Resenha - Os 27 crushes de Molly

05 dezembro 2017

Título: Os 27 Crushes de Molly
Autora: Becky Albertalli
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Skoob
Onde comprar: Amazon / Saraiva

Molly já viveu muitas paixões, mas só dentro de sua cabeça. E foi assim que, aos dezessete anos, a menina acumulou vinte e seis crushes. Embora sua irmã gêmea, Cassie, viva dizendo que ela precisa ser mais corajosa, Molly não consegue suportar a possibilidade de levar um fora. Então age com muito cuidado. Como ela diz, garotas gordas sempre têm que ser cautelosas.
Tudo muda quando Cassie começa a namorar Mina, e Molly pela primeira vez tem que lidar com uma solidão implacável e sentimentos muito conflitantes. Por sorte, um dos melhores amigos de Mina é um garoto hipster, fofo e lindo, o vigésimo sétimo crush perfeito e talvez até um futuro namorado. Se Molly finalmente se arriscar e se envolver com ele, pode dar seu primeiro beijo e ainda se reaproximar da irmã.
Só tem um problema, que atende pelo nome de Reid Wertheim, o garoto com quem Molly trabalha. Ele é meio esquisito. Ele gosta de Tolkien. Ele vai a feiras medievais. Ele usa tênis brancos ridículos. Molly jamais, em hipótese alguma, se apaixonaria por ele. Certo?
Em Os 27 Crushes de Molly, a perspicácia, a delicadeza e o senso de humor de Becky Albertalli nos conquistam mais uma vez, em uma história sobre amizade, amadurecimento e, claro, aquele friozinho na barriga que só um crush pode provocar.






Molly tem 17 anos e já empilhou em sua bagagem de vida um total de 26 crushes. Só que ela desenvolveu essas paixões somente dentro de sua cabeça, logo, esses garotos jamais ficaram sabendo do interesse de Molly. Ou seja: ela nunca beijou na vida. Nunca foi correspondida. E nunca foi rejeitada. Mesmo que algum garoto falasse com ela ou apresentasse algum indício de paquerá-la, ela não ousava se arriscar, sempre retraída e calada. O motivo disso? Molly não se acha bonita por ser gorda. Não só um pouquinho acima do peso ou cheinha, ela é gorda com todas as letras.

Mas ela já está cansada do fato de ainda não ter beijado nenhum garoto, e quando sua irmã gêmea, Cassie, começa a namorar Mina e demonstra estar profundamente apaixonada pela primeira vez, essa pressão de se envolver e relacionar com alguém passa a ficar ainda maior. Afinal, Cassie é a melhor amiga de Molly e de repente ela fica com medo de perdê-la para sempre. Por isso, Cassie a ajuda a aproximá-la de Will, um amigo próximo de Mina, para que as duas não corram o risco de se distanciarem. Afinal, é visível para todos como Will mexe com Molly. Como ele a deixa sem graça, tímida e nervosa. Como ele tem potencial para se tornar o 27º crush.

O problema é que Molly passa a trabalhar em uma loja e acaba criando uma amizade com um garoto bem estranho e nada parecido com alguém que ela tenha conhecido alguma vez. E conforme Cassie vai elaborando planos e estratégias para fazer com que Molly dê seu primeiro beijo em Will, ela não consegue evitar pensar nesse garoto. Só que é bem diferente de todas as outras vezes, pois eles conversam bastante e brincam um com o outro, então não tem como ele se tornar um crush. Mas Molly irá perceber que as paixões nem sempre chegam da mesma maneira em sua vida. 

“Acontece algo horrível quando um cara acha que você gosta dele. É como se ele estivesse todo vestido e você estivesse nua. É como se seu coração de repente ficasse fora do corpo, e, sempre que ele quisesse, pudesse esticar a mão e espremê-lo. A não ser que ele goste de você também.”



[ - Minhas Impressões - ]

Os 27 crushes de Molly é, sem dúvidas, um dos melhores young adult’s que já li. É fato que sou bastante aficionada por gêneros como suspense, terror e fantasia, mas não consegui resistir a premissa desse livro. Ele possui um gênero que sempre me deixa feliz e toda boba, devorando as páginas e me fazendo suspirar pelas emoções e primeiros relacionamentos de personagens que ainda estão passando pela adolescência. Tudo é muito novo. Tudo é muito intenso. E os sentimentos são tão fortes que não podem ser contidos, as coisas precisam acontecer agora, do contrário, o mundo acaba amanhã! Adoro como as pessoas que passam pela fase jogam de cabeça naquilo que acreditam, se entregam de corpo e alma para a paixão e o amor sem medo. O romance que a Molly vivencia acaba se desenrolando de forma gradual, não é algo tão clichê como a fórmula do ‘amor à primeira vista’. Ele se desenvolve de forma bem natural, inesperada e sem possibilidade nenhuma de previsão.

