Resenha - Proibido

22 junho 2017


Título: Proibido
Autor: Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Skoob / Goodreads
Páginas: 304
Onde comprar: Amazon / Saraiva

Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.
Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do cotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.











''Como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?" 

''Proibido'' é uma leitura que requer certa maturidade e receptividade para não interpretar mal o tema abordado, um tema que ao meu ver é ainda um grande tabu e muito pouco falado: o incesto.

Lochan é um jovem de dezessete - quase dezoito - anos que carrega uma responsabilidade gigante e mesmo tão jovem, ele junto da sua irmã mais nova cuidam de seus três irmãos menores e da casa. Ele ainda sofre de um agravante que não consegui identificar... Pode ser timidez em excesso, alguma fobia de estar em público ou até mesmo autismo. Ele evita ao máximo contato físico, visual e verbal com estranhos, e quando se vê obrigado a realizar alguma dessas pequenas tarefas, um pânico arrasador se instala em seu corpo o fazendo tremer, transpirar e morder o lábio à ponto de feri-lo. Esse atributo é interpretado como anormalidade e Loch, por isso, sofre bullying dos colegas de classe, mas ele aprendeu a ignorar e já considera o fato algo normal.

"Não sei quando isso começou – essa mania – mas está crescendo, me asfixiando, me sufocando como um parasita venenoso. Eu invadi a coisa. A coisa me invadiu. Nós borramos nossos contornos, nos tornamos uma criatura amorfa, que se infiltra, que se expande. Às vezes até consigo me distrair, me enganar para não pensar no assunto, me convencer de que estou bem. Em casa, por exemplo, com minha família, posso ser eu mesmo, ser normal outra vez. Até a noite passada. Até que o inevitável aconteceu, e começou a correr à boca pequena na Belmont que Lochan Whitely é um esquisitão antissocial." 

Maya por sua vez é extrovertida, animada e doce. Ela tenta a todo custo deixar a casa em ordem e um ser local neutro, acalmando os ânimos quando estão alterados, porém, ela enxerga Lochan mais que um irmão, pois para ela, ele é um amigo, companheiro e apoio em todos os momentos.

"Você pensa que ninguém entende, sinto vontade de lhe dizer, mas está errado. Eu entendo. Você não está sozinho." 
"Diziam que nós nos recusávamos a nos socializar, que não tínhamos amigos. Mas estavam enganados. Nós tínhamos um ao outro. Ele era meu melhor amigo no mundo. E ainda é." 

O dia-a-dia dessa família é um caos. A mãe é uma alcoólatra que não assume e negligencia seus cinco filhos. Lochan e Maya toma conta de tudo como se fosse os adultos da casa, Kit é o filho do meio que se rebela e age como um delinquente, Tiffin e Willa são as crianças fofas que requerem cuidados mas que chegam a ser o alívio desses dois irmãos mais velhos. Eles foram abandonados há cinco anos (na cronologia da história) pelo pai poeta que decidiu se casar novamente e se mudar para Austrália. Então o único recurso que eles dois tem é o apoio que encontram um no outro.

Como já se sabe, o foco principal é o romance que é desenvolvido entre os irmãos Maya e Lochan. Não é algo banal que pode ser chamado normal e simples, o enredo todo é tenso e intenso. O romance se desenrola de forma gradual e que dá para se notar, mas traz um peso quase insuportável. É um tema que mexe com nosso psicológico e nos faz refletir sobre qual é o limite máximo que podemos alcançar quando se trata do amor.



[ - Minhas Impressões - ] 

Essa foi minha segunda leitura do livro e ainda não sei bem como me sinto a respeito do mesmo. A leitura é fluída e rápida, mas muito pesada e tensa. Fiquei com o coração na mão por várias vezes por causa desses irmãos. Não só por causa do dilema, mas também por toda sua história de vida.

Dois adolescentes que foram obrigados a amadurecer cedo e rápido demais se veem num caminho sem volta. E como há cinco anos toda responsabilidade da casa - tirando o dinheiro - é de Lochan e Maya, é inevitável que o relacionamento deles ultrapassasse as barreiras de um relacionamento fraternal. Eles sempre foram muito próximos e ligados pelo fato de terem apenas treze meses de diferença na idade e esse laço se estreita muito com a dura realidade que vivem.

Lochan tem uma personalidade incrível e é muito forte. Enquanto os jovens de sua idade só se preocupam em sair para se divertirem, o foco dele está em cuidar do bem estar de seus irmãos. O único problema é sua fobia do público, isso o impede de se socializar e ter amigos.

As "amigas" de Maya, por exemplo, vivem dizendo o quanto ele é bonito e só falta ser menos fechado. Elas tentam se aproximar e xavecar ele, porém sem sucesso, pois ele as ignora, não por arrogância mas pela dificuldade em se comunicar com estranhos.

