que Marina é sua cobaia, justamente por ele odiar a menina.

Ela cresceu presa em um quarto, onde recebia visitas apenas de sua irmã gêmea Mônica, que levava uma vida um tanto quanto normal e não era objeto da raiva do pai como a outra. Entre os experimentos, as duas conversam escondidas e Marina lê o máximo de livros que a irmã consegue alcançar para ela à noite, pois essa é sua única forma de escape, até então.

Em uma das experiências e sessões de tortura com a pobre menina, que já é frágil por ser aliementada apenas o suficiente para sobreviver, algo dá errado. Quando ela acorda, percebe estar em um ambiente completamente diferente, uma cela. O que ela não esperava era que conseguiu viajar no tempo, mas acabou parando dentro de um dos navios pirata mais temidos: o do Barba Negra, muitos anos atrás.

"Melhor um pai psicopata do que pai nenhum. Marina tentava se convencer disso enquanto ele injetava mais uma droga em seu braço. A raiva crescia no peito e se acumulava a cada experiência. Aos treze anos, ela sabia que não era diferente dos ratos de laboratório, era só mais uma cobaia."



[- Minhas Impressões -]

Nessa história narrada em terceira pessoa, com poucos trechos em primeira, somos apresentados rapidamente a Marina e sua irmã, assim como ao contexto de vivência das duas com o pai totalmente alienado. 

Os capítulos são curtos e o livro me prendeu desde a primeira linha, foi uma grande surpresa, já que pela capa eu esperava um livro mais juvenil, mas ele aborda diversos assuntos, alguns pesados, e consegue ser uma trama muito interessante para todas as idades, principalmente para os amantes de piratas, claro!

Achei uma história bem incomum, que gera curiosidade pelo fato da viagem do tempo e para saber como Marina irá lidar com tudo, já que ela não sabe muito bem onde está e como foi parar ali, além de não saber o que aconteceu com a irmã. Junto com ela, então, vamos descobrindo todas as peculiaridades do local onde ela acabou parando.

Gostei demais da ambientação, embora não tenha muitas descrições. Foi possível visualizar todas as cenas facilmente, como se fosse um filme, e entrar nessa vida de pirata. Foi muito legal como, ao longo do livro, várias suposições sobre essa época começaram a ser quebradas e outras informações foram adicionadas, criando um repertório cultural sobre o período onde Marina se encontra, mencionando locais, tipos de navios, diplomacias, como as burocracias eram feitas e, principalmente, como é viver em um navio, ainda mais pirata, que constantemente está entrando em brigas e saqueando locais.

Marina é uma personagem muito forte, porque desde nova ela passou por situações muito ruins e aprendeu a sobreviver com pouco, por isso não chegou a ser difícil se adaptar ao novo ambiente, uma vez que a capitã - sim, uma mulher - a acolheu logo de início à bordo.

Mesmo sendo jovem, a maturidade dela é muito grande e não pensa duas vezes em se envolver nas situações e querer aprender e ajudar a todos. Ao mesmo tempo que ela não pode falar que veio do futuro, tenta implementar coisas da época dela para ajudar os piratas, que nem entendem o que acontece, mas já que isso gera lucros, apenas apoiam ela e acabam por se afeiçoar ainda mais a menina. Esse foi um ponto que gostei bastante, a dualidade do futuro e do passado onde ela está.




Um dos outros motivos para ela se adaptar tão rápido é o fato da liberdade. Ela nunca experimentou nada do que está experimentando ali. A luz do sol, o vento, o mar, amigos... Tudo é novo e ela não quer perder nenhum momento. Com isso, também veio um triângulo amoroso, claro, que causou muitos dilemas na cabeça da jovem, porque ela não deveria pensar em se envolver com alguém, somente em ajudar a capitã.

Inaiê é um Índio Tupi, que estava preso na mesma cela que ela, e com quem Marina tem mais contato. Com ele, ela consegue se abrir e compartilham do mesmo sentimento de saudade da sua terra, o Brasil. Eu me afeiçoei muito a esse personagem desde o primeiro momento, ele me chamou atenção e gostei muito de como ele era engraçado, peculiar, sarcástico e também pelo amor que nutria por Marina, que o tirou da cela e o fez parte da tripulação.

Por outro lado, temos Mateo, o jovem que sonha em catequisar as pessoas e não quer seguir o rumo da mãe, a temida Sereia Negra, a capitã do navio. Ele possui outros planos e é sempre muito recatado e tímido, mas não consegue esconder o interesse por Marina. Dele, preciso admitir, não gostei muito. Ele não é uma má pessoa, mas é muito "sem sal" e demora muito para tomar atitudes, que sempre partem de Marina, enquanto Inaiê nunca perde tempo e se joga em qualquer situação.

Inclusive, dei muitas risadas com esses dois juntos, porque um não suporta o outro, mas precisam conviver e se ajudar, além de Marina ser amiga dos dois e precisar de ambos.

Além disso, é interessante a questão do vínculo entre ela e o Tupi, já que ambos são opostos: Inaiê se sente preso, porque foi obrigado a deixar sua terra e identidade, enquanto Marina está aliviada por ser livre. Gostei de ter sido mostrado esse lado nada fácil de perseguição, em que um Índio seria escravo em qualquer lugar, já que não tinha mais sua terra, tomada pelos portugueses.


"Para menina, a visão dele usando apenas um calção era colírio para os olhos. Mas Inaiê, percebendo os olhares, comelou a sacudir o corpo para a frente e para trás a fim de impedir a visão dela. Era um trio engraçado."


Aos poucos o contexto histórico vai sendo mencionado e isso começa a trazer um peso para o livro, já que o momento é complicado. A colonização está acontecendo, navios negreiros existem e Marina, assim como eu, fica totalmente com raiva da situação e até comenta que saber do fato é uma coisa, agora ver com os próprios olhos é outra, então ela precisava agir. Durante todo o livro eu tive a sensação de que Marina era uma espécie de heroína, porque ela sempre fazia de tudo para agradar, solucionar problemas, buscar tesouros, salvar os amigos etc.

O livro também é marcado por outra personagem forte, a Sereia Negra, uma mulher que precisou comandar a temida e respeitada embarcação, enquanto cuidava dos dois filhos sozinha. O respeito que tinham por ela era enorme, e, se alguém não tivesse, ela não pensava duas vezes antes de matar cruelmente e friamente a pessoa. Assim ela conseguiu sua autoridade, sendo violenta, pois em um mundo onde homens dominam, as mulheres precisam sempre se esforçar muito mais para provarem sua capacidade. Isso é algo que Marina também percebeu e teve que arrumar uma maneira de se fazer respeitada.


"Sereia Negra arrancou com força a cabeça de um por um ao som dos brados da tripulação, que as chutava para fora do navio. Ela levantou a cabeça do último, dando um grito doentio de felicidade, cada parte da sua roupa estava banhada de sangue. Era uma cena macabra. Seus olhos eram algo sombrio [...]"


Enquanto os saques, paixões, mortes e outras situações acontecem, nossa protagonista está aprendendo a lutar e se fazer uma legítima pirata, o que ela alcança em pouco tempo. Também descobre que monstros talvez existam e que poderes sobrenaturais ou especiais seriam outro ponto curioso de sua viagem ao passado. Ela não sabe se sofreu alguma consequência pela experiência. Então o título faz muito jus ao enredo, já que ela faz até o impossível para conquistar essa honra de ser pirata, algo de se adimirar.

Entre tensões amorosas e sedutoras, coisas de jovens, temos cenas de lutas maravilhosas e que são bem "sentidas" pelo leitor, passam uma emoção grande, sendo bem intensas e descritas sem cansar. Também dá para sentir toda a violência com que os piratas lutam, sem hesitação em fazer um banho de sangue, embora isso não chegue a ser descrito nos mínimos detalhes. A gente acaba automaticamente colocando no pacote.

Sempre que tudo parecia acalmar e que todos poderiam focar pelo menos um pouco em suas vidas, desejos e afazeres, algo novo entrava no caminho e mudava todo o rumo da narrativa. Isso fez o livro ser instigante em todos os momentos, e também nos apresentou pistas de assuntos que só seriam respondidos, ou não, no final. Portanto, percorri as páginas com pressa atrás de respostas.

Um tema que foge de tudo isso, mas que está presente do início ao fim do livro e faz sentido devido ao período é a religião, a fé. Ela está presente na maioria dos capítulos, muitas vezes como refúgio, algo a se agarrar e como um momento de autocuidado, principalmente de Mateo, que não desiste de tentar passar isso para os amigos. Foram passagens curiosas e deram sentido a alguns momentos.

