Resenha - Nunca Saia Sozinho

12 janeiro 2021

Livro: Nunca Saia Sozinho
Autor: Charlie Donlea
Cortesia: Faro Editorial
Nº de páginas: 349
Onde encontrar: Amazon
SE ACEITAR O CONVITE, NÃO IGNORE O AVISO. Dentro dos muros de uma escola de elite as expectativas são altas, e as regras, rígidas. Na floresta, além do campus bem cuidado, há uma pensão abandonada que é utilizada pelos alunos como ponto de encontro noturno. Para quem entra, existe apenas uma regra: não deixe sua vela apagar ― a menos que você queira encontrar o Homem do Espelho... Há um ano, dois estudantes foram mortos em um massacre terrível. Desde então, o caso se tornou o foco do podcast “A casa dos suicídios”. Embora um professor tenha sido condenado pelos assassinatos, muitos mistérios e perguntas permanecem. O mais urgente é: por que tantos alunos que sobreviveram àquela noite macabra voltaram ao lugar para se matar? Rory Moore, especialista em casos arquivados, e seu parceiro, Lane Philips, começam a investigar a noite dos assassinatos, em busca de pistas que possam ter escapado da escola e da polícia. Porém, quanto mais descobrem sobre os alunos e aquele jogo perigoso que deu errado, eles se convencem de que algo fora do normal ainda está acontecendo. O jogo não acabou. Ele prospera... em segredo, em silêncio. E, para seus jogadores, pode não haver uma maneira de vencer ou de sobreviver.

O famoso Mac Carter aceitou liderar um movimento que trouxe à mídia um caso criminal que todos deveriam esquecer e que se acreditava estar solucionado. Por já fazer parte de um tipo de "lenda" na pequena cidade, o sucesso é imediato, assim como as consequências. A noite do massacre em uma das escolas mais renomadas ainda é difícil de ser deixada para trás por quem a investigou e principalmente por jornalistas, como Ryder, que desde o primeiro dia mantém vivo um site com todas suas descobertas e aberto para teorias de seus leitores. Quando Mac começa a ter sucesso com seu podcast, Ryder se sente traída, pois boa parte das informações que ele usa para dar seguimento à investigação foram levantadas por ela.

Porém, uma nova noite suspeita une os dois para um encontro com uma situação desconhecida, que se mostra ainda mais chocante que o antigo massacre e mostra que ele ainda está vivo nos alunos que sobreviveram e que escondem algo muito mais grave do que todos pensavam. Assim, o caso precisou ser totalmente reaberto, embora de forma confidencial, tendo como investigadores Rory e Lane, uma das melhores duplas dentro do ramo. O que eles descobriram estava muito além do que mentes comuns poderiam imaginar.

"Claro que Ryder não tinha ideia do que a esperava ali. Jamais pensou que encontraria um garoto morto. Mas quando isso aconteceu, ela soube que o mistério da Escola Preparatória de Westmont era maior do que se supunha. Os jovens vinham tirando a própria vida por um motivo, e ela estava determinada a descobrir qual."



[- Minhas Impressões -]

Irei começar a resenha falando dos aspectos físicos do livro, pois com certeza eles devem ser enaltecidos. A composição da capa é muito chamativa, ao mesmo tempo que sem muita informação, tendo apenas uma face em cima, em tom gélido, que demonstra algo obscuro. Ao abrir o livro, temos as páginas iniciais com o título, informações, uma frase de início junto ao desenho de cacos de vidro e, então, novamente a face da garota em tons frios, que ocupa duas páginas, portanto, um desenho grande. Tudo isso contribui muito para o clima tenso e de mistério. A diagramação também está muito bonita, a separação maior do livro é feita por partes e dentro dessas estão os capítulos.

Sobre os capítulos: eles não possuem títulos, não possuem demarcação explícita de tempo e nem de narrador. A trama vai e volta do passado sem aviso, mas conseguimos entender perfeitamente todas as trocas e nada fica confuso, porque reconhecemos os personagens e sabemos quais deles estão no presente, além de sabermos que certas situações já ocorreram. 

"É a história de um jogo sombrio e perigoso que acabou mal, de dois alunos brutalmente assassinados e de um professor acusado. Contudo, na sua essência, essa história também trata dos sobreviventes."

O livro inicia com uma parte que seria uma espécie de diário, na qual uma pessoa, que não sabemos quem é, narra em primeira pessoa a leitura de seu diário para outra pessoa, que também não sabemos. Isso é algo que aparece outras vezes no livro, entre as partes que compõem os capítulos, e sempre fica essa sensação de mistério e especulações, conforme vamos tentando conectar esse diário com o resto. Além disso, também aparecem transcrições do podcast de Mc Carter e trechos de reportagens. Eu gostei bastante dessa mistura de gêneros dentro da história, e por incluir algo bem atual: os podcasts.

No começo, somos apresentados a um trecho do diário. Desde então, comecei a formular minhas hipóteses sobre quem seria essa pessoa: o assassino? Mas um aluno? Adulto? Não sabemos nada e as informações que ele nos dá são extremamente impactantes, porque envolvem um assassinato descrito de maneira bem visual, mas o nosso narrador não demonstra arrependimento. 


