Resenha - um menino em um milhão

02 maio 2017

Título: Um menino em um milhão
Autor: Monica Wood
Cortesia: Editora Arqueiro
Skoob  / Goodreads
Páginas: 352
OndeComprar: Amazon

Quinn Porter é um guitarrista de meia-idade que nunca conseguiu deslanchar na carreira. Enquanto aguardava sua grande chance na música, foi um marido e pai ausente, e jamais conseguiu estabelecer um vínculo afetivo com o filho, uma criança obcecada pelo Livro dos Recordes e algumas peculiares coleções.
Quando o menino morre inesperadamente, alguém precisa substituí-lo em sua tarefa de escoteiro: as visitas semanais à astuta Ona Vitkus, uma centenária imigrante lituana.
Quinn assume então o compromisso do filho durante os sete sábados seguintes e tenta ajudar Ona a obter o recorde de Motorista Habilitada Mais Velha. Através do convívio com a idosa, ele descobre aos poucos o filho que nunca conheceu, um menino generoso, sempre disposto a escutar e transformar a vida da sua inusitada amiga. Juntos, os dois encontrarão na amizade uma nova razão para viver.
Um Menino em Um Milhão é um livro sensível, poético e bem-humorado, formado por corações partidos e aparentemente sem cura, mas unidos por um elo de impressionante devoção pessoal.








"No geral, Ona se entediava com os escoteiros. Eles só falavam das suas pontuações no Game Boy e no futebol, e eram preguiçosos, sempre escolhendo o jeito mais rápido para terminar uma tarefa. Mas aquele menino trazia-lhe um sentido literal da chamada “segunda infância”. Com ele, Ona tinha a impressão de estar conversando com um amigo da época em que ela própria tinha 11 anos. Era fácil imaginá-lo na McGovern’s, a lanchonete daqueles tempos, empoleirado num dos bancos diante do balcão, bebericando seu milkshake de chocolate! Podia imaginá-lo entre os meninos de camisa branca que jogavam beisebol na Wald Street, amassando a lataria do automóvel preto de Joe Preble. Havia algo errado com aquele menino, dando-lhe o aspecto de um visitante de outro tempo, de outro lugar."

Quinn Porter era um guitarrista itinerante apaixonado por música e por sua profissão, que o obrigava a viver de fazer bicos, tendo em alguns momentos onde tocar e em outros, ficando sem trabalho e sem renda. Quando encontrou Belle, a filha de um empresário do ramo de brinquedos, logo se apaixonou, e assim que a mulher descobriu estar grávida, Quinn desejou fazer o que achava correto, casando-se e procurando um emprego fixo. Porém, conforme o tempo passou, o espírito inquieto de Quinn o fez se afastar da família, e voltar para as estradas a fim de buscar seus sonhos. Entre essas idas e vindas, o menino, seu filho, cresceu longe do pai e se transformou em uma pessoa diferente do que o pai desejava. Aos onze anos de idade era um garoto tímido, que vivia em busca de descobrir recordes do guinness book, e quando entrou na turma de meninos escoteiros, foi ajudar uma senhora, Onna Vitcus, de quem se tornou um grande amigo e admirador.

"– Nosso filho não sumiu. – Já não tinha mais lágrimas para chorar. – O que “o menino” fez, Quinn, foi morrer. Levantou da cama numa bela manhã de maio, foi andar de bicicleta sem nenhuma razão aparente e caiu morto antes que o sol subisse no horizonte."

Ona era uma idosa de 104 anos que vivia solitária, até o aparecimento do menino. Com o tempo, ambos se tornaram bons amigos e ela, antes tão calada, começou revirar suas memórias de uma imigrante lituana que migrou cedo para os Estados Unidos, ao lado dos pais, em busca de uma vida melhor, e contou para o menino todos os percalços de seu caminho, desde o casamento com um homem mais velho, até a perda dos filhos. Cada vez mais apegados um ao outro, Ona e o menino começam a construir uma bela relação de amizade, mesclando o velho e o novo, e ele encontra um objetivo, inserir Ona no seu amado Guiness book. Porém, logo as coisas mudam quando o menino morre repentinamente, e seu pai, tão afastado do filho, começa, sábado após sábado, a visitar a casa daquela senhora, que a princípio permanece arredia, mas aos poucos, se abre também com o pai e recebe sua ajuda. Quando acabam as semanas em que Quinn deveria ajudar a senhora no lugar do filho, ele está pronto para ir embora, mas descobre que a cada semana que passou ali conheceu um pouco mais de si e também de seu filho, e percebe, surpreso, que aquela senhora se tornou uma grande amiga para si, assim como foi com seu menino.

"Seu tom era solene, íntimo, difícil de interpretar. Talvez esperasse que Ona dissesse “Eu deveria ter morrido no lugar dele”. Ona gostaria de acreditar que concordaria com esta proposta, caso Deus a tivesse feito, mas a verdade no seu coração era outra. Não que ela fosse egoísta ou indiferente. O problema eram os seus muitos quereres. Ela ainda queria ver suas hidrângeas em flor no outono. Queria votar nas eleições presidenciais. Queria ver o fim daquela maldita guerra. Queria ver seu nome num livro de recordes. Preferia a vida à morte, só isso. Como a maioria das pessoas."

Com uma escrita sensível e cativante, o livro nos traz uma série de reflexões e toca o coração do leitor, enquanto nos leva a sentir afeto por cada um dos personagens apresentados.

"Ele ficaria muito orgulhoso de você – disse ela. – Era louco pela Ona.
– Não era esse o combinado inicial – admitiu –, mas não sei direito o que fazer pra... colocar um ponto final nessa história.

Ela o encarou por um longo e intenso momento.

– O combinado, nesse caso, Quinn, é uma relação de amizade. Ninguém precisa dar um ponto final em uma amizade.''



[ - Minhas Impressões - ]

Quando vejo em alguma sinopse que o livro irá falar de criança, quase sempre ele entra para a minha lista de leituras desejadas, pois sou apaixonada por histórias que trazem essa sensibilidade infantil, e com esse livro não foi diferente, e desde que descobri esse lançamento, ele entrou para a imensa lista dos livros que "quero ler". Porém, ao começar a história, notei que ela seria um pouco diferente do que eu imaginava. Na verdade, não sei bem explicar o que eu esperava, mas sei que não foi o que eu encontrei. Talvez, eu imaginava que Quinn fosse um personagem que transmitisse mais sentimentos, mais intensidade, e durante todo o livro o senti como alguém mecânico demais. E o menino nos foi retratado de uma maneira também mecanizada, e eu de certa forma queria entrar a fundo em sua mente, saber o porquê de ele perseguir tão intensamente esses recordes, porque era tão calado e outros detalhes para compreendê-lo melhor.

Porém, todas as reflexões trazidas nessa história foram muito importantes e para mim foram o ponto mais positivo da obra. Em primeiro lugar, achei muito interessante como nos foram apresentados os diferentes modos de cada um lidar com o luto, pois alguns ficavam calados e depressivos, outros, fingiam que nada tinha acontecido, e na vida real, as coisas seguem mais ou menos dessa forma quando perdemos alguém. Além disso, gostei muito de saber um pouco sobre a imigração para os Estados Unidos, que a família de Ona realizou, e acho que ilustra bastante como foi realmente no passado. Ainda, encontramos diversos recordes do guinness inseridos no meio da trama, e achei alguns bastante interessantes. Por fim, achei o final bastante adequado e realista, e gostei dele.
Conforme já falei, o livro não supriu minhas expectativas, e provavelmente isso se deva ao modo de narração escolhida, que foi a terceira pessoa, e a partir disso, achei a perspectiva de cada pessoa muito distante e fria, e pouco sabemos sobre os pensamentos autênticos de cada um, e essa é uma obra que tinha muito a expor sobre cada um deles, e eu adoraria ter sabido como Ona se sentia em relação a sua velhice e a essa dependência das pessoas; como Quinn se sentia verdadeiramente sobre a morte do menino, e por aí vai, pois embora tenhamos vislumbres de todas essas coisas, elas foram pouco exploradas e na formação de um panorama geral do livro, ele não me tocou muito.

A personagem que mais me despertou afeto foi Ona, com toda a sua história  de vida e todos os seus anos vividos. Ainda, gostei do que nos é apresentado sobre o menino, que parece uma criança bastante isolada e solitária, e é uma criança que sofre de alguns transtornos, que nos são apresentados de forma simplista durante a obra. Quanto a Quinn e Belle, os pais do menino, não foram personagens que amei ou que odiei, simplesmente, me foram um tanto indiferentes durante grande parte do livro.

A história é dividida em vinte e seis capítulos, e durante a leitura não encontrei erros.
Recomendo para os leitores que gostam de histórias sensíveis, que passam longe de ser um romance de amor, pois esse livro  traz na verdade as histórias de várias pessoas que se entrelaçam e que formam algo bonito e reflexivo.