Então, a história é leve, com um toque de peso pelo período histórico e o tema pirata, mas contém cenas engraçadas, fofas, adolescentes, tensas, tristes... Uma infinidade de emoções. Além disso, senti que a autora, de alguma forma, tentou conscientizar o leitor sobre a questão da colonização, a escravidão, isso foi muito legal e interessante, me fez refletir sobre a questão e, sendo minha área de estudo, sempre levanto a bandeira de que precisamos inserir no nosso pensamento que esse período não foi bonito e que precisamos reconhecer tamanha violência que ainda se reflete no mundo moderno.
 

"Você pode se arrepender e seguir em frente, mas não apaga o que você fez. O passado é como uma casa cheia de escolhas. Você pode queimá-la e conviver com as cinzas, ou viver como a minha mãe, que manteve a casa intacta e repleta de remorsos. As cinzas são mais fáceis de carregar e te lembram dos erros que não deve repetir. Posso orar por você?"


O livro também possui muita intertextualidade com outros textos e livros, algo bem bacana e que trouxe mais sentidos para os capítulos. A ilustração da capa, de dentro do livro e a diagramação são absurdamente lindas, eu já senti muita vontade de ler só de olhar, porque é bem chamativo.

Acabei o livro falando sozinha, por estar em completo choque. Durante ele há algumas reviravoltas envolvendo os personagens principais, mas no final há uma reviravolta mais do que absurda e que me fez questionar toda a história! Como aquilo foi possível? Como aquela pessoa chegou até lá? O que vai acontecer? Guerra ou paz? Fiquei rindo de nervoso ao imaginar todas as possibilidades de uma continuação.







Livro: Honra Pirata
Cortesia: Helena Grillo (Autora Parceira)
Número de páginas: 220
SkoobAmazon 

Durante toda sua vida, Marina foi usada como cobaia nas experiências do pai cientista. Somente as visitas escondidas de sua irmã gêmea, Mônica, traziam-lhe algum conforto. Tudo parece perdido até que seu pai perde o controle de um experimento e Marina viaja no tempo diretamente para o navio do Barba Negra. Diante dessa nova realidade, é obrigada a amadurecer e lutar por sua sobrevivência, mas também tem a oportunidade de enxergar o mundo pela primeira vez: conhecer os verdadeiros prazeres da vida, descobrir sobre o amor e entender o sentido da amizade.





20 maio 2021

Resenha - Serei Sempre Sua




Isadora é uma jovem que tem suas metas bem definidas; trabalhando com marketing em uma grande empresa e sendo responsável não apenas por si, ela precisa garantir que tenha segurança para arcar com todas as suas responsabilidades. Extremamente focada e com um passado que muito lhe ensinou sua vida social pode ser definida como praticamente inexistente, ou pelo menos é assim na maior parte do tempo.

Convencida por sua melhor amiga Carolina, ela se vê indo para uma festa quando tudo que mais queria era a companhia de um bom livro. Quanto mais se envolve com a festa e com as bebidas, mais Isadora sente que ali não era um lugar que ela devesse estar, mas decidida a aproveitar ela embarca fundo - talvez até mesmo fundo demais.


“Dói, mas às vezes é necessário. Não é papel de amiga maquiar a situação e prolongar o sofrimento.”


Marcos é um grande empresário do ramo de construções, vivendo sua vida em São Paulo , mas viajando pelos mais diversos lugares, ele é um homem que tem uma vasta experiência de vida e posses, mas que está longe de ser arrogante. Contudo, com o desenvolvimento da empresa e uma expansão em ascensão ele se vê mudando sua vida e indo morar em Porto Alegre, onde seu primo já mora a algum tempo.

Participando de uma festa organizada na cidade assim que chega, Marcos se vê surpreendido ao conhecer uma jovem linda e que parece não estar muito bem. Ajudando ela até começar a se sentir melhor, ambos trocam algumas palavras, mas com uma atração grande entre eles, logo as coisas mudam de contexto passando de conversas para beijos intensos.


“Me senti uma mariposa sendo atraída pela luz. Com ela teve uma intensidade que me surpreendeu.”


Contudo, uma interrupção leva ambos a não conseguirem ir muito longe, mas isso não impede que ambos não consigam tirar da mente o que ocorreu tamanha intensidade dos poucos minutos de beijos trocados. Sem trocarem informações, ambos acreditam que a probabilidade de se reencontrarem em uma cidade tão grande é ínfima... mas quando no dia seguinte Marcos se prepara para dar início a reunião para conhecer os funcionários da firma a vida resolve lhe mostrar que encontrar a jovem que assola a sua mente pode não ser tão complicado assim.

Chocada, Isadora fica completamente abalada ao descobrir que o rapaz que lhe proporcionou momentos intensos e marcantes na noite anterior é nada menos que o novo chefe do seu ambiente de trabalho. Extremamente envergonhada, tudo que ela quer é desaparecer ou torcer para não ser reconhecido, mas seus planos logo vão por água abaixo quando Marcos faz questão de demonstrar que não a esqueceu e, principalmente, que está bem ciente de sua presença e não pretende deixá-la sair tão fácil assim.


“Camisa de força lá vou eu. Tomara que a cama no sanatório seja confortável.”


Em meio a muitas descobertas, altos e baixos e um passado que pode mudar todo o rumo da história, esse casal irá descobrir que através de um encontro inesperado podem acontecer coisas maravilhosas, mas não necessariamente fáceis. E você está convidado a descobrir mais sobre isso em Serei Sempre Sua: A atração entre eles era irresistível uma história criada por Helisa Oliveira que ensina que o amor nem sempre é fácil, mas que vale muito a pena para aqueles que estão dispostos a vivê-la.





[ - Minhas Impressões- ]

Serei Sempre Sua é aquele típico clichê que a gente já conhece, mas que se apaixona infalivelmente toda vez. No entanto, Helisa Oliveira não deixa a desejar e traz elementos novos a um enredo já tão trabalhado por tantos, o que só mostra o seu talento. Saindo do típico padrão onde chefe e empregada não podem se relacionar para não atrapalhar na questão da empresa aqui vemos outro lado ser explorado. A união de ambos, o profissionalismo e o saber separar as coisas é o que faz com que o leitor aprenda mais através de protagonistas tão bem elaborados. Real, esse não é apenas mais uma obra de romance e sim uma lição de vida sobre amor, perdão, violência e a chance de recomeçar.

Isadora é uma protagonista simples, podendo ser definido de forma popular como “gente como a gente”. Trabalhadora, dedicada, amiga, ela é alguém que não odeia sair, mas é muito mais de ficar em casa; é jovem, mas não deixa de ser extremamente responsável em seus cuidados; é frágil, mas consegue apresentar uma força maior que ela mesma muitas vezes; ela é humana e fadada a erros o que a torna muito mais verossímil ao leitor. Aqui o que importa não é mostrar uma jovem que precisa de alguém para salvá-la, mas sim, mostrar que apesar de ela ser suficiente sozinha, ter alguém ao seu lado não a diminui. Em nenhum momento a vemos se rebaixar em prol de nada, ela resolve seus problemas, lida com um passado terrível e mesmo assim segue em frente e mostra sua força. Ela é aquela protagonista que inspira mesmo sem ter a intenção e é alguém que dá vontade de levar para vida.

Marcos não fica atrás em relação a nossa protagonista, seguindo bem o estilo CEO poderoso ele tinha tudo para ser um daqueles babacas que logo de cara a gente pega raiva, mas se mostra o oposto. Isso quer dizer que ele não transmite uma aura de poder e personalidade forte? Não. A autora aqui soube explorar um lado pouco antes colocado por muitas; a força do protagonista vem do equilíbrio e sensatez que ele apresenta. Ao mesmo tempo em que ele pode ter tudo que ele desejar, ele não se deixa levar por dinheiro, status ou qualquer coisa... ele pode ser definido como alguém simples, por falta de adjetivo melhor, e com isso quero dizer que ele é alguém que conhece muito do mundo, tem uma condição mais do que boa, mas ainda se agrada no simples e busca por ele.

E o que falar dos personagens secundários que se igualam aos principais? Carolina é aquela amiga que todo mundo quer ter; sincera, iludida no amor e fadada a sempre escolher o cara errado, ela é aquela pessoa que a gente sabe que vai estar lá por quem ama e que tem uma alma cheia de luz. Miguel é uma criança doce, com sua alma infantil e inocente e é impossível não se apegar a ele e não se emocionar com suas confissões tão simples, mas que mostram o quanto pequenas coisas importam e que muitas vezes acabamos por nem dar valor. E o que falar da Dona Ana? Ela é aquela avó que lembra a nossa vó e que faz uma nostalgia se instalar no nosso peito, com certeza se tornou de longe a minha personagem favorita. Infelizmente também nos deparamos com personagens que despertam o nosso pior, Letícia é uma personagem que cada vez que aparecia eu sentia vontade de esmurrar - o que não deixa de demonstrar o talento da escrita da Helisa, porque fazer você odiar tanto alguém é algo que poucos autores sabem fazer.



