Resenha - Última Rima

03 março 2021

 

Livro: Última Rima
Cortesia: Samanta Galvão (Autora Parceira)
Nº de páginas: 155
Skoob
Onde comprar: Amazon

Uma importante oportunidade de trabalho faz com que a linguista forense, Drª Aline Rissi, retorne para sua cidade natal para atuar em um dos mais conceituados institutos do país. E assim, ajudar a polícia a descobrir mais sobre a morte misteriosa de uma jovem universitária.

O investigador Dante Melo é um homem charmoso, determinado a descobrir a verdade sobre a morte da irmã e assim, conseguir salvar o amigo de um destino cruel. Ao conhecer Aline, a atração foi instantânea, mas essa conexão pode ser mais profunda do que imaginavam, com consequências que ninguém poderia prever.

Aline e Dante precisam trabalhar juntos para desvendar os mistérios que cercavam um assassino que se autodenominava como o Poeta ao dedicar versos rimados para a vítima, antes que outra vida seja perdida.


Nesse livro, Aline, personagem da série Uma Grande Espiã, surge no papel principal de uma dr. em Linguística. Com um novo emprego na sua área de estudo e de volta a casa onde passou sua infância, vê-se destinada a confrontar fantasmas que deveriam ter permanecidos mortos, mas estão totalmente vivos após a descoberta de um novo caso. Em meio a isso, conhece Dante, colega de trabalho, sua mais nova paquera, já que ele não nega os flertes para cima dela. Porém, ao trabalharem juntos numa cruel morte, perceberão que o desenrolar dos fatos os levará para uma conexão muito mais forte e complicada do que apenas uma paixão. A última rima é lançada por um assassino e eles são os principais interpretadores dessa poesia.

Como dito acima, esse livro é um spin-off de uma série, mas, ao começo, a autora explica que ele pode ser lido isoladamente, o que se confirmou durante minha leitura. Em nenhum momento fiquei perdida entre os acontecimentos e tudo fez sentido. Achei interessante o fato de Aline Rissi, a personagem, ter chamado tanto a atenção, que precisou de seu próprio livro. Quando personagens tomam seus rumos sozinhos, é muito legal de acompanhar e ver que o autor quer continuar dando liberdade a eles.


Escolhi ler Última Rima principalmente pelo fato de Aline ser uma linguista, pois sou da área de Letras e extremamente apaixonada por essa mesma área de pesquisa que nossa personagem é. Nunca tinha visto nenhum livro que abordasse essa parte da Linguística Forense, porque é uma área pouco explorada no Brasil, e fiquei muito empolgada para ver como isso iria se desenrolar. O livro trouxe, então, um pouco desse amor dela pelas Letras, pela função, nos mostrou como é trabalhar com isso e como é uma função igualmente importante quanto às de outros investigadores quando o caso necessita desse tipo de análise, mas também mostrou o preconceito que ainda se tem com essa área no meio jurídico.

"[...] aposto que ele não está acostumado a escrever poesia, esses dois versos são muito ruins. É um amador. Parece que uma criança escreveu."

Logo no começo eu já percebi como a narradora contextualiza e descreve as cenas e cenários de forma bem fluida, o que colabora para que a narrativa seja leve mesmo em cenas pesadas. Não é uma narrativa cansativa, porque é mencionado somente o necessário e, mesmo assim, é possível criar a atmosfera completa da angústia e leveza dos momentos. Aliado a isso, a narração é em terceira pessoa, então temos o típico panorama sobre tudo que está acontecendo na vida de todos os envolvidos, com o distanciamento do narrador, sem fazer julgamentos. Porém, conseguimos interpretar as emoções dos personagens tão bem quanto se estivesse em primeira pessoa, e isso também colabora para que não fique cansativo, pois em uma mesma cena sabemos a reação de todos por meio do narrador.


Sobre os personagens principais: Aline veio de uma estrutura familiar rica, mas seu pai era extremamente abusivo e ela cresceu sendo ignorada por ele, o que não foi impedimento para que quisesse seguir carreira como investigadora criminal, pelo contrário, de um jeito muito errado, ele foi um grande incentivador para isso. Temos também a mãe dela, uma pessoa muito carismática, e o irmão, Carlos, que é médico. Enquanto Daniel também seguiu rumo na carreira policial por causa de seu passado, ele perdeu pessoas muito importantes e de maneiras diferentes. Por isso, seu principal objetivo é reabrir um dos casos mais importantes para ele.

Percebi que ambos são personagens fortes, que trazem lembranças de um passado ruim ao serem confrontados com o novo caso, mas que também são muito fortes, cativantes, conturbados e fáceis de se afeiçoar. Dante é muito galanteador e Aline vezes se mostra insegura, vezes se mostra capaz de tudo. São bem humanos.

"Havia machucados, lembranças dolorosas, traumas que foram tratados ao longo dos anos que passaram, cicatrizes que se abriam e sangravam."

A narrativa se mistura entre cenas do presente e do passado, dos dois personagens, e, aos poucos, pistas vão sendo deixadas sobre o que de tão ruim aconteceu no passado deles, porque isso não é explicado logo de início. Isso aguçou muito minha curiosidade e me fez não querer abandonar o livro até descobrir mais informações. Momentos descontraídos e pesados também se intercalam, proporcionando tanto risadas, quanto tensão, equilibrando tudo. E, claro, não poderia faltar algumas cenas românticas de fazerem suspirar. Outro ponto que gostei bastante foi a trama apresentar características brasileiras, onde o livro se passa, como músicas, pois, mesmo em livros nacionais, isso raramente acontece.



Durante o livro, vários acontecimentos vão sendo inseridos e o leitor já consegue ir juntando um ao outro, para tentar chegar em alguma pista que leve ao assassino do caso investigado. Quanto mais tentamos, junto com os investigadores, fazer as ligações entre os fatos que vão se construindo, as pistas e envolvidos vão "sumindo" e dificultando para provar as acusações. Nesses momentos, tanto o passado de Aline será trazido para o presente, quanto Dante colocará seu propósito em dúvida. Preciso admitir que em 50% do livro eu fiz minha aposta sobre o que iria se desenrolar e ela se confirmou exatamente como eu havia pensado, portanto, não fiquei surpresa com as descobertas. Mesmo assim, não tirou o choque, pois não pude prever as reações dos personagens.

Achei a narrativa muito boa, é um livro que facilmente pode ser lido em um dia e que traz um suspense misturado ao romance muito legal. Ao mesmo tempo que trata de um crime pesado, é leve e prazeroso de ler. O desfecho amarrou todas as pontas que ainda não haviam sido amarradas no decorrer da história, então tudo se fechou de uma forma completa, porém, não inesperada e nem com surpresas. Isso não tira o brilho pela história e nem a emoção durante a leitura. Foi bastante difícil para mim querer largar o livro depois que comecei a ler. Ele já havia me "pegado" antes mesmo de abrir e depois, então, fiquei mais submersa ainda. Adorei o estilo de ecrita da Samanta, é raro encontrar livros que sejam tão fáceis de ler e isso se deve, muito, ao tipo de escrita do autor.

"Nenhum dos dois precisavam de pistas para saber o resto da história e ela acabava com a garota morta, no meio do mato e um assassino poderoso o bastante para não ser pego."

Ah! Assim como Aline teve seu spin-off, percebi uma deixa muito mais que interessante para que Carlos, o irmão dela, tenha seu livro! Eu, com certeza, iria amar saber mais dele.

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