Título: Cidades afundam em dias normais
Autora: Aline Valek
N° de páginas: 256
Cortesia: Rocco
Skoob
Onde comprar: Amazon
Da mesma autora de "Águas vivas não sabem de si." Alto do Oeste é uma cidade no meio do Cerrado, que, no início desse século, afundou inexplicavelmente dentro de um lago. Apesar de insólita, essa submissão foi acontecendo de forma lenta e gradual, de modo que também foi aos poucos que seus habitantes foram "expulsos" pelo avançar das águas e obrigados a abandonar a cidade. Anos depois, uma seca extrema no cerrado voltou a revelar Alto do Oeste, e todos os resquícios da vida das pessoas daquele lugar antes da inundação vieram à tona novamente, como se fossilizados pelo barro que agora encobre todas as coisas boas. Ao saber da notícia, Kênia Lopes, uma antiga moradora da cidade, decidiu que precisava fotografar as ruínas, como se em busca de respostas para uma questão jamais respondida: o que faziam os moradores enquanto aquele pequeno apocalipse se aproximava?
Cidades afundam em dias normais conta a história de alto do Oeste. Uma cidade que literalmente afundou nas águas do lago e ressurgiu após a grande seca do Cerrado.
Kênia, uma moradora local que foi embora ainda muito nova de Alto do Oeste retorna à cidade já adulta como a fotógrafa responsável pelas fotos para o documentário que Facundo, o câmera e ela estão filmando sobre o fenômeno que ocorreu na cidade. O retorno de Kênia a Alto do Oeste, ainda que por pouco tempo lhe traz lembranças de sua infância e adolescência, de pais, professores e amigos da época.
O contato com os moradores e suas andanças pela cidade afetam a jovem fotografa mais do que ela gostaria, uma vez que ela nunca pensou em voltar e rever as pessoas e os lugares de seu passado.
Alto do Oeste não afundou da noite para o dia, foi algo gradativo e bem diante dos moradores. Muitos abandonaram suas casas, mas logo elas foram ocupadas de novo por moradores que achavam que essas moradias estavam melhores que as suas.
Então, seguindo com o trabalho, a dupla Kênia e Facundo seguem entrevistando os moradores que ainda continuam na cidade ressurgida pela seca. Alguns comerciantes esperançosos acreditam que o turismo irá fazer com que as coisas melhorem para os seus negócios e dão entrevistas entusiasmadas para eles.
Kênia acaba reencontrando Érica, sua antiga professora de História. Uma mulher forte, bruta e muito direta. Então junto desa mulher, Kênia vai relembrando seus dias de estudante e dos amigos da época ao retornar a escola onde estudou até o ensino médio. E em meio a tantas lembranças, Kênia lê o caderno de Tainara, que mais parece um diário.
" O que é isso? Kênia estava amortecida.
As memórias dela, Érica disse. Vou querer de volta, claro. Mas tome o tempo que for necessário. "
[- Minhas Impressões-]
Sabe quando você começa a ler um livro porque gostou da sinopse e da capa e é surpreendido por uma história simplesmente incrível? Pois bem, foi desse jeito que me senti ao ler esse livro. Então, com uma escrita uma escrita objetiva, a autora faz com que o leitor se sinta parte da história, tamanha a riqueza com que ela descreve os lugares, objetos, personagens e lembranças que permeiam toda a história.
Aline Valek consegue envolver o leitor com a fluidez e intensidade de sua narrativa. Talvez por isso mesmo que eu tenha sido tão impactada por esse livro, pois consegui sentir a carga emocional dos personagens e também sua culpa.
Kênia por exemplo tem algo pelo o que sentir culpa e, ao longo da leitura, isso fica bem claro. Ela é uma pessoa solitária e não gosta de falar de si e estar do outro lado da lente, já que ela também é entrevistada.
Tainara é uma personagem pela qual acredito que vá despertar solidariedade e empatia por parte dos leitores, pois foi exatamente esses sentimentos que despertou em mim. Sua história de vida é forte, impactante e me tocou profundamente.
O livro é emocionante, sensível e muito bonito em sua essência, e tem passagens e situações muito marcantes, que cala fundo na gente. Os capítulos são curtos e a linha do tempo nos permite transitar entre passado e presente e conhecer o antes e o depois dos personagens.
A trajetória de cada personagem, principalmente Érica, Tainara e Kênia é carregada de muita sensibilidade e emoção que dá gosto de ler. É um livro muito bonito e por que não dizer poético?
Eu super indico a leitura, pois vale muito a pena.
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