Resenha - A Devolvida

11 novembro 2019

Título: A Devolvida
Autora: Donatella Di Pietrantonio
N° de páginas: 158
Cortesia: Faro Editorial
Skoob
Onde comprar: Amazon
Aos 13 anos, uma garota é levada do lar abastado onde vive para uma casa estranha e com pessoas que dizem ser seus pais e irmãos.
Na pequena cidade italiana todos conhecem sua história: ela é a criança que os pais naturais, pobres e de família numerosa, "deram" a um parente que não podia ter filhos e que este a devolveu quando a menina frequentava o ensino médio, não por maldade, mas porque a vida pode ser mais complexa do que imaginamos e nos força a fazer escolhas dolorosas.
Ela era a devolvida. Sentia-se como uma estrangeira na nova casa e, desde então, a palavra "mãe"travara em sua garganta. Privada até de um adeus por aqueles que sempre acreditou serem seus pais, ela se vê incrédula ao enfrentar o sofrimento de ser abandonada novamente de forma repentina.
"Minha vida anterior me distinguiu, me isolou na nova família. Quando voltei, falava outra língua e não sabia mais a quem pertencia".
Forçada a crescer para reintegrar-se ao seu núcleo original, ela vive uma sensação de subtração, de gente esvaziada de significado, e nos ensina em meio à dor como encontrar sentido quando tudo parece desmoronar.


De um dia para o outro a vida de uma menina de apenas 13 anos muda drasticamente quando, de repente, ela é devolvida à sua família de origem. Uma família com a qual ela não tem a menor familiaridade e nenhum tipo de laço e afeto. Do nada ela vê sua vida se transformar em um mar de incerteza, angústia, dor e desespero. Afinal, tudo que ela conhecera como lar, família e segurança desmorona bem diante dos seus olhos e  nada pode ser feito para mudar sua triste realidade.

O medo do desconhecido é seu companheiro constante e invade sua mente sem pedir licença. Ela não consegue e não quer acreditar que seus pais não são realmente seus pais. Que aqueles estranhos que estão diante dela são de fato seus pais verdadeiros e que aqueles meninos, desde o mais velho até o bebê no colo da mulher a sua frente são seus irmãos.

O homem que sempre chamou de pai é na verdade seu tio, casado com uma prima distante e eles não a querem mais.

" - Eu vou voltar com você, prometo que não vou dar trabalho nenhum. Pelo contrário,  a mamãe está doente e precisa da minha ajuda. Eu não vou ficar aqui, não conheço ninguém lá de cima."

Seus esforços para voltar a casa aonde viveu toda a sua vida são em vão. Nada do que diga ou faça fará com que sua vida volte a ser do jeito que era antes e a única coisa a fazer é aceitar seu destino na casa pobre e humilde, com seus verdadeiros pais e numerosos irmãos.

Os dias vão passando lentamente e para a devolvida são dias que ela gostaria que nunca mais se repetissem. O convívio não é nada fácil, mas com a ajuda de uma única irmã mais nova e do irmão mais velho, a pobre menina vai dando conta de viver sua nova e dura realidade. No entanto, é muito difícil enfrentar tudo isso quando não se sabe o motivo pelo qual fora devolvida. Por que de uma hora para outra sua vida mudou tão drasticamente e de maneira definitiva.

Lutando para entender e aceitar seu lugar na nova família a garota vai atrás de descobrir a verdade, mas pode ser que a verdade seja algo muito mais simples do que ela pensa e, ainda assim, extremamente dolorosa.

Ela nasceu em uma família que a deu para um casal de parentes distantes. Anos depois ela foi abandonada novamente pelos pais que sempre pensou serem seus e tudo o que ela mais deseja na vida é voltar para o único lugar que pode chamar de lar, mas isso não parece mais ser possível.

"Naquele dia de junho, eu estive presa entre minhas duas mães. De tempos em tempos, penso na mão da primeira que tive sobre os ombros, na escola. Até hoje me pergunto porque ela fez aquele gesto, aparenta de carinhos como era."


[- Minhas Impressões -]

O livro A Devolvida trata de um tema muito importante e foi abordado de uma maneira totalmente diferente do que eu esperava. Eu sinceramente fui pega de surpresa com a escrita da autora, pois ela contou através de suas palavras a triste história de uma criança dada pelos pais para uns parentes distantes e depois devolvida à eles por esses mesmos parentes anos depois.

A história é impactante e ainda mais chocante contada através dos olhos da menina em questão. Em suas palavras pude perceber toda a sua dor e incredulidade ao ser entregue à família que ela não conhece e nem sabia que existia. Senti muita empatia e solidariedade por seu sofrimento. Mas ao mesmo tempo, não consegui digerir muito bem o motivo pelo qual seus pais a devolveram.

Sinceramente foi algo muito difícil de entender, pois penso que eles poderiam ter lidado de outro jeito com a situação. Penso que ambos foram extremamente egoístas, e que só pensaram em si mesmo, já que em nenhum momento eles pareceram se importar com os sentimentos da pobre menina e no tanto que ela iria sofrer com sua nova e triste realidade.

Senti que o que mais faltou aos pais biológicos e aos pais que a receberam foi amor e zelo por essa garota. Eles se dispuseram dela da forma que bem quiseram. Ou seja, por já terem muitos filhos seus pais verdadeiros a deram a um casal de parentes distantes e estes ao invés de honrarem a chance de serem seus pais a entregaram quando suas vidas tomaram outro rumo. Todos só pensaram em si menos na inocente da menina que não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.

Uma das coisas de que mais gostei no livro foi a amizade da menina com sua irmã mais nova. Foi algo que foi surgindo aos poucos, mas que ganhou corpo e se fortificou conforme o convívio entre elas. Em contrapartida, o relacionamento entre ela e o irmão mais velho me deixou completamente incomodada, e eu li com assombro e até mesmo má vontade por não querer acreditar que aquelas coisas pudessem estar realmente acontecendo. Outra coisa que muito me incomodou na história foi não saber o nome da menina.

Durante toda a leitura ela foi chamada de menina e "a devolvida" o tempo todo e por mais esforço que eu faça não consigo me lembrar se em algum momento da leitura seu nome foi dito. Eu interpretei isso como um jeito da autora de tornar a história da menina mais triste e mais sofrida, pois é como se não ter um nome e não ser chamada por ele, sua identidade lhe tivesse sido roubada. Isso de fato é muito triste e me causou muita emoção.

A leitura fluiu muito bem e eu li rápido com muita vontade e interesse. A trama do livro se baseia no presente e no futuro da personagem e de como as decisões das pessoas que deveriam ser responsáveis pelo seu bem estar mudou  e afetou sua vida e suas escolhas para sempre.


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