Resenha - Mulheres que temiam seus Pais

27 novembro 2020

Livro:
Mulheres que temiam seus pais
Autor: André L Braga
Páginas: 152
Skoob 
Onde encontrar: Amazon
Quatro mulheres, quatro histórias de violência doméstica, uma terapeuta em comum. Além de ajudar suas pacientes a superarem seus traumas, Verena precisa agora ajudar-se a si mesma, em meio a um emaranhado de histórias envolvendo crimes, ameaças anônimas e psicopatias.

 

O livro é um composto de suspense, ficção psicológica no qual retrata os sentimentos mais íntimos de quatro mulheres com o passado parecido. As mulheres: Roberta, Christiane, Lorena e Janaína têm um histórico de violência em casa, e os problemas causados devido a essa violência diferem de entre elas, porém a causa é a mesma. Todas as quatro mulheres têm como terapeuta a Verena que tenta contribuir ao máximo para que cada uma delas supere o passado e os problemas do presente. Os capítulos são alternados entre as personagens e seus momentos de conversa com a terapeuta. Mulheres que querem acabar com a angústia e conflitos vividos em casa por meio da terapia.


" O problema das mulheres, pasmem, são os homens".

A linguagem no livro é bem fluída entre os personagens, mesmo nos momentos mais profissionais de Verena, em que ela precisa focar na sua paciente e não na amiga. O livro nos apresenta histórias e vidas de mulheres que foram vítimas de violência física, psicológica e verbais. Traumas que elas carregam consigo e muitas vezes as fazem com que ela tenham escolhas erradas por medo do julgamento alheio. Através do livro e das histórias dessas quatro mulheres, André abordou a importância de nos respeitarmos e respeitar o momento de cada coisa na nossa vida e que isso serve para nossa evolução. 


Aqui nesse livro além do teor psicológico oferecido na história, pelas mulheres presentes na trama, temos vários assuntos de extrema importância para atualidade como o feminismo, o que ele é e o que essa causa busca. Gostei muito disso, ainda mais sendo escrito por um homem. Percebi também uma alfinetada política ao governo atual no qual estamos, além de temas como traições, o controle que queremos ter e o que de fato podemos controlar, sobre nossas escolhas e como elas se refletem em nossas vidas e da intensidade que damos a elas e aos nossos problemas. Essas temática são mais que suficiente para uma boa discussão, mas não para por aí. 

André trouxe um suspense para história que nunca imaginei e você só entenderá chegando ao final do livro com um desfecho que me fez pensar como nós somos frágeis diante da maldade de outra pessoa, trazendo para o leitor assuntos sérios e essenciais. Apesar de ser uma ficção psicológica as histórias apresentadas no livro são bem reais e não estão tão distante assim de nós e de nosso cotidiano. 

" Não podemos desprezar a severidade e os agravos à saúde, física, social e psicológica provocados pela violência sexual, tampouco devemos minimizar, ou até mesmo ignorar, o ambiente em que estamos inseridos e como comportamentos enraizados em nossa sociedade impactam a integridade da mulher..."
" Feminismo não é uma imposição de padrões. É, isso sim, a aceitação de que todos têm liberdade de escolha e igualdade de direitos e deveres, independentemente de gênero".

A escrita do autor é bem fluída e confortável, o que eu gostei muito. Tão confortável que até as gírias e expressões ele trouxe para as páginas. Gostei porque isso te aproxima dos personagens e da história. Achei a leitura rápida, os acontecimentos para mim ocorreram de uma forma intensa e isso se deve a escrita e a velocidade do enredo. Uma parte específica do livro me incomodou pelo excesso de descrição, sem contar que me confundi em algumas partes, mas fora isso o livro vale muito a pena ser lido. Os diálogos são rápidos e em alguns momentos cheio de significado com discussões sérias e umas risadas de vez em quando. Foi muito bom a evolução de algumas das pacientes de Verena, elas foram crescendo e deixando para trás traumas vividos ainda na infância, mas apesar de estarem bem, a terapia é um processo longo e que requer continuidade. 

" Pessoas carregam culpas, Marcela. Milhares de culpas. Sejam elas reais, sejam elas imaginárias. Sejam elas transferidas a terceiros, sejam elas indevidamente internalizadas".


O suspense final foi um capítulo a parte da história, pois nunca imaginaria um desfecho como aquele, o que explica o transtorno de múltipla personalidade. O livro não é só contar histórias, mas tem como objetivo fundamental e necessário nos questionar sobre as verdades da sociedade imposta a todos, mas principalmente as mulheres e o que isso tem provocado a longo prazo, debater as verdades socialmente construídas em uma sociedade mentalmente doente. 

Foi uma leitura tranquila, e só não foi mais rápida por culpa minha mesmo. É um livro curto com 152 páginas que você lê em uma sentada, com temas sérios e pertinentes para nós mulheres e para a sociedade como um todo. Como foi dito acima o feminismo não é para ditar regras, mas procurar igualdade para todos inclusive para os homens. Nós mulheres queremos respeito, queremos igualdade, não plantamos ódio, esse vem de uma sociedade machista que não entende que o mundo mudou e continuará a mudar.

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