Resenha - O Rouxinol

25 fevereiro 2016


Neste épico passado na França da Segunda Guerra, duas irmãs se afastam por discordarem sobre a ameaça de ocupação nazista. Com temperamentos e princípios divergentes, cada uma delas precisa encontrar o próprio caminho e enfrentar questões morais e escolhas de vida ou morte.” - Christina Baker Kline, autora de O trem dos órfãos França, 1939: No pequeno vilarejo de Carriveau, Vianne Mauriac se despede do marido, que ruma para o fronte. Ela não acredita que os nazistas invadirão o país, mas logo chegam hordas de soldados em marcha, caravanas de caminhões e tanques, aviões que escurecem os céus e despejam bombas sobre inocentes. Quando o país é tomado, um oficial das tropas de Hitler requisita a casa de Vianne, e ela e a filha são forçadas a conviver com o inimigo ou perder tudo. De repente, todos os seus movimentos passam a ser vigiados e Vianne é obrigada a fazer escolhas impossíveis, uma após a outra, e colaborar com os invasores para manter sua família viva. Isabelle, irmã de Vianne, é uma garota contestadora que leva a vida com o furor e a paixão típicos da juventude. Enquanto milhares de parisienses fogem dos terrores da guerra, ela se apaixona por um guerrilheiro e decide se juntar à Resistência, arriscando a vida para salvar os outros e libertar seu país.

Livro: O Rouxinol
432 páginas || Skoob || Editora: Editora Arqueiro || OndeComprar









“Se há uma coisa que aprendi nesta minha longa vida foi o seguinte: no amor, nós descobrimos quem desejamos ser; na guerra, descobrimos quem somos. Os jovens de hoje querem saber tudo sobre todo mundo. Acham que falar a respeito vai resolver um problema. Eu venho de uma geração mais calada. Nós entendemos o valor do esquecimento, o fascínio da reinvenção.”

Apesar de serem irmãs, Vianne e Isabelle nunca carregaram muitas semelhanças. Com uma distância de dez anos entre seus nascimentos, as garotas se afastaram ainda mais quando a mãe morreu e o pai as abandonou para serem cuidadas por uma babá. Aos dezesseis anos, Vianne logo encontrou consolo nos braços de seu grande amor, Antoyne. Já Isabelle, apenas uma criança, ficou sob os cuidados de estranhos e depois em escolas internas.

Porém, em 1939 quando ambas já são adultas, repentinamente a paz da Europa é abalada pela segunda guerra mundial. Antoine, o marido de Vianne é logo enviado para a guerra, deixando-a sozinha com a filha de oito anos, Sophie. E Isabelle ao ser  expulsa de mais uma escola interna, quando vai ao encontro do pai em Paris, imediatamente é mandada para o interior, para fazer companhia para a irmã e a sobrinha.

“O odor as precedia. Suor e sujeira, cheiro de corpo. À medida que se aproximavam, o miasma negro se separava, espalhando-se em formas individuais. Ela viu pessoas na estrada e nos campos; andando, mancando, se aproximando. Alguns empurravam bicicletas, carretas e carrinhos de bebê. Cachorros latiam, bebês choravam. Havia tosses, pigarros, gemidos. Continuavam avançando, pelos campos e pela estrada, cada vez mais perto, empurrando-se uns aos outros, as vozes subindo de tom.”

Enquanto foge de uma Paris já ocupada pelos alemães, Isabelle pode acompanhar de perto a tragédia daqueles que lutavam a fim de sair da cidade a tempo. Fome, mortes e muita tristeza compunham o senário. Muito fraca devido a longa viagem, ela logo chega a casa da irmã e se adapta a rotina da pequena cidade. Porém quando descobre que um soldado alemão passará a morar junto com elas na casa em que ela e Vianne cresceram, Isabelle se rebela e decide que é hora de fazer algo por seu país.