Disponível tanto para compra em e-book quanto no Kindle Unlimited essa é uma obra de leitura rápida, muito envolvente e divertida e com momentos que arrancam muitos suspiros. Serei Sempre Sua garante ao leitor um pouco do melhor do que há em romances trazendo a dosagem certa de história, relacionamento, hot e enredo. Sua edição apesar de ser simples, não se torna singela uma vez que apresenta o essencial para situar o leitor sobre o que está acontecendo. Intercalando o ponto de vista dos protagonistas o leitor consegue entender e se sentir próximo de ambos, o que cria um enredo ainda mais completo e encantador.

Longe de ser somente uma história bela, esse é um enredo que te ensina e mostra temas difíceis, mas necessários. Helisa soube desenvolver muito bem a forma com que abordou a violência, o medo, o amor, a paixão, os erros e principalmente o perdão. Serei Sempre Sua é aquele livro cujo conteúdo é muito maior do que se imagina ao iniciar a leitura fazendo valer cada minuto gasto ao longo de suas 360 páginas.

Necessário e ao mesmo tempo leve, essa é aquela obra que você aprende sem nem perceber, se emociona e evolui a cada capítulo! Leiam porque vale muito a pena.








Livro: Serei Sempre Sua
Cortesia: Helisa Oliveira (Autora Parceira)
Número de páginas: 360
Amazon

Isadora é uma jovem mulher do interior marcada por uma grande decepção, que precisou deixar uma vida para trás e recomeçar. Teve que assumir grandes responsabilidades e para isso dedicou-se com afinco ao trabalho. Marcos Paulo é um executivo bem sucedido, bonito e que arranca suspiros por onde passa. Mudou de cidade a trabalho e em busca de novas perspectivas. Ambos não estavam à procura de um relacionamento, mas o destino incumbiu-se de proporcionar a eles um breve encontro que foi o suficiente para despertar uma atração avassaladora. Seus caminhos se cruzaram novamente e com isso outros sentimentos mais profundos começaram a vir à tona. Entretanto, nem tudo é tão fácil, relacionamentos do passado poderão ser um empecilho para que os dois fiquem juntos.  Convido vocês a conhecerem a estória envolvente deste casal. Nela há muito romance, lágrimas, sorrisos, paixão e luxúria. Um clichê com uma pegada hot do jeitinho que adoramos. 





19 maio 2021

Dia de Quote - A Terra Mágica de Euclides


Se você ainda não teve a oportunidade de ler o livro A Terra Mágica de Euclides, não sabe o que tá perdendo, pois a história além de contagiante é simplesmente envolvente, por isso separei até alguns quotes do livro para vocês darem uma conferida... Espero que gostem !




"Ele chegou! — exclamou uma voz gravíssima, agora masculina, que carregava um sotaque um tanto asiático"

"Assim como os pessegueiros eram sagrados naquela terra, a figura do imperador também era irrefutável"

"Euclides olhou para o horizonte e de lá vinham milhares de pássaros de papel semelhantes àquele grudado à pedra ao seu lado. Era como uma infestação colorida. algo como uma nuvem de poeira em cores de arco-íris, vindo na direção dos garotos e do cachorro vira-lata."

"—Armas eu posso arranjar por um mero trocado, mas pessoas dispostas a dar suas vidas em luta será a parte difícil. —Yoshiaki interrompeu-se, pensativo. — Algum de vocês é bom com discurso motivacional?"

"Suas memórias começavam a se misturar com seus sonhos. Sonhos muito estranhos tomaram conta de sua mente. Sonhos onde ela fora parar em uma terra mágica e até socializara com os deuses do trovão e do vento"


"—Vampiros....vampiros... VAMPIROS! —Zaira gritou, desta vez paralisada.


—Tipo o Drácula? — Aziz perguntou, sem tirar os olhos das criaturas que se aproximavam cambaleantes, umas esbarrando nas outras.


—Não. Pior. [...]"


"Koji se levantou, firme, e bradou para seus irmãos, antes de sair em disparada seguido pelo monge.

—Pelo Escolhido!"



17 maio 2021

Resenha - Sentimentos



Em "Sentimentos" iremos acompanhar a jornada de Gabriel, que está frustrado com a vida que leva. Para ele, nada mais tem o sentido que ele esperava ter quando seguiu por esse caminho e crises existenciais começam a aparecer, levando-o a questionar seu eu do passado e se arrepender de certas decisões. Seu emprego não vai muito bem e seu casamento menos ainda, parece que seus dias monótonos não teriam fim, pois o que fazer diante disso quando não se tem outra perspectiva?

Então, ao abrir o e-mail em mais um dia comum de trabalho, ele se depara com uma mensagem inusitada, assinada por Raquel. Após anos sem ter contato com ela, depois que o relacionamneto dos dois teve um fim inesperado, Gabriel começa a repensar os momentos que viveu com essa mulher, sua antiga namorada. Sempre tão alegre, contagiante e maravilhosa, o contrário de sua atual esposa. Nesse e-mail, está um pedido inusitado e que, por questões de vida e morte, ele não pode negar a ela. Logo, o reencontro entre os dois faz aflorar nele todas as vontades suprimidas e engolir o remorso, pronto para enfrentar a vida novamente e mudar seu destino, mesmo que isso signifique abandonar um casamento e talvez até o emprego.


"Olho para o céu coberto de nuvens carregadas. Logo virá a tempestade. A solidão toma conta do meu ser. É dia ruim; mais um daqueles que há muito insiste em me assombrar."


O nome escolhido para o livro faz total sentido com a história, não poderia ter outro, visto que muitos sentimentos estão contidos ali. Com uma narração em primeira pessoa, me senti extremamente perto do personagem e consegui sentir o que ele sentia, por isso considero essa uma escolha de narração ideal quando o autor quer ter esse efeito arrebatador no leitor, porque é isso que acontece ao vivermos pelos olhos do personagem.

Logo no início já temos uma carga emocional muito pesada nas linhas e entrelinhas, pois é impossível ler sem acabar por refletir a própria vida e as próprias ações, assim como Gabriel faz. Me chamou muito a atenção do debate interno que ele tem, sobre ter sido criado e moldado para viver na sociedade, mas quando o assunto é lidar com os sentimentos que essa convivência causa ele tem dificuldade. Acredito que esse seja um dilema para muitas pessoas também. É muito real e triste ver como ele se arrepende de certas escolhas, como gostaria de voltar a viver, de se sentir como se sentia no passado...

Ao meu ver, a narrativa segue muito um caminho estilo Clarice Lispector, com um fluxo de consciência, já que há mais pensamentos, sentimentos, divagações e reflexões do personagem, pelo olhar dele, do que diálogos e cenas de "ação". Gostei muito disso, de ser instrospectivo, comigo essa linguagem funcionou bastante e acredito que o objetivo fosse nos fazer ficar instrospectivos junto a ele.




Os capítulos são curtos, algo que contribuiu para uma leitura mais fluída, porém não foi uma leitura fácil. Como eu sempre respirava fundo e parava entre um e outro para pensar, não foi uma leitura tão rápida, mas foi bastante útil. A linguagem é bem poética, contando com muitas músicas intercaladas com a narração, que ajudaram na construção dos personagens, porque as músicas que ouvimos dizem muito sobre nossa personalidade.

No começo, nós não sabemos muita coisa da vida de nenhum dos personagens, é tudo mais focado no interno de Gabriel e seus dilemas do momento. Após receber o e-mail, ele foi tomado por uma urgência de reparar os erros de seu passado, porém ele estava casado e tinha responsabilidades da vida adulta. Por mais que ele quisesse ser impulsivo, viver a intensidade que Raquel lhe propôs e mudar o rumo de suas vidas, ele ainda precisava se resolver com a situação em que se encontrava.

Raquel é extremamente carismática e por mais que a gente conheça ela através de Gabriel e dos diálogos, para mim foi impossível não simpatizar com a personalidade e o jeito que levava sua vida. Ainda mais por sabermos da situação dela, nada fácil de se enfrentar, mas que ela o faz com um sorriso estampado no rosto e muitas brincadeiras. Ela tornou a narrativa muito engraçada em alguns momentos, aliviando aquele peso e tensão que eram trazidos pelo Gabriel.

Assim como os personagens resolveram fugir para reviver a paixão antiga, sem pensar em consequências e vivendo dia após dia, o presente, eu fiquei tensa o tempo todo, por mais que ri em algumas partes, já que a questão do "viver o agora" tem um peso enorme para o casal. Nunca saberemos quando isso acabará. A narrativa também segue esse agora, pois não temos muitas voltas ao passado ou divagações sobre o futuro, apesar de Gabriel pensar em seus arrependimentos com frequência.


