Resenha - A Guerra Dourada

17 maio 2021


James é um garoto de dez anos que virara órfão dos dois pais numa tragédia que deixou uma marca da qual ele nem imaginava que tinha um significado importante e que mudaria seu destino. O menino foi cuidado por Odd, um senhor que lhe deu além de amor, o conhecimento das grandes histórias dos Divinos, seres supremos que moldaram o mundo descrito na obra. Ocorre que numa madrugada repentina James vê sua casa em chamas e perde seu protetor, que é assassinado por um ser maligno que James desconhecia.

Em busca de proteger o menino, Odd implora para que James fuja daquele lugar e declara a ele que comunique a todos que o inimigo voltara e estavam todos em perigo, pois de alguma forma ele conseguira se livrar da prisão e encontrava-se mais forte. Assim, James inicia uma aventura rumo ao desconhecido, numa longa jornada que decidirá o futuro do mundo. Partindo sozinho e se sentindo totalmente desconsolado, James encontra na grandiosa e bela cidade de Lóren um cavaleiro solitário,Vincent, um dos únicos que lhe dá atenção e acredita em sua história.
 
Vincent também encontra uma nova aventura ao se deparar com o destino de James e leva o garoto ao grande rei supremo de Hiren-gaal para que busquem uma solução e iniciem os procedimentos para a grande luta. Entretanto, não será fácil convencer a todos os reinos do retorno da escuridão e do cumprimento da promessa antiga descrita nos livros do famoso Timmóteo Eul, além disso, será ainda mais árduo ter que persuadir reis e povos que outrora insubordinados e rebeldes, bem como egoístas, deviam se unir para que na guerra travada tivessem reais chances de vitória contra o opositor das trevas.

As viagens incutem muita coragem para lidar com assassinos, ladrões, dragões, criaturas malignas dos mares, gigantes ferozes, aves que exalam escuridão e terror, florestas ameaçadoras, além de humanos e reis orgulhosos e é nessa aventura arriscada que “A Guerra Dourada” sobrevirá. Entretanto, o mal é ainda maior do que se podia ver e imaginar. Há reviravoltas em cada capítulo, traições até mesmo na família, boicotes e ações realizadas obscuramente, deixando-nos atônitos e curiosos sobre o que reserva o destino de nossos heróis, com o que, de fato, deseja o senhor da Morte.





[ - Minhas Impressões - ]

Não há como negar a inspiração do autor nas obras de Tolkien, com uma indescritível ambientação da natureza e suas riquezas originais, onde há árvores e cachorros falantes, onde ora o mundo de paz é colorido e exuberante, mas em guerra e sob ameaça se torna escuro e sombrio, onde as aranhas são gigantes e assustadoras, onde as há criaturas assombradas pelo senhor das trevas e da morte; e homem e orcs são rivais, mas em virtude da paz, aqui eles dependem um do outro.

O mundo criado pelo autor é recheado de deuses e reis que lutam por um poder supremo, ora orgulhosos, ora humildes e amantes de seu povo, dispostos a dar a vida por um bem maior. Já nas primeiras páginas nos deparamos com diversos e diferentes personagens intrigantes, cada um com história e passado de perdas e crueldades ocorridas em eras anteriores, muitos deles, inclusive, são atormentados por isso.

A edição e diagramação muito bem produzidas vêm com um mapa especial do mundo em que a história se passa, orientando-nos durante a leitura, tendo em vista haver muitos lugares envolvidos na obra. É a primeira de uma fantasia de alta qualidade, onde orcs, argos, minotauros, reis, deuses, homens, elfos, dragões, criaturas marinhas de grande porte e poder, anões e diversos seres criados pelos vedaín, também chamados de Divinos, dividem um mundo com florestas, portais e montanhas traiçoeiras.

A escrita fluida do autor nos remete ao período medieval maravilhoso e encantador, onde a natureza, emoções e ações dos povos e criaturas confundem os sentidos. As impressões e expressões descritas dos personagens são bem detalhadas, misturando os sentidos como “aparência de escuridão”, mas senti alguns momentos a escassez da profundidade de protagonistas da obra. Contudo, acredito que seja parte do mistério que o autor desejou criar para as próximas edições que darão continuidade à história.

