Resenha - O Mirante

13 outubro 2017

Título: O Mirante
Autor: Michael Connelly
Cortesia: Editora Cia das Letras / Suma de Letras
Páginas: 196
Skoob
Onde Comprar: Amazon / Saraiva 

No seu primeiro caso a serviço da Delegacia Especial de Homicídios de Los Angeles, o experiente detetive Harry Bosch se depara com um cadáver no mirante de Mulholland Drive. Logo ele descobrirá que o crime parece ter relação com uma grave ameaça à segurança nacional. E que sua lista de preocupações imediatas passará a incluir itens tão diversos quanto o roubo de uma grande quantidade de césio 137 e a necessidade de trabalhar em parceria com o FBI e com uma ex-amante.








Harry Bosch recebe uma ligação tarde da noite de seu supervisor sendo ordenado a verificar um cadáver localizado no mirante de Mulholland. Já que seu parceiro jovem, chamado Ignacio Ferras, mora muito longe do local, ele não aguarda e vai até lá imediatamente. Lhe informam que o homem falecido se chama Stanley Kent e que era um físico médico, tinha acesso a todos os hospitais de Los Angeles e lidava com materiais expostos a radiação. Achavam se tratar apenas de mais um caso de homicídio como qualquer outro, até que Rachel Walling, ex-parceira e ex-amante de Harry Bosch, uma agente do FBI, aparece e lhe revela informações interessantes sobre um dos materiais radiativos que Stanley lidava: o césio. Aparentemente, ele pode ser usado para causar destruições catastróficas. Logo, passam a suspeitar de terrorismo, ainda mais com a revelação de que uma quantidade perigosa do material foi roubada. Em meio ao atrito com o FBI e sua ex-amante, Harry Bosch tenta se manter firme e motivado a buscar a verdade, por mais que isso lhe possa custar o emprego...

Eu adoro romances policiais e como tenho visto um certo burburinho a respeito dos livros de Michael Connelly ultimamente, não pude resistir à minha curiosidade e decidi dar uma chance para conhecer a sua escrita em O Mirante. Não demorou muitas páginas para eu perceber um detalhe: é um livro bem distinto dos outros em comparação com o gênero. Tive uma forte sensação de estar assistindo um episódio de uma série, e não de fato lendo um livro. Acredito que um dos motivos de eu ter chegado a essa conclusão é o fato de que decorrem muitas cenas cômicas e absurdas que jamais aconteceriam se o caso fosse verdadeiro. Não que os outros livros do gênero sejam realistas, mas o diferencial talvez seja por a história ser narrada em terceira pessoa, ou seja, nós, leitores, não sabemos o que Harry está pensando ou quais são suas emoções no momento. 

"Havia um espelho de corpo inteiro no lado externo da porta. Ao abri-la, o reflexo de Bosch apareceu diante dele. Por um momento, ele achou que talvez visse algo novo em seu olhar. Algo que não estava lá quando se examinou no espelho antes de sair de casa. Uma expressão de desconforto, talvez até medo do desconhecido. Era compreensível, concluiu. Havia trabalhado em milhares de casos de assassinato, mas nenhum que o conduzisse na direção que ia agora. Talvez medo fosse apropriado."

O Mirante é uma história policial muito visual, e não para ser sentida. Nós vemos os personagens, a ambientação, os momentos de ação, mas talvez por se tratar de circunstâncias em que, para que o trabalho funcione efetivamente, é necessário bloquear um pouco os sentimentos, eu tenha nutrido essa percepção. Outro fator que me fez considerar essa hipótese é que foi fácil perceber nitidamente a jogada que o autor fez para explicar alguns elementos da história, como por exemplo, fazendo um personagem adotar uma postura técnica e explicar algumas informações científicas para manter Bosch, forenses, outros agentes – e é claro, nós, os leitores -, a par do que está acontecendo e tomar discernimento da grandiosidade e perigo do problema. Não que isso seja um aspecto negativo da história, mas achei interessante frisar. 


