Resenha - O histórico infame de Frankie Landau-Banks

09 agosto 2017


Título: O histórico infame de Frankie Landau-Banks
Autor: E. Lockhart
Cortesia: Companhia das Letras / Seguinte
Skoob / Goodreads
Páginas: 344
Onde comprar: Saraiva / Submarino / Amazon

Aos catorze anos, Frankie Landau-Banks era uma garota comum, um pouco nerd, que frequentava a Alabaster, uma escola tradicional e altamente competitiva. Mas tudo muda durante as férias. Na volta às aulas para o segundo ano, o corpo de Frankie havia se desenvolvido, e ela havia adquirido muito mais atitude. Logo ela chama a atenção de Matthew Livingston, o cara mais popular do colégio, que se torna seu novo namorado e a apresenta ao seu círculo de amigos do último ano. Então Frankie descobre que Matthew faz parte de uma lendária sociedade secreta - a Leal Ordem dos Bassês -, que organiza traquinagens pela escola e não permite que garotas se juntem ao grupo. Mas Frankie não aceitará um "não" como resposta. Esperta, inteligente e calculista, ela dará um jeito de manipular a Leal Ordem e levantará questionamentos sobre gênero e poder, indivíduos e instituições. E ainda tentará descobrir se é possível se apaixonar sem perder a si mesma.










Frankie é uma é adolescente que possuí um lado diferente, e, menos conformado que as outras garotas de sua idade. Ela questiona diversas coisas ao seu redor, e a principal delas é o quanto os garotos possuem mais oportunidades que as garotas. Em sua própria casas ela vê essa desigualdade quando seu pai queria um garoto e tinha um nome já escolhido, porém veio ela, e então o pai adaptou o nome para Frances, apelido atual, Frankie.

"O pai de Frankie, Franklin, queria um filho homem para batizá-lo com o mesmo nome que o seu. Entretanto, ele sabia que, uma vez que Ruth tinha quarenta e dois anos quando Frankie nasceu, provavelmente ele não chegaria a ter um. Ele decidiu que daria á garotinha o nome mais próximo possível de FRank. Então eles deram a ela o nome de Frances, e passaram a chamá-la do que ela é chamada até hoje."

Frankie estuda num colégio interno centenário e super conceituado. Ela passou seu primeiro ano bem pois sua irmã mais velha cursava o último ano, deixando-a sob sua cobertura. Lá, os alunos são divididos por grupos, alguns fazem parte da turma dos nerds, outros da turma dos times de esporte. Frankie com seu lado questionador logo se deu bem no Clube de debate, e lá ficou por seu primeiro ano letivo inteiro sem ser notada de verdade.

"- Primeiro - disse Frankie -, se nosso objetivo aqui é manter ou aumentar a posição social do Clube de Debates, temos que pensar em nós mesmos como políticos.
- E?
- Depois que formarem um conglomerado, um monte de nerds desprezados podem causa um estrago brutal. Seria inteligente de nossa parte não irritá-lo se temos qualquer pretensão de dominação social."

Durante as férias escolares Frankie mudou. Nos meses que passou deitada em sua rede lendo seus livros ela cresceu nos lugares certos adquirindo curvas avantajadas. Quando volta á escola Frankie começa a ser notada pelos garotos e ser invejada pelas garotas. Até mesmo Matthew, o garoto mais popular da escola passa a notá-la, e em pouco tempo eles engatam num relacionamento. 

"Entre maio e setembro ela ganhara dez centímetros e nove quilos, todos nos lugares certos. De uma criança magricela e desajeitada, com as mãos muito grandes para os braços, uma cabeleira castanha crespa e rebelde e um queixo tão pontudo que levou a vovó Evelyn a dizer que "se é para fazer uma cirurgia plástica, melhor que seja antes da faculdade", ela se transformou numa mulher cheia de curvas e com uma beleza inusitada que os rapazes achavam nitidamente atraente. Seu rosto se arredondou, ela ganhou corpo e, de uma criança caseira, se converteu num prato cheio - tudo isso enquanto lia os contos da Dorothy Parker e bebia limonada, deitada me uma rede no seu quintal suburbano."