Resenha desenvolvida por Tamara Padilha  ( Não faz mais parte da Equipe )

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13 comentários

  1. Interessante. Drama não é o meu gênero favorito, mas gosto de ler alguns de vez em quando. Não leve a mal comentar, mas fiquei com a impressão que a sua resenha pode ter contado um pouquinho demais, mas aí só lendo mesmo pra saber.
    Vou colocar na minha lista

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  2. Tamara!
    Gosto também de livros com crianças (e com animais...), sempre entram para mminha lista de desejados.
    Fiquei impressionada com uma protagonista de 104 anos e que é importante, porque traz toda sua experiência de vida para o enredo e aprender é sempre bom.
    Gostaria de fazer a leitura do livro.
    Desejo uma ótima semana e um mês abençoado!
    “Muitas palavras não indicam necessariamente muita sabedoria.” (Tales de Mileto)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA MAIO 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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  3. "Recomendo para os leitores que gostam de histórias sensíveis, que passam longe de ser um romance de amor...", opa, esse é pra mim, rs. Adoro dramas, e nesse caso não é nem a criança que me chama atenção, é a idosa. Amo histórias com idosos, eles são tão cheios de experiências e coisas pra contar e despertam, pelo menos em mim, muita sensibilidade.

    Achei uma pena que os personagens não tenham sido tão explorados, porque realmente me parecem muito interessantes.

    Dica anotada! Beijos!

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  4. Gosto de livros assim! Que nos trazem reflexão sobre questões delicadas e/ou cotidianas da vida.
    O personagem me lembrou muito um conto que escrevi. Se chama Desvio. Acho que isso me chamou ainda mais a atenção.
    Quero muito esse livro. Grata pela dica! Beijos!

    Eliziane Dias

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  5. Eu gostei da sinopse do livro, mas ao ler a resenha não tanto, raramente eu leio um drama, Um menino em um milhão aparenta ser bem triste, livros assim eu só leio a cada 6 meses haha, me deixa muito pensativa depois.

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  6. Olá, Tamara.
    Gosto bastante de livros com um teor emocional, livros mais sensíveis. Mas ter o falecimento de uma criança como pano de fundo é um pouco demais para o meu coraçãozinho de mãe.
    Apesar de ter achado a premissa interessante, e suas palavras em instigarem a lê-lo, não é algo que farei em um futuro próximo.

    Uma Mãe Leitora

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  7. Já tinha visto falar desse livro, porém sua resenha encantadora me chamou a atenção, pelo fato de ter vários personagens do qual suas estórias vão se ligando, desenvolvendo algo bonito, e sentimental, pelo fato de haver um romance, bastante sentimental, que vai fazer com nos leitores nos envolvemos mais profundamente, com que nos e apresentados.

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  8. Por incrível que pareça, só pela sua resenha, sei que teria mais afinidade com a senhora idosa também. Ona seria meu personagem favorito. Não por não gostar de crianças, gosto, mas não sei, amo muito histórias de vida, talvez por isso. Acho que me encantaria pelos ensinamentos também. Darei uma conferida. bj!

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  9. Olaaaa
    De início achei que não gostaria tanto da obra por contar de ser sobre (também) criança, mas pelo decorrer da resenha acho que seria um drama interessante. Vi algumas criticas e todas boas, espero ter a alegria de ler a obra em breve, adoro livros que são reflexivos.

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  10. Olá tudo bem?
    Eu estou louca para ler esse livro, que pena que não supriu as suas expectativas, mas acredito que o fato de ser narrado em terceira pessoa não seja realmente um problema para mim porque em alguns livros fica até melhor a interpretação da obra. Gostei muito da personalidade da Ona e confesso que estou ainda mais curiosa para conhecer essa obra.

    beijinhos!

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  11. Oi Tamara, tudo bem?

    Diferente de você, possuo certo receio de obras que sejam de certa forma "infantilizadas". Tenho receio, exatamente por não ver na personagem a criança que ela deveria ser, mas me parece que isto não ocorre neste livro em particular. Fiquei curiosa para ler o desenrolar da obra e ver como tudo irá se postar, pois parece realmente ser muito interessante. Adoro obras que me façam refletir e esta, tenho a impressão, é uma delas! Adorei a resenha!

    Beijos!

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  12. Adoro quando os livros são sensíveis, mas não focam no amor romântico. Também gosto muito quando contam a história de crianças, aliás essa capa lembra O menino do pijama listrado.
    É realmente uma pena que você tenha sentido que os personagens foram meio mecânicos e que não transmitiram todo o sentimento que deveriam, mas que bom que no fim as reflexões fizeram a leitura valer a pena! Acho que por enquanto eu não leria o livro, mas não descarto totalmente a possibilidade de ler.

    Duas Leitoras - Promoção de aniversário rolando no blog! Serão 3 vencedores!

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  13. Oi, tudo bem?

    A partir do momento que sei que a criança morreu, já sei que não quero ler. Não gosto muito de livros tristes. Mas a proposta do livro é bem interessante.

    Beijos

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