"A visão do filho bêbado, pouco depois dos dezoito anos, vociferando aos parentes e convidados toda a sua mágoa pela separação dos pais ainda perfurava o peito de Judith como uma faca, dia após dia."
O ano novo se aproxima, e junto da filha e da empregada, ela pega a estrada rumo a Maceió, para passar o Reveillon na casa da mãe que não está nada satisfeita com isso. As duas não se dão nada bem e Luíza vive criticando tudo o que a filha faz ou deixa de fazer e nem a neta escapa de suas críticas, mas Judith está determinada a conversar com o filho, portanto, terá que suportar todas a implicância de sua mãe.
"Desta vez nada vai me impedir de fazer as pazes com meu filho."
Luíza não aceitou o divórcio da filha, pois na sua cabeça antiquada ela deveria ter continuado casada, mesmo se sentindo infeliz. Já deu pra sentir o clima de animosidade entre mãe e filha, né? Pois bem, ao chegar a casa da mãe, Judith recebe a notícia de que André não mora mais com ela, e não entende nada quando fica sabendo que ele está morando na casa de Maria Rejane, sua antipática irmã.
"-- E desde quando a Maria Rejane gosta do meu filho? -- perguntou Judith, como se não tivesse sido interrompida. -- Não sei. -- Dona Luíza deu de ombros, porém irritada com o sarcasmo da filha. -- Ele disse algo sobre a casa da Jane ser mais perto da faculdade... Ou alguma coisa assim."
Após as revelações da mãe, Judith está ainda mais determinada a se reconciliar com o filho e descobrir tudo o que está acontecendo com ele nos dias que vai ficar na casa da mãe. Com isso ela acaba descobrindo bem mais do que imaginou, como a sexualidade do filho por exemplo e além de ter que lidar com isso, ela também vai colocar em pratos limpos a relação com a mãe e a irmã, afinal, são anos de mágoas e ressentimentos.
[- Minhas impressões -]
Chuva de Vento é um livro que aborda questões familiares bastante pontuais e o autor está de parabéns por escrever uma história dramática na medida certa. Judith é uma protagonista fantástica e muito carismática, portanto, é impossível não gostar dela e torcer desesperadamente para que ela consiga fazer as pazes com o filho.
O relacionamento dela com Amélia parecia tudo, menos o de mãe e filha e eu confesso que senti um pouco de falta disso, mas ao mesmo tempo eu entendo, pois acredito que ela não queria ser comparada a mãe na maneira de tratar Amélia e por isso elas pareciam mais amigas do que mãe e filha. A maneira como Judith era tratada pela mãe e pela irmã era de dar pena, além de muita raiva também, mas o bom é que ela revidava a altura. Adorei os embates e as discussões entre elas, principalmente com a Maria Rejane que chegou às vias de fato.
Pense em uma mulherzinha asquerosa! Aff. Ela mereceu tudo o que a Judith fez com ela e eu vibrei muito enquanto lia. Os momentos mais emocionantes da trama ficaram todos por conta dos diálogos e interações entre Judith e André e foi impossível não se sensibilizar e se comover com o reencontro deles e a maneira como tudo aconteceu, principalmente pela conversa que eles tiveram sobre o passado e o fim do casamento, bem como sobre a sexualidade de André e eu gostei bastante de como o autor conduziu esse momento em especial.
O livro possui 164 páginas (e-book) de uma história muito bem construída e fala sobre amor em todas as suas formas, perdão, aceitação, reconciliação e recomeço.
Gostei muito e me envolvi profundamente com os personagens e seus dramas pessoais, mas também me diverti à beça com a Fátima, empregada de Judith e sua amiga fiel e ainda tem o Marcelo, um personagem super importante para a trama e que o autor revelou na hora certa, surpreendendo a todos, inclusive eu. Foi uma leitura super proveitosa e eu gostei demais de conhecer a escrita do autor e espero ler outras obras suas logo, logo.
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