Seus dias escolares mudam. Antes a garota desajeitada e invisível, e agora, namorada do garoto mais popular e andando com os alunos populares. Mas aquela veia diferente de Frankie permaneceu intacta, e quando descobre que em sua escola existe uma sociedade secreta exclusiva para garotos, ela passa a investigar quem são. Logo descobre que seu namorado Matthew faz parte, juntamente com seus amigos. Ela começa reparar que ele não a leva a sério e gosta dela somente por ser bonita, e não pelas coisas inteligentes que fala. 

"- Você formou os pares?
Ele deu uma risadinha.
- Sim.
- Então acho que você queria me levar a essa festa.

Indignada e frustrada por não ser levada á sério, Frankie passa a seguir os garotos e ver o que eles fazem, e quando vê uma oportunidade começa a pregar peças na escola em nome da sociedade secreta. No início são pequenos atos, mas Frankie começa a perder o controle e querer provar que é mais inteligente e sagaz que os garotos. Suas brincadeiras passam dos limites e tornam-se perigosas para algumas pessoas, e como toda ação impõe uma reação, Frankie precisará enfrentar as consequências de seus atos. 



[- Minhas impressões -] 

E. Lockhart é uma das minhas autoras favoritas. Adoro a forma como ela cria todo um enredo e sustenta ele até o final sem fazer com que nos questionamos com as coisas que está acontecendo até que seja tarde de mais. Me surpreendi com a ousadia de mentirosos, e fiquei doida pelo Histórico Infame. Tudo que ela introduz sem que percebamos, faz sentido lá no final. E mais uma vez, me vi presa por sua criação.

O livro é narrado em terceira pessoa através de um narrador sob o ponto de vista de Frankie. Gostei dela logo nas primeira páginas por suas questões sobre igualdade de gênero. Isso é bem frisado ao decorrer do livro o que torna Frankie uma garota de personalidade e ideais fortes. Ela não aceita qualquer coisa que falam e questiona até chegar ao fundo da questão, e exatamente sua personalidade que move o enredo do livro pois é esse traço marcante que move as ações de Frankie. O problema é que ela é tão decidida que fica obsessiva, e, até mesmo, com atitudes doentias, mas nós como leitores e vendo o desenrolar através de seus olhos, só percebemos o quão grave suas ações são somente quando tudo já desenrolou e várias consequências já aconteceram.

A autora nos leva a crer que Frankie está fazendo as coisas certas por estar seguindo suas motivações, então não questionamos suas ações ao decorrer do livro, como por exemplo: roubar chaves do ginásio da escola e usar quando bem entender. Seguir pessoas na calada na noite. Invadir locais proibidos. E o pior na minha opinião, manipular pessoas para fazer aquilo que ela deseja. Só percebi como ela estava sendo errada quando ela mesmo se toca disso, o que chega ser bizarro e perspicaz, pois me dei conta do quanto a E. Lockhart tem domínio sobre a estória.

Como personagens secundários temos alguns que se destacaram. Eles estão numa escola, e como tal, há vários alunos. Entre eles temos Alfa, melhor amigo de Matthew e também o garoto que rege como as coisas devem acontecer por lá entre os populares. Algo que não gostei foi essa hierarquia sobre a escola. Quem não é popular é invisível, até a própria Frankie era invisível até se tornar bonita. E não é como se eles quisessem dar esse gelo nos alunos "normais", eles simplesmente não os veem. Matthew é um caso bem claro disso, ele já havia conhecido ela anteriormente, mas não se lembrava, eles até haviam conversado antes.

Por causa dessas atitudes não consegui sentir nada por eles, nem empatia e nem apatia. Matthey é um garoto vazio que só se importa consigo mesmo e com os seus amigos da sociedade secreta. Eu mesmo comecei a me irritar com a forma como ele tratava a Frankie, não que ele fosse ruim, simplesmente ela era um adereço para ser exibido ao seu lado e não como uma pessoa racional no qual ele pode contar sua vida e discutir vários assuntos. Por isso, o romance dos dois é quase unilateral e fica em segundo plano.