Não sei como o autor obtém tanta criatividade e genialidade para ser capaz de criar um excelente desdobramento até que cheguemos à reviravolta principal, que é quando todos os mistérios são resolvidos e as pontas soltas, fechadas de uma só vez. É incrível e tão surreal! Ele até joga algumas dicas no meio do caminho conforme vai trilhando a história, porém, por mais que consigamos perceber alguma coisa, não há como desvendarmos e conectarmos tudo: as motivações dos suspeitos, a forma cuidadosa que realizaram o assassinato e roubo, como conseguiram certas informações importantes, quais dados são verdadeiros e quais são enganosos. E é justamente a junção de todas essas coisas que faz o livro ser tão bom! Adorei demais ser surpreendida dessa forma! 

Harry Bosch é um detetive tão incrível e peculiar contrastado a qualquer agente que já conheci nesse mundo literário. Inteligente, perspicaz e bastante desconfiado, ele não tem medo de ir contra às ordens de superiores e nem faz questão de esconder sua grande repulsa pelos agentes do FBI. Essa batalha que ele alimenta é algo tão sério que cheguei a pensar que o autor criou um detetive frio e calculista, que não se importa verdadeiramente com as vítimas, mas apenas em sair ganhando e levar os créditos por isso. Agora que concluí a leitura, ainda não sei se consegui me desvencilhar desse pensamento, mas acredito que toda essa agitação por parte de Bosch se tratava de seus instintos em ação e o autor não seria tão ingênuo a ponto de criar um protagonista que só comete erros, não é mesmo? Precisamos que os casos, por mais mirabolantes que sejam, façam-se resolvidos e para isso é preciso adotar uma fórmula justa. E Michael Connelly fez isso muito bem!

"Estamos todos no bico do corvo, pensou. Uns mais perto do que outros. Uns podem ver os golpes afiados chegando, enquanto outros não vão saber de nada até que as bicadas já estejam sobre seus olhos, mergulhando-os numa escuridão eterna. O importante é continuar lutando, disse Bosch para si mesmo. Lutar até o fim. Lutar contra a escuridão."

Só depois de ter devorado o livro é que me dei conta de que se tratava de uma série, e que O Mirante é o 13º da série Harry Bosch! Isso me surpreendeu um pouquinho pois não me senti como se estivesse perdendo alguma coisa de relevante. Foi bastante simples me habituar aos personagens e fatos que aconteceram nos livros anteriores. Se mencionam um personagem novo, por exemplo, logo já vem a explicação de que tal pessoa era a ex-parceira de Bosch e por aí vai. Gostei desse cuidado que o autor teve, imagino que não seja fácil se desprender dos livros anteriores e criar outra história sem relacionar ela de um modo muito interligado. Dada a minha experiência, posso dizer com propriedade de que não há nenhum problema em ler fora da ordem, e se quiser começar por esse livro, é uma excelente escolha! Gostei muito de O Mirante e agora me sinto mais tentada a conhecer outras obras.

Como viram pela resenha, não disse muita coisa da história por se tratar de um livro bem curtinho. É fácil devorar esse livro em menos de um dia, ainda mais considerando que conta com uma escrita tão boa e fluída como a de Michael Connelly. Adorei! A edição é bem simples e a capa não chama muita atenção, mas não me decepcionou em nada. Pode-se dizer que O Mirante é uma excelente porta de entrada para livros do gênero policial ou mesmo para outras obras mais complexas do autor. Michael Connelly é um nome que merece ser lembrado. Altamente recomendado!


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12 comentários

  1. A história desse livro me chamou bastante atenção, adoro ler tramas policiais e ainda mais essa que fala sobre uma arma química!! Fiquei muito curiosa a conhecer mais sobre as obras desse autor e o fato de ser bem envolvente e o leitor não se sentir perdido na leitura.

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  2. Oi Amanda ;)
    Já li tantas resenhas positivas do autor que sinto que já conheço seus personagens, principalmente o Harry Bosch kkkk adoro!
    Já disse na última resenha dele que está na minha meta ler pelo menos um livro dele até o final de ano, e espero conseguir cumprir! Assim como você adoro romances policiais, e sem dúvida irei gostar dos livros do Michael!
    Que legal que é um livro mais visual, e acho que vou gostar dessa criatividade que é característica do autor.
    Esse suspeito do livro parece especialmente metódico, e esses são os mais cruéis. Mas nada que o incrível Harry não consiga resolver, certo? kkkk
    Adorei sua indicação, já foi colocado na lista de leitura também :)
    Bjos

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  3. Olá! Tudo bem?
    Adoro livros sobre investigações e tem um mistério a ser resolvido, então posso dizer o quanto eu gostei da premissa e amei o enredo. Quero ler o mais breve possível!
    Beijos.

