Autor: Karin Slaughter
Cortesia: Editora Harper Collins
Páginas: 400
Skoob / Goodreads
Onde comprar: Amazon / Saraiva
Irmãs. Estranhas. Sobreviventes.
Quando Lydia contou para a irmã que o cunhado havia tentado estuprá-la, Claire não acreditou. Dezoito anos depois, porém, tudo o que Claire achava saber sobre o marido se prova uma mentira. Quando vídeos escondidos no computador de Paul mostram uma face terrível do homem que ela julgava conhecer, Claire percebe que o drama de sua família tem muitas camadas, que precisarão ser descobertas antes que a assustadora verdade por fim venha à tona.
"(...) Não importa o que aconteceu com você, não importa os horrores que sofreu quando foi levada, você sempre será minha menininha linda."
Sendo uma família comum, os Carroll jamais esperariam passar pela situação e experiência tão terrível de ver sua filha mais velha desaparecer; mas quando Júlia some sem deixar rastros ou qualquer pistas sobre seu paradeiro e sem que as diversas buscas e investigações tragam resultados frutíferos, eles passam a ter que enfrentar a devastação em seu dia a dia por não saber o que aconteceu.
“– Saber detalhes não vai facilitar as coisas – disse ela. – Os detalhes vão acabar com você.”
Ficando extremamente abaladas, Lydia e Claire, as irmãs de Júlia, ainda sofrem com as constantes repercussões desse fato - que mesmo com as constantes divulgações ainda não apresenta respostas mesmo 24 anos depois. Buscando fugir da terrível realidade que enfrenta, a primeira busca refúgio nas drogas esperando encontrar um campo neutro e seguro na sua vida, enquanto a segunda tenta ao máximo mudar seu comportamento para ser uma filha boa e exemplar para recompensar todo o sofrimento dos pais. No entanto, o que já estava ruim, vem a se tornar ainda pior quando Lydia conta para Claire que o cunhado tentou estuprá-la; sem conseguir acreditar que Paul, seu amado, fosse capaz de realizar tal ato hediondo, juntamente ao fato de que sua irmã sendo uma dependente química não é alguém confiável, Claire, acaba por cortar suas relações com Lydia - acreditando que ela estava a tentar estragar seu relacionamento com um homem bom - ficando ao lado dele.
“Lydia observou a filha correr pela quadra. A garota das mãos enormes pegou a bola. Dee não desistiu. Correu atrás dela. Era destemida. Era destemida em todos os aspectos de sua vida. E como não seria? Ninguém nunca a havia derrubado. A vida não havia tido a chance de feri-la. Nunca havia perdido ninguém. Nunca soube o que era a dor de não ter alguém a quem amava.”
Com mais esse terrível acontecimento para a família, as coisas passam a mudar. Seguindo rumos diferentes, as duas irmãs passam a seguir sua vida sem contato uma com a outra. Enquanto Lydia passa a não ter nenhum contato com sua família, vivendo ao lado de sua filha e longe das drogas, Claire se casa com Paul e passa a viver uma vida perfeita, ou assim parecia para ela. Mas quando Paul morre em seus braços, ela acaba por descobrir em seus computador vídeos perturbadores que a levam a pensar se realmente conhecia seu marido; se ele foi capaz de esconder tudo aquilo dela, o que mais poderia haver?
"(...) Não importa o quanto a gente fuja, sempre acabamos voltando para o lugar de onde saímos."
Se encontrando totalmente perdida em meio às descobertas e reviravoltas, Claire passa a perceber quem realmente foi aquele que ela um dia chamou de marido. Acreditando que cometeu um grande erro ao não acreditar na irmã, ela então vai atrás de Lydia em busca de se desculpar e pedir ajuda para descobrir o que realmente é verdade e o que mais pode haver no meio disso tudo. Se reaproximando, as duas passam a investigar para saber o que realmente aconteceu em todos esses anos; mas quanto mais elas investigam, mais perigoso passa a ser para a família... Descobrindo um lado cada vez mais cruel do ser humano, as duas irão aprender que conviver com alguém por anos não significa realmente conhecê-la, afinal o que realmente aconteceu?
