Resenha - Sempre haverá você

31 maio 2017

Título: Sempre haverá você
Autor: Heather Butler
Cortesia: Novo Conceito
Skoob / Goodreads
Páginas: 256
Onde comprar: Saraiva / Amazon

Sinopse: A mãe do George e do Theo é genial. Ela conta histórias incríveis, acena mais rápido do que qualquer pessoa do planeta e, o mais importante, foi ela que sugeriu que eles adotassem um cachorro porcalhão chamado Goffo. Os meninos ach am que ela é invencível. Mas eles estão errados. Porque a mamãe está doente. E cabe ao George e ao Theo fazer a mamãe continuar sorrindo. O que, muito provavelmente, vai envolver galochas, tortas de carne e a participação do Goffo no Concurso de Talento Animal...
Agora que a mamãe ficou doente, está cada vez mais difícil sorrir e inventar versos com o Theo. Sempre haverá você conta sobre uma família diferente da sua, mas um pouquinho parecida. E de um menino que está aprendendo algumas coisas. Você quer ser amigo dele?








"A flor chamada lobélia recebeu esse nome por causa de Matthias de Lobel, que viveu na Bélgica.
A mamãe e eu às vezes ficamos olhando pela janela do meu quarto. Ela diz que, um dia, o nosso jardim dos fundos será igual ao da Sra. Shardini, com muitas flores e um lindo gramado, e talvez até uma fonte. Mas, por enquanto, ela se contenta com o jardim da frente, assim o Theo, o Goffo e eu podemos ficar com os fundos.
Então, nós ficamos parados olhando por cima da cerca para a casa da Sra. Shardini e a mamãe me diz o nome dos vários tipos de flores que ela plantou, e nós brincamos de Jogo da Visita, que é assim."

Theo E george são dois garotos de oito e dez anos, respectivamente. Ambos levam uma vida feliz e saudável, cercados por seus pais, vicky e Jack, e também por seus avós, tios, primos e vizinhos. Os dois meninos passam dias ativos e cheios de brincadeiras, principalmente com a mãe, que é tão dedicada e ama a companhia de cada um deles. Tudo fica mais alegre quando eles ganham um cachorrinho, e a felicidade da família parece estar completa. Porém, certo dia, Vicky, a mamãe de Theo e George começa a sentir fortes dores de cabeça, e no começo são apenas tonturas, dores que a deixam calada por alguns momentos. Mas conforme o tempo passa, a mamãe começa a ficar cada vez mais doente, até que ela começa a sair, alegando que é para visitar uma amiga, mas com algumas investigações mais apuradas de George, ele descobre que quando sua mãe sai de casa e volta com os olhos vermelhos, e se tranca na cozinha para ter longas conversas com a família, ela na verdade está indo em um hospital, ver uma médica

"– Se os cachorros fossem feitos para sentar em bicicletas, teriam traseiros maiores – a mamãe diz. – Vocês têm que fazer o Goffo parecer que está fazendo alguma coisa inteligente quando na verdade não está fazendo nada.
Quando diz “alguma coisa”, ela segura na beirada da mesa da cozinha e balança como se fosse cair. Depois, ela se endireita e respira fundo.
– Nossa! – ela diz. – Senti uma coisa estranha.
– A senhora está bem? – pergunto.
– Acho que sim – ela diz. – Estou com um pouquinho de dor de cabeça e o dia foi muito agitado. Tenho que comer alguma coisa e vou ficar bem. Vocês dois, vão achar o que fazer e eu vou ver o que vamos comer no jantar."

Logo, George também descobre que a mamãe vê essa médica para descobrir qual o problema que ela tem na cabeça, e o problema não é nada bom. A mamãe está com um tumor no cérebro, e é terminal, o que , pelo que ele sabe, não tem cura, e a mamãe irá morrer, eles só não sabem quando. Então, os meninos e toda a família tratam de tentar fazer os últimos dias serem os mais especiais possíveis, e querem, de qualquer jeito fazer a mamãe sorrir, a fim de que ela guarde boas lembranças deles, e eles dela.

"A barriga do Henry Caracol está doendo porque ele quer que os pensamentos ruins vão embora.
Meus olhos estão fechados.
Estou assustado demais para abri-los.
Porque pensamentos ruins se mudaram para a minha cabeça.
E parece que eles vão tomar conta de mim.
Eles me fazem sentir que eu estou totalmente só.
Mesmo sabendo que não estou."

Através de uma bela história, breve e emocionante, Eather Buttler nos apresenta ao câncer, doença tão temida e tão aterrorizante, pela perspectiva de uma criança que se vê em meio a dor, a perda e o clima de luto que assola aos que estão ao seu redor.

"– Os médicos têm esperança que eu possa ir para casa no fim de semana – ela diz.
Eu quero que ela vá pra casa e fique contando histórias sobre a Preciosa Pearson e sua aula de aeróbica enquanto jantamos frango assado com batatas crocantes que ela fez. Eu a quero rindo e caminhando no parque com o Goffo, indo às reuniões da escola, trabalhando na floricultura e fazendo coisas com a gente na mesa da cozinha antes de irmos dormir.
Mas agora é como se metade dela fosse a mamãe e a outra metade fosse o câncer.
E a metade do câncer manda ela ficar no hospital e está fazendo o cabelo dela cair, mesmo ela tendo cortado bem curto. E todo mundo tem que fazer tudo para ela."