"Minhas escolhas egoístas trouxeram-me até onde, e da forma como estou. Trocara o real por uma ilusão. Sempre que se abre mão dos sentimentos verdadeiros, acreditando-se que a felicidade é consequência natural da conquista de parâmetros racionais, acabamos punidos pela vida."


Tudo deveria ser lindo, já que temos uma história de amor daquelas quase clichês, mas não é isso que acontece no livro. Fica claro quando uma carta é colocada entre eles, revelando algo jamais pensado pelo personagem e, muito menos, por mim. Senti o choque dele e, ao mesmo tempo, a narrativa acompanhou isso ficando mais rápida, em vez de seguir no ritmo lento do fluxo de consciência e dia após dia, expressando o nervoso de Gabriel perfeitamente. Notei que em momentos tensos e emocionais a escrita é mais longa, enquanto em outros são utilizadas frases curtas.

Após isso, é inevitável que Gabriel enfrente as consequências da vida. Isso é ser humano, por mais que não se saiba lidar com tudo e que ele não esteja preparado para o que iria viver. Ambos precisam lidar com tudo isso: Raquel não pode mais fugir do destino e Gabriel viu um novo caminho para sua vida, mas será que isso envolve os dois em uma mesma trilha?




Não fugindo da proposta sentimentalista, no livro temos questões sobre sinceridade, términos de relacionamento, vidas que foram enganadas, o processo de descobertas, vida e luto, o impacto desse processo, o amor e a amizade, enfim, muitas coisas intrinsecamente ligadas ao ser humano. Refleti muito sobre como nosso padrão de crescimento é racional, ninguém quer nos ensinar a lidar com as emoções, elas devem ser guardadas, e devemos focar em sermos bem sucedidos. Isso gera uma sociedade doente emocionalmente não só na história, mas na vida real. O que precisamos perder para irmos em busca de nossa felicidade?

Um ponto muito forte no livro é a amizade de Gabriel com Pedro, seu sócio, porque Pedro estava ali apoiando Gabriel em todos os momentos, não importava o que fosse. Em momentos críticos, ele nunca deixou de acreditar no amigo e isso é muito bonito de se ver, como eles tinham uma relação de irmãos. Ele é o conselheiro de Gabriel.

Vanessa, a então mulher de Pedro, aparece bem pouco e sabemos mais pouco ainda sobre ela. Mais ao fim algumas coisas importantes são reveladas sobre ela, mas não são muito explicadas. Também fiquei um pouco incomodada com o que aconteceu quando Pedro começa a ter contato com uma nova pessoa, pois senti que tudo aconteceu rápido demais e pareceu estranho, já que era bem impactante para os dois. Porém isso não foi um problema para a história, não tirou a beleza dos momentos.

Por fim, fiquei surpresa quando percebi que o espaço do livro se passava em locais que conheço, onde cresci, vivi, visitei. Então mesmo que ele não descrevesse com exatidão onde estava, eu pude imaginar e imergir ainda mais na trama. O final foi bem inesperado, para mim, mas pensando ao longo da história fez total sentido. A ressignificação feita foi muito emocionante.

Gostei bastante da história, dos personagens, principalmente do estilo de escrita e dos temas trabalhados. Um livro para ser lido com calma, apreciado e, claro, sentido.








Livro:  Sentimentos
Cortesia: Augustor Martins (Autor Parceiro)
Número de páginas: 266
Skoob

Quando os sentimentos se perdem, deixam-nos um vazio inexplicável. É necessário um sopro de vida para nos reencontrarmos a eles. Gabriel sente esse vazio. Vive seus dias como um autômato. Passa noites insones, tristes, solitárias, não encontra motivos para querer continuar a viver. Um e-mail inesperado de Raquel, uma antiga amiga, faz esse vazio desaparecer, como um lindo lenço que voa pelos ares, ao soprar do vento. A partir daí, ele vive um sonho de muitos lenços, com data e hora para terminar. O sonho acaba. O lenço permanece. Ele agora precisa mostrar todos os seus sentimentos para que a história tenha um final feliz. Leia, sinta, chore e emocione-se com Sentimentos.



Resenha - A Guerra Dourada



James é um garoto de dez anos que virara órfão dos dois pais numa tragédia que deixou uma marca da qual ele nem imaginava que tinha um significado importante e que mudaria seu destino. O menino foi cuidado por Odd, um senhor que lhe deu além de amor, o conhecimento das grandes histórias dos Divinos, seres supremos que moldaram o mundo descrito na obra. Ocorre que numa madrugada repentina James vê sua casa em chamas e perde seu protetor, que é assassinado por um ser maligno que James desconhecia.

Em busca de proteger o menino, Odd implora para que James fuja daquele lugar e declara a ele que comunique a todos que o inimigo voltara e estavam todos em perigo, pois de alguma forma ele conseguira se livrar da prisão e encontrava-se mais forte. Assim, James inicia uma aventura rumo ao desconhecido, numa longa jornada que decidirá o futuro do mundo. Partindo sozinho e se sentindo totalmente desconsolado, James encontra na grandiosa e bela cidade de Lóren um cavaleiro solitário,Vincent, um dos únicos que lhe dá atenção e acredita em sua história.
 
Vincent também encontra uma nova aventura ao se deparar com o destino de James e leva o garoto ao grande rei supremo de Hiren-gaal para que busquem uma solução e iniciem os procedimentos para a grande luta. Entretanto, não será fácil convencer a todos os reinos do retorno da escuridão e do cumprimento da promessa antiga descrita nos livros do famoso Timmóteo Eul, além disso, será ainda mais árduo ter que persuadir reis e povos que outrora insubordinados e rebeldes, bem como egoístas, deviam se unir para que na guerra travada tivessem reais chances de vitória contra o opositor das trevas.

As viagens incutem muita coragem para lidar com assassinos, ladrões, dragões, criaturas malignas dos mares, gigantes ferozes, aves que exalam escuridão e terror, florestas ameaçadoras, além de humanos e reis orgulhosos e é nessa aventura arriscada que “A Guerra Dourada” sobrevirá. Entretanto, o mal é ainda maior do que se podia ver e imaginar. Há reviravoltas em cada capítulo, traições até mesmo na família, boicotes e ações realizadas obscuramente, deixando-nos atônitos e curiosos sobre o que reserva o destino de nossos heróis, com o que, de fato, deseja o senhor da Morte.





[ - Minhas Impressões - ]

Não há como negar a inspiração do autor nas obras de Tolkien, com uma indescritível ambientação da natureza e suas riquezas originais, onde há árvores e cachorros falantes, onde ora o mundo de paz é colorido e exuberante, mas em guerra e sob ameaça se torna escuro e sombrio, onde as aranhas são gigantes e assustadoras, onde as há criaturas assombradas pelo senhor das trevas e da morte; e homem e orcs são rivais, mas em virtude da paz, aqui eles dependem um do outro.

O mundo criado pelo autor é recheado de deuses e reis que lutam por um poder supremo, ora orgulhosos, ora humildes e amantes de seu povo, dispostos a dar a vida por um bem maior. Já nas primeiras páginas nos deparamos com diversos e diferentes personagens intrigantes, cada um com história e passado de perdas e crueldades ocorridas em eras anteriores, muitos deles, inclusive, são atormentados por isso.

A edição e diagramação muito bem produzidas vêm com um mapa especial do mundo em que a história se passa, orientando-nos durante a leitura, tendo em vista haver muitos lugares envolvidos na obra. É a primeira de uma fantasia de alta qualidade, onde orcs, argos, minotauros, reis, deuses, homens, elfos, dragões, criaturas marinhas de grande porte e poder, anões e diversos seres criados pelos vedaín, também chamados de Divinos, dividem um mundo com florestas, portais e montanhas traiçoeiras.

A escrita fluida do autor nos remete ao período medieval maravilhoso e encantador, onde a natureza, emoções e ações dos povos e criaturas confundem os sentidos. As impressões e expressões descritas dos personagens são bem detalhadas, misturando os sentidos como “aparência de escuridão”, mas senti alguns momentos a escassez da profundidade de protagonistas da obra. Contudo, acredito que seja parte do mistério que o autor desejou criar para as próximas edições que darão continuidade à história.

Impressionou-me e ao mesmo tempo me deixou um pouco desorientada a quantidade de personagens na narrativa, cada um de região diferente, alguns bondosos e outros muito cruéis. Além disso, essa obra possui um rico vocabulário, onde seres mitológicos, pedras preciosas me fizeram querer saber e conhecer mais do mundo desenvolvido na obra, dando mais brilho. Percebe-se que o personagem que inicialmente aparentou ser o protagonista da história, James, some em diversos momentos importantes da narrativa, fazendo com que os secundários se tornassem mais ativos e de fato mais relevantes para “A Guerra”.

