Resenha - Oito Detetives

30 julho 2021


Oito detetives de Alex Pavesi é uma daquelas obras que você acredita que sabe do que se trata e mesmo assim é surpreendido. Com uma diagramação e capa que chamam atenção, essa é mais uma aposta de sucesso da editora Faro Editoral. Vem comigo conhecer mais sobre a obra.


"Esta é a questão sobre mentiras... Depois que a pessoa começa, não consegue parar. Ela tem que seguir até onde a mentira irá levá-la."


Grant Mccalister é um matemático que há 30 anos resolveu se aventurar no mundo da escrita lançando o seu livro: “Os Assassinatos Brancos” com uma triagem de pouco menos de 100 exemplares. Seu objetivo ao criar essa obra era demonstrar que toda história de investigação seguia um padrão que tornava simples a sua escrita. Em sua opinião, assim como a matemática, esse gênero possuía uma equação simples e direta composta por no mínimo uma vítima, dois ou mais suspeitos, e um ou mais matadores. Sua carreira, no entanto, não durou muito, após escrever os sete contos que compõe esse livro, por isso, Grant decide largar tudo e ir morar em uma ilha no meio do Mediterrâneo longe de todos.


"A arte, então, está no engodo: em escolher a solução que, de certa forma, pareça a mais inadequada para a história, mas de outras formas se encaixa perfeitamente.


Passado mais de vinte anos, seu livro acaba por ser encontrado por uma editora que resolve relançar. No entanto, para isso, a editora Júlia Hart precisa reeditar essa história que quanto mais lê mais passa a notar inconsistências. Encarregada e curiosa sobre os pontos que observou, ela parte em uma viagem para se encontrar com Grant, entrevista-lo e descobrir mais sobre esse pontos.


“As possibilidades são apresentadas ao leitor desde o início. O final apenas recua e aponta para uma delas."


Com alguns pontos em comum com crimes reais, Júlia passa a questionar Grant com suas dúvidas e falhas que identificou na historia e assim esclarecendo alguns pontos e se fechando em outros, então o autor passa a explicar o porquê de ter criado suas obras assim.

Contudo, conforme a obra vai apresentando os contos intercalados e as entrevistas de ambos, o leitor se vê questionando vários pontos da obra. Determinada a descobrir o que realmente está acontecendo e qual a verdade por trás da motivação e inspiração Mccalister, Hart se embrenha bem fundo nesse enredo. Mas será que ela está certa em seus questionamentos ou será apenas uma coincidência onde vida, literatura e arte se misturam?


"Aqui é meu dever, como autor dessa história, assegurar ao leitor que agora ele tenha sido apresentado a provas suficientes para resolver esse mistério por si próprio. Os mais ambiciosos de meus leitores podem querer fazer uma pausa por um momento e tentar fazer isso."


Em Oito Detetives o leitor é levado a aprender mais sobre o que compõe uma boa obra de investigação, seus pontos essenciais e principalmente a duvidar de tudo e procurar nos menores detalhes. Resta saber se a resposta é realmente aquela que se procura...



“Porque teorias nunca são fatos. E cada uma deve ser confirmada por várias provas.”



[ - Minhas impressoes -]

Oito detetives é uma daquelas obras de mistério que te deixa intrigado, instigado e absolutamente viciado. Com várias reviravoltas e muitas dúvidas para o leitor, cada página lida e apresenta algo que pode mudar por completo o rumo da história e os palpites sobre ela.

Obviamente que para aqueles que são amantes do gênero e já estão acostumados com essa trama de suspense pode não ser algo que vai explodir mentes e surpreender, mas nem de longe também é uma história a ser menosprezada.

Mesclando diversas histórias, Alex Pavesi consegue entregar em sua obra de estreia uma trama que te induz a descobrir mais sobre esse universo e como basta as vezes um detalhe para mudar toda uma trama.


