Pontos de calmaria
Uma vez na escola para um trabalho de geografia vi uma informação que nunca mais me esqueci, em uma pesquisa li que o centro de todo furacão os ventos possuem as menores velocidades, tornando-se então um ponto de calmaria. Mas se acalmem que meu texto de hoje não será sobre esse meu trabalho de anos atrás e sim sobre a arte da calma.
Às vezes parece que estamos sendo levados por ventos que de diversas direções nos arrastam para estradas que muitas vezes nem sabemos como chegamos. Rumo ao nosso norte marchamos mal sentindo os pés e com a cabeça que de tão cheia nem notamos a rosa dos ventos ao dispor de nossos passos. Estamos andando em círculos, correndo atrás de muitas vezes não se sabe o que, enquanto outros andando vagarosamente vão angariando preciosidades que não precisam estar ao final de um arco-íris, mas sim ao longo dele.
Às vezes parece que estamos sendo levados por ventos que de diversas direções nos arrastam para estradas que muitas vezes nem sabemos como chegamos. Rumo ao nosso norte marchamos mal sentindo os pés e com a cabeça que de tão cheia nem notamos a rosa dos ventos ao dispor de nossos passos. Estamos andando em círculos, correndo atrás de muitas vezes não se sabe o que, enquanto outros andando vagarosamente vão angariando preciosidades que não precisam estar ao final de um arco-íris, mas sim ao longo dele.
Há certo tempo atrás eu não me considerava uma pessoa calma, preferia dizer que era controlada. E assim como muitos estive correndo em uma maratona na qual o prêmio mal lembramos depois no meio de caminho, pois foca-se tanto no correr que esquecemos de olhar onde os nossos pés estão pisando, e o mais importante, para onde eles estão nos levando.
Há também algum tempo fui jogada no meio de um furacão, vendo tudo se desmoronar – literalmente. Dentro de tantas ventanias tive que achar meu ponto de calmaria, aprender na marra a arte da calma, e foi ai que percebi o quanto estava perdendo e que minha corrida não estava me levando a lugar nenhum! E então aquela música “ando devagar porque já tive pressa...” fez todo o sentido. Vendo tudo rodar ao redor e ser arrastado, vi que poucas coisas permaneciam de pé e nestas resolvi construir meus alicerces. Quando nos vemos jogados ao chão buscamos forças em pequenas coisas para nos levantar, nem tudo é perdido, olhar para o alto sob a perspectiva de baixo te dá uma noção maior do todo.
Não precisa se subir até o alto de uma montanha para olhar ao redor, parar e notar o que de fato estamos fazendo, em que nossas atitudes estão refletindo e o que realmente queremos. Muitas vezes almejamos por algo que está bem ao nosso lado.
Pensando neste assunto, relembro dos momentos do meu dia de hoje, em que tudo começou dando errado e com muitas complicações. Porém ao chegar em casa e deitar-me na rede, observando o balanço suave das folhas das árvores, peguei-me olhando para nuvens e mentalmente brincando de adivinhar desenhos nestas, admirando suas formas e tendo uma alegria quase que infantil nesse ato. Após um tempo ri desse momento, ali estava eu em meu ponto de calmaria, em que todos os problemas ficaram tão distantes que seus ruídos mal chegavam aos meus ouvidos. Meus olhos estavam voltados para meu interior em que se estabelecia uma calma com tudo que aquela sensação me causava: leveza.
Na arte da calma os detalhes mais belos se fazem presentes, no leve abrir de um botão de flor após uma chuva, a gota da água caindo levemente de uma folha ou um pôr do sol que te cobre diariamente. No sorriso compartilhado, no sono vagaroso, na respiração desacelerada, a mente vazia, o toque da pele com pele, o prazer de degustar de uma boa comida, saboreando-a de verdade e não apenas comendo por comer.
Quando tudo estiver de pernas para o ar, sente-se. Veja se de fato vale a pena perder alguns neurônios, às vezes nos irritamos e perdemos o controle por coisas que não merecem ter espaço em nosso peito. Deixa no coração que apenas o amor transborde. Encontre seu ponto de calmaria e desperte para si mesmo. Não deixe que o transe dos dias te coloque em um sono profundo de alma, e aprenda a acordar para sua vida, que é tão breve, e está passando tão rápido.
Perceberás enfim que um imprevisto não é o fim do mundo e pode se tornar até uma boa história para se rir depois, que a presença de quem amamos é algo que nos faz bem. Conversar até tarde, chegar a sentir os músculos da face doerem de tanto rir, compartilhar um olhar sincero, é algo tão único, coisas que conversas digitadas a pontas de dedos não te proporcionam nessa amplitude. Desate o nó da gravata, ande um pouco descalço e sinta a grama nos pés, assista a um pôr do sol, tire um tempo para si mesmo, passe o dia de pijama, coloque os problemas no modo "mudo", desligue o computador, ou como relatei acima, olhe para as nuvens. Vá brincar de viver!
19 comentários
Olá, tudo bem??
ResponderExcluirSou apaixonada por contos... E amei o seu! Sempre gostei da música que foi mencionada... Quando eu a escuto, sinto uma sensação de calmaria, exatamente como o seu texto a descreve... Adorei a finalização. Realmente acho que "brincar de viver" é o que todos nós procuramos fazer.
