Entre os quinze e os dezesseis anos, enquanto convalescia de epifisiólise (rara doença óssea), Renato Russo — à época, ainda chamado Renato Manfredini Jr., em Brasília — criou a história de um grupo de rock formado em 1974, em Londres, a partir do encontro de ícones como Mick Taylor, dos Rolling Stones, e outros roqueiros imaginados pelo futuro líder da Legião Urbana. Da origem à separação da banda, passando por momentos de sucesso astronômico, Renato pensou em cada detalhe. A partir do personagem Eric Russell, figura central da 42nd St. Band, nasceria Renato Russo, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, que tem, portanto, sua gênese revelada neste estrondoso romance inédito.
Título: The 42nd Street Band
216 páginas || Skoob || Cortesia: Cia das Letras || Onde Comprar
"1969 - Eles fogem de casa outra vez & vão para o Woodstock (junto com Bill, irmão de Jesse). Experiências bacanas, gente bacana etc. Agora estão com catorze anos. Os pais desistem de mantê-los em casa. Naquele mesmo ano eles vão ver os Stones em Altamont. Curtem muito os Stones. De repente, percebem que participaram de três eventos históricos. Surpresa! Eles decidem montar um grupo de rock. O pai de Nick dá para ele uma guitarra e ele começa a aprender sozinho. Por motivos fortuitos, Jesse Philips compra uma bateria para aprender a tocar, Eric Russell, um baixo, e Mark (irmão de Nick), uma guitarra. Eles são péssimos, mas dão pro gasto nos instrumentos acústicos. No verão, o Tio Carl Russell fica na casa de Eric e os ensina a dominar os instrumentos. Tio Carl grava os garotos no estúdio de um amigo. Eric & Jesse continuam com suas aulas: agora estão aprendendo a tocar violão (hillbilly, country, blues), banjo e bandolim."
Quando sofria de uma doença óssea, aos dezesseis anos e nem sonhava com a fama, Renato Russo, na época conhecido como Renato Manfredini Jr., em seu tempo de repouso começou a escrever alguns esboços de um romance. Esse esboço trazia uma banda de rock imaginária, existente nos anos setenta, nos Estados Unidos. Formada por três primos, que desde muito novos se interessavam por rock, e inclusive participaram de eventos históricos sobre o tema, e que cresceram juntos improvisando músicas na garagem de casa, com instrumentos dados por seus pais, até que em certo dia resolveram arriscar tudo em um lançamento de um disco e, por muita sorte, conseguiram ser reconhecidos como uma grande banda, chegando ao topo muito rápido.
"MARÇO - O álbum foi lançado na Grã-Bretanha em 16 de março e nos EUA no dia 27. A pré-venda, só na Grã-Bretanha, garantiu à banda um Disco de Ouro (um milhão & meio de discos). A expectativa do público de rock dava medo na banda; podiam não gostar do álbum. Mas gostaram. Os críticos por toda parte saudaram o álbum como o melhor disco de rock dos últimos quatro anos. Um single foi feito, mas não com “Celebrity”, e sim com a balada “Sunflower”, de Mick Taylor, lançada em 30 de março na Grã-Bretanha."
Envolvendo os três primos e outros personagens como Mike Taylor, uma pessoa real, ex-integrante da banda Rolling Stones, Renato constrói o sonho de garotos que saíram do nada, passaram a fazer um sucesso estrondoso com fãs e assédio da imprensa, até o seu fim, tendo sempre como personagem principal Erick Russell, um dos primos, em quem provavelmente mais tarde Renato se inspirou para criar parte de sua personalidade como o famoso e aclamado Renato Russo.
"Porque, como eu já disse, a banda era basicamente de blues, e eu pensava que iríamos numa direção completamente diferente se minhas canções entrassem num álbum. Olha, eu era muito inseguro, quer dizer, com todos aqueles caras vidrados no blues, por que eu puxaria o grupo para o country-folk? E eu imaginava que eles não iam gostar das músicas, sabe, afinal, era a primeira vez que eu tocava numa banda, e o Beck, ele é uma lenda viva, o Taylor tocou com John Mayall e os Stones; seria um desastre se eu tocasse pra eles as minhas baladas folk e eles não gostassem."
Trazendo elementos da época, como os Hippies, as bandas de rock em ascendência e o uso das drogas, Renato mostra aqui traços de sua personalidade marcante e nos surpreende por tanta criatividade com tão pouca idade.
"Mesmo que a imprensa seja contra, sabe, vocês estão passando por um período comercial de muito sucesso. * O álbum da banda ficou cinco meses no top-dez e vocês ganharam quase todos os votos dos leitores.
Eric: É. Acho que é porque agora a gente tem cara nova. Quer dizer, a rapaziada que tinha sete anos quando a gente começou agora tem quinze. Eles gostam da gente. E o pessoal que estava com a gente em 1975 ainda escuta nosso som. A gente tem um público que vai de doze a trinta anos, sacou. É estranho."
