Resenha - Renato Russo - O Filho da Revolução

15 dezembro 2016


A mais completa biografia do vocalista da Legião Urbana ganha edição revista, atualizada e ampliada pelo autor. Escrita a partir de mais de cem entrevistas e de pesquisas realizadas ao longo de nove anos, Renato Russo – o filho da revolução narra, de forma fluente e minuciosa, a transformação do adolescente Renato Manfredini Junior no maior ídolo do rock brasileiro. A vivência intensa em Brasília sob a ditadura militar nos anos 1970 é reconstituída em detalhes neste best-seller lançado em 2009, presença constante na lista dos mais vendidos de não ficção daquele ano. Manuscritos com os planos ambiciosos do iniciante
Renato e os rascunhos de sucessos como Tempo perdido e Eduardo & Monica também são reproduzidos com exclusividade, bem como as letras vetadas pela Censura Federal. Além dos depoimentos de integrantes da Legião, Capital Inicial, Plebe Rude, Paralamas e de outras bandas da era de ouro do rock nacional, a nova edição inclui capítulo inédito elaborado a partir de entrevistas com amigos e colegas, como Marisa Monte, que trabalharam e conviveram com Renato Russo no período final de sua vida, encerrada prematuramente aos 36 anos, em 11 de outubro de 1996. Lembranças e histórias do maior ídolo de sua geração e que, com a sua poética incisiva e lírica, continua a fascinar – e a emocionar – jovens de todas as idades.


Título: Renato Russo - O Filho da Revolução
464 páginas || Skoob || Cortesia: Editora Planeta || Onde Comprar










"Duas décadas depois da morte do vocalista da Legião Urbana, ele permanece por aí e por aqui. Assombrando, surpreendendo, emocionando. É um dos raros de sua profissão que conseguiu ultrapassar a barreira geracional e continuar relevante para jovens e velhos, pais e filhos. Mais uma conquista do único roqueiro nacional a superar a marca dos 10 milhões de discos vendidos: 9,4 milhões com a Legião e 3,4 milhões na carreira solo, em números de 2015. E, mesmo assim (ou talvez por isso mesmo), ele continua na condição de corpo estranho na trajetória da Música Popular Brasileira (MPB)."

Nascida mais ou menos no ano de 1982 e extinta em 1996 após a morte do seu criador, Renato Russo, a banda Legião Urbana teve uma história relativamente curta, de apenas quatorze anos, mas os frutos gerados por aqueles garotos que inicialmente sonhavam em mudar o mundo com suas palavras, perduram até hoje. Quem não é fã e não pode acompanhar ativamente a época de existência da banda, certamente já ouviu no rádio ou na tv trechos de músicas como "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há", refrão famoso da música Pais e Filhos; ou ainda partes da música que conta a história de Eduardo e Mônica: "Ela era de Leão e ele tinha dezesseis..."; ou então o refrão que existe há mais de trinta anos, mas que bem poderia traduzir os nossos dias de hoje "Nas favelas, no senado - sujeira pra todo lado - ninguém respeita a constituição - mas todos acreditam no futuro da nação. Que país é este?"; ou até mesmo a famosíssima Faroeste Caboclo, que conta a história de João de Santo Cristo. E embora tendo ouvido algumas dessas canções, ou as centenas de outras gravadas pela banda, poucos sabem a história da Legião Urbana, e, principalmente, a do seu criador. Renato Russo foi um revolucionário, portador de AIDS, usuário de álcool e drogas, com uma personalidade muito difícil, mas também um romântico incurável, um sofredor, um sonhador, apenas um menino procurando fazer seu papel no mundo e querendo fazer o melhor com sua paixão: a música. E nesse livro, Renato Russo - O Filho da Revolução, podemos conhecer tudo isso.

"Rock é atitude, não é moda. É música da África, não é música africana. Tem no mundo inteiro. Por que não falar o que pensa, sem gramática correta, sem preocupações políticas, pelo menos enquanto você ainda tem tempo e energia?"

O livro traz o início da vida de Renato Manfredini Junior, um garoto calmo, nascido no Rio de Janeiro. Seu envolvimento desde cedo com a música, através dos discos do pai. A sua mudança para Brasília, logo no início da adolescência, e então os amigos que conheceu lá, e que compartilhavam de sua paixão por rock. Renato também começou a mostrar sua veia criativa desde bastante cedo, após uma doença óssea, que o deixou tempos imobilizado, o garoto começou a escrever o romance de uma banda de rock americana imaginária, cujo protagonista era Erick Russeau, que viria a mais tarde inspirar renato para a composição do seu nome artístico, Renato Russo. Até o dia em que essa criatividade se dirigiu para a criação de uma banda, o Aborto Elétrico. Porém, ela deu certo por apenas algum tempo, sendo que logo Renato quis ampliar seus horizontes, e ao sair da banda, chamou alguns conhecidos para criar uma nova banda, que viria a ser a Legião Urbana.