"QUALQUER HOMEM QUE AJUDAR, DIRETA OU INDIRETAMENTE, TRIPULAÇÕES DE AVIÕES INIMIGOS QUE CAIAM DE PARAQUEDAS OU DEPOIS DE UMA ATERRISSAGEM FORÇADA, A FUGIR, ESCONDÊ-LAS OU PRESTAR QUALQUER TIPO DE AUXÍLIO SERÁ SUMARIAMENTE FUZILADO.
MULHERES QUE PRESTAREM ESSE TIPO DE SOCORRO SERÃO MANDADAS PARA CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NA ALEMANHA.
-Acho que tenho sorte por ser mulher - murmurou Isabelle para si."

Enquanto Vianne é obrigada a acompanhar a perda gradual dos bens de sua família e alimentar e cuidar do soldado alemão, Isabelle vai para Paris participar da resistência francesa, correndo o risco de ser morta a qualquer momento e acaba tendo um dos papéis mais importantes da resistência francesa.

Cheio de drama, perdas e sofrimento, ''O Rouxinol'' é um retrato maravilhoso sobre a guerra que ocorreu sobre a França ocupada pelos nazistas. Demonstra toda a fome sofrida pelas pessoas, todo o risco que correram e a capacidade de superação que cada um teve.

"- Os homens contam histórias - respondo. É a resposta mais simples para a pergunta dele. - As mulheres seguem em frente com essas histórias. Para nós foi uma guerra nas sombras. Ninguém organizou desfiles para nós quando a guerra acabou, não nos deram medalhas nem nos mencionaram nos livros de história. Fizemos o que precisávamos fazer durante a guerra, e quando tudo acabou nós recolhemos os cacos para começar a vida de novo. Sua irmã estava tão desesperada para esquecer tudo aquilo quanto eu. Talvez tenha sido mais um erro que cometi... deixar que ela esquecesse. Talvez devêssemos ter falado mais sobre isso."


[ - Minhas Impressões -]

Kristin Hannah é uma autora de quem já li quase todos os livros e sempre me emociono com eles, e eu já imaginava que O Rouxinol fosse uma boa história, mas nada havia me  preparado para o quão maravilhosa é essa obra. O livro me emocionou de uma maneira especial como eu não me emocionava há bastante tempo e foi um enredo de guerra diferente de todos os que já conheci.

A temática é a segunda guerra mundial, mas acaba fugindo apenas do estereótipo dos judeus massacrados, pois apesar dessa ser uma passagem da história muito triste e chocante, os livros estavam se tornando repetitivos abordando apenas os campos de concentração, porém o Rouxinol acabou inovando e trazendo uma visão pouco explorada, a da resistência francesa e também a participação das mulheres na guerra.

Não posso negar que é um livro doloroso. Em vários momentos acabei ficando muito triste por tanto sofrimento e mortes. Acompanhamos a perda de vários personagens e a mudança física e psicológica de outros, mas isso serve apenas para dar mais credibilidade e impacto para a obra. Considero esse livro o que possui descrições mais cruas e dolorosas da guerra entre todos que já tive a oportunidade de ler.

Não tenho pontos negativos a destacar, porém eu gostaria que alguns fatos e o final tivessem sido diferentes, embora o escolhido pela autora também ficou extremamente belo e mais uma vez, emocionante.

As personagens principais são muito opostas. Enquanto Vianne no início me irritou muito por muitas vezes ser uma pessoa bastante passiva e que aceitava as coisas facilmente, até que acabei entendendo suas ações, Isabelle era uma garota de dezenove anos com uma mente muito forte e admirável, uma menina-mulher que gostei muito e foi por quem mais torci. Outros personagens que merecem destaque são Sophie, a filha de Vianne que passou de uma criança para adulta muito rapidamente e com muita maturidade, e Gaëton, outro jovem que fazia parte da resistência francesa que era forte, destemido e sempre lutando para fazer o que era certo.

Esse livro é da Editora Arqueiro, uma editora que eu adoro e que como sempre está com a revisão impecável. É dividido em 39 capítulos, sendo alguns deles narrados em primeira pessoa, no presente, por uma das irmãs que só sabemos qual é no final do livro, ela relembra a vida e o que passou e ficamos curiosos para descobrir quem é ela. Já os restante dos capítulos é narrado em terceira pessoa e acompanha todo o período da guerra.