[ - Minhas Impressões - ]
Confesso que ao solicitar esse livro junto a editora, eu tinha uma grande curiosidade, uma vez que Renato Russo foi uma personalidade tão marcante e por isso gosto muito de ler sobre ele. Mas ao mesmo tempo, como é um livro montado a partir de rascunhos, e já é avisado que ele é um tanto fragmentado, fiquei receosa pois não gosto desse tipo de narrativa. Porém, assim que comecei a leitura fui cativada para dentro da narração, que parecia fluída e era tão realista. Aqui Renato escreveu diálogos de uma forma que podemos imaginar as cenas e cada pessoa falando, e descreve com tanta propriedade cada evento de rock que nos sentimos lá. A partir disso também podemos ver traços de sua personalidade, e percebemos que desde cedo ele era fissurado em eventos de rock e muito provavelmente acompanhava tudo isso através dos meios de comunicação.
Essa ótima construção foi, para mim, um dos pontos mais positivos que encontrei no livro. Além disso, achei deveras interessante as referências a coisas e pessoas reais, como Mick Taylor, da banda Rolling Stones, que fez parte da banda imaginária, The 42nd Street Band. Outra coisa que acabou sendo realista, foi o modo como ele retratou a relação da banda com fãs e a imprensa, pois a partir do que podemos ver hoje, em retrospectiva, as coisas na realidade com as bandas de rock da época, ocorreram exatamente das formas descritas por Renato.
Por fim, no livro podemos ver traços e ideias que mais tarde seriam incorporadas na banda Legião Urbana, da qual Renato viria a ser líder, e a principal delas é o nome do personagem Erick Russell, de onde, muito provavelmente Renato tirou seu futuro sobrenome, Russo. Além desse nome significativo, quando ele escreve sobre a trilha sonora da 42nd Street Band, ele menciona uma diversidade de músicas que faziam parte da trilha da banda, e uma delas se chamava Aloha, uma música que veio a existir mais tarde pela Legião Urbana.
Porém,, não pude deixar de observar diversos pontos que me incomodaram, e talvez isso tenha ocorrido por eu gostar de Legião Urbana e de Renato Russo, mas não sou uma fã incondicional. O primeiro desses pontos é a aleatoriedade do texto, pois em um momento estamos vendo uma narrativa e logo em seguida já vem pedaços de entrevistas que não são terminadas, episódios narrados de maneira fragmentada, etc. Além disso, também me incomodou tantas referências a músicas que sequer existiam, chegando a cobrir toda a trilha sonora da banda, e como elas não existiram achei desnecessário essa inserção de tantos nomes na trama. Em relação a personagens os achei pouco explorados, e achei que Erick Russel teria um destaque extra, por ele ser supostamente alguém em quem Renato inspirava a sua personalidade, mas isso no meu ponto de vista não aconteceu.
Fiz a leitura em e-book e não encontrei erros, o livro é dividido em diversos trechos como: entrevistas, primeira formação da banda, segunda formação da banda, trilha sonora; e é narrado em terceira pessoa em alguns momentos e em primeira pessoa nos momentos de entrevistas.
Recomendo esse livro para os leitores que são fãs de Renato Russo e da banda Legião Urbana, e que buscam um livro leve e sem muitas pretensões.
25 comentários
Oi Tamara
ResponderExcluirAinda não tinha ouvido falar nada a respeito desse título, e confesso que nem sabia sobre sua publicação. Não é um livro que eu tenha interesse, apesar de compreender bem sua importancia e do quanto pode chamar a atenção aos admiradores do Renato Russo, de uma forma geral por conta dessa personalidade. Essa narrativa fragmentada, acredito, que poderia me incomodar um pouco também.. mesmo porque ficaria curiosa por um desenvolvimento maior.
beijos, Fer
www.segredosemlivros.com
Oi Tamara,
ResponderExcluirEu não sabia que já tinha saído este livro, comprei e li o primeiro, que conta sobre a internação dele na clínica para recuperação. Este primeiro é o diário dele, então achei mais atrativo.
Este livro todo fragmentado me deixa em dúvida quanto a leitura.
Beijos
www.estilogisele.com.br
Oi, acho que essa coisa de fragmentado se deu por ter sido feito baseado em rascunhos e eles devem ter ficado receosos de mudar muita coisa. Assim como vc, também não sou fã incondicional nem do Renato nem da banda, mas gosto das Letras das músicas, acredito que daria uma chance ao livro. Parabéns pela resenha. Bjs
ResponderExcluirOI Tamara, ainda que eu tenha vivido o auge da Legião e reconheça no Renato Russo um grande letrista, nunca fui fã do trabalho dele. Fiquei pensando nestas aleatoriedades que você falou que o desenvolvimento da narrativa traz e talvez isso me incomodasse um pouco também. Mas no geral, não é um livro que eu leria, mas que com certeza, daria de presente para algum amigo ou amiga que admirasse o Russo.