"A onda de revolta se espraia e chega ao meio de comunicação diretamente responsável pelo sucesso da Legião Urbana: o rádio. As emissoras locais decidem banir a banda de suas programações. Dizem ter recebido muitas ligações de ouvintes exigindo o boicote. Alguns deles, inclusive, queriam saber o endereço da família Manfredini para tomar satisfações pessoalmente com o cantor. “Ordens superiores” de uma rádio de Taguatinga determinam a exclusão de “Faroeste caboclo” da programação por um mês. Na frente de uma emissora do Plano Piloto, fãs se reúnem para queimar os LPs do grupo. A charge do jornal mostra um DJ que, ao receber a ordem “Não toque as músicas da Legião Urbana”, joga o disco da banda no lixo. Na mesma página, um conselho para os nativos de áries: “Não alimente ilusões a respeito de seus assuntos profissionais”."

Passando pelo auge do sucesso, por shows marcantes e por críticas fortes, o autor além de nos apresentar a vida de Renato e do Legião, também nos apresenta um grande panorama de Brasília e do país durante toda aquela época, e nos insere em uma viagem intensa na história do nosso país.

"Muita coisa mudou no país, mas outras tantas – entre elas, algumas essenciais – continuam a nos envergonhar: a desigualdade, a injustiça, a indiferença. Infelizmente, os versos mais incisivos de Renato não ficaram datados: “Ninguém respeita a Constituição/ Mas todos acreditam no futuro da Nação”, “A violência é tão fascinante/ E nossas vidas são tão normais”, “Vamos sair, mas não temos mais dinheiro/ Os meus amigos todos estão procurando emprego” – todos atualíssimos. Não como poesia, mas como crônica do dia a dia. Músicas urbanas: não era isso o que você queria ouvir?"


[ - Minhas Impressões - ]


Renato Russo sempre foi uma personalidade que me despertou grande interesse, uma vez que sempre ouvi falar de forma fragmentada de sua vida, e inclusive já havia lido alguns livros relacionados a ele, como um diário escrito por ele, o romance de uma banda imaginária que ele escreveu em seu tempo de convalescença, dentre outras obras, porém, sempre quis algo mais completo, e foi então que surgiu a oportunidade de ler Renato Russo - o Filho da Revolução.

Preciso admitir que esse livro é de uma leitura extremamente densa. Trazendo dezenas de informações sobre Renato e não seguindo uma linearidade, por vezes acabamos nos perdendo na obra e precisamos retornar para lembrar de alguns fatos, mas também, é um livro mais que completo para quem deseja conhecer mais sobre o vocalista da Legião Urbana e um pouco de como ele era na intimidade, além de nos apresentar a forma como várias músicas foram compostas.

O ponto positivo principal para mim, foi esse conhecimento da vida de uma pessoa tão polêmica e a oportunidade de conhecer a fundo seus receios, sua coragem em assumir ser homossexual em um tempo em que o preconceito era muito intenso, e o fato de encontrarmos músicas bastante biográficas, como é o caso de Meninos e Meninas, além de termos um panorama histórico do Brasil dos anos setenta e oitenta muito intenso, podendo saber um pouco mais inclusive sobre a criação de Brasília e sobre a ditadura militar.

Porém, foi justamente esse amplo panorama que me perturbou no livro e me deixou um pouco agoniada, fazendo com que a leitura fosse arrastada, pois sim, eu gostei muito de conhecer mais sobre a ditadura, a criação de Brasília e sobre outras personalidades conhecidas, mas ao mesmo tempo senti que isso por várias vezes acabou tirando um pouco o foco da vida de Renato, e achei que no livro faltou um pouco mais da exploração de alguns temas como: seu vício nas drogas, a forma como ele e a família lidavam com o homossexualismo. Também fiquei desejando saber um pouco mais sobre o nascimento do único filho de Renato, chamado Giuliano.

Em relação a personagens, temos aqui Renato, como a figura principal da biografia, mas também sabemos muito sobre a criação da banda Capital Inicial, existente até hoje, ouvimos falar de Kid Abelha, Caetano Veloso, Nei Mato Grosso, Gilberto Gil, MPB, presidentes famosos do Brasil e que fizeram parte da ditadura militar, dentre vários outros.

O livro é narrado em terceira pessoa e a disposição da obra é dividida em poucos capítulos, bastante longos. Na obra, além de texto corrido, temos também várias letras de músicas, e, ao final, encontramos bibliografia, notas de rodapé e imagens.

Recomendo essa obra para fãs de Renato Russo e de Legião Urbana, e também para aqueles que gostam de obras com um intenso panorama histórico.