“Estava cansada de todas aquelas perguntas sem resposta e brava porque, em vez de sofrer pelo marido, estava questionando a própria sanidade por amá-lo.”
[ - Minhas Impressões - ]
Flores Partidas está longe de ser um livro fácil de ser lido. Com propriedade sobre o assunto, Karin Slaughter, soube desenvolver uma trama que prende desde sua primeira página até a última com sua constante inserção de ação a uma trama adulta regada por uma narrativa concisa que sabe construir os clímax com perfeição ao mesmo tempo em que não deixa pontas soltas. Utilizando-se de descrições detalhadas e difíceis de serem lidas ao se assemelhar a realidade, somos levados a acompanhar momentos de tensão passados por esses personagens que se veem perdidos e sem saber o que aconteceu ao mesmo tempo em que estão começando a ver até onde é capaz de ir a crueldade de um ser humano. Com personalidades fortes e bem construídas, seus personagens ganham destaque e vida ao longo dos capítulos ao se tornarem mais do que meros protagonistas de uma vida repleta de realidade; intenso, cruel e repleto de realismo, essa é uma história que nem todos terão estomago para lidar, mas que se mostra completa e um grande sucesso – não sendo atoa o relançamento da história em uma segunda edição de dar gosto.
Lydia, foi uma das protagonistas que mais me chamou a atenção durante a trama. Sendo a filha do meio, ela é alguém que sempre esteve ali sem estar; de personalidade forte e muito ligada a sua família, a perda da irmã foi algo que nitidamente mexeu com ela - motivo pela qual ela teve que apelar para as drogas para continuar a vida. Sem ser compreendida e ainda julgada por todos que deveriam a apoiar quando ela, a vítima, cria coragem para falar sobre o ocorrido, ela é alguém que se mostrou muito mais corajosa do que muitos que insistiram em se esconder atrás de mascaras sendo quem não é. Ela entregou-se a dor e a viveu intensamente, permitindo que nós a sentíssemos de forma profunda e despertando em nós variações de sentimentos conforme vamos a acompanhando. Sendo uma menina condenada por todas como a drogada, Lydia mostra sua força ao superar a dependência por aquela que vem a ser seu mundo: sua filha. Sincera, ela é alguém que não se deixa levar por aparências e nem finge ser aquilo que não é para agradar; intensa e real, ela é a típica personagem que inspira e nos faz refletir sobre como a forma como encaramos os fatos da vida é que determina nosso jeito de viver e não o oposto. Incrível, profunda e com muita história para contar, ela é aquela personagem que cativa e que desperta no leitor uma urgência em saber mais sobre si; fantástica, é apenas um dos poucos adjetivos que ela carrega em sua bagagem.
Claire, por outro lado, é uma personagem que se mostra alguém ingênua e sem rumo no inicio da história, mas que vai mostrando e conquistando sua força ao longo das páginas. Tendo que enfrentar situações desconhecidas após a descoberta de conteúdo snuff porn* no computador de seu marido. Saindo de uma mulher da alta sociedade com uma vida perfeita para um mundo desconhecido, ela se mostra alguém forte ao enfrentar coisas que só de me lembrar me deixam completamente arrepiada. Longe de ser alguém que cativa nosso carinho desde o inicio, principalmente ao duvidar de sua irmã por alguém que nem é de seu sangue, ela é alguém que começamos com o pé atrás, mas que acaba por nos conquistar com sua história e trajetória de vida, assim como suas atitudes em relação à irmã ao ver que estava errada sobre tudo em sua vida. Intensa, ela é alguém repleta de personalidade – ainda que de uma forma diferente da sua irmã – e que se mostra digna da história conforme vai nos fazendo refletir e mudar de opinião sobre si.