Frankie quer provar para ele que é tão esperta e admirável quanto o Alfa, e Matthew por sua vez, não percebe nada. O mais incrível disso tudo é que ela é totalmente consciente das ações do namorado, mas não se importa pois perderia o status que adquiriu ao longo do ano. E essa é razão de ter tirado uma estrela da estória. É muito calculista estar numa relação somente por status, e ao mesmo tempo querer se provar para todos, só me dei conta do quanto isso é doentio quando o livro acabou, pois a própria autora deixa isso subentendido.

Algo que gostei bastante foram as pesquisas e reflexões que Frankie fez durante o livro. Essas reflexões sãos obre sociedades secretas e o funcionamento da escola em paralelo com o Pan-ótico, é um sistema de vigilância que as pessoas sabem que estão sendo observadas e isso as impede de fazer algo, como por exemplo uma placa de "Não pise na grama", automaticamente a pessoa deseja pisar na grama, mas é impedida por esse sendo de vigilância que não se vê. É bem interessante e até busquei saber mais apôs a leitura.

A parte física do livro está maravilhoso. Em cada começo de capítulo trás um pequeno desenho simples e singelo de um bassê. Os capítulos são bem curtos e fáceis de ler pois eles acabam de forma a instigar a leitura do próximo. A capa trás a fachada da escola com o título á frente. Achei bem legal a arte e trás uma pouco da atmosfera do livro. A escrita da E. Lockhart é um caso a parte, ela desenvolve tudo com muita maestria e instiga o leitor a entrar de cabeça na estória, em menos de dois dias já tinha terminado a leitura desejando saber mais e mais. Poderia ter uma continuação pois a Frankie é uma personagem notável.

Enfim, O histórico infame de Frankie Landau-Banks é um livro muito bom e que nos instiga. Mais uma vez E. Lockhart me fez entrar de cabeça na estória e só me dar conta do que de fato estava acontecendo ao final da estória. Recomendo livro para quem curte livros com sociedades secretas, reflexões, e claro, sacadas perspicaz.


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13 comentários

  1. Amei a resenha, fiquei com vontade de ler <3

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  2. Ainda não tive o prazer de ler nada da autora.
    E como diz o ditado: nunca julgue um livro pela capa!
    Já vi este livro várias vezes em livrarias e nunca me interessei em saber do que se tratava, sendo desmotivada pela capa.
    Nunca imaginei que por trás desta capa será narrada uma estória com toques de feminismo e igualdade de gêneros.
    Apesar de ser um romance adolescente (adoro, apesar de haver passado há tempos por esta faixa etária), ele nos mostra uma mensagem muito importante sobre o papel da mulher na sociedade atual.
    Fiquei também curiosa para verificar as pesquisas que Frankie faz ao longo do livro sobre sociedades secretas que gosto bastante. E principalmente para checar as reflexões acerca do Pan-ótico, que me lembrou em muito o Big Brother de George Orwell. Já imaginou se toda escola tivesse um sistema de vigilância desses?
    Gostei bastante e já vou incluir na minha longa listinha!

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  3. Olá!
    Já faz um tempo que tenho vontade de ler esse livro.
    A premissa é muito boa e já me deixa super curiosa pra querer saber mais sobre o desenvolvimento da história.
    Tenho muita curiosidade de ler os outros livros da autora (:
    Quero muito ler <3
    Beijos

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  4. Esta autora e muito inteligente, li mentirosos, e só saquei tudo que estava acontecendo no final de leitura, e pelo visto acontece exatamente a mesma coisa nesta obra. Apesar de ter ficado confusa, em alguns momentos durante a leitura, já que eram muitas informações, a garota que lutar pelo direito de igualdade, mas faz tudo errado, porém o leitor esta convicto de que esta fazendo pela liberdade. Depois aprece reflexões, e sociedades secretas, enfim, acredito que esta trama só vai fazer sentido quando começar a leitura. Espero não me decepcionar.

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  5. Meu primeiro contato com a escrita da autora foi em "Mentirosos", e eu gostei bastante do que foi apresentado. Comprei esse e acredite, li as primeiras páginas e empaquei total.
    Mas sua resenha foi tão boa, que você conseguiu me "vender" a ideia de tentar mais uma vez haha Adoro essa coisa de sociedade secreta! Eu deveria ter terminado de ler esse livro, cara!Vou dar um jeito de ler logo :D
    Obrigada pela resenha! :*

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  6. Olá!
    Não tinha conhecimento desse livro, a premissa é muito boa, tem uma trama bastante envolvente. A personagem me Deixou curiosa por conhecê-la e também saber mas sobre suas ações que fizeram com que tenha feito tudo errado, ficado obsecada por fazer mais. O livro tem uma capa super interessante!