[- Minhas Impressões -]

Quando vi esse lançamento, imediatamente fiquei interessada, porque livros que envolvem crianças sempre se tornam bastante comoventes para mim, e me fazem perceber essa inocência e essa ingenuidade que existe dentro de cada um desses pequenos. Então, assim que comecei a ler fui de certa forma surpreendida, pois George, o narrador, começa nos contando fatos banais, e que as vezes parecem até mesmo bobos, sobre sua vida, sobre seus pais, sobre sua escola e seu cachorro, e pensamos que não haverá nada de interessante pela frente. Mero engano. A autora constrói essa obra de uma forma interessante e intrigante, e consegue montar, a partir de um quebra cabeças, o surgimento da doença da mãe de George; o quanto as crianças não dão importância para isso, até que os sinais lhes chamam atenção, e o quanto querem entender e ajudar, embora não entendam verdadeiramente o significado daquilo tudo.

Para mim, o ponto mais positivo foi a narração que é feita toda por George, e sua percepção infantil e ingênua. Os fatos que ele nos conta seriam coisas que nós, adultos não prestaríamos atenção em meio a uma crise, mas a mente de George é tão pura e singela que pensa em várias coisas interessantes, e nos leva a refletir junto também. Ainda, gostei muito da capacidade da autora de tratar um tema tão forte de uma forma leve, que nos traz lágrimas aos olhos mas de uma maneira que é, de certa forma, bonita.

Por outro lado, o começo do livro me incomodou um pouco, principalmente por seus capítulos serem chamados de "fatos", e esses fatos são bem pequenos, e eu prefiro ler capítulos maiores, que tragam de certa maneira uma continuidade, mas com o decorrer do tempo fui acostumando e me apaixonando, até mesmo pela forma de narrativa. Ainda, para leitores que não curtem muito essa simplicidade e essa visão mais infantilizada, isso pode se tornar um grande incômodo, mas para mim foi um charme extra para a obra.

Em relação aos personagens, minha afeição maior foi para George, pois ele é quem nos narra e conseguimos entender seus sentimentos mais íntimos, e observamos ele querendo ser valente, quando na verdade sua vontade é chorar, por saber que nunca mais irá ver a sua mãe. Theo também foi um menino que me cativou, e pelo mesmo motivo que o irmão, por ser uma criança tão pequena, levada e por já ter de lidar com a morte tão de perto. Também gostei muito de todos os outros personagens, pois nos dão a sensação de que poderiam ser a nossa própria família, discutindo, brincando e sendo parceiros nas horas necessárias.

O livro é narrado em primeira pessoa, por George, e dividido em capítulos curtos, chamados de fatos, e no total são oitenta e três fatos. A leitura foi realizada em ebook e não encontrei erros
Recomendo essa história para leitores que gostam de livros sensíveis, que trazem grandes enredos de forma simples e que ao final, nos deixam emocionados e tocam nosso coração de forma profunda.


Resenha desenvolvida por Tamara Padilha  
( Não faz mais parte da Equipe )


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5 comentários

  1. Oi! Eu gosto de livros com crianças, mas acho que também ficaria incomodada com esse excesso de simplicidade nos capítulos e seus "fatos"
    De qualquer forma, a obra está na minha listinha e parece ser uma leitura muito fofa e fluida, além de emocionante
    Beijos

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  2. Confesso que também prefiro ler capítulos mais longo, e contínuos, talvez isso será algo incomodo até a leitura desengate, o importante, e que a essência da estória não se perca por esse fator. Apesar de não ter costume de ler livros narrados por criança, a forma singela com que essa estória nos e apresentada, de forma sentimental, me pegou de jeito e por isso me interessei e muito por essa leitura.

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  3. Olá! Eu não me incomodo com essa divisão de capítulos, nem com o tamanho deles, e também acho que a linguagem e perspectiva infantil são um plus do livro. Acho lindo esse poder que os livros têm de nos permitir "incorporar" personagens e pontos de vistas completamente diferentes dos nossos, viver o que eles estão vivendo do mesmo jeitinho.

    Beijos!

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  4. Stefani!
    Gosto também de livros com crianças e animais, ainda mais quando a relação entre eles é bem forte e leal, como acredito que acontece aqui.
    E deve ser um livro dramático e doloroso, um menino querer segurar as pontas e tentar ajudar a mãe que está a beira da morte, justo ela, a pessoa mais importante na vida dele. Deve ser doloroso e arrancar lágrimas de quem lÊ.
    “Uma pergunta prudente é metade da sabedoria.” (Francis Bacon)
    Cheirinhos
    Rudy

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  5. Olá!
    Amei a resenha, realmente as crianças são tão ingenuas e doces que acreditam que tudo vai dar certo, meso não dando! Recentemente assisti a um filme que tratava também do câncer em uma perspectiva de uma criança, muito forte e bonito o filme (Sete minutos para meia noite). Acredito que deva ser um livro fantástico!
    Bjs!!
    http://coisasdeanalima.blogspot.com.br/

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