Autora: Agatha Christie
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 288
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Embora aposentado da polícia belga há muitos anos, Hercule Poirot continua na ativa como detetive, desde que, é claro, encontre casos desafiadores para solucionar. Agora, no entanto, ele parece levar mais a sério a ideia de parar de vez. E que melhor maneira de encerrar a carreira do que executando os doze trabalhos de Hércules, o herói grego que inspirou seu nome de batismo?
Em cada história aqui presente, Poirot procurará relacionar uma investigação a uma das façanhas de Hércules, começando pelo leão de Nemeia e indo até as profundezas do Hades? ou quase isso. E, com o mesmo brilhantismo com que fará essas associações, nosso detetive resolverá os mistérios e encontrará os culpados. Mas será mesmo esse o fim de sua jornada?
Intrigante e divertido!
Hercule Poirot já havia se aposentado da polícia belga, mas ainda continuava sua carreira como detetive. Ele estava pensando em se aposentar desta também, porém estava na dúvida de como fazer isso, quando uma grande ideia lhe ocorreu ao conversar com um amigo seu, o Dr. Burton, professor de Oxford.
Eles estavam discutindo sobre o primeiro nome de Poirot, Hercule, e o Dr. Burton desejava saber por que haviam escolhido um nome pagão para ele assim como para o seu irmão, Achille, ambos com origem na mitologia grega. Ele começou a falar, então, de como acontecia de várias pessoas terem um nome que significava algo, porém elas não se assemelharem em nada com ele, chegando a claramente inferir que Poirot era muito diferente do herói da mitologia, principalmente no aspecto físico, o que deixou o detetive cada vez mais indignado.
Após terem continuado ainda a conversar sobre aquilo por certo tempo, o professor decidiu ir embora, porém deixando algo que não esperava atrás de si: uma Ideia... No final da conversa, ele havia feito menção aos 12 Trabalhos de Hércules, dando uma brilhante ideia ao detetive de como ele poderia concluir a sua carreira antes de se aposentar...
“Era preciso que aparecessem, novamente, os Trabalhos de Hércules – de um Hércules moderno. Ideia engenhosa e divertida! No período anterior à sua aposentadoria final ele aceitaria doze casos, nem mais, nem menos. E esses doze casos seriam selecionados com vistas especiais aos doze trabalhos do Hércules da antiguidade. Sim, isso seria não só divertido como também artístico... seria espiritual.”
E assim ele começa com O Leão da Nemeia, em que dois sequestros misteriosos de cães da raça pequinesa são relatados, com relativamente grandes quantias de dinheiro sendo pedidas para o resgate. Um caso que aparentemente nada tinha de especial, mas que acabou por desvendar uma série de mais de 15 sequestros de pequineses, além de possivelmente ter impedido um assassinato.
Depois desse e de vários outros casos que se seguem, Poirot deverá enfrentar diversas aventuras e perigos, e, talvez, chegar até As Profundezas do Inferno para solucionar cada um deles.
[ - Minhas Impressões - ]
Acho incrível como a Agatha Christie consegue se reinventar a cada livro. Não que eles difiram tanto assim, mas admiro muitíssimo a sua criatividade e genialidade para tantos casos simples e ao mesmo tempo brilhantes que cria. Ainda lamento o fato de ter terminado a leitura desse livro, pois fiquei com um gostinho de quero mais, e não me importaria nem um pouco se houvessem mais outros tantos contos.
"Os clássicos não são uma escada de acesso à conquista imediata do sucesso, como esses cursos por correspondência de hoje em dia! Não são as horas de trabalho de um homem que importam - são suas horas de lazer. Esse é o erro que todos nós cometemos."
É claro que nem todos foram fantásticos, mas dentre eles, vários se destacaram por serem curtos e conterem ainda assim uma grande revelação no final, tendo mais profundidade do que imaginado anteriormente. O único problema era que alguns acabavam rápido demais e, às vezes, tinham uma conclusão deveras resumida, ou um tanto confusas, por terem sido deixadas em aberto em alguns aspectos.
Todos eles se relacionam com cada um dos 12 trabalhos, e seguem uma linha de desenvolvimento semelhante à de cada trabalho. Em alguns casos, tais semelhanças foram bem visíveis, combinando perfeitamente com a história do mito, enquanto em outros parece que foram um pouco forçadas, e só se conectavam em pequenas partes.
No início, Poirot disse que esses casos seriam bem selecionados e ele só aceitaria aqueles que verdadeiramente lhe chamassem a atenção, e que tivessem alguma semelhança com os de Hércules. Porém, ao longo da narrativa, percebemos que nem todos foram realmente grandiosos como o detetive esperava, e na verdade, o que realmente chamava a atenção em cada um deles era o fato de serem justamente simples e, muitas vezes, um pouco peculiares.
Todos os casos foram protagonizados por Poirot, com exceção de alguns que contaram com a participação de outro detetive da região, ou algum ajudante de sua escolha. A maioria é resolvida rapidamente, e com destreza pelo genial detetive, e somente uns poucos demoraram mais de um mês, o que mal dá para se notar em vista de que cada conto contém, mais ou menos, 20 páginas.
“E, ao mesmo tempo, sentia uma certa compreensão para com Sir George. Era óbvio que o homem desejava contar-lhe alguma coisa – e igualmente óbvio que desde há muito ele havia esquecido a arte da narrativa simples. As palavras, para ele, se haviam transformado em meio de obscurecer os fatos – e não de revela-los. Era extremamente hábil na arte do uso da frase útil – isto é, da frase que atinge suavemente o ouvido e é totalmente destituída de significado.” – Pensamentos de Poirot a respeito do ministro do Interior
Um ponto a se destacar são os cenários predominantes em cada conto e a região em que eles se passam, além dos vários assuntos tratados (desde política até desaparecimento de cães, casos de loucura e roubos de obras de arte), o que garante maior diversidade e variedade na obra, sem deixar que esta se torne muito cansativa.