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  4. Oi Amanda.
    Isso acontece muito comigo, pegar um livro para ler e não pesquisar a respeito e descobrir só depois que ele faz parte de uma série muito longa, mas enfim, eu adorei a premissa do livro e assim como você também gosto bastante de romances policiais, ainda não tive oportunidade de conhecer a escrita do autor. porém ouvir maravilhas sobre ela.
    Fiquei feliz em saber que apesar desse livro se tratar de uma série, não sentiu como se tivesse faltando algo, concordo com você a capa não chama a atenção.
    Bjs.

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  5. Sou apaixonada por livros policiais. Connelly alcançou um patamar altíssimo e se minha pouca memória não estiver tão falha,ele já teve alguns de seus livros na lista dos mais vendidos recentemente!
    Não conhecia esta série, mas estou indo agora sapear os livros anteriores.rs
    Beijo

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  6. Aqueles livros de suspense que a gente respeita!!
    Amo livros de investigação, sempre fico vidrada nas histórias pois elas sempre acabam sendo surpreendentes e intrigantes.
    Fiquei hiper curiosa com o desfecho desse livro.
    Adoro suas resenhas chará, amei amei amei !!

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  7. Amanda!
    Bem que achei o nome familiar, mesmo sem ter lido nada do autor, mas acompanho Castle diariamente...kkk
    Amo bons livros policiais e faz tempo que não me deparo com um tão bom.
    E por esse fato, estar decepcionada com os últimos que li, acabei deixando um pouco de lado o estilo, mas já anotei aqui para ir em busca dos livros do autor.
    Um final de semana alegre e feliz!
    “Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.” (Francis Bacon)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  8. Oi Amanda, tudo bem?
    Nossa como vocês gostam do Michael Connelly ein, nunca li nada do autor, mas pelas resenhas sinto como se já conhecesse a escrita dele. Eu adoro romances policiais, são os meus livros preferidos. Achei a premissa de O Mirante bem intrigante, e fiquei surpresa ao saber que ele faz pate de uma série com 13 livros. Me sinto meio com preguiça ao ver que são tantos livros, porque não consigo ler um livro sem ler os outros e saber que são da mesma série. Tenho curiosidade em conhecer a escrita do autor.
    Beijos

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  9. Oi! Apesar de gostar bastante de livros desse gênero, nunca ouvi falar do autor (o que me deixa até envergonhada kkkk). Adoro quando os livros são independentes pois podemos terminar de ler sem aquele anseio pelo próximo, e, mesmo que a gnt comece pelo ultimo volume, ainda sim vamos entender a história. Adorei saber que o livro possui uma pitada de química (matéria que sempre amei), e fiquei bem curiosa para saber pq o físico médico morreu, afinal. Beijos

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  10. Olá! Mais um livro do Michael Connelly por aqui e eu ainda me surpreendo de nunca ter ouvido falar do autor, sendo que ele tem tantos livros! Meu receio com livros assim é que eu me sinta assistindo essas séries com milhões de temporadas como Law and Order, Criminal Minds etc. E pela sua descrição esse me pareceu ser o caso. Não gosto dessas séries, então isso me deixou com o pé atrás.
    Beijos.

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  11. Olá! Mais um livro do Michael Connelly por aqui e eu ainda me surpreendo de nunca ter ouvido falar do autor, sendo que ele tem tantos livros! Meu receio com livros assim é que eu me sinta assistindo essas séries com milhões de temporadas como Law and Order, Criminal Minds etc. E pela sua descrição esse me pareceu ser o caso. Não gosto dessas séries, então isso me deixou com o pé atrás.
    Beijos.

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  12. Olá Amanda,
    Não sou fã de gênero policial e não pretendo ler esse livro.
    Achei engraçada a sua comparação do livro com uma série policial.
    Bom saber que mesmo esse sendo o 13º livro o leitor não se perde na leitura por não ter lido os anteriores.

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