Maya é delicada e doce. Para uma adolescente de dezesseis anos, ela é bem madura para sua idade e assim como Lochan, faz de tudo para cuidar se sua família e manter todos unidos. A meiguice dela contrasta com o gênio fechado de Loch e talvez por mais esse motivo, os dois combinem tanto. O companheirismo dos dois é de dar inveja. Estão sempre apoiando e aliviando o fardo um do outro.

Kit, o irmão do meio, só aparece para fazer arruaça. Ele provoca Loch o tempo todo por causa da sua dificuldade, reclama de tudo e não ajuda em nada. Mesmo só com treze anos, ele toca o terror. Entendi a revolta, mas não gostei nem um pouco dele.

Tiffin com oito anos e Willa com cinco, são os mais novos e vem equipados com toda energia que as crianças de suas idades dispõem. Eles são bem tranquilos e mesmo com o péssimo exemplo do irmão mais velho que eles, os dois mantem a doçura. Os três irmãos mais novos estão sempre presentes, mas não fazem nada de tão marcante no decorrer do livro.

Agora vamos saber das dificuldades. Eu odiei a mãe deles. Gente do céu, desde quando se pode deixar cinco filhos sozinhos todos os dias para sair com o "namorado"? Não que a mulher tenha que ficar pregada dentro de casa e não viver, mas cadê a lógica de ser mãe e não cuidar dos filhos? Dizer que tem que aproveitar a vida enquanto está nova e deixar os filhos à míngua? Não aceito e não concordo! Pra mim, essa mulher merecia uma punição, apesar de que enfrentar o sistema só iria fazer as crianças sofrerem ainda mais do que já sofreram.

O desenrolar da trama é envolvente e nos deixa presos até a última página. Eu sofri com o relacionamento de Loch e Maya porque pra mim é inconcebível o fato de dois irmãos de sangue se envolverem como eles. O amor é lindo, todos os fatos cooperaram para esse caminho, mas não dá pra aceitar.

O livro é narrado em primeira pessoa e intercalado entre Lochan e Maya. O desfecho me surpreendeu muito, não esperava pelo que aconteceu, e o final só reforçou ainda mais minha aversão por essa mulher que diz ser mãe.

Durante a minha leitura não encontrei nenhum erro de revisão. A capa carrega a ideia perfeita do tema e a achei muito bonita. A escrita é de fácil entendimento, muito cativante e faz a leitura ser bem fluída. Não tenho pontos negativos para apontar, até porque a história toda é bem encaixada e o que não gostei em um personagem é o que faz a trama acontecer, então não é relevante comentar.

Eu amei a leitura e por mais incomodada que fiquei, é uma leitura super válida e que recomendo sem pensar duas vezes. Vale muito a pena conferir essa obra. Espero que tenham gostado!



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22 comentários

  1. Esse livro é um dos meus favoritos e acho que vai ser pela vida toda. Tá aí um livro que tenho certeza que se ler de novo e de novo não vou botar defeito e ele vai me emocionar sempre. A questão é um dilema e tanto, mas caramba se não fiquei com o coração na mão por esses dois também. Só queria que eles ficassem juntos, não tava nem aí se era errado ou não porque o amor deles era verdadeiro. Os dois só tinham um ao outro com quem contar, só eles se entendiam e compreendiam as dificuldades que viviam como ninguém mais. E nossa, com a família deles como era, o jeito que tiveram que crescer tão rápido pra poder manter aquela família unida e todas as coisas que passam....meu Deus, se alguém ler esse livro e não sentir empatia nenhuma por esses personagens eu não sei o que tem no coração dessa pessoa viu....
    Ah mas gostei mesmo. Um baita livro esse. Um baita livro!

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    1. Exatamente isso Cristiane. Nunca vi num relacionamento, companheirismo igual ao deles. O coração aperta tanto quando lembro das dificuldades que enfrentaram... Ai!
      Que livro, né?
      Bjs!

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  2. Já faz um tempo que eu li esse livro, mas eu amei ele! É um dos meus favoritos da vida. Realmente acho ele bem pesado, mas é uma história que mexeu muito comigo. Eu também odiei a mãe deles (e acho impossível alguém gostar dela). Eu também sofri muito com o relacionamento do Lachan e da Maya. E também me surpreendi muito com o final (e chorei muuuito). Mas esse foi um livro que eu realmente gostei bastante.

    Beijos!

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    1. Não tem como não se emocionar com esse livro. O dilema que esses dois enfrentam é de arrancar os cabelos. Um amor lindo, mas doloroso (ao menos foi pra mim).
      Bjs!

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  3. Olá!
    Este livro está na lista das próximas leituras, estou muito curiosa e intrigada com a premissa uhsahusahusa
    Mas vendo seus comentários já imagino que também irei gostar <3
    Parece ser uma leitura muito conflitante e que nos faz pensar bastante.
    Beijos

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    1. E como te faz pensar! Kkkk
      É bem conflitante, talvez te faça querer largar (ou não), mas não tem como abandonar a leitura. A escrita e o rumo da estória prende muito. Vale muito a pena a leitura!
      Bjs!