Pontuaria como ponto desfavorável alguns termos que são extremamente repetitivos na explanação da obra e algumas das histórias contadas a James pelos personagens que quase nada contribuem para o enredo e acabam deixando a leitura enfastiante. Ademais, instantes de tensão e clímax da estória são por vezes antecipado pelo autor, fazendo com que a emoção se esvaísse muito rapidamente, tornando alguns episódios artificiais. A rapidez da chegada de novos personagens, bem como as partidas deles tende a passar a sensação de que os fatos ocorrem com demasiada pressa, o que poderia ser mais bem desenvolvido e aprofundado. Esse fato é um dos únicos que impede maior imersão, identificação e apego aos personagens por parte do leitor.

Apesar disso, em nada diminui o brilho dessa obra que nos faz nos emocionarmos e nos irritarmos também com alguns personagens e, claro, há inúmeras reviravoltas, principalmente, de personagens aos quais me apeguei. Os plots twist são de cair o queixo e faz com que você torça para que seja mero engano ou alguma trama para confundir o inimigo, mas ao final, aquele que você pensava ser “do mal” acaba por ser regenerado e se torna um grande e admirável herói. Uma trama bem amarrada e um nacional de dar orgulho! Uma leitura que realmente vale muito a pena e que lhe deixa ansioso (a) pelos próximos capítulos. Venham conhecer “A Guerra Dourada”!


“—As lendas seriam verdadeiras? Você viu o tamanho daquela coisa? – Randovir perguntou a Sven.
 — Lendas não queimam fortes, meu filho”

“Segurava uma espada coberta de sombra e desespero. Era ele, Malogh. O inimigo mortal do continente de Hiren-gaal. Conhecido pelos povos de Essenia como Lorde das Cinzas, de origem incerta.”

“Sua aparência era de escuridão. E, mesmo que o elmo estivesse aberto, não se podia ver o rosto deles. O brilho resplandecente dos olhos era a única coisa possível de se enxergar naquelas criaturas.”

“Não é a cor da pele que define se você é bom ou não, se é ladrão ou não, se é herói ou não [...]”

“Bem- aventurados foram os que presenciaram em toda região de Acáy, a ascensão de Namíra, despertado pela segunda vez na história. Não por um anjo lendário, mas por um simples garoto, que desde o início era parte de um plano imenso, destinado a salvar o povo livre do império.”









Livro:  A Guerra Dourada
Cortesia: Editora Coerência
Número de páginas: 286
Skoob
Onde comprar:  Amazon

Quando as portas da prisão amaldiçoada foram misteriosamente abertas, uma ameaça até então esquecida pelos povos da terra despertou com o objetivo de superar o poder dos divinos. Perante a ameaça iminente, o continente trava uma luta contra o tempo para tentar unir os reinos a fim de proteger o povo do perigo, mas o que eles não sabem é que o verdadeiro inimigo vaga por terras distantes esperando o momento certo de atacar. Diante de um conflito que poderá ser a ruína do leste de Essenia, um cavaleiro solitário, que esconde um passado assombroso, se vê em uma tarefa indispensável: esconder a chave do paraíso. O que ele não esperava era que sua cansativa jornada revelaria mistérios desconhecidos e um passado que ficaria melhor enterrado.





13 maio 2021

5 Motivos Para Ler - Sentimentos

 

Olá Amigos Leitores, tudo bem ?
Hoje trouxe para vocês os 5 Motivos para lerem a emocionante história de Raquel e Gabriel, em "Sentimentos", por isso confira abaixo e espero que tenham a chance de fazer a leitura desse livro, porque vale muito a pena ! - Confira - 




1. Estilo de escrita

Os autores exploram o que é chamado de fluxo de consciência durante boa parte do livro, o que nos envolve na narrativa e faz com que os sentimentos do personagem sejam sentidos de forma muita intensa pelo leitor também. 



2. Personagem Raquel

Essa personagem vale o livro inteiro. Ela é carismática, alegre, doce. Tem uma visão de vida tão encantadora. Quando terminei o livro foi quase como dizer tchau para uma amiga da vida real.



3. Temas abordados 

O livro é pesado quando pensamos nos tipos de assunto que aborda, porque mexem diretamente com emoções e eventos que não podem ser dissociados dos seres humanos e sempre causam reações boa e/ou ruins: escolhas de vida, amor, amizade, morte, arrependimento, doenças.



4. O Casal Principal

A história de amor vivida por eles é muito intensa e de uma delicadeza incrível. Acabei me apaixonando pelos dois de forma muito rápida.



5. Reflexões

Ler esse livro sem parar para refletir é quase uma heresia. Ele te obriga a isso em diversos momentos, o que é ótimo, porque nos leva a pensar na própria vida e ainda nos acrescenta muito no desenvolvimento pessoal e emocional.



11 maio 2021

Resenha - A Morte da Sra. Westaway



Harriet ou Hal como prefere ser chamada, vive uma vida bastante difícil e solitária desde que sua mãe morreu em um trágico acidente em frente de casa faltando poucos dias para Hal completar seus dezoito anos. Criada pela mãe, as duas viviam em um pequeno apartamento, ás vezes privadas de uma boa alimentação, porém eram felizes. Sua mãe trabalhava em um quiosque lendo as cartas de tarô para clientes e turistas e foi com ela que Hal aprendeu o que mais tarde viria a se tornar o seu ganha pão.


Hal nunca soube quem era o seu pai, por mais que perguntasse sobre ele a sua mãe. Ela sempre desconversava ou dava respostas evasivas sobre sua identidade e, enquanto criança, as respostas lhe bastavam. Conforme Hal crescia, já não acreditava no que a mãe lhe contava sobre seu pai, então ela se viu obrigada a revelar a filha que seu pai era um rapaz aleatório que conhecera em uma festa e do qual acabou engravidando de Hal.


Enfrentando as dificuldades de sobreviver sozinha, pagar as contas e colocar comida em casa com o pouco que ganha da leitura das cartas, desde que passou a ocupar o quiosque que pertenceu a mãe, Hal acaba pedindo dinheiro emprestado a um agiota e sua vida se complica ainda mais, pois acaba contraindo uma dívida maior e passa a dever muito mais dinheiro do que pegou. Sem ter como pagar, Hal passa a ser ameaçada constantemente pelo capanga do agiota.


Sem perspectivas de conseguir melhorar sua situação Hal recebe uma carta muito estranha de um advogado lhe informando que sua avó morreu e que ela é uma das pessoas beneficiadas pelo testamento.


Hal acredita que tudo não passa de um engano, já que seus avós morreram há mais de vinte anos. Mas após pesquisar sobre sua suposta avó no Google, ela descobre que a tal Sra. Westaway teve quatro filhos, sendo eles três homens e uma mulher.


Seria um desses homens seu pai? Inúmeras dúvidas passam por sua cabeça e, juntando o medo pelas ameaças que vem sofrendo do agiota e a curiosidade de finalmente descobrir a verdade sobre seu pai, Hal junta o pouco dinheiro que tem e parte rumo a Trepassen  House, St. Piran, para o velório de Hester Mary Westaway, aquela que pode ser a sua avó ou não, já que Hal carrega a certeza de não ser a pessoa citada na carta, ainda que o nome escrito na mesma seja o seu.


Morrendo de medo de ser desmascarada, ela decide arriscar e, ao chegar a casa, descobre que toda a herança foi deixada para ela, o que acaba lhe ocasionando um terrível choque e a ira daqueles que lhe são apresentados como tios, irmão de Maud, a única filha da Sra. Westaway, que desapareceu há muitos anos e, coincidentemente, tem o mesmo nome de sua mãe.




[- Minhas impressões -]

Um livro com um enredo que vai surpreendendo à medida que a leitura avança. O começo pode parecer meio devagar e até um pouco lento, mas a partir do momento em que Hal decide assumir a identidade da verdadeira neta da Sra. Westaway a história caminha para momentos conflitantes, situações inesperadas e revelações bombásticas.

Narrado em terceira pessoa, o livro trás uma história de suspense muito bem escrita e conta com capítulos curtos que desperta ainda mais a vontade de ler e saber o que vai acontecer no capítulo seguinte.

Conforme as descobertas vão sendo feitas por Hal, ficamos cada vez mais envolvidos e curiosos para entender cada pista e cada fala dos personagens e com receio de termos deixado algo passar. Pouco a pouco o mistério começa a ser revelado e os segredos vão vindo à tona. Contudo, a cada descoberta que Hal faz ela se coloca em perigo, sem nem ao menos se dar conta disso. E finalmente, quando tudo enfim vem á luz a gente se depara com revelações que nos tira o ar completamente.

