Resenha - O Mau Exemplo de Cameron Post

21 maio 2018
Título: O Mau Exemplo de Cameron Post
Autora: Emily M. Danforth
Cortesia: Editora Hapercollins
Páginas: 448
Skoob / Goodreads
Onde comprar: Amazon / Saraiva

Quando os pais de Cameron Post morrem em um acidente de carro, a primeira coisa que ela sente, para sua própria surpresa, é alívio. Alívio que eles nunca vão precisar saber que, algumas horas antes, ela estava beijando uma menina. Mas o alívio não dura, e Cam é forçada a morar com sua tia ultraconservadora e sua bem-intencionada mas antiquada avó. Ela sabe que, daqui em diante, tudo será diferente. Sobreviver nessa pequena cidade rural de Montana exige que Cam finja ser igual a todo mundo e evite assuntos indelicados (como diria sua avó), e ela é boa nisso. Até que Coley Taylor chega à cidade. Coley é perfeita, e tem um namorado perfeito para completar. Ela e Cam forjam uma amizade intensa, que parece deixar espaço para algo mais. Mas assim que isso começa a parecer possível, a religiosa tia Ruth decide que é hora de "consertar" sua sobrinha, a mandando para Gods Promise, um acampamento de conversão que deve "curar" sua homossexualidade. Lá, Cam fica frente a frente com o custo de negar quem ela é - mesmo que ela não tenha certeza que sabe realmente quem é. 






A jovem Cameron Post, estudante do ensino fundamental, leva uma vida pacata na tranquila cidade interiorana de Miles City, no estado de Montana. Entre treinamentos para a competição de natação no lago Scanlan - uma espécie de piscina pública da cidade - e tardes ociosas roubando chicletes na loja Express Kip, o único acontecimento marcante que Cameron poderia relatar até então - e fazia isso constantemente, a pedido de Irene - era o alagamento do acampamento Rock Creek, o qual transformou todo o antigo espaço do local no agora lago Quack. O fatídico dia em que Cameron por pouco não perdera sua mãe e avós.

"Mesmo que eu já tivesse visto garotas da nossa idade de mamã ou braços dados e talvez algumas até ja tivessem treinado beijos umas nas outras, eu sabia que o que a gente fez no celeiro era diferente."

No entanto, após ser desafiada por sua amiga Irene - uma brincadeira que ambas faziam, desafiando uma a outra a realizar coisas absurdas -, Cam sentia que possuía um segredo tão grande quanto o lago Quack. Um segredo tão obscuro quanto as águas do lago que agora voltava para marcar a história da família Post.


Trinta anos depois da quase tragédia no acampamento Rock Creek, quando criança sua mãe por pouco não se afogara no lago, as águas daquele mesmo local retornaram para tomar de Cameron os entes mais queridos. Embora inicialmente a garota tenha sentido alívio - alívio em saber que os pais não saberiam do beijo que acontecera entre ela e Irene -, o entorpecimento deu lugar a consciência realista da morte de seus pais quando a vovó Post contou-lhe os detalhes do acidente que tirou a vida de ambos. Em um momento, Cameron era uma garota com uma rotina simples e tranquila, vivendo o dia a dia da cidadezinha, temendo por esconder o jeito estranho com que se sentia quando estava próxima a outra garota; em seguida, ela se tornara órfã, morando com a religiosa tia Ruth.

Anos após a morte de seus pais e do episódio do beijo entre ela e Irene, o ensino médio com certeza não estava sendo fácil para Cameron. Agora, já adaptada a sua nova vida, a adolescente tinha um vasto mundo a explorar. Envolvendo-se com um grupo de estudantes que apresentam-na à bebidas e drogas, Cam, no entanto, mantém seu foco em Coley, nova moradora da cidade.


A medida que o envolvimento entre as duas se torna intenso, a atração peculiar de Cam pela outra garota não passa despercebida pela atenta tia Ruth, que decide então mandá-la a um lugar que promete curá-la, libertando-a dos desejos pecaminosos que sente por Coley.

"Precisava saber que era nisso que estávamos entrando - eu sabia, era o que aquele cara fazia, pelo que era conhecido -, mas podia senti-la, ao meu lado, ficando um pouco tensa só de ouvir as palavras: cura gay."

A escola cristã e centro de cura para onde Cameron é mandada visa transformá-la em uma discípula fiel aos preceitos e morais religiosos, prometendo que, ao término dos ensinos na instituição, ela se tornaria alguém purificada. Com o tempo, a estadia de Cameron na escola cristã e as pessoas que lá se encontram a fazem questionar quem ela é, como se sente e quem acredita ser. Dessa forma, Cameron Post precisa entender quem realmente é, lutando contra influências externas nesse processo de descoberta e afirmação de sua pessoa.


[-Minhas impressões-]

O enredo em si é muito atrativo, tendo a sinopse me convencido a ler desde o início. No entanto, com o passar da leitura, a história se torna um pouco arrastada, visto que este é um livro bastante extenso - com suas 448 páginas -  e os personagens não tem um grande arco de mudanças. A tia Ruth continua sendo ela mesma desde os primeiros capítulos onde aparece, sem grandes surpresas. Cameron, embora seja uma adolescente em crescimento, amadurece suas idéias e seu jeito de ser com alguns conflitos internos, mas nada do que me foi apresentado sobre ela conseguiu me entusiasmar demasiadamente, visto que já era esperado por mim alguns de seus comportamentos.