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  4. Jessica adorei sua resenha. Essa foi uma das minhas melhores leituras, apesar do todo o peso do tema do livro. Chorei muito no final. Assim como voce, odeie a mãe deles, agora aquele final me destruiu completamente. E eu me via o tempo todo me perguntando, gente, como posso torcer pra isso funcionar se é tão errado.

    Muito bom mesmo esse livro, e tambem recomendo muito quando me pedem um bom livro.

    Ana Paula
    Paixão por Leituras

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    1. Sim Ana!
      Mesmo com todo o peso, pode ser considerada uma das melhores leituras feitas. Meu coração dói por esses jovens que foram vítimas de um acaso terrível.
      Ele é uma das primeiras indicações que dou quando pedem também...
      Bjs linda!

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  5. Oi Jessicaaa
    Já li esse livro também e adorei a leitura. Vc tem razão, ele é bem pesado e o tema é forte, fora que é um grande tabu. Mas durante a leitura a unica coisa que pensava era que eles não tinham uma vida normal, a vida imposta a eles foi o percursor da realção desenvolvida por eles. Eles eram como pais daquelas crianças, e consequentemente se viam nessa posição de serem "marido e mulher". Amei sua resenha e pude reviver várias coisas que amei na estória.

    Bjão linda

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    1. Olá!
      O que esses dois tiveram que enfrentar, não é brincadeira. Por várias vezes torci para que houvesse uma maneira de fazer funcionar. Muito emocionante...
      Bjs!

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  6. Hey Jessica,
    Já li esse livro e WOW, como ele foi extraordinário, bem construídos, personagens incríveis. Também foi um livro doloroso pra mim, eu precisei parar de ler várias vezes, pois não conseguia não chorar copiosamente.
    Concordo com você e também odiei a mãe deles. Acho que o final foi fascinante, não poderia ter sido outro.
    Beijos

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    1. Oi Bru!!!
      Mas eu torci muito por um final diferente, sabe? Meu lado romântico não aceita até hoje aquele fim. Mas meu lado lógico entende que tinha que ser daquela maneira mesmo... Fazer o quê? Esse livro é maravilhoso!
      Bjs!!!

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  7. Jessica!
    Acredito que esse é o livro mais polêmico de todos os tempos...porque fomos criados para não admitir relacionamento parietal e imaginar dois irmãos tendo relacionamento de homem é mulher, talvez seja inconcebível... porém, parece que, diante do contexto da histórica, eles acabam se encaixando.
    Não sei ainda, estou com o livro aqui para leitura, mas com o maior medo de ler...
    Boas festas juninas!!!!
    “O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?” (Clarice Lispector)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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    1. Oi Rudy!
      Tive muito receio em ler, por vários motivos, mas principalmente por meus princípios. Só que a leitura é muito válida e gratificante... Tente ler e me conte o que achou.
      Bjs!!!

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  8. Olá !!!!
    Já li várias resenhas positivas e negativas sobre esse livro mas não sei o que falar porque ainda não li..
    Não sei se eu leria por ser muito intenso e forte ! Mas sei lá. .

    Adorei a resenha !!
    Bjos

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    1. Pra mim foi uma intensidade bem-vinda... Dá aquele sacode na gente. Compensa muito fazer a leitura!
      Bjs!!!

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  9. Estou louca para ler esse livro mas lendo algumas resenhas negativas eu confesso que fiquei meio desanimada, mas mesmo assim a estória me encantou desde o primeiro momento então quero dar uma chance.
    Abraços!!!

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    1. Olá!
      Quando nos interessamos por um livro, temos que tirar as próprias conclusões... Na minha opinião, vale muito a leitura, mesmo com todas as questões deles ferindo meus princípios...
      Bjs!

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  10. Olá! Então, primeiro, deixe-me dizer que a autora deste livro foi muito corajosa por abordar um assunto tão controverso, foi uma leitura, pelo menos para mim, chocante, bonita e trágica, chorei tanto, mas devo enfatizar o quanto eu gostei desse romance e o quanto ele realmente me fez pensar sobre a vida.

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    1. Exatamente isso. Ela foi brilhante em abordar um tema tão tenso e ainda fazer uma bela história, sem deixar que ela soasse irreal ou superficial. Deixa uma lição de vida surpreendente...

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  11. Oi Jessica,
    Proibido é um livro que tirou meu fôlego, foi uma leitura muito angustiante do inicio ao fim, em muitos momentos tive que largar o livro e respirar fundo, mas jamais vou me arrepender de ter lido. Não há como ficar imune com uma leitura tão impactante como essa, fiquei divida entre a razão e emoção, sem ter como julgar e avaliar uma história tão sofrida como essa. Esse livro vai ficar marcado para sempre.
    Beijos

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    1. Olá!
      Realmente traz uma lição de vida que abre nossos olhos, mesmo que seja uma situação fora do padrão e do normal... Esse livro é maravilhoso!
      Bjs!

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