Quem gosta de Agatha Christie não pode deixar de ler esse livro de jeito nenhum! Uma história eletrizante e com um final que promete fortes e intensas emoções de deixar o leitor de queixo caído. Se no começo a protagonista não desperta empatia ou algo mais no leitor, eis que do momento em que ela decide se passar pela suposta neta da Sra. Westaway em diante a opinião que se tem dela muda radicalmente e para melhor na minha opinião.

Essa é a minha primeira experiência com um livro da autora, mas como a grande fã de suspense e mistério que sou, eu simplesmente adorei o livro e a sua escrita e pretendo ler mais livros seus daqui em diante, pois Ruth Ware já se tornou uma das minhas autoras preferidas do gênero.










Livro: A Morte da Sra Westaway
Cortesia: Editora Rocco
Número de páginas: 320
Skoob
Onde comprar:  Amazon

Quando Hal Westaway recebe uma carta inesperada anunciando que ela herdou uma soma substancial de sua avó da Cornualha, aquilo lhe parece uma resposta às suas preces. Ela deve dinheiro a um agiota e as ameaças do sujeito estão cada vez mais agressivas: ela precisa botar a mão em dinheiro vivo o mais breve possível. Existe apenas um problema: as avós de Hal morreram há mais de vinte anos. A carta foi enviada à pessoa errada. Hal sabe, no entanto, que as técnicas que usa para “ler” as pessoas através do tarô podem ajudá-la a conseguir esse dinheiro. Se alguém tem habilidade para comparecer ao funeral de um estranho e reivindicar um espólio que não lhe pertence, é ela. Ao chegar à cerimônia, porém, Hal percebe que há algo muito, muito errado a respeito de toda aquela situação, e a herança está no centro de tudo. Mas Hal Westaway fez sua escolha, e não pode voltar atrás. Ela precisa continuar ou arriscar perder tudo. Até mesmo a própria vida. Uma velha casa, uma governanta assustadora, conflitos familiares e dilemas morais. Ingredientes clássicos que se tornam surpreendentes na voz de um dos grandes nomes contemporâneos do suspense, Ruth Ware."




Resenha - Pátria Chamada Amor




Esse livro traz temas extremamente fortes e sensíveis não sendo recomendada para menores de 16 anos


Nina é uma garota que não tem uma vida fácil, lidando com um pai alcoólatra que diariamente a agride de forma física e verbal, por causa disso, ela diariamente passa seus dias se dedicando ao máximo aos estudos de medicina em busca de um futuro melhor. Com foco na carreira, sua vida social é praticamente inexistente, mas convencida por uma colega, ela resolve ir até uma festa... o que ela não sabia era o tipo de evento que era e onde na verdade estava se enfiando.


“Quando damos a cara a tapa, o buraco é mais embaixo... Eu sei o que é sentir as duas coisas. É uma doença silenciosa que nos corrói de dentro para fora. Quando a gente percebe, ficamos sozinhos, sobrando apenas uma casca.”


Christiano é um jovem extremamente atraente e com uma carreira promissora na área militar. Buscando chegar ao cargo de coronel, ele precisa evitar a todo custo qualquer problema, mas quando ele acaba sendo transferido para o regimento de Niterói seu caminho acaba se cruzando com o de uma bela jovem colocando em prova todo o seu futuro milimetricamente planejado.


“Mas Nina era exatamente isso: um paradigma em forma de mulher e um paradoxo pelo qual eu quebraria todas as regras. E aquele presente, o de ser o escolhido, eu jamais esqueceria enquanto vivesse.”


No lugar e na hora errada, Nina acaba se vendo no meio de uma grande confusão onde acaba por ser ajudada por Christiano. A atração entre eles se mostra instantânea, mas com um passado cheio de mágoas, se envolver é a última coisa que o rapaz queria, e ao mesmo tempo, é impossível não fazer.

Descobrindo mais sobre a vida dessa jovem que entrou de maneira inesperada em seu caminho, não resta alternativa a ele a não ser protegê-la de todo o mal que a assola quando ele acaba descobrindo seus machucados.


“— As diferenças se completam, Nina.

— Ch... Chamo isso de utopia — gaguejei.

— E eu, de lei da atração.”


No entanto, a vida acaba mostrando ter outros planos para ambos quando ele é convocado para servir em uma missão de paz no Haiti. Palavras não ditas, mal entendidos, frases de raiva um para o outro fazem com que as coisas não se tornem nada mais simples. 

Tendo que encarar caminhos separados tanto Nina quanto Christiano irão ter que lutar para prosseguir e principalmente descobrir o que realmente importa. Dizem que o tempo é o melhor amigo para deixar para trás e superar as coisas, mas será que isso é realmente verdade quando se trata de um verdadeiro amor?


"Fechei os olhos ao ouvir aquela frase. Ela sempre vinha após a vida me ferir de alguma forma. Sempre, para confirmar a equação dilacerante que aprendi desde garota: eu te amo = dor."


Dois momentos de vida, duas pessoas completamente diferentes, sonhos opostos e um lapso de 11 anos entre eles... será que Nina e Christiano irão realmente encontrar uma forma de viver o amor ou irão cada um seguir com a sua vida como já vinha sendo feito? Passado e presente se entrelaçam em dois lapsos de tempo nessa intrigante e apaixonante história.

"- Dá raiva enxergar como o orgulho é capaz de cegar alguém tão inteligente. Abra os olhos, Christiano. Não desperdice mais onze anos da sua vida."



[ - Minhas Impressões- ]


Pátria Chamada Amor é um livro que te inspira e te toca profundamente. Tratando sobre erros, sobre aprendizados, escolhas e futuro, Márcia Rubim te leva a aprender mais sobre si mesmo junto de seus protagonistas e a entender que as melhores coisas geralmente não são fáceis e cobram decisões e escolhas muito difíceis.


Nina é uma personagem que claramente nos leva a crescer e amadurecer junto com ela. Com uma força que por muitas vezes eu mesma achei que não teria, ela leva o leitor a aprender que por mais difícil que sua vida seja sempre existe a opção de continuar a se dedicar. Inocente, ela é alguém que já sofreu muito na vida e que continua se metendo em situações que nem todo mundo entraria (mas que sendo sincera eu provavelmente faria igual risos) e tirando o melhor possível delas. Ela não é aquela típica protagonista que precisa ser resgatada ou de alguém para cuidar dela. Ela é extremamente dona de si com seu jeito independente, seu gênio forte e seu jeito delicado o que faz com que o leitor realmente se sinta próximo a ela. Ela é aquela que prefere os estudos a sair, que se entrega a amizades apesar de não ter muitas e que já sofreu muito, mas nem por isso deixou de acreditar num futuro melhor. Real, intensa e muito parecida com muitos, ela é alguém que você se identifica e que passa a admirar, o que só mostra o talento de escrita da autora.

Christiano, por outro lado, é um personagem tão cativante quanto, mas ao contrário de Nina que você se apaixona de cara e que fica acompanhando e querendo o melhor, ele desperta o melhor lado e o pior lado do leitor. Sabe o ditado que amor e ódio caminham juntos? Ele faz jus a ele uma vez que na mesma intensidade que o amamos, acabamos por odiá-lo na mesma medida. Com um passado que o fez se tornar quem é hoje, sua maior dedicação é a sua carreira e seus planos. Almejando chegar ao topo da carreira militar ele não poupa esforços e nem dedicação para isso. Nesse ponto ele é um grande exemplo de alguém centrado, decidido e dedicado - perfeito para se inspirar. Ele também é alguém fácil de se identificar e de te conquistar, mas principalmente ele é um exemplo de que até mesmo quem já sofreu muito e é extremamente determinado pode se ver dividido entre o que escolheu para si e o que a vida tem a lhe oferecer.

Os personagens secundários também não deixam a desejar, principalmente porque mais do que apenas estar lá para fazer volume eles se tornam realmente parte essencial da história. No livro você irá encontrar muita coisa, mas cada ponto é extremamente pensado para fazer sentido e aproximar o leitor ainda mais da trama. Sem os típicos clichês de triângulos amorosos, mas ao mesmo tempo trazendo essa essência, essa é aquela obra que faz com que os personagens te comovam despertando no leitor os mais diversos sentimentos de forma a ser vividos o mais real possível.


Márcia soube trazer em seu livro assuntos extremamente complexos e intensos sem tratá-los de forma superficial, mas agregando o peso perfeito a cada um deles para demonstrar sua gravidade. Alcoolismo, violência, preconceito, prostituição, estresse pós-traumático são apenas alguns dos temas polêmicos que ela não teve medo em trazer e que, principalmente, soube abordar na medida certa. Com muitos altos e baixos, mentiras, encontros e desencontros, essa obra demonstra em si ter mil e uma facetas cruciais e nos ensina em cada uma delas.