13 comentários

  1. oi Tamara, não fui uma grande fã do Renato e nem gosto de tantas músicas da Legião urbana, mas acho interessante se ler algo de alguém tão amado como ele foi. A leiutra deve ter sido realmente proveitosa. O que mais me despertaria a vontade de ler, seria o que diz respeito da banda Capital Inicial, essa sim, estará pra sempre em meu coração.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  2. Olá
    Eu não sou considerado um fã do autor, mas eu gosto muito de algumas músicas dele. Eu não conhecia essa biografia do cantor, mas já gostei muito pelo o que acabei de ler. Esse cara foi realmente muito polêmico e saber com mais detalhes deve ser bem legal. Até mais ver
    Bj

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  3. Oi, tudo bem?
    Ador as músicas do Legião, eu já tinha visto o livro e apesar de não ser o tipo de leitura que eu goste eu já estava bastante curiosa pra lê a obra, e essa resenha só despertou ainda mais o meu interesse. Dica anotada haha

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  4. Oiee
    Tudo bom?
    Eu cresci ouvindo legião urbana, então é humanamente impossível não ser fã da banda e admirar o trabalho de cantor e compositor Renato russo.
    Não conhecia essa biografia, mas confesso que me interessou muito.
    Amei a resenha.
    Beijos

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  5. Sou fã do Renato Russo e era fã da banda. Infelizmente ele é Cazuza deixaram um buraco em nossa musica que na minha opinião ainda não foi preenchido. Vou gostar de ler o livro, para saber mais sobre a vida dele, mas não no momento.
    Bjs

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  6. Olá!! :)

    Eu não conhecia o livro mas devo confessar que não lerei porque não faz nada o meu género literário... Nem conheço a personagem ou tenho qualquer pretensões em faze-lo!! :) ahah

    De resto, acho uma pena que os capítulos sejam tao longos mas e interessante o facto de termos letras e tudo no livro! :)

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  7. Me sinto uma estranha no ninho por não conhecer as músicas do Renato Russo D:
    Além de conhecer o trabalho dele, não gosto de biografias, mas não vou mentir, fiquei bem curiosa pra conhecer o cantor e a banda. Vou até procurar as músicas aqui, haha.
    Obrigada pela dica!

    Virando Amor

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  8. Gosto muito das músicas da banda e não sabia da metade das coisas que você escreveu dele aqui e nem da doença dele quando pequeno, mas acho que ele é um tipo de talento que raramente nasce sabe, com um dom mais do que especial.

    Beijos,

    Greice Negrini

    Blogando Livros
    www.blogandolivros.com

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  9. Quando li este livor, tive os mesmo sentimentos que você. Achei que muitas vezes tiraram o foco do Renato e mostrando mais seus problemas, sua saúde, e as vezes esquecendo do legado que ele deixou. A leitura fica arrastada, realmente em alguns trechos, mas o livor tem uma desenvoltura até que legal em sua maior parte;
    Gosto do foco que dão ao Renato homem, do que o Renato Artista, mostrando mais o seu, mesmo que ele seja um pouco louco.

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  10. Olá,

    Apesar de escutar algumas músicas do Legião Urbana, eu não sou fã. E não curto biografias, por isso acredito que o livro não seja para mim. No entanto, quem é fã do Renato ou mesmo da banda, pode vir a gostar, eu acho, assim como aqueles que curtem biografias :)

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com.br

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  11. Olá, Tamara

    Que pena que esse panorama tenho feito a leitura se tornar um pouquinho arrastada, acho que eu teria a mesma sensação. E também tem o fato de eu não ser tão interessada na vida das pessoas famosas, sabe? Biografia realmente é um gênero que não me desperta o menor interesse.

    Beijos

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  12. Olá, tudo bom?
    Adoro as músicas e a banda e acho que Renato escreveu canções atemporais. Se você pega por exemplo o trecho " ninguém respeita a constituição mas todos acreditam no futuro da nação" pode facilmente aplicar na nossa situação política atual. Fiquei bem curiosa para conferir essa biografia, até mesmo por pontos que te incomodaram um pouco, como, por exemplo, essa questão em que saia um pouco do foco em relação a ele e entrava um pouco na ditadura. Acho que me sentiria mais contextualizada assim! Enfim! Anotei a sugestão e espero poder ler em breve!


    Beijos!
    @PollyanaCampos
    Entre Livros e Personagens

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  13. Olá,
    Sempre gostei muito das músicas do Renato e o que as letras querem dizer, porém assim como você sempre vi apenas partes fragmentadas da vida dele.
    Mesmo assim, o livro não consegue despertar meu interesse no momento. Quem sabe no futuro eu me sinta intrigada e curiosa para saber mais sobre ele.

    https://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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