ResponderExcluirAdorei suas considerações.
MEU AMOR PELOS LIVROS
Beijos
Olá!
ResponderExcluirSou super fã do Legião e do Renato! rs
Eu ainda não li, não comprei, mas espero fazer isso breve.
Quanto a sua ressalva sobre os textos sem contexto rs Acho que faz parte, pois pelo que já li não é uma narrativa em sequencia e sim textos e fatos que compôs a história do ídolo. rs
Eu quero!
Bjs
Eu também tinha o mesmo receio que você quanto ao livro, o fato dele ser fragmentado pensei que poderia ser uma história quebrada. Mas cada vez mais as pessoas dizem que esse livro é muito bom assim como você e com a leitura fluida. Pretendo ler em breve.
ResponderExcluirOi, Tamara. Eu havia visto a capa desse livro mas não sabia quase nada sobre ele, eu gostei de poder entender melhor o livro através da sua resenha mas não consegui me sentir interessada pela leitura. Acho que mesmo quem é fã dele, não deve ler apenas por isso e sim se houver o interesse na história, eu até gosto dele mas não sou lá uma grande fã e mesmo assim não achei nada demais no livro.
ResponderExcluirOlá!! :)
ResponderExcluirPela forma como falaste, devem existir muitos faz de Legião Urbana e de Renato Russo... Nesse caso, desculpa mas nem sequer tinha houvido falar acerca de nenhum deles!!! :) ahahah
Que pena que o livro não te agradou assim muito... E bom que seja leve, mas leitura de expectativa e qualidade mais baixa, não vai para a lista!! :) ahah
Boas leituras!! ;)
no-conforto-dos-livros.webnode.com
Oi Tamara
ResponderExcluirNão conhecia este livro do Renato, mas quero ler também.
Eu sou super fã dele e Legião Urbana fez parte da minha vida, principalmente da minha adolescência. Tive o prazer de Vê-los cantar pessoalmente no Estadio do Morumbi em SP!
Acho que é um tanto diferente ler um livro assim fragmentado, mas pode ser interessante, justamente por ser diferente do que comumente lemos, não?
Gostei muito do seu post e das suas impressões. Você contextualiza muito bem suas opiniões. Parabéns!
Bjks mil
www.maeliteratura.com
Olá Tamara,
ResponderExcluirSou fascinada por Renato Russo e tudo que o envolva. Então, acho que esse livro é uma ótima pedida para mim.
Já li outro livro dele, o Só por hoje e para sempre e foi uma leitura muito agradável, mas ele tem a questão de os textos serem aleatórios também, apesar de eu achar que, nesse livro isso é um traço mais marcante. Muito legal saber que vemos traços e ideias do que se tornaria a Legião Urbana.
Dica anotada, espero gostar.
Beijos
Olá!
ResponderExcluirEu sou muito fã de Legião Urbana e do Renato Russo, já até tinha visto esse livro na livraria, mas nunca cheguei a ler a sinopse, realmente não sabia que se tratava de um ficção, achei que fosse tipo uma biografia ou algo do tipo. De início me pareceu até interessante a história, o que realmente é, mas com os pontos negativos que você colocou eu dei uma desanimada. Mas se surgir a oportunidade, eu vou ler com certeza.
Beijos,
Nay
Traveling Between Pages
Olá, Tamara!! Tudo bem? Eu sou fã do Renato, mas não tive o mínimo interesse nessa leitura! Já tinha lido uma coisa ou outra sobre os fragmentos que ele escreveu, mas sinceramente não vi muito potencial na obra. Gostei muito da resenha e dos pontos que ressaltou. Vejo que não seria uma leitura muito proveitosa para mim.
ResponderExcluirBeijoos
Oi Tamara,
ResponderExcluirEu nunca gostei de Legião Urbana, sempre achei uma cópia nacional de The smiths. Mas sei da importância que a banda teve. A vida do Renato não me chama a atenção, por isso o livro não será lido por mim, pelo menos não agora haha acho que a unica parte interessante seria a retratação da cultura da época.
Parabéns pela resenha!
beijos :D
Olá Tamara.
ResponderExcluirEu acho incrível esse poder que alguns escritores tem de contar diálogos de uma forma tão verossímil que parece que estamos vendo a cena na nossa frente, tamanho o poder de descrição.
Esse tipo de livro é bom porque podemos ter uma noção melhor daquela época quem o autor viveu, infelizmente, por ser um livro póstumo não tem como ser melhor trabalhado a fim de evitar com que algumas coisas sejam postas de modo aleatório.