Conforme vamos acompanhando os devaneios e desejos de Molly, acaba sendo inevitável não torcer por ela, ter esperanças para que ela finalmente pare de deixar as coisas acontecerem só dentro de sua cabeça e tomar alguma atitude, sem ter medo da resposta, aprender a lidar com isso e dar a volta por cima caso não obtenha o retorno desejado.

“Acontece que, quando gosto de algum garoto, não consigo falar com ele. Não de verdade. Meu corpo me trai completamente. E é meio diferente com cada menino, então é difícil generalizar, mas, se eu tivesse que descrever a sensação que uma paixonite provoca, diria o seguinte: você terminou de correr um quilômetro e precisa vomitar e está morrendo de fome, mas nenhuma comida parece apetitosa, e seu cérebro vira uma névoa e você também precisa fazer xixi. É quase insuportável. Mas eu gosto. Mais do que eu gosto. Eu desejo. Porque tem o enjoo e a névoa, mas também tem isto: um sentimento inabalável de que uma coisa maravilhosa está prestes a acontecer. Essa é a parte que não consigo explicar. Por mais improvável que seja, sempre tenho um fio de esperança. E, quando se trata de sentimentos, isso é bem perigoso.”

Além do livro conter um gênero que amo e sempre acabo devorando em pouco tempo, ele possui um diferencial muito legal: é bastante recheado de diversidade e representatividade! Temos uma família gerada por duas mães, das quais utilizaram o mesmo doador anônimo para gerar os filhos: Patty gerou as gêmeas Molly e Cassie, enquanto Nadine gerou o pequeno Xavier. Um lado da família é judeu, Cassie é lésbica, Patty é bissexual, Nadine e Xavier são negros, Mina é asiática e pansexual, Molly é gorda. Adorei ver tanta representatividade de minorias em uma só história! A autora conseguiu abordar isso de uma forma que soou muito natural, é possível notar que ela não jogou esses temas de um modo superficial na história.

Amei a protagonista que a autora criou. Ela é, sim, bastante insegura por ser gorda, mas vê-la se apaixonando e ter acesso aos seus pensamentos sobre esses garotos e aos detalhes que ela percebe e aprecia neles me fez sentir uma grande vontade de me apaixonar. Que personagem mais fofa! Sinto vontade de ser sua amiga, de ajudá-la e incentivá-la a se arriscar e ser ousada, de conversar sobre se distanciar da melhor amiga porque a mesma acabou entrando em um relacionamento e parece dedicar todo o seu tempo só a ele. Quem nunca passou por isso, né? Além disso, me identifiquei a ela também no excesso de insegurança, eu não me sentia bonita o bastante, não conseguia conversar com os garotos que estive interessada por medo de rejeição, e me sentia mal por não poder conversar com minhas amigas sobre garotos, beijos e sexo, pois não tinha experiência nenhuma nisso. Me incomodava tanto quanto ela essa sensação de estar atrasada, de não conseguir acompanhar os grandes passos que as pessoas davam naquela idade enquanto eu não havia cumprido o item mais básico.

“De repente, sinto vontade de chorar. De alegria. De muita alegria. Porque sei exatamente o que ela quer dizer. Frio na barriga, uma sensação de estar meio aérea e ter coraçõezinhos no lugar dos olhos, mas, por baixo disso tudo, ouço uma voz repetindo: Não consigo acreditar nisso. Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo comigo. Não consigo explicar como essa sensação é doce e gostosa. É descobrir que a porta na qual você estava batendo está finalmente destrancada. Talvez estivesse destrancada o tempo todo.”

A autora inseriu vários temas importantes na história que podem passar despercebidos pela sociedade em geral, mas que são extremamente importantes: a presença da gordofobia, que muita gente julga isso como apenas uma brincadeira inocente, mas que passa bem longe disso; a homofobia e o impacto de assumir um relacionamento gay para a família e o fato de que isso pode até mesmo criar uma distância imensa entre os membros; a diversidade racial e relacionamentos inter-raciais; a presença da bissexualidade, ainda que sutil, através de uma das mães de Molly e Cassie, nos lembrando que a letra B na sigla LGBT existe e não está ali apenas como enfeite; uma religião e toda a cultura advinda disso. Percebe-se que apesar de Os 27 crushes de Molly ser um young adult fofo, delicado e inocente, oferece grandes possibilidades de fazer o leitor se identificar de alguma maneira! ♥

Li esse livro em  ebook e adorei a experiência que tive com ele, a editora Intrínseca atribuiu capricho e delicadeza na edição e nos aspectos técnicos. A revisão, espaçamento entre linhas e fonte para leitura estão perfeitos, a editora realizou um excelente trabalho para me proporcionar uma leitura muito confortável e fluída, adorei tudo! Enfim, recomendo o livro para todos aqueles que não só gostam de romances juvenis, mas que estão interessados em deixar a mente aberta a fim de compreender como é estar entre minorias. É um livro recheado de diversidade, representatividade e empoderamento feminino. Recomendadíssimo!