XOXO
Umnovo-roteiro.blogspot.com
obrigada ;)
ExcluirAdorei seu texto! Com sábias palavras, você transmitiu algo pelo qual passamos diariamente, mas que deviamos pensar duas vezes antes de se deixar ser levado pelo furacão, e sim aproveitar a calmaria, a leve brisa que pode nos envolver :)
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br
Tem resenha nova no blog de "Encarcerados", vem conferir!
com certeza Carol :D
ExcluirOlá Daiane.
ResponderExcluirIncrível, eu amei seu texto.
Sim, as vezes sou um verdadeiro furacão e a rosa-do-vento não funciona muito as vezes, outras me indica o sentido errado...
Devemos pensar em viver mais, ser nós mesmos e com a correria do dia-a-dia nem percebemos o quanto perdemos da vida, quando damos conta já passou...
E vamos lá brincar de viver porque a vida infelizmente, não tem bis e ser feliz, é sempre o melhor remédio rs.
Beijos!
De tudo um pouco
Ser feliz é a unica coisa que nos resta, e o bom é que nem precisa de muito para alcançar essa tal felicidade :D
ExcluirOlá, Daiane.
ResponderExcluirSeu texto me fez refletir a respeito da calma. Sempre me achei uma pessoa calma, mas que nem disse as coisas em meu centro rodavam devagar, mas tinha dias que eu saia desse centro e virava um furação destruindo tudo ao meu redor. Acho que sou controlada e não calma e quando perco o controle saio por ai fazendo tempestades. Irei reparar mais nisso.
Beijos.
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Ah todos nós temos esses momentos em que nos tornamos tempestades, Paula. Te compreendo perfeitamente rs, para ser sincera eles as vezes são necessários, é o ciclo da vida, contudo controle se é sempre necessário e nao podemos nos esquecer disso
ExcluirAmei seu conto!
ResponderExcluirAcho que momentos de calmaria e outros de agitação fazem parte, talvez, do caminho que trilhamos na vida. Às vezes, a vida nos presenteia com esses momentos até para que tenhamos a possibilidade de nos conhecer melhor.
Abraços Mika,
Pensamentos Viajantes
Com certeza Mikaele! :D
ExcluirOi Daiane...
ResponderExcluirAmei seu texto, de verdade. Acho que todos tempos nosso ponto de calmaria, mas as vezes nem sabemos qual é.
Gostei quando você disse..''pois foca-se tanto no correr que esquecemos de olhar onde os nossos pés estão pisando''.
As vezes nem nos ligamos de muitas coisas, talvez porque estamos ocupados demais com coisas que nem tem tanta importância assim.
Lindo texto, parabéns.
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br
obrigada Leticia!
ExcluirEu costumo sempre dizer que as águas calmas são as mais profundas...
ResponderExcluirSabe, eu não poso me considerar uma pessoa calma, pode até parecer para quem me vê, mas ninguém sabe o que se passa por dentro, o turbilhão que é...
É muito difícil alcançar este estatus de tranquilidade, mas só consegue quem tenta.
Beijo, Vanessa - Blog do Balaio
http://balaiodelivros.blogspot.com.br/
Concordo Vanessa. Acredito que muitas vezes alcançamos, mas não reconhecemos. Cada pessoa tem suas lutas, nós nunca sabemos o que se passa do outro lado, por isso que a empatia e o respeito são coisas que devemos nutrir. Buscar um ponto de calmaria é se libertar, é perceber que não há nada mais importante que vc mesmo, e que nada merece lhe tirar o prazer de sentir a vida e as alegrias que diariamente recebemos :D
ExcluirConcordo Vanessa. Acredito que muitas vezes alcançamos, mas não reconhecemos. Cada pessoa tem suas lutas, nós nunca sabemos o que se passa do outro lado, por isso que a empatia e o respeito são coisas que devemos nutrir. Buscar um ponto de calmaria é se libertar, é perceber que não há nada mais importante que vc mesmo, e que nada merece lhe tirar o prazer de sentir a vida e as alegrias que diariamente recebemos :D
ExcluirOlá Daiane!
ResponderExcluirExcelente texto!
Com simplicidade conseguiu transmitir uma verdade que muitos estão buscando, inclusive eu.
Ainda não encontrei meu ponto de calmaria, mas estou trabalhando nisso.
Beijos
Li
literalizandosonhos.blogspot.com.br
Obrigada, Aline! Quem busca sempre alcança, e tenho certeza que logo reconhecerá o teu ponto :D
Excluiroie Daiane
ResponderExcluirexcelente conto.
Eu procuro sempre encontrar um ponto de calmaria, mas ultimamente tenho aceitado bem os imprevistos, e até dado risada das situações que ocorrem por conta deles rs
bjos
www.mybooklit.com
Oi Daiane,
ResponderExcluirque texto lindo. Tão difícil acharmos pontos de calmaria nessa correria louca que muitas vezes somos obrigados a andar. Mas foi um prazer poder parar um pouquinho e me deleitar nessa leitura leve e reflexiva. Valeu a dica. Parabéns. bju