A grande chave do enredo, que me atraiu e acredito que vá atrair os futuros leitores, é como Cameron Post lida com sua homossexualidade e a religiosa família. A autora conseguiu abordar o tema com a seriedade necessária, sem se deixar cair no perigoso caminho de criticar, de maneira grosseira, a religião da tia Ruth. Isso foi muito importante, uma vez que pessoas religiosas podem vir a se interessar pela leitura do livro e de maneira alguma elas deveriam se sentir ofendidas. Emily Danforth ganhou muitos pontos comigo nesse aspecto.

Acredito que o detalhamento minucioso da história feito pela autora, mesmo tendo deixado o livro um tanto extenso e cansativo, também é um aspecto positivo, pois nos ajuda a entender a vida e a família de Cameron desde o princípio como: A morte de seus pais, o envolvimento com a amiga na infância, os colegas de ensino médio e a escola cristã. Tudo tem impacto sobre quem ela se torna no decorrer das páginas e no final do livro. São as pessoas e os acontecimentos que moldam a garota que Cameron é. Suas dúvidas e inseguranças, ao meu ver, também são resultados do ambiente em que ela vive. É neste ponto em que somos capazes de entender que existem muitas Cameron ao redor do mundo, com medos e anseios aos quais elas não compartilham com os parentes e pessoas próximas pelo receio de serem julgadas.

Concluo minhas impressões dizendo-lhes que leiam O Mau Exemplo de Cameron Post. Mesmo que este não seja seu gênero preferido, arrisque-se. É uma ótima leitura para quem busca entender mais sobre as particularidades dos indivíduos. Um livro muito bem escrito, com uma arte de capa linda que se relaciona muito bem com o enredo e que me deixou apaixonada. Esta é uma leitura que vale a pena, sem sombra de dúvida.

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9 comentários

  1. Não me recordo de ter lido nada a respeito deste livro,mas vou admitir que gostei muito do que li acima. Pois parece um enredo que não somente traz a sexualidade, a culpa, mas também, na minha humilde opinião, questões familiares importantes.
    Até que ponto esse lance de religiosidade pode determinar o que é certo e errado na vida de outra pessoa?
    Cameron parece carregar a dúvida e desejos de muitas e muitos jovens e terá que aprender a duras penas lidar com tudo isso, rejeição, amizades, conflitos interiores.
    A capa é lindíssima e se tiver oportunidade, quero muito poder ler a obra.
    Beijo

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  2. Só de ler a resenha fiquei com dó da adolescente Cameron,perder os pais num acidente, ter que ir morar com a tia super conservadora e a avó. .fora as dúvidas sobre sua sexualidade numa fase tão complexa e difícil. .
    Gosto de livros longos, com muita descrição ,só não gostei da capa. Mas deve ser leitura boa e interessante para entender o que acontece e também para quebrar preconceitos, fico torcendo pelo relacionamento de Cameron e Coley,e claro na aceitação de sua agora restrita família!

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  3. Oi Emily!
    Eu acho muito linda a capa desse livro, e já estou mega ansiosa para comprar ele é ler.Ja vi muitos igs falando bem da história e vendo sua opinião sobre ele fiquei mais ansiosa ainda para ler.bjs amo suas fotos, são maravilhosos.

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  4. Emilly!
    Pena a autora ter trazido uma leitura arrastada e depois ter corriso no final, além de trazer ponto de vista contraditório.
    E bom ver que aa utora consegue trazer o tema homossexualidade dentro de uma família religiosa, apesar da história ter se arrastado, fiquei curiosa em poder ler.
    Maravilhosa semana!
    “Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca ouve. “(Ernest Hemingway)
    cheirinhos
    Rudy

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  5. Oi, Emilly!
    Também acho importante a autora não ter criticado a religião da tia Ruth de forma grosseira, mas achei bastante negativo esse detalhamente minucioso da autora na história, apesar de assim como você entender que isso seja necessário para o leitor conseguir enterder a personalidade da Cameron e o seu envolvimento com sua família...
    Eu confesso que O mau exemplo de Cameron Post não faça parte do meu estilo de leitura - prefiro livros com enredos simples sem muitos dilemas enfrentados pelos protagonistas... - mas gostei da sua dica - Cameron passar por tantas dificuldades e ainda sendo adolescente: a perda dos pais, as dúvidas sobre sua sexulidade e ter que enfrentar a tia... coitadinha! - e se eu tiver a oportunidade de ler esse livro vou arriscar a leitura sim... Então, valeu pela dica. Abraços!

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  6. Olá! Não conhecia o livro, mas o enredo parece ser bem interessante, apesar de uma leitura mais arrastada, trata de um assunto pouco visto em livros, mas que merece ser mais discutido sem sombra de dúvida. Interessante saber que a autora conseguiu passar a mensagem sem a necessidade de menosprezar a religião. Imagino o quanto foi difícil para Cameron ter que lidar com tantas emoções ao mesmo tempo.

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  7. Olá Emilly
    Eu acho sempre muito delicado, abordar os temas de sexualidade e religião juntos. Mesmo não sendo um gênero que não tenho costume de ler, eu achei bastante interessante, e gostei mais ainda, quando eu li na resenha que autora consegue abordar o tema com a delicadeza necessária!

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  8. Não conhecia o livro, mas achei a capa muito charmosa.
    Achei bem legal a autora abordar religião e sexualidade respeitando os dois temas sem criticá-los.
    Não é meu tipo de leitura, mas daria uma chance mesmo sendo bastante longo haha

    beijinhos
    She is a Bookaholic

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  9. Já tinha lido sobre o livro, mas não tinha visto ainda alguma análise que mostrasse essa relação entre a sexualidade da personagem e a religião, representada na figura da tia. É um livro que tenho interesse de ler.

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