Resenha - A Madona e a Vênus

06 setembro 2019


Livro: A Madona e a Vênus
Autor: Catarina Muniz
Cortesia: Universo dos Livros
Páginas: 304
Skoob
Onde comprar: Amazon
1481, Florença, Itália. A cidade mais fremente do mundo, berço dos maiores pintores, arquitetos e escultores de toda a História, é o cenário de um intrincado triângulo amoroso entre a camponesa Francesca di Boscoli, a duquesa de Milão, Alessia Sforza, e o aspirante a pintor Vincenzo Mantovani. Francesca busca apenas paz em sua vida, já tão carregada de cicatrizes. Vincenzo espera ser reconhecido como um dos maiores artistas de seu tempo. E Alessia, a bela mecenas, busca impor sua vontade, custe o que custar! O Renascimento Cultural italiano é o pano de fundo deste romance que promete trazer ao leitor fortes emoções. Benvenuti!


A Madona e a Vênus foi um livro que me dividiu um pouco. Confesso que, ao começar essa leitura, não estava envolvida com a história, porém passaram-se os primeiros 3 capítulos para a coisa tomar um outro rumo, e até os 78%, tinha certeza de que seria um livro favorito, porém o final não permitiu que fosse.

Primeiramente, quero dar ênfase ao local onde se passa esse romance. Aqui teremos uma ambientação italiana impecável. A autora, ao inserir muitas palavras italianas ao enredo - que podem ser facilmente entendidas - e descrever as principais cidades que se passa a história, criou para nós, uma outra visão do que era a Itália em transição da Idade Média para o Renascimento.

 De um lado, temos San Gimignano, uma cidade agrícola e conservadora, onde o papel da mulher ainda é lavar, passar, cozinhar e procriar; e do outro, temos Roma e Florença, os dois principais points do Renascimento. Em Florença, onde a maior parte da história se passa, há uma vida moderna, cheia de arte, política e liberdade. Houve, claramente, uma pesquisa aprofundada acerca das paisagens, e da importância do contexto histórico em que a obra se situa, e isso me surpreendeu bastante, já que não vemos tantas histórias assim por aí.

E nesse contexto, temos Francesca, uma jovem que, ao cometer o grande erro de acreditar que seu noivo - no qual era um embuste - lhe amava e faria tudo por ti, foi expulsa de casa e acabou parando em Florença sem água, comida ou dinheiro. Aqui temos uma personagem atípica nos romances de época: ainda que inocente, e temerosa, Francesca tem um brilho diferenciado no olhar, como se a submissão tivesse um limite, e que, se confrontado, atiçaria o leão que sempre morou naquela mulher. Sua personalidade altiva vai se desenvolvendo aos poucos, e é muito bonito de ver o quanto ela amadureceu, pois no começo era só uma menina indefesa de cidade pequena, e no final se tornou uma mulher forte e decidida do que quer.


Vincenzo, nosso personagem masculino, teve um papel essencial para o meu amor e meu ódio pela obra. Como artista, tem uma alma livre e um orgulho de peso, já que é o filho "rejeitado" do tão respeitado Bento Mantovani, um dos principais comerciantes de Bolonha e cidades afins. Louco de amores pela vida e seus prazeres, seu único desejo ardente é ser reconhecido por seus quadros belíssimos, porém não tão famosos, devido sua rejeita ao pintar o tradicional. E, ao conhecer Francesca, sua paixão pela arte fica dividida, e em um dado momento - onde a víbora que já vou falar aparece -, precisará escolher entre as duas, e claramente faz a escolha que quase acaba com sua vida.

Amo o jeito com que ele defende seu trabalho com unhas e dentes, porém o que me fez odiá-lo é que, em muitas situações, ele deixou seus ideais de lado para realizar seu grande sonho de ser famoso, ou seja, fez tudo o que lhe mandavam, e isso não consegui engolir.

O motivo, contudo, pelo qual Vincenzo foi induzido a tal atitude miserável foi exatamente o que estão pensando: um par de pernas (ou quase isso). Alessia Sforza foi uma vilã excepcional, porém não apaixonante: tive vontade de matá-la a cada menção de seu nome. Como uma duquesa rica e influente, era muito digna de respeito em áreas que estavam se expandindo e, ao escolher Vincenzo como seu pupilo - quase como se fosse um patrocínio -, o submete, ainda que indiretamente, a situações horríveis, mas ponderáveis (caso ele tivesse noção das coisas). Porém, apesar de odiá-la com todo o meu coração e ser, sinto que se ela não estivesse na história, A Madona e a Vênus não existiria, e realmente a obra não me causaria tantos sentimentos (o que é uma coisa boa, pois odeio obras apáticas).


Além disso, o enredo é muito bem desenvolvido, não só pelos personagens, mas a história é instigante. Temos episódios eróticos relatados com muitos detalhes, entretanto, sem serem vulgares.

Pela escrita da autora ser fluida e muito diferente do que venho lendo recentemente, conseguiu construir um cenário em que ficamos absortos nesse tipo de assunto retratado, como se ela estivesse descrevendo algo magnífico. E, talvez por eu ter criado muitas expectativas durante a leitura, o final infelizmente não foi realmente o que eu esperava, dado os acontecimentos que se sucederam ao longo do livro. Quando eu soube o porquê do nome do livro, tive que voltar e ler novamente, pois foi algo no meio de uma passagem sem conexão direta com aquilo, e depois o acontecimento se apagou para mim.

Fiquei um pouco decepcionada, porque esperava que essa parte fosse melhor desenvolvida, como também o final que foi dado aos protagonistas. Achei muito corrido, e na minha opinião a autora poderia ter escrito de uma forma mais clara, e até complexa, como foi ao longo do livro. A leitura é complexa, mas muito gostosa, cheia de expressões peculiares da época, e com cenas altamente descritivas. Por isso que, para mim, aquele final não colou.

Enfim, apesar de algumas críticas, eu super recomendo pra quem está procurando um romance de época diferente, cheio de intrigas, mentiras amor e muita arte. Espero que tenham gostado da resenha, e que deem uma chance, também, à Madona e a Vênus!


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