A principal lição que esse livro me trouxe foi a de que há diversas formas de agir, e que agimos somente do modo que conseguiremos suportar. Mostrou também que muitas vezes é mais fácil amar em silêncio, guardar as lembranças, e seguir em frente.

Recomendo para todos os leitores que gostam de um bom livro de drama, forte, que emociona e nos toca muito profundamente. Esse livro vale a pena ser conhecido, pois  Kristin Hannah mais uma vez se superou.

18 comentários

  1. Oi Tamara!
    Ainda não li nada da autora, e se eu não tiver enganada, não conheço nenhum dos seus livros.
    Mas confesso que tenho um quedinha por livros que se passam durante o período de guerra. E essa capa? Maravilhosa! Me passou a impressão de sensibilidade.

    Fiquei curiosa para conhecer as irmãs, já que elas são tão opostas.
    Vou anotar a dica.

    Beijos!
    www.aculpaedosleitores.com

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  2. Oi Tamara,
    Eu li esse livro no final do ano passado e foi uma das melhores leituras. Achei o enredo maravilhoso e livros assim, com essa temática de guerra e fatos histórias, sempre me fascinam. Sofri junto com elas, chorei e fiquei tensa. Eu ficava tentando descobrir qual das irmãs que estava narrando a história. No final eu chorei feito criança, não pelo o que aconteceu com elas, mas o que aconteceu nas últimas duas páginas e pra não dar spoiler pra quem não leu, me refiro ao judeu (acho que vc vai entender). Enfim, é um livro excelente.

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  3. Achei bem interessante a autora ter abordado o tema de forma pouco explorada, como a participação das mulheres na guerra.
    Já tinha lido uma resenha do livro e imediatamente adicionei o livro na lista dos meus desejados ♥ Sua resenha está mais detalhada, principalmente na parte da sua impressão, acho que o livro também vai me emocionar, pois além de abordar um tema triste que é a segunda guerra mundial, a premissa é linda.
    Adorei sua resenha e acho que esse será o primeiro livro da autora que eu vou ler.

    http://colecoes-literarias.blogspot.com/

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  4. Eu amo essa autora!
    Já leu Jardim de inverso dela? É maravilhoso, super emocionante. Com certeza um dos meus livros favoritos. Também envolve guerra, lutas e superação.
    Recomendo.

    Vou ler esse livro com certeza, todos os da autora estão na minha meta deste ano!

    Adorei a resenha.
    http://conchegodasletras.blogspot.com.br/

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  5. Li apenas um livro da autora, mas a considero bastante quando o assunto é drama. Os demais livros dela estão na minha lista de leitura e acabou sendo inevitável acrescentar esse também. Fiquei curiosa para ler a respeito dessas irmãs tão diferentes, mas pelo pouco que conheço da autora sei que ela não deve ter poupado o leitor de doses e mais doses de um drama intenso e envolvente. Espero poder ler esse livro logo. Apesar de não gostar muito de histórias relacionadas a guerras, vou dar uma chance a esse.
    Abçs
    Sou bibliófila

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  6. Olá!!!
    Este livro entrou na minha lista no momento que vi o lançamento e li a sinopse; pois achei a história envolvente e muito rica. Ainda não li nada da autora e confesso que ficou muito curiosa com o fato de já ter lido quase todos os livros. O livro também parecer tem uma abordagem histórica por se passar no período da Guerra. Parabéns pela resenha que traz emoção e envolvimento com a história.

    Beijos
    Carla Fernanda

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  7. Olá Tamara,
    Já vi muitos elogios para a Kristin Hannah e me pergunto porque ainda não li nada dela haha.
    Gostei muito da sua opinião para O Rouxinol. Estou com esse livro em casa para ler.
    Sou muito fã de drama então, acho que não devo adiar muito mais a leitura, não é?
    Adorei os quotes que você selecionou.
    Beijos,
    http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/

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  8. Li apenas um livro da autora e me encantei do começo ao fim, foi o Jardim de Inverno e me emocionei bastante. Quando este aqui foi lançado, já sabia que ia gostar, mesmo antes de ler ou ouvir qualquer critica e pelo jeito eu estava certa. Com certeza este livro estará dentro das minhas próximas compras.
    Meu Amor Pelos Livros
    Beijos

