Resenha - Não basta não ser racista

02 outubro 2020

Título: Não basta não ser racista sejamos antirracistas
Autora: Robin DiAngelo
N° de páginas: 191
Cortesia: Faro Editorial
Skoob
Onde comprar: Amazon
EU NÃO SOU RACISTA, MAS...
Negação, silêncio, raiva, medo, culpa... Essas são algumas das reações mais comuns quando se diz a uma pessoa que agiu, geralmente sem intenção, de modo racista.
Ser abertamente racista não é algo socialmente aceitável. Ninguém quer ser visto assim. Mas cada vez que nega o racismo, impedindo que ele seja abordado, que nossos preconceitos sejam discutidos, jogamos tudo de volta para debaixo do tapete.
As reações de negação não servem apenas para silenciar quem sofre o preconceito, também escondem um sentimento que a autora Robin DiAngelo passou a chamar de fragilidade branca.
Apoiada em duas décadas de pesquisa, palestras e também em sala de aula, DiAngelo mostra como esse sistema de autodefesa sustenta a ideia de uma superioridade branca.
Em um experimento, a autora catalogou frases, palavras e sentimentos de voluntários que se veem sem qualquer preconceito e demonstrou que, no fundo, ele estava lá. Sua proposta é que todos comecem a ouvir melhor, estabeleçam conversas mais honestas e reajam a críticas com educação e tentando se colocar no lugar do outro.



A leitura de Não basta não ser racista foi muito diferente do que eu esperava quanto ao conteúdo. O livro aborda o racismo em suas várias formas e facetas. Aponta o dedo na cara da pessoa branca que acredita não ser racista porque tem amigos negros, ou que convive de maneira harmoniosa não só com os negros, mas com as pessoas de cor. Palavra muito usada em todo o livro pela autora Robin DiAngelo que acredita que somos racistas, mas que não conseguimos admitir o fato.

O livro aponta as pessoas brancas como extremamente sensíveis ao fato de serem racistas e, no entanto, não conseguirem admitir que praticam o racismo mesmo sem se darem conta disso. Ela assegura que as pessoas que praticam o racismo e não enxergam isso são pessoas que adotaram um método intitulado de ''fragilidade branca'', pois se colocam totalmente na defensiva ao se sentirem atacadas quando lhes são apontados tais atitudes.

O livro trás relatos de pessoas negras que sofreram e sofrem por conta do racismo, e também trás relatos de pessoas brancas, que juram que nunca fizeram tal coisa.

Os relatos são fortes e tristes, causando raiva e solidariedade de quem lê.


Algumas colocações da autora precisam ser muito bem analisadas por quem está lendo, uma vez que nós não somos e nem devemos nos sentir obrigados a concordar com o que ela diz porque eu sinceramente não consegui digerir muito bem algumas coisas ditas por ela, e talvez tenha sido esse um dos motivos pelo qual eu não consegui gostar muito do livro.

Outra coisa que me deixou sem entender muito bem é como ela sendo uma mulher branca consegue dimensionar e determinar o que sente a pessoa negra vítima de racismo e preconceito. Isso não ficou muito claro para mim e eu não consegui entender muito bem.

Os relatos dos negros realmente é algo que choca muito. Afinal, trata-se de algo desumano e aterrador e vai desde uma pessoa branca não querendo deixar que uma pessoa de cor tenha o direito de se expressar em uma reunião de trabalho, ou então que a pessoa de cor não tenha o direito a ter um cargo profissional elevado, ou não poder dizer como se sente em um grupo de conversa. Enfim, são inúmeras situações que Robin traz como cruciais para dizer com todas as palavras que sim, o preconceito e o racismo existe e as pessoas precisam admitir e trabalhar isso para que seja uma maneira de que todos possam conviver respeitando as diferenças e se colocando no lugar do outro.

Apoiada em vinte anos de pesquisas catalogados, palestras e também dentro de sala de aula Robin tem um vasto material que atesta que a fragilidade branca precisa ser admitida, encarada e trabalhada por essas pessoas, para que elas possam reagir às críticas com educação e se coloquem no lugar do outro.


O livro não é ruim, mas não conseguiu me prender. Eu achei a forma com que a autora o escreveu muito didática e pedagógica e isso sem sombra de dúvida dificultou e atrapalhou muito a leitura, pois pareceu para mim que eu estava lendo infindáveis textos acadêmicos que, vamos admitir não é todo mundo que é fã. Eu pelo menos não sou e não gosto. 

O tema é de vital importância para todos, mas a forma com que ele foi executado não agrada e não prende a atenção, pelo menos a minha não prendeu. Tem partes muito boas, acredito que sejam os relatos das pessoas, quando havia mais interação, diálogos e conversas, mas quando só a autora fala, ou seja, quando só ela aparece, a história deixa de ser interessante.

Com certeza é um livro que precisa ser lido porque ele levanta muitas questões e põe em xeque a todos nós. Mas talvez esse não tenha sido o melhor momento para eu ler e, talvez por isso, não tenha conseguido apreciá-lo da maneira certa. Todavia, precisamos sair da nossa zona de conforto e ler mais livros como esse.

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