Abraços.
Oii!
ResponderExcluirSou fã do Renato Russo, mas fiquei com um pézinho atrás em relação a esse livro. Tive um pouco de receio justamente dessa parte meio fragmentada que você comentou e sinto pena, agora vendo sua resenha, que o livro não tenha sido terminado, porque me parece que seria uma narrativa muito interessante mesmo se fosse finalizada. Eu gostei bastante da ideia principal da banda e de trazer tantas referências ao Legião Urbana e outras bandas e cultura da época. É realmente uma pena que não tenha sido finalizado, acho que deve ter perdido um pouco no sentido conteúdo e talvez desaponte muita gente mesmo :/
Beijos!
www.beyondbluedoors.com
Nossa, não conhecia esse livro. Eu não sou fã do Renato Russo, mas curtia algumas de suas músicas. Acredito que mesmo que seja um pouco fragmentado, esse livro seja bem interessante para quem é fã e quer se aproximar um pouco mais.
ResponderExcluirBeijos
Oiii!!
ResponderExcluirConfesso que não conhecia esse livro. Uma pena ele não ter conseguido concluir a história. Acredito que para os fãs de Legião Urbana esse livro deve atrair mais a atenção, por ser que o Renato Russo criou. Por não ser uma banda e cantor que eu me identifico muito, no momento eu não leria. Se ele tivesse tido tempo de concluir, acredito que a obra seria muito mais atraente.
Beijos
Oi Tamara, eu tinha visto esse livro nos lançamentos e provavelmente seria um que eu teria lido sem nem conferir uma resenha...rs. Primeiro porque adoro Legião, e segundo por se tratar de uma banda. Sempre que encontro um livro que traz essa realidade, mal leio a sinopse antes de ler. Gostei de saber que algumas partes são fragmentadas, assim já estou avisada do que posso esperar! Adorei sua resenha, beijos
ResponderExcluirOlá!!
ResponderExcluirNão sou fã da banda nem do Renato Russo e confesso que eu nem sabia da existência desse livro...no começo da resenha até que fiquei um pouco interessada por não ser biografia mas ao ver suas impressões o que te incomodou certamente também iria me incomodar então por enquanto deixarei passar essa leitura..quem sabe mais pra frente eu dê uma chance e resolva ler.
http://livroaoavesso.blogspot.com.br/2016/11/resenha-sua-espera-abbi-glines.html
Olá!
ResponderExcluirLendo a sua resenha tive a impressão de pegarem vários rascunhos e jogarem no livro, isso explicaria essas entrevistas sem finais no meio da obra. Como não sou nenhum pouco fã do Renato ou da banda, não saberia dizer o que é verdade ou não, mas de fato é um livro que jamais pensaria em ler, ainda mais por se tratar de uma coisa bem biográfica, que é um gênero que não gosto nada.
Beijos.
Diferente de você, sou um fã incondicional da banda, e adorei ver suas impressões desse livro de Renato. Pois essa banda imaginária viria a se tornar um rascunho de Legião Urbana. Esses momentos fragmentados e esse ar de confusão, seria algo que me atrapalharia, mas sei que no final amaria demais.
ResponderExcluirOi, tudo bem?
ResponderExcluirEu confesso que não conhecia esse livro ainda, mas que de cara não fiquei muito animada, porque não sou fã do Renato Russo. Mas apesar disso, achei a premissa curiosa e acredito que seja uma boa leitura. No entanto, não acredito que eu iria gostar, pois não curto aleatoriedade em textos, sabe? Enfim, gostei bastante da sua resenha, mas não é uma leitura que eu faria.
Beijos :*
Oi, querida, como está?
ResponderExcluirPrimeiramente: excelente resenha.
Segundo: um livro escrito pelo Renato Russo é algo que não posso deixar de conferir mesmo que talvez eu não goste tantos. Coisas como essa só acontecem uma vez na vida e se deixar passar, o arrependimento bate, kkkkkkkkkkkk.
Terceiro: escreves muito bem.
Abraços e beijos da Lady Trotsky...
http://rillismo.blogspot.com
Eu sempre tive curiosidade de ler esse livro pelo mesmo motivo que você, curiosidade já que Renato Russo foi uma grande personalidade. Mas, confesso, fiquei bem desanimada com a informação de que são partes fragmentadas de rascunho, acho que eu não teria paciência pra terminá-lo. Beijos!
ResponderExcluirOi Tamara, tudo bem?
ResponderExcluirEu não me interessei pelo livro, não sou fã do cantor e nem da banda, então não senti empatia. Mas acho que é uma ótima proposta para quem curte eles e o gênero do livro, que não é meu caso. Mas achei sua resenha muito boa e os pontos que você destacou estão ótimos. Parabéns!
Beijos
http://www.oteoremadaleitura.com/