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  9. Oiee Tamara ^^
    Um dos motivos pelos quais eu estou doida para ler esse livro, é o fato de que ele se passa durante a 2ªGM. AMO histórias assim ♥ E o outro é que eu nunca vi uma resenha negativa sobre ele, então é prova de que é bom mesmo. Fiquei muito feliz quando vi que você o favoritou ♥ Saber que não há pontos negativos na história me deixou ainda mais animada para lê-lo. Sem contar que a capa é linda, né?
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  10. Kristin Hannah é minha queridinha. Só não comprei ele ainda, pois já achei livros dela mais barato e estou achando esse muito caro comprando direto na livraria. EU amei a capa dele e MUITO curiosa para conhecer essa estória. Apesar de nem ter lido ainda já sei que vou amar assim como os outros dela.

    Bjs,
    Garotas de Papel

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  11. Oi Tamara, fico feliz vendo que você gostou muito do livro, desde o lançamento dele eu tenho muita vontade de lê-lo, pois eu adoro um bom drama e acredito que pela trama esse iria me emocionar muito. Parabéns pela resenha linda!

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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  12. Oii!

    Tamara, eu estou muito curiosa para essa obra pois sempre li elogios nas resenhas. Mas assim, eu não me lembro de nada que li que se passa na segunda guerra. Estou esparando o momento certo para leitura, justamente por saber que é um livro com um enredo triste.
    A sua resenha está muito bem feita e essa é a primeira obra que vejo da autora, vou procurar mais detalhes. GENTE a capa está maravilhosa né?

    Beijinhos

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  13. Olá, tudo bem??

    Fiquei encantada com a sua resenha! Acredita que até hoje não li nenhum livro que se passe em uma guerra que realmente aconteceu? Achei o enredo muito bem bolado e parece ser muito emocionante! Os personagens parecem ser muito bem construídos... Principalmente pela tamanha diferença entre eles! Nunca tinha ouvido falar sobre o livro e também nunca tive contato com nenhuma outra obra da autora, vou procurar conhecer mais já que ela te agrada tanto assim!

    XOXO
    Umnovo-roteiro.blogspot.com

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  14. Oi, flor.
    Sempre que leio uma resenha sobre essa obra, me sinto ainda mais encantada. Sua perspectiva sobre o relacionamento das irmãs e sobre o que a guerra significa para cada uma delas me deixou ainda mais cheia de boas expectativas. Acho que vou adorar essa obra! Acho muito legal que essas irmãs sejam tão opostas e que a autora soube apresentar os valores de cada uma delas sem melhor ou pior.

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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  15. Amo Hannah
    Esse livro é incrível e forte. Adorei a forma como ela criou irmãs tão diferentes, mas com um sentimento parecido.
    Gosto da temática da guerra e em O rouxinol ficou provado o quanto essa autora tem talento. Não chorei tanto quanto em Jardim de inverno, mas me emocionei em vários momentos.
    A capa é incrível.
    Acho que todos deveriam ler sim.
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  16. Olá, Tamara!
    Adorei sua resenha! Adoro essa autora e, assim como você, já li muitas das suas obras. Mas esse ainda não tive oportunidade, está na lista me aguardando!
    Imagino como é dramática a história, com duas irmãs com personalidades tão diversas! Se passando na segunda guerra mundial então, será um prato cheio para mim! Adoro mesmo esse tipo de leitura!
    Vou ler e volto para contar o que achei!

    Obrigada pela indicação!

    Beijos!

    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  17. Olá... Faz um tempinho que quero ler esse livro e a cada resenha a vontade só aumenta.
    Já estou em posse dele e será um dos próximos da lista, talvez eu comece a ler logo amanhã porque acabei de encerrar uma leitura.
    bjs
    diariodeumapsicopedagoga.blogspot.com.br

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  18. Oi! Não conheço nada da autora acredita, vi por cima o lançamento da editora, mas não cheguei de ler nem a sinopse. O livro tem um que incrível, ja li sobre os relatos da antiga guerra e ter um ponto de vista diferente é um tanto quando inovador, afinal sempre tem aquela pegada que tu mesma citou.
    Espero ler futuramente ele.
    Xoxo

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