Trazendo universos pouco explorados ainda, cada página ensina algo novo ao leitor, seja apenas com expressões que não se conhecia - por exemplo, as do âmbito militar, seja através de descrições de rotinas que são extremamente verossímeis ao mundo real.

A edição dessa obra também é algo que merece destaque, vislumbrando o leitor com uma capa extremamente chamativa e impactante, logo de cara dá pra sentir que esse não é apenas mais um simples romance, mas um turbilhão de emoções que passa por muitas facetas e lugares. Com as páginas amareladas e uma fonte de tamanho agradável para a leitura, essa é aquela obra fácil de ser terminada em uma tarde pela sua fluidez e revisão muito bem feitas. Simples, mas com detalhes na medida certa, esse é aquele livro que você já quer conhecer ao bater o olho e se apaixona mais a cada página. O trabalho da autora e editora aqui foram muito bem feitos não deixando para mim margem a ser criticada. E vale lembrar que o livro se encontra disponível tanto na versão física quanto digital deixando oportunidade para todos os tipos de leitores terem acesso (team físico e team digital).

Essa trama é aquela que você lê de forma rápida, mas absorve de forma devagar e aos poucos. São muitos aprendizados, muitas lições e principalmente muito amor em cada página. Aqui no meio das 305 páginas aprendemos que muitas vezes nosso maior problema, ou seja, o maior problema do ser humano é não ter ainda aprendido a escutar o outro. Márcia nos leva a aprender que precisamos passar a realmente ouvir mais e brigar menos. Nos ensina que a paciência geralmente é difícil, mas extremamente necessária. E nos ensina que tudo na vida tem consequência, mas que você não pode temê-las; você deve aprender a escolher e lidar com cada uma delas.

Perguntas como: Até onde a carreira vale mais que o amor? E até onde um amor é capaz de esperar? E principalmente de suportar? São aquelas para as quais ninguém tem a resposta, mas que essa história vai te levar a entender que não se tem porque não existe resposta certa, existe o que você quer fazer e até onde está disposto a ir.

Leiam esse livro, se apaixonem, porque é uma leitura que realmente vale muito a pena.









Livro:  Pátria Chamada Amor 
Cortesia: Márcia Rubim ( Autora Parceira)
Número de páginas: 305
Skoob
Onde comprar:  Amazon

A grande obstinação do capitão Christiano Vicenzo é chegar ao topo máximo da carreira, ou seja, ao generalato do Exército. Para alcançar a sua meta, precisa manter uma vida pessoal e profissional irretocável. Tudo começa a mudar quando ele serve em Niterói e conhece Nina, uma jovem com problemas sociais que ultrapassam – e muito – o que ele idealiza como protótipo de par perfeito. Fascinado pela garota, o militar decide arriscar no relacionamento, mas não imagina que, ao ser convocado para integrar a Missão de Paz no Haiti (MINUSTAH), terá sua história ao lado de Nina tragicamente desviada. Inconformado com os caminhos que o destino escreveu para si, Christiano vai descobrir com o tempo que a maior batalha na reconquista do amor perdido talvez seja enfrentar as mágoas do passado e que a felicidade não segue regulamentos. Um romance sensível e resistente ao tempo, que mostra que até mesmo para servir com dignidade à pátria é preciso que a pessoa por trás da farda esteja em

paz com o coração.





10 maio 2021

Resenha - A Terra Mágica de Euclides



A vida de Euclides, nosso protagonista, era bastante tranquila. Na verdade, bem monótona e as aventuras e magias estavam apenas nos seus livros. Um garoto um tanto solitário, ele se vê constantemente empurrado pelos pais para fora de casa para que encontre amigos e que tenha ao menos um machucado. Sim, o desejo dos pais era que o garoto tivesse experiências ao ar livre com outras crianças, não somente com seu velho e fiel amigo Cowboy, o cachorrinho que faltava falar de tão íntimo do garoto. Após uma promoção profissional de Hector, o pai de Euclides, ele vê sua família ter de se mudar totalmente de ambiente, numa pacata cidadezinha chamada Fishers, em Indiana.

Ao chegar na cidade, Euclides já começa a ouvir vozes, vozes que somente ele parecia escutar. A primeira impressão que a família tem do lugar é com o senhor Thomas, um senhor muito animado que aguçou, de cara, a criticidade do menino Euclides. Os netos do senhorzinho são chamados a visitar e conhecer o novo vizinho. Aziz e Zaira eram gêmeos, mas bem diferentes na personalidade, o que fazia com que andassem em pé de guerra. Aziz, um garoto sociável, brincalhão e apaixonado por artes marciais, caratê especialmente, e Zaira, uma menina “emburrada”, que adorava desenhar e pintar, além de roupas coloridas do oriente e maneiras maduras demais para uma criança de doze anos.

Num dia como qualquer outro, Euclides, que tinha asma e usava óculos pesados, estava lendo um livro quando Aziz aparece para uma breve conversa. Na tentativa de fazer amizade, Aziz questiona Euclides sobre diversas coisas, como jogar bola ou xadrez, o que de nenhuma maneira interessava a Euclides.

Ainda assim, ambos se veem como futuros amigos, entendendo que cada um tem seus próprios gostos e, mesmo sendo tão diferentes, acabam gostando um do outro. Zaira, por sua vez, com jeito mandona, convida Euclides para um piquenique no dia seguinte e, mesmo sem gostar de sair, ele aceita mal sabendo que essa seria uma de suas maiores aventuras. Nunca imaginei que um piquenique poderia mudar a vida de alguém, mas sim, gente. E mudou muito!

Então, no dia do piquenique, os garotos ficam próximos de uma grande árvore com tronco marrom e folhas muito verdes. Lá, as vozes que Euclides escutara ficam ainda mais audíveis e a passos lentos, as crianças percebem que há uma silhueta diferente na árvore, como se fosse um portal, numa entrada transparente. Mesmo achando inseguro, numa expressão de hipnose diante dessa inusitada situação, os três entram na porta. Lá deparam-se com uma senhora e um objeto, típico guarda-chuva/bengala. Os meninos descobrem um novo mundo por trás daquela porta e curiosos perguntam o que estariam fazendo ali. A senhora tenta explicar a eles que Euclides era aguardado e que deveria salvá-los da escuridão que tomava seu mundo, pois a deusa do sol, Amaterasu, tinha sido sequestrada.


"[...] Euclides havia sonhado a vida inteira com algo como aquele mundo e não perderia a oportunidade de ver as histórias que lia e ouvia de seu avô, desde pequeno, tornarem-se realidade bem diante de seus olhos."


Lançados à sorte de um malvado Imperador, Euclides decide ajudar, sentindo-se parte daquele lugar e fascinado pela cultura japonesa, aceitando a aventura. Aziz e Zaira, como bons e mais novos amigos não deixam Euclides sozinho nessa, embarcando todos numa longa caminhada, inclusive, Cowboy. 

Eles passam por papéis assassinos, monstros gosmentos e nervosos, um monge guerreiro preparado para luta, assim, ao longo do caminho também acabam por serem impelidos a lidar com um Hotel bem estranho e extravagante, a conhecerem comida exótica, como espetos de insetos, além de ter de descobrir diversos enigmas para chegarem até o lugar onde a deusa estaria e guerrear contra aquele que seria quem desejava dominar o mundo.



[- Minhas Impressões -]

A amizade verdadeira e a importância da união de habilidades para o cumprimento de uma missão resume bem essa história, fazendo-nos lembrar em alguns pontos de outras prestigiadas fantasias estrangeiras como Harry Potter e Percy Jackson. Entretanto, de forma original, a autora nos leva ao mundo único do Japão, onde conhecemos objetos e seres sagrados, criaturas mitológicas e espíritos malignos, monges e suas crenças, vampiros, um rico vocabulário japonês expresso em muitos diálogos no percurso das crianças (com suas devidas traduções), objetos próprios da cultura japonesa, como os finos guarda-chuvas e o origami, além de conhecer comidas típicas e perceber a honra e respeito dados aos anciãos.


"As crianças ficaram longos segundos sem nada dizer, apenas refletindo o modo como tudo parecia se comportar tão harmoniosamente no mundo mágico."


É uma aventura fantástica, repleta de ações do início ao fim. Admito que fiquei surpresa e muito feliz com a criatividade e o mundo criado pela autora. Não conhecia muita coisa da cultura japonesa e a leitura dessa obra nos presenteia com diversas características dessa rica civilização.