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  7. Olá Stefani ;)
    Conheço a autora pelo livro Mentirosos, que sempre quis ler!
    Já conhecia O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks só pela capa, mas nunca tinha me interessado o suficiente para ir atrás de saber sobre o que era a história.
    Que legal que ela é uma autora que cria livros com temas diferentes assim e consegue sustentar a trama até o final, e só com a resenha fiquei curiosa para saber mais sobre essa Sociedade Secreta!
    Fiquei com mais vontade ainda de ler só de ler sobre os elogios que você fez à escrita da autora, então muito obrigada pela indicação ;)
    E acho que vou adorar a Frankie, ela parece uma personagem super identificável! Mas o que mais me chamou a atenção foi como parece ser abordado essa igualdade de gênero no livro, adorei a temática.
    Bjos

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  8. Olá !!
    Nunca li nada da autora mas fiquei curiosa sobre a sua escrita.
    Gosto muito de livros onde a mocinha é uma personagem forte e carismática.
    Fiquei super curiosa com a trama e quero muito ler o livro.

    Bjos

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  9. Oi, tudo bem?
    Ainda não conheço a escrita da autora, mas já faz um tempo que estou querendo ler Mentirosos. E agora sabendo da premissa desse livro, já fiquei interessada também.
    O enredo parece ser bem inteligente e audacioso, prendendo a atenção do leitor. Acho muito legal essa jogada de sociedade secreta e seus mistérios! Já fiquei muito curiosa para desvendar os segredos do livro e conhecer os personagens envolvidos.
    Resenha perfeita.
    Obrigada pela dica.
    Beijos.

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  10. Stefani!
    Interessante ver que a autora se utilizou de uma adolescente, inteligente e até certo ponto ambiciosa em termos de se fazer ser notada, para mostrar o feminismo ou ao contrário, mostrar o quanto o machismo predomina em qualquer ambiente.
    E como gosto muito do artifício usado pelo autor que é utilizar lembrabças descritas em diário, gostaria de poder ler o livro.
    Desejo uma semana de muita luz e paz!
    “Para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O impossível torna-se possível com a força de vontade.” (Dalai Lama)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE AGOSTO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  11. Essa autora é um caso a parte mesmo Stefani! Li Mentirosos e só me dei conta do que realmente acontece no final do livro. Achei uma sacada e tanto o estilo na narrativa dessa autora, ela sabe muito bem conduzir a história com maestria. Confesso que não conhecia esse livro aí, mas já adicionei no skoob para ler assim que surgir a oportunidade.
    A Frankie é uma personagem intrigante, uma garota de personalidade forte que quer mostrar a sua opinião de um jeito um tanto doentio. Essa forma que a autora desenvolve a trama onde acompanhamos cegamente as ações e consequências das atitudes obsessivas da protagonista instiga o leitor completamente, é uma leitura de tirar o fôlego e nos mata de ansiedade.
    Obrigada pela indicação ;)
    Beijos

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  12. Olá! Gostei do enredo do livro, aborda um tema bastante atual e amplamente questionado que é a igualdade de gênero, só por isso, já me interessei em começar a leitura, me identifiquei bastante com a Frankie e somando, ainda, o fato da autora conseguir nos envolver de tal maneira na história que nem percebemos as consequências dos atos da Frankie, quero muito entendê-los e descobrir o que realmente aconteceu e qual será o desfecho de tudo isso. Não conhecia a autora, e agora quero muito conhecer seus outros trabalhos parecem ser muito bons.

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  13. Nunca li nada dessa autora e gostei da sinopse desse livro.
    Gostei do fato da personagem questionar sobre a desigualdade presentes na sociedade entre homens e mulheres e querer provar que ela pode fazer qualquer coisa que um garoto pode fazer.
    Talvez eu leia um dia.

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