Impressionou-me e ao mesmo tempo me deixou um pouco desorientada a quantidade de personagens na narrativa, cada um de região diferente, alguns bondosos e outros muito cruéis. Além disso, essa obra possui um rico vocabulário, onde seres mitológicos, pedras preciosas me fizeram querer saber e conhecer mais do mundo desenvolvido na obra, dando mais brilho. Percebe-se que o personagem que inicialmente aparentou ser o protagonista da história, James, some em diversos momentos importantes da narrativa, fazendo com que os secundários se tornassem mais ativos e de fato mais relevantes para “A Guerra”.

Pontuaria como ponto desfavorável alguns termos que são extremamente repetitivos na explanação da obra e algumas das histórias contadas a James pelos personagens que quase nada contribuem para o enredo e acabam deixando a leitura enfastiante. Ademais, instantes de tensão e clímax da estória são por vezes antecipado pelo autor, fazendo com que a emoção se esvaísse muito rapidamente, tornando alguns episódios artificiais. A rapidez da chegada de novos personagens, bem como as partidas deles tende a passar a sensação de que os fatos ocorrem com demasiada pressa, o que poderia ser mais bem desenvolvido e aprofundado. Esse fato é um dos únicos que impede maior imersão, identificação e apego aos personagens por parte do leitor.

Apesar disso, em nada diminui o brilho dessa obra que nos faz nos emocionarmos e nos irritarmos também com alguns personagens e, claro, há inúmeras reviravoltas, principalmente, de personagens aos quais me apeguei. Os plots twist são de cair o queixo e faz com que você torça para que seja mero engano ou alguma trama para confundir o inimigo, mas ao final, aquele que você pensava ser “do mal” acaba por ser regenerado e se torna um grande e admirável herói. Uma trama bem amarrada e um nacional de dar orgulho! Uma leitura que realmente vale muito a pena e que lhe deixa ansioso (a) pelos próximos capítulos. Venham conhecer “A Guerra Dourada”!


“—As lendas seriam verdadeiras? Você viu o tamanho daquela coisa? – Randovir perguntou a Sven.
 — Lendas não queimam fortes, meu filho”

“Segurava uma espada coberta de sombra e desespero. Era ele, Malogh. O inimigo mortal do continente de Hiren-gaal. Conhecido pelos povos de Essenia como Lorde das Cinzas, de origem incerta.”

“Sua aparência era de escuridão. E, mesmo que o elmo estivesse aberto, não se podia ver o rosto deles. O brilho resplandecente dos olhos era a única coisa possível de se enxergar naquelas criaturas.”

“Não é a cor da pele que define se você é bom ou não, se é ladrão ou não, se é herói ou não [...]”

“Bem- aventurados foram os que presenciaram em toda região de Acáy, a ascensão de Namíra, despertado pela segunda vez na história. Não por um anjo lendário, mas por um simples garoto, que desde o início era parte de um plano imenso, destinado a salvar o povo livre do império.”









Livro:  A Guerra Dourada
Cortesia: Editora Coerência
Número de páginas: 286
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Onde comprar:  Amazon

Quando as portas da prisão amaldiçoada foram misteriosamente abertas, uma ameaça até então esquecida pelos povos da terra despertou com o objetivo de superar o poder dos divinos. Perante a ameaça iminente, o continente trava uma luta contra o tempo para tentar unir os reinos a fim de proteger o povo do perigo, mas o que eles não sabem é que o verdadeiro inimigo vaga por terras distantes esperando o momento certo de atacar. Diante de um conflito que poderá ser a ruína do leste de Essenia, um cavaleiro solitário, que esconde um passado assombroso, se vê em uma tarefa indispensável: esconder a chave do paraíso. O que ele não esperava era que sua cansativa jornada revelaria mistérios desconhecidos e um passado que ficaria melhor enterrado.





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