A ambientação é bem detalhada, passamos por lugares densos, escuros e perigosos, por florestas, cidades animadas e hotéis estranhos e, a cada nova missão, as crianças amadurecem e são “obrigados” a explorarem suas habilidades, criatividade e conhecimento, fazendo florescer uma amizade fiel e verdadeira, prontos para darem a própria vida um pelo outro.

Euclides que era um menino antissocial se torna preocupado e responsável pelos amigos Aziz e Zaira. Os irmãos percebem o quanto amam e precisam um do outro, indo muito além do fato de serem do próprio sangue. Além disso, há outros personagens que eles encontram nessa caminhada, peças chaves para encontrar o Imperador e salvar a deusa sequestrada para devolver a paz, harmonia e luz que a Terra do Japão possuía. As dificuldades são imensas e, muitas vezes, vem o desejo de desistir e se entregarem, mas um estimula o outro.

O humor do menino Aziz, o conhecimento e dinamismo de Euclides e a imperatividade e esperteza de Zaira acabam por trazer leveza e fluidez à trama, deixando a leitura muito prazerosa. A obra nos mostra que um herói nem sempre precisa de força para ganhar a guerra, que há lutas que serão curtas e outras podem perdurar por mais tempo. Ensina também que ter amigos em dias de luta é sempre um excelente combustível para alcançar a linha de chegada com êxito e, nesse caso, com vida.

O desfecho é surpreendente e dá aquele gostinho de “quero mais”, por isso, quero mais da língua japonesa tão bela e diferente, quero mais aventuras, quero mais criaturas falantes e engraçadas, quero mais dos seres monstruosos e gosmentos, quero mais dos pratos típicos e exóticos do Japão e sim, parece haver mais, embora haja um fim real na história. Há um mix de emoções que me fazem recomendar muito a leitura, sendo assim, espero que leiam e se surpreendam tanto quanto eu nessa incrível terra mágica de Euclides.









Livro: A Terra Mágica de Euclides
Cortesia: Zirah ( Autora Parceira)
Número de páginas: 378
Skoob
Onde comprar:  Amazon

Euclides é um típico garoto de Boston, antissocial e inerte em seu universo particular de livros, cujo único amigo é seu leal cachorro vira-latas de nome curioso: Cowboy. Mas isso está para mudar assim que seu pai recebe uma promoção e é enviado para a cidadezinha de Fishers, Indiana. Euclides não esperava nada de novo até conhecer os gêmeos Aziz e Zaira, de personalidades completamente diferentes da dele, e até uma misteriosa porta magica e brilhante aparecer a sua frente em seu aniversário de 13 anos.

Curioso, como um bom viciado em livros, Euclides atravessa a porta mágica acompanhado de seus dois novos amigos e de Cowboy, até se ver em uma terra mergulhada em trevas, onde o sol não brilhava havia séculos. Mas aquela não era uma terra qualquer, e sim, a Terra Mágica do Japão, onde criaturas e deuses mitológicos são encontrados a cada esquina, a cada montanha, a cada templo. Que mistérios e aventuras aguardam nossos heróis para salvar essa terra da escuridão e trazer a paz novamente a todos os seres mágicos que ali habitam?




07 maio 2021

Resenha - Arsenè Lupin: O Ladrão de Casaca



Confesso que comecei a ler O Ladrão de Casaca, sobretudo, por causa da série da Netflix, Lupin. É uma série curta que vi em uma sentada, baseada no livro, e nos trejeitos do nosso protagonista: Arsene Lupin. Entretanto, ao constatar que o livro, na verdade, era um compilado de contos, senti que não seria uma experiência tão boa, e estava REDONDAMENTE ENGANADA (risos).

A história de como tudo surgiu é bem interessante. Leblanc formou-se em Direito, mas recusou um emprego numa fábrica aos 24 anos para ir à Paris seguir a carreira de jornalista. Nisso, foi muito influenciado por Gustave Flaubert (um grande amigo da família desde seu nascimento) e seu ídolo maior, Guy de Maupassant a escrever romances, contos e peças teatrais.

Entretanto, ao ver que sua renda não estava totalmente estável - apesar do sucesso com a crítica - seu amigo Pierre Lafitte o convidou a publicar uma ficção policial na revista Je Sais Tout. É interessante pensar que Arsene Lupin resultou de muito mais do que somente um vilão para o tão amado Sherlock Holmes; mais do que isso, é como Conan Doyle lidou com o sucesso imediato de Leblanc. Em um de seus contos, Sherlock Holmes foi citado, porém Doyle colocou Leblanc na justiça por apropriação do personagem; então, surgiu o ilustre Herlock Sholmes, arquinimigo de Arsene.

No primeiro de muitos livros da série, acompanhamos as primeiras aventuras de Lupin, e possivelmente as que chamaram mais a atenção do público na época em que foi escrito - A prisão de Arsène Lupin de 1905, como conto de estreia do personagem. No final das contas, o compilado conta com 9 contos muito bons, sendo uns melhores que outros, claramente.


Sinceramente, ver Arsène Lupin em diversos momentos me divertiu DEMAIS. Ele é protagonista, coadjuvante, narrador e posso até arriscar dizer que autor de suas mais famosas aventuras (se é que elas realmente existiram). Lupin é misterioso, engraçado, cortês e encantador; é a ameaça dos nobres, o terror da polícia francesa e o amante ingrato de sua plateia. É impossível não se apaixonar, nem que isso interfira diretamente na sua moral.

Vejo que o autor criou uma aura cômica em torno do personagem para fazer jus ao Robin Hood de Alexandre Dumas; possivelmente, um dos meus contos favoritos é O "Colar da Rainha", onde conta a história de um colar que foi roubado há vários anos numa família rica e ninguém sabe quem foi. A teia que é formada em torno do suspense é de excitar qualquer um, apesar de Maurice Leblanc ter um estilo totalmente diferente da rainha Agatha Christie. Leblanc é direto, sem reservas; rápido, cirúrgico em suas palavras. Quando sabemos da resolução, queremos muito mais, o que explica o sucesso imediato, tanto da série na Netflix, quanto dos livros publicados.

Outro conto favorito que posso citar aqui é O sete de copas. Li em uma sentada e fiquei chocada com a genialidade do autor de colocar uma trama tão complexa em um CONTO. Ele fala sobre um cara que mora numa mansão há poucos meses, e presencia, primeiramente, um assalto de mão armada à noite, sem ver o rosto de seu assaltante, e logo após um suicídio muito suspeito. Em ambos os casos, havia um sete de copas no local do assalto e da morte. A partir disso, deixo para a imaginação de vocês (risos)


Obviamente, não vou ser hipócrita e dizer que amei todos os contos. Não amei mesmo. Entretanto, tive que reconhecer que todos, sem exceção, te prendem do início ao fim. São bem escritos, bem traduzidos, e rápidos de ler. O livro todo é muito engraçado, e trata dos furtos com muita comicidade. Detalhe: todos eles são feitos contra famílias MUITO ricas, com STATUS. Por isso a comparação com Robin Hood; apesar de Lupin não ser um salvador da pátria, ele faz a justiça das ruas.

No conto O cofre de Madame Imbert sabemos um pouco mais sobre como tudo começou para Arsène, no ramo no qual quis seguir. É incrível que o nosso personagem não tem só momentos bons na vida; ele é crível, falho, e já apanhou muito na vida pra chegar onde chegou - o maior ladrão de toda a França.

Enfim pessoal, eu amei o livro e super recomendo pra todos! Essa edição da Principis está incrível, e com um preço top demais. Estou louca pelo segundo livro - Arsenè Lupin contra Herlock Sholmes, já publicado pela editora - e pra saber como esses dois vão se enfrentar, já que no último conto de Ladrão de Casaca (Herlock Sholmes chega tarde demais) só tivemos uma palhinha dessa relação. Leiam Lupin, e se puderem, vejam a série que tá super incrível também!!










Livro: Arsene Lupin: O Ladrão de Casaca
Cortesia: Editora Principis
Número de páginas: 192
Skoob
Onde comprar:  Amazon

 Arsene Lupin, que conseguiu ser mais famoso que seu criador, nasceu por encomenda do editor Pierre Lafitte ao escritor Maurice Leblanc. Este livro reúne as nove histórias: A prisão de Arsene Lupin, Arsene Lupin na prisão, A fuga de Arsene Lupin, O viajante misterioso, O 'Colar da Rainha', O sete de copas, O cofre de Madame Imbert, A pérola negra, Herlock Sholmes chega tarde demais inter-relacionadas, tais como foram publicadas na revista do editor Lafitte, Je sais tout.Quando Arsene Lupin é preso ao descer do navio em Nova Iorque, seu biógrafo já o acompanha, pois Watson sempre acompanhará Sherlock Holmes. A diferença é que aqui é o próprio Maurice Leblanc quem se transforma em personagem para contar as aventuras do protagonista de sua invenção.




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