E o que falar de Sam Carroll? Esse personagem foi colocado com o intuito de emocionar ao leitor ao ter que lidar com cartas regadas da mais pura sinceridade para sua filha, Julia, que mesmo desaparecida ainda se mostra presente para ele. Mostrando essa ligação entre pai e filha, é impossível não ter o coração partido ao acompanhar suas palavras no papel para alguém que possivelmente nunca as receberá. Mesmo sendo algo extremamente triste, se torna algo completamente lindo ao mostrar mais sobre esse amor e esse laço que une pai e filha além de qualquer obstáculo. Puro, simples, Karin não precisou agregar características elaboradas para ele, deixando o ser alguém normal e sem atrativos ela lhe deu o melhor dos traços a sua sinceridade e seu carinho que apenas quem é pai/mãe consegue reconhecer! Contando com personagens secundários para construir a trama, somos presenteados com mais do que personagens e sim com pessoas que tornam difíceis de crer serem meramente fictícios. Lidando com questões psicológicas e com a crueldade presente no ser humano, essa é uma história que mostra as varias formas de ser de alguém, nos ensinando um pouco mais sobre tudo ao não focar em especificamente nada.
Composta por uma segunda edição que enche os olhos e transmite totalmente à história, esse é um livro que se mostra completo com uma revisão bem feita, paginas amareladas e uma fonte agradável para leitura. Com uma jacket que remete as duas faces da protagonista, somos levados a refletir sobre o porque dê uma delas conter uma lagrima de sangue. Simples, mas na medida certa, essa é uma obra que encanta pela sua beleza, mas conquista com sua construção. Seguindo os padrões das obras da Harper Collins, essa segunda edição veio para melhorar o que já era bom levando mais leitores a conhecer essa autora que alcança grandes patamares nas histórias que escreve.
Karin Slaughter é uma autora que merece reconhecimento ao criar uma história fluida, mesmo com seus temas pesados e reveladores, e com suas criticas a visão que a sociedade apresenta. Com frases curtas ela cutuca o senso comum onde as vitimas são as culpadas por serem sequestradas, mortas e estupradas ao tentarem exercer seu direito de ir e vir. Com jogos de palavras e uma trama bem construída, essa é uma história que se mostra mais profunda do que apresentada a primeira vista, não sendo indicada a qualquer pessoa, principalmente se não tiver estomago forte para se deparar com detalhes sobre coisas que apesar de sabermos existir, não fazemos ideia de como são realmente na pratica.
Apresentando um crescimento constante, Flores Partidas é uma obra que surpreende ao mesmo tempo em que deixa o leitor vidrado em suas páginas a ponto de sentir quase uma sensação de falta de ar pelas constantes seguradas de respiração antes de saber o que virá acontecer a seguir. Suas cenas extremamente vivas e gráficas constrói todo um diferencial ao se apresentar como algo que dificilmente será esquecido com facilidade. Abusando de características do suspense e terror, e apresentando um sangue frio que surpreende, somos constantemente bombardeados com cortes, ossos, sangues e diversas outras coisas que poderiam ser causa de repulsa, mas que tornam impossível de se largar sua obra antes do termina, ainda que o assassino já tenha sido revelado antes disso. Arrebatador, intenso e cruel, essa é aquela história que você lê, não esquece tão cedo e quer indicar a todos que se autodenominem forte o suficiente para o que virá nessas páginas. Elas são flores que se partiram com a vida, e hoje eu te convido a descobrir o porque nessa história que te transformará para sempre!
"Claire parecia tão enojada quanto Lydia se sentiu. Assim que Julia desapareceu, as pessoas não paravam de perguntar por que ela tinha ido ao bar, o que estava fazendo na rua até tarde, e quanto de álcool ela tinha consumido, porque obviamente era culpa de Julia o fato de ela ter sido levada e, provavelmente, estuprada e morta."
Obs.: O Conto "A Garota dos Olhos Azuis”, que fala sobre a vida de Júlia Carroll ajudando a situar o leitor antes dessa obra sendo um Prequel de Flores Partidas, está disponível gratuitamente na Amazon. Baixe já o seu Clicando Aqui.
