Resenha - Good Omens

30 setembro 2019

Título: Good Omens
Autores: Neil Gaiman / Terry Pratchett
N° de páginas: 364
Editora: Grupo Editorial Record / Bertrand
Skoob
Onde comprar: Amazon
O mundo vai acabar em um sábado. No próximo sábado, para falar a verdade. Pouco antes da hora do jantar. Não há nada que possa ser feito para frustrar o Grande Plano divino. Mas quando uma freira satanista um tanto distraída estraga um esquema de troca de bebês e o pequeno Anticristo acaba sendo entregue ao casal errado, tem início uma série de erros cômicos que podem ameaçar o próprio Armagedom.

Aziraphale é um anjo que atua na Inglaterra e dono de um sebo nas horas vagas. Crowley é um demônio e ex-serpente responsável pela mesma região. Ambos veem nessa confusão uma grande oportunidade, porque os dois, que vivem entre os humanos desde o Princípio, apegaram-se demais ao mundo para desejar a grande batalha entre o Céu e o Inferno. Em sua jornada para evitar o Armagedom e encontrar o Anticristo, agora um menino de 11 anos vivendo tranquilamente em uma cidadezinha inglesa, eles acabarão trombando com uma jovem ocultista, dona do único livro que prevê com precisão os acontecimentos do fim do mundo, com caçadores de bruxas ainda na ativa e, quem sabe, até com os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Mas eles terão de ser rápidos. Não é só o tempo que está acabando...

Good Omens, ou Belas Maldições, é um livro originalmente publicado nos anos noventa e recém repaginado graças a série de mesmo nome estrelada por Michael Sheen e David Tennant, distribuída pelo Prime Video na Amazon. Publicada pela Bertrand Brasil, a narrativa, novamente em alta no mercado, é uma parceria literária entre Neil Gaiman e Terry Pratchett, que acompanha um grupo de personagens distintos que tentam impedir (ou não) que o Armagedom aconteça.

Pode ser que ajude na compreensão das questões humanas ter uma noção clara de que a maioria dos grandes triunfos e tragédias da história é provocada não por pessoas sendo fundamentalmente boas ou más, mas por pessoas sendo fundamentalmente pessoas.

Centralizada em Crowley e Aziraphale, respectivamente um anjo e um demônio, a trama cobre uma vasta passagem temporal. Começamos no início (literalmente) e vamos até o momento em que, onze anos após o nascimento do anti cristo, é chegada a hora do evento mais aguardado pelas autoridades cósmicas: o fim dos tempos. Porém, o jovem que Crowley e Aziraphale criaram desde a infância não é quem eles pensavam. Agora, é preciso correr contra o tempo em busca da criança desaparecida e convencê-la, de algum modo, a manter a Terra intacta.

Good Omens é uma narrativa complicada, no geral. Por quê? Bem, estamos falando de uma sátira bíblica a respeito do fim dos tempos e, caso o leitor tenha problemas pessoais com a abordagem, pode ser difícil engatar a leitura ou até mesmo iniciá-la. Entretanto, continuá-la também pode ser um problema em alguns casos. Por exemplo, mais ou menos na metade do livro a narrativa fica um tanto quanto confusa. Personagens são introduzidos, a linearidade dos acontecimentos não é tão frequente e algumas piadas não funcionam. Surpreendentemente, isso não tira o brilhantismo e a genialidade dos autores, que ainda conseguem cutucar a seriedade religiosa. Mas de fato o livro deixa de ser excepcional como havia sido em suas páginas iniciais.

Felizmente entre os inúmeros personagens introduzidos existe Anathema Device, uma jovem bruxa responsável por um famoso livro de profecias, escrito por uma de suas antepassadas e que permanece em sua família há anos - até perdê-lo. Anathema é inteligente e sagaz, mas também desastrada, e ao lado de Newt, um caçador de bruxas recém formado, protagonizam momentos cômicos e até mesmo românticos.

Quem não convence muito o leitor é Adam Young, o jovem responsável pelo destino da humanidade. Adam faz parte do núcleo mais jovem de personagens e talvez essa seja a razão, visto que não é o círculo mais atrativo de toda a trama. As situações vividas por esse grupo de crianças não apresentam apelo e algumas vezes são até mesmo repetitivas. Quando se sabe quem é Adam, verdadeiramente, é difícil se importar com as aventuras vividas ao lado de seus amigos e seu cão infernal. É esperado muito, mas se ganha muito pouco até o final da trama.


Não é a construção de Crowley ou de Aziraphale, mas sim a relação entre essas figuras que é o verdadeiro trunfo dos autores - uma amizade que por vezes remete a uma relação entre um casal de idosos rabugentos, diga-se de passagem. A questão é que a partir de determinado ponto ela não é mais explorada, uma vez que os personagens estão separados e as interações são mínimas. Além do fato de que ambos dão espaço aos personagens secundários na segunda metade do livro...
Eles se davam bem. Quase compreendiam um ao outro [...] Ambos gostavam do mundo, para começo de conversa, em vez de vê-lo simplesmente como o tabuleiro onde o jogo de xadrez cósmico estava sendo jogado.
No geral, Good Omens é interessante e bem escrito. Mas deixa a desejar por se complicar em sua fórmula. De fato, rende boas risadas e até mesmo reflexões, contudo, caso fosse mais enxuto, poderia ser capaz de conquistar mais leitores. Esse é um daqueles casos atípicos, onde a série de TV parece ganhar da obra literária - não que seja uma competição, entendam. Inclusive, recomendamos a série da mesma forma que o livro, uma vez que é roteirizada pelo próprio Neil Gaiman!


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