Nos capítulos seguintes, começamos a entender o que aconteceu na escola para chamarem de massacre. Essas partes são todas narradas em terceira pessoa, então temos um panorama de tudo. As descrições dos ambientes foram muito bem feitas e essenciais para criar a tensão e até um sufocamento no leitor, ao ser confrontado com tanto sangue e horror. Achei todas as cenas fáceis de visualizar e fiquei imersa na narrativa, lendo muitas páginas sem perceber o tempo passar. 

Somos apresentados, então, a um folclore que está ligado a tudo: o homem do espelho. Quem estava envolvido no massacre, estava jogando isso, mas ninguém poderia prever que o fim da brincadeira seria tão chocante. Os que fugiram ao se depararem com a cena nunca falaram toda a verdade para a polícia, é o que desconfiam Ryder e Mac, pois algumas peças não se encaixam no terror daquela noite. Tudo piora quando Mac tenta ir atrás desses alunos e tentar algo, pois assim que um dos meninos consente em se abrir, logo aparece morto e a causa é suicídio. O problema todo é que não foi apenas uma pessoa a se suicidar.

"Todos vocês já ouviram falar do Homem do Espelho e dos desafios que ele apresenta. Neste verão, haverá uma série deles. Hoje à noite será o primeiro de vocês. Trata-se de um desafio simples. Fiquem sentados onde estão. Isso é tudo. O primeiro que se levantar da cadeira perde e eu digo: você não quer ser um perdedor."

Eu criei muitas teorias sobre quem seria o assassino e o narrador daquele diário, porque cada trecho era mais "macabro" que o outro. Evidentemente, para encerrar o caso, a polícia alegou um suspeito, então fiquei me perguntando se realmente seria ele ou ele foi usado como cobaia por alguém que tinha mais influência. Me perguntei que culpa os alunos tinham, se eles haviam participado ou se eram mesmo vítimas, porque eles sempre estavam extremamente nervosos e com medo de onde a investigação iria parar e não queriam colaborar, mas nada do que eu pensei chegou perto do que descobri ao final!

Outra situação que me deixou em choque foi que alguns personagens estavam sendo inseridos bem aos poucos como foco e eu não conseguia entender o porquê, já que não tinham ligação com a história. Porém, depois de um plot twist daqueles, percebi que os personagens principais podem não ser tão protagonistas assim e, então, aqueles inseridos aos pouquinhos foram se tornando o novo foco. Achei isso sensacional e me pegou totalmente desprevenida. 

Nisso, conhecemos o casal Rory e Lane, ela é uma especialista em reconstituir cenas de crimes não solucionados e ele é um psicólogo forense, que foi traçar o perfil das vítimas. Em um geral eu gostei de todos os personagens que participaram das investigações. Há algumas cenas de Rory que com certeza estão ali para que criemos empatia com ela, assim como com Lane, mais do que com outros personagens que não tem tanto dos seus traços expostos. Não digo que criei muita empatia por ela, mas me identifiquei com seu jeito de ser e me admirei com a sua forma de pensar e trabalhar.

O livro possui muitos personagens, alguns com nomes parecidos e isso me confundiu no começo. Me perdi um pouco toda vez que lia um nome e não conseguia lembrar quem ele era na história, mas logo isso passou e consegui me situar melhor diante de todo o contexto. 


Achei que o livro se prolonga demais na questão das pistas e da investigação. 90% são eles correndo atrás de ganchos e tentando fazer ligações. Não foi entediante, pois me sentia nervosa como eles a cada pista encontrada, porém, o que me chateou foi quando finalmente sabemos o que aconteceu. Nesse momento, ficamos em choque e há uma cena de ação, mas que é extremamente curta e o livro logo passa para um novo capítulo que resume todas as medidas que foram tomadas depois disso. Eu gostaria de ter visto mais ação e de que essa cena tivesse sido um pouco mais prolongada, pois é bem importante. Apesar disso, o clima de suspense fica até o final e ele foi bem inesperado, porque, novamente, o autor coloca alguém que pensei ser um figurante numa posição bem alta. 

Um ponto que achei desnecessário foi a repetição de informações. Não foi uma, nem duas vezes que isso ocorreu e eu sempre me incomodava, pois era a mesma descrição com palavras diferentes, por exemplo, sobre a escola ser uma das melhores. Às vezes, algo era dito no fim de um capítulo e repetido com outras palavras no início do capítulo seguinte.

Foi meu primeiro livro do Charlie Donlea, eu não tinha muitas expectativas, apesar de saber sobre como ele é famoso no gênero suspense, mas o livro me surpreendeu bastante ao final. Gostei da construção complexa do tempo da narrativa, gostei de como as pistas foram sendo inseridas de forma bem sutil e ao fim tudo é ligado, além da escrita dele ser bem boa de ler. Fiquei com muita vontade de ler os outros.

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