Outra coisa que achei interessante foi que, durante o decorrer desses contos, pudemos conhecer um pouco mais sobre Hercule Poirot, o que raramente eu via em outros livros da autora, apesar de ter lido apenas uma pequena parcela deles. Considerei isso algo fascinante, pois ele é um personagem bem curioso e de uma personalidade singular, que foi pouco explorado nas outras obras dela. Ele é um pouco mais orgulhoso e arrogante do que eu imaginava, porém não posso deixar de admitir que esse é um dos fatores que deixa toda a história mais divertida.
A linguagem utilizada é como a da maioria dos livros da Rainha do Crime, simples, direta, e levemente cômica em algumas partes, e a leitura se dá de forma fluida e agradável, podendo esse livro ser lido em pouco tempo e sem dificuldade alguma.
“- Hugh rompeu nosso noivado porque acha que está ficando louco. Ele acha que quem está louco não deve se casar. [...]
- E a senhorita não concorda?
- Eu não sei... Afinal, o que é estar louco? Todo mundo é um pouco louco.”
A edição feita pela Editora Nova Fronteira está espetacular como sempre, com uma capa lindíssima e que revela novos detalhes a cada vez que olhamos para ela (se vocês olharem bem, perceberão que existe um rosto de um homem na capa, o que eu tinha confundido antes com grandes nuvens, risos). Amo essas edições em capa dura, o único defeito que encontrei são alguns erros de digitação, principalmente de travessões faltando para indicar a fala de algum personagem, ou a mais em outros lugares em que não está presente nenhuma fala ou explicitação de algum assunto.
Admito que esse não foi um dos melhores da autora, mas apesar de tudo, considero que essa foi uma boa leitura, e posso dizer que me diverti muito com ela. Recomendo a todos que desejam um livro para descansar e se divertir um pouco, essa é uma boa indicação para aqueles que já conhecem a autora ou a desejam conhecer!
“- Então ele é um homem infeliz?
- Tão infeliz – disse Poirot – que já esqueceu o que é a felicidade. Tão infeliz que nem sabe que o é.
Suavemente, a freira disse: Ah, um homem rico...”
9 comentários
Poirot e seu jeito todo desengonçado é uma das grandes criações da Diva do mistério!
ResponderExcluirLi este livro em um versão tão antiga, que a capa cheirava a mofo.rs na velha biblioteca da cidade.
E sem sombra de dúvidas, esta edição da Nova Fronteira deixou a capa ainda mais com a carinha dos livros da Agatha!
Deu vontade reler.rs
Beijo
Oi Sophia!
ResponderExcluirEu não sou muito fã das Obras da Agatha, mas quero um dia ler Pelo menos uma obra dela, esse ano.
Olá! É impressionante como a Agatha consegue escrever tantos livros, histórias que nos encantam, apesar de não ler muito livros dela esse está um arraso mesmo, capa linda e a leitura parece que flui muito bem, além disso, também gosto da mitologia grega e é bacana vê a mistura desses temas.
ResponderExcluirOi, Sophia!
ResponderExcluirSempre tive curiosidade em conhecer a escrita da Rainha do Crime mas nunca tive a oportunidade... quem sabe futuramente?!
Não conhecia o detetive Hercule Poirot, mas pelos seus comentários acredito que irei gostar dele, gosto de personagens que possuem um personalidade singular, e penso que essa arrogancia e orgulho também irão me divertir...
Quanto aos erros de digitação nessa edição, achei bastante negativo, penso que uma edição de capa dura da Rainha do crime deveria ter recebido mais atenção... é uma pena.
Mas enfim, valeu pela dica, já anotei na minha lista de leitura. Abraços!
Ps: parece mesmo grandes nuvens na capa rsrs.
Eu sou super fã da escrita da Agatha, e especialmente dos livros que o Poirot aparece.
ResponderExcluirAcho incrível também como ela consegue se reinventar em cada livro.
Este ainda não li, mas achei bem legal sabermos mais sobre o Hercule já que nos é mostrado pouco mesmo.
beijinhos
She is a Bookaholic
Olá Sophia
ResponderExcluirEu não conhecia a Agatha Christie (estou me sentindo uma extraterrestre por não conhece-lá)... Sou fascinada em mitologia grega, então eu adorei a sinopse do livro e todo o enredo, fiquei curiosa para ler!
Eu li apenas dois livros de Agatha Christie, gostei da escrita não dos livros, mas esse por serem 12 histórias assim como os 12 trabalhos deve ser bem legal. Essas edições da Nova Fronteira são lindas, e o personagem Poirot dá um charme com a inteligência e ironia características. Quem sabe aumento minha cota de Agatha?
ResponderExcluirEu ainda não li esse de Agatha Christie. A capa e a edição realmente estão lindas. Adoro pequenos contos e o que mais me chama a atenção e se torna um atrativo é a ligação entre eles com seus personagens e cenário. Dica anotada.
ResponderExcluirSophia!
ResponderExcluirE ainda acrescento as suas observações, o fato da Agatha ter escritos seus livros em uma época em que as mulheres tinham de usar pseudônimos masculinos, porque as mulheres não eram bem vistas como escritoras e ela enfrentou, escreveu e editou seus livros e fazem sucesso até hoje.
Estou fazendo uma releitura de todos os livros dela e me deliciando.
cheirinhos
Rudy