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10 comentários

  1. Amanda!
    Acredito que o livro é de fácil identificação para os leitores, pois como falou, quem nunca passou pelo que ela passou aos 17 anos: dúvidas, receios e medos... e ainda tem a família, né?
    E gostei ainda mais de ver que o livro mostra grande diversidade e tem representatividade de todo tipo, livros assim merecem toda nossa atenção.
    Achei o enredo um amorzinho e fiquei bem curiosa pela leitura.
    Que dezembro seja repleto de realizações e a semana cheia de luz e paz!
    “A melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!

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  2. Olá! Acho super importante a questão da representatividade na literatura, especialmente se considerarmos que a maioria esmagadora de personagens protagonistas segue um padrão europeu/norte-americano de beleza, em geral brancos, magros, bonitos. E é ótimo, inclusive, que o livro seja destinado a um público mais jovem, quem sabe numa tentativa de moldar desde cedo um leitor mais consciente e respeitoso. Parece um ótimo livro! Acho essa fase das descobertas e primeiros amores muito fofa também. <3
    Beijos!

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  3. Olá Amanda, tudo bem?
    Este é um livro que me chamou a atenção desde seu lançamento. Quando vi que era da mesma autora de Simon vs. a agenda Homo Sapiens, fiquei mais curiosa ainda para ler. Gosto bastante de young adult, apesar de já ter passado há tempos desta faixa etária e os meus favoritos são os que trazem temáticas de representatividade e luta contra preconceitos.
    A estória de Molly reflete os conflitos que todo adolescente enfrenta em sua passagem pela puberdade, e se difere por abordar a temática LGBT de forma bastante leve e ao mesmo tempo firme e direta.
    Fiquei mais curiosa ainda para verificar o empoderamento feminino que o livro traz, e para conferir como esta obra virá abrir cada vez mais nossas mentes@

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  4. Oi Amanda!
    Essa fofura já está na listinha aguardando uma oportunidade...Qro mto conhecer o enredo, me identifiquei em alguns pontos qdo eu tinha essa idade, bem gostoso relembrar viu...Me parece uma leitura fácil e bem agradável, espero conseguir ler logo.
    Bjs!

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  5. Namoro este livro desde que ele foi lançado e já está na minha listinha de desejados tem um bom tempo!
    Adorei a premissa do livro. Essa "bagunça" gostosa de temas fortes, mas que pouco a pouco tem alcançado sim, momentos constantes de discussão em nosso meio.
    Rótulos...acho isso tudo tão pequeno. Somos pessoas! Apenas pessoas e Molly é também!
    Espero ter a oportunidade de ler o livro em breve!
    Beijo

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  6. Oie...por aqui de novo...esse livro sempre me chamou atenção, fui curiosa e procurarei resenha dos outros, para procurar se era positivo! Muitase pessoas gostaram deste livro. Eu ainda não li esse livro, por isso não comentei muito por aqui, mas não gosto muito receber spoiler.

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  7. Ai que legal! Gosto de livros que fazem a gente gostar tanto do livro e ter vontade de algo, ainda mais quando se trata de um livro sobre romance, aquele amorzinho de ver as pessoas se apaixonando é tão gratificante... é dificil achar um livro assim, tem muitos que jogam o romance em nosso colo estilo "aceita ai" :(
    Estou lendo um livro de uma protagonista gorda também, e estou achando bem legal.

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  8. Oi Amanda ;)
    Nossa, amei a resenha! Confesso que já conhecia o livro, e sabia que a autora é a mesa daquele outro livro que será adaptado (não lembro o nome), mas não tinha me interessado tanto em procurar saber mais sobre a história... e outras resenhas que li não me deixaram tão animada para ler!
    A Molly me lembrou um pouco a protagonista do livro Dumplin, mas acho que as semelhanças com o livro param aí.
    Adorei que o livro mostra essa representatividade, tanto sexual como racial e etc, e traz uma história cheia de significado e que rende uma ótima leitura!
    A Molly parece uma personagem bem identificável para nós mulheres, que em geral temos a nossa insegurança acerca do nosso corpo, e tenho certeza de que vou adorar a personagem e a história!
    Bjos

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  9. Oi xará, como vai?

    Menina! Estou super curiosa para realizar a leitura dos 27 crushes de Molly. Sempre me pareceu uma obra maravilhosa e após suas impressões, pude confirmar que realmente vale a pena embarcar nesta leitura.

    Trazer uma personagem tão realista e com toda a insegurança por não conseguir suprir os "padroes" impostos, foi de grande sensibilidade por parte da Autora, vez que quase sempre temos personagens principais "perfeitas".

    Além de todo enredo fantástico, o fato de, mesmo com toda insegurança, ela conseguir passar toda fofura e meiguice, foi o que mais me chamou atenção!

    Sim, sem dúvidas preciso ler (para ontem) Os 27 crushes de Moly. Sinto que tenho muito com o que me apaixonar.

    Parabéns pela fantástica resenha!

    Abraços, Amanda M.

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  10. Me identifiquei muito com esse livro cada capítulo cada citação principalmente com a personagem protagonista indico a todo mundo esse livro

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