Júlia Hart é uma protagonista que logo ganha destaque. Com sua atenção aos detalhes e anseio em descobrir mais sobre o que Grant pode estar escondendo ela não hesita em buscar por mais do que uma simples editora costumaria fazer. Levantando hipóteses que nós leitores também pensamos ela nos leva a embarcar nesse mistério repleto de pontas soltas que nos faz questionar e mudar de opinião sobre algo a cada página.

Muito bem escrito, sentimos nela uma veracidade e uma conexão como se fosse realmente alguém do nosso dia a dia. Mais do que uma personagem ela é alguém que nos inspira a não nos contentar com aparências ou com o lógico, mas a ir além.

Grant Mcalister, por outro lado, não deixa a desejar, mas mostra um outro tipo de personalidade. Extremamente esquivo e repleto de mistérios ele é alguém que não deseja falar sobre si mesmo e principalmente sobre sua vida e seu passado - o que para alguém que é autor, acaba por ser bem estranho. Mostrando o esquema matemático - que para ele é o cerne de toda história de assassinato - ele se torna alguém intrigante e essencial para a obra. Muito bem escrito, esse protagonista aparece na trama para fazer com que o leitor se questione e veja lógica em coisas que em um primeiro momento poderia passar despercebido.

No entanto, isso não é tudo, o autor Alex Pavesi demonstra maestria em cada personagem que aparece, seja secundário ou não. O cenário também é algo que acaba ganhando destaque devido as mudanças que vai sofrendo e o grau de dificuldade que vai sendo atrelado a trama.

Nada nessa obra acaba por ser por acaso o que o leitor logo passa a descobrir no meio de tanta engenhosidade demonstrado a cada capítulo. 


Com uma sinopse que apresenta muito bem o que se pode esperar ao longo de suas 288 páginas e uma capa que faz jus ao gênero já demonstrando o que aguarda o leitor em suas páginas, essa é mais uma obra que demonstra em cada mínimo detalhe o esmero que a Faro Editorial tem com o seu trabalho. Com as famosas páginas amareladas ideias para não cansar a vista durante a leitura e com uma revisão muito bem feita, esse livro é mais um exemplo de trabalho bem feito por ela.

O autor Alex Pavesi também foi muito sábio na hora de criar sua trama e dividi-la em capítulos mais curtos e intercalados entre as tramas envolvendo os assassinatos e as entrevistas conduzidas pela editora Júlia. Simples, mas com uma beleza característica da simplicidade, com pequenos detalhes em imagem acima de cada capítulo, essa é uma daquelas obras que você ama ter na estante pela harmonia encontrada entre edição, capa e história.

Essa obra é uma daquelas que você começa achando saber o que esperar, mas é surpreendido a cada capítulo, fato ou plot twist que ocorre. Simples, mas cumprindo seu papel, esse livro é um daqueles que pode até não virar um favorito, mas está longe de ser um que deixa a desejar.

Leiam essa obra, porque ela irá te surpreender e se prepare para conhecer um pouco sobre um lado diferente do que se está acostumado nesse gênero.









 
Livro: Oito Detetives
Cortesia: Faro Editorial
Número de páginas: 288
Amazon / Skoob

Existem regras para mistérios em que há um assassinato. Deve haver uma vítima. Um suspeito. Um detetive. O restante é apenas embaralhar a sequência de fatos para enganar o leitor. O matemático Grant McAllister resolveu esse raciocínio para escrever sete histórias de detetive calculando as diferentes ordens e possibilidades. E, por trinta anos, essas histórias pareceram perfeitas aos olhos de todos. Agora, vivendo recluso numa remota ilha do Mediterrâneo, vendo a vida passar, ele é descoberto por Julia Hart, uma editora ambiciosa e esperta. Julia quer republicar o livro de Grant, mas nota muitos pontos inconsistentes, quase propositais. Aos olhos de uma profissional, parecem pistas de crimes reais... Ela decide investigar. Em uma batalha intelectual com um adversário perigosamente inteligente, Júlia percebe que há um mistério maior por trás dos livros... Grant deixou as pistas para conectar os livros ou assassinatos da vida real? Toda investigação parte de evidências. Mas, e se elas fossem disfarces de algo mais grave?




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