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8 comentários
Oi Bruna ;)
ResponderExcluirAssim que comecei a ler a premissa lembrei da série que estou vendo na netflix, The Killing, que tem uma premissa meio similar.
Adoro suspenses com detetives e tal, e há um tempo já estou namorando o livro da autora, espero conseguir compra-los na Black Friday!
Quando uma família experimenta um trauma desse, cada um reage de forma diferente e da pra ver isso claramente no comportamento das irmãs da personagem desaparecida.
Adorei a ideia da editora das duas capas, sendo a de dentro com a lágima de sangue (espero conseguir comprar essa edição haha).
Já baixei o prequel da história no meu kindle, obrigada pela dica :)
Bjos
Quero conhecer essa história o quanto antes!! Quero conhecer essas duas irmãs com personalidades distintas porém forte pelo que elas passam na vida. O estupro é um assunto delicado, mas que infelizmente acontece com frequência e o livro abordar isso nesse clima de suspense, só me fez aguçar minha curiosidade em ler essa obra.
ResponderExcluirAntes de tudo, deixa ir colocar este livro na lista de desejados!
ResponderExcluirQue coisa mais gostosa ler uma resenha assim, com essa falta de ar que você mesma citou ao ler o livro, sendo vivida aqui, por essa mera leitora.
Eu adoro um bom suspense, ainda mais quando traz isso de ser real demais, com suas aflições, questionamentos e sentimentos.
O medo, a incerteza, as certezas. Parece ser uma história que engloba tudo isso e eu estou aqui, só querendo muito saber mais sobre as "meninas".
Beijo e parabéns pela resenha que está impecável!!!
Bruna!
ResponderExcluirFico totalmente envolvida em um thriller psicológico onde os mistérios surgem e tudo vai sendo descoberto aos poucos, sem que consigamos deixar o livro até terminá-lo.
Triste saber que a família ao invés de se unir na dor, acaba se afastando e cada um tomando um rumo diferente na vida.
Semaninha de muita luz e paz!
“Todo o nosso saber se reduz a isto: renunciar à nossa existência para podermos existir.” (Johann Goethe)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
Oi Bruna, tudo bem?
ResponderExcluirNossa este parece ser um livro bem pesadão mesmo ein. Fiquei indignada com a irmã da Lydia por não acreditar nela, mas também entendo um pouquinho a desconfiança da moça, por a irmã ser viciada isso gera desconfiança nas pessoas mesmo. Fiquei com vontade de conhecer este livro. Gostei muito da capa e fiquei curiosa para conhecer a Lydia e ver toda a força que ela tem.
Beijoa
Olá Bruna,
ResponderExcluirNão conhecia a autora e mesmo não lendo esse gênero gostei de saber que ela gosta de tratar de assuntos que precisam ser discutidos.
Quanto a capa, antes de ler a sua resenha eu tinha olhado as fotos e achei que tinha duas versões para o leitor escolher.
Olá! Achei a premissa do livro muito interessante. É um drama familiar que poderia ser clichê, mas não me pareceu ser o caso. Tive a impressão de ser uma história bem forte e cheia de momentos tensos e tristes. Honestamente não sabia do que se tratava, havia julgado mal esse livro num primeiro momento mas acho que estava errada. A edição está linda, adorei o trabalho que a editora fez.
ResponderExcluirBeijos.
Oi! A cada resenha sobre os livros da autora eu me apaixono ainda mais pelas capas! Acho elas maravilhosas! Gosto bastante também de histórias que nos proporcionam alguns questionamentos do tipo: será que eu realmente conheço a pessoa que ficou ao meu lado durante tanto tempo? Acho isso muito louco só de pensar hahaha Fiquei com uma pulguinha atrás da orelha para saber os conteúdos presente no computador do personagem, e o que esse conteúdo tem a ver com a familia da Lydia e a irmã. Beijos
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