Resenha - O Rei Das Cinzas

23 agosto 2018

Livro: O Rei das Cinzas
Autor: Raymond E. Feist
Cortesia: Editora HarperCollins
Ano: 2018
Página: 512
Onde Comprar: Amazon

O mundo de Garn já foi composto de cinco grandes reinos, até que o rei da Itrácia foi derrotado e todos os membros de sua família foram executados por Lodavico, o implacável rei de Sandura, um homem com ambições de dominar o mundo. A família real de Itrácia eram os lendários Jubardentes, e representavam um grande perigo para os outros reis. Agora restam quatro grandes reinos, que estão à beira de uma guerra.

Mas há rumores de que o filho recém-nascido do último rei de Itrácia sobreviveu, levado durante a batalha e acolhido pelo Quelli Nacosti, uma sociedade secreta cujos membros são treinados para infiltrar e espionar os ricos e poderosos de Garn. Com medo de isso ser verdade, e a criança crescer com um coração cheio de desejo de vingança, os quatro reis oferecem uma enorme recompensa pela cabeça da criança.

Na pequena vila de Oncon, Declan é um aprendiz de ferreiro, aprendendo os segredos da produção do fabuloso aço do rei. Oncon está situada na Covenant, uma região neutra entre dois reinos. Desde que a área de Covenant foi declarada, a região existiu em paz, até a violência explodir com traficantes de escravos indo até a vila capturar jovens homens para serem soldados em Sandura. Declan precisa escapar, para levar seu conhecimento precioso para o barão Daylon Dumarch, comandante de Marquensas, talvez o único homem que pode derrotar Lodavico de Sandura, que agora se aliou à fanática Igreja do Deus Único e está marchando pelo continente, impondo sua forma extrema de religião sobre a população e queimando descrentes pelo caminho.

Enquanto isso, na ilha de Coaltachin, o domínio secreto da Quelli Nacosti, três amigos estão sendo instruídos nas artes mortais de espionagem e assassinato: Donte, filho de um dos mais poderosos mestres da ordem; Hava, uma menina séria com habilidades de luta que poderiam derrubar qualquer oponente; e Hatu, um rapaz estranho e conflituoso no qual fúria e calma lutam constantemente, e cujo cabelo é de um tom brilhante e ardente de vermelho.





No transcorrer dos séculos, os dois continentes gêmeos da Têmbria, possuem Cinco Grandes Reinos que viviam na mais completa harmonia e paz. Até que a ganância do Rei Lodavico de Sandura se completamente insatisfeito com suas conquistas, e com isso decide se unir a outros três reinos, para que com essa aliança cometa a maior chacina da história: matar a família real da Itrácia e como se isso não fosse o suficiente, ele decide exterminar toda a população desse reino: os jubardentes. 

Não existe farsa quando o sangue é de verdade.

Daylon Dumarch acaba por ver a família real da Itrácia ser assassinada cruelmente em sua frente; sendo que ele considerava amigo deles. Mas em tempos difíceis, medidas drásticas precisam ser tomadas, decisões devem ser feitas e ele fez sua escolha; escolha essa que perturbará sua vida por um bom tempo. E em meio a seus devaneios, ele se depara com um bebê de origem desconhecida em sua tenda. Mas será que esta criança é realmente de origem desconhecida? Ou Daylon sabe muito bem quem venha a ser esta criança? E porque ele não a entrega para o Rei Lodavico? Seria esta criança um jubardente? Mas isso seria impossível não é mesmo? Dado que ele viu toda a família real ser assassinada a sangue frio, desde o rei até as crianças; mas a sensação de esconder e proteger esta criança do impiedoso regente de Sandura fala mais alto e ele acaba por tomar uma decisão que mudará o futuro de todo o continente da Têmbria.

Anos mais tarde, somos apresentados a dois jovens completamente diferentes, mas que terão suas histórias contadas, e que poderá modificar o rumo de uma guerra de proporções desconhecidas que esta prestes a acontecer e que modificará de uma vez por todas tudo o que sabe-se sobre o continente da Têmbria.


A vida é curta demais para ter cuidado.

Hatushaly ou Hatu como é chamado por seus amigos Donte e Hava, é um jovem com um temperamento explosivo, com uma raiva incontrolável rodando dentro de si e que vive a ponto de perder todo e qualquer controle que tenha sobre si mesmo. Ele desconhece qualquer fato sobre seu passado e isso por vezes o incomoda, a certeza que tem é que não nasceu na ilha de Coaltachim, mas assim ele é tratado com certo privilégio ali e não consegue entender o porquê disso. Hatu e seus amigos desde crianças são treinados pela Nação Invisível, uma sociedade secreta, que tem os melhores espiões do reino, assassinos mortais e que não deixam rastros em seus serviços.

Com o treinamento chegando ao fim, Hatu embarca em uma jornada que irá mudar seu futuro de maneira irremediável, ele começará a se questionar sobre suas origens e quem de fato ele é; e com isso começamos a levantar diversas teorias no decorrer da leitura, por vezes temos certeza sobre um fato, em outras nós acabamos por questionar nossas mesmas teorias. A única certeza que posso lhes dar é que Hatu mesmo que de maneira inconsciente modificará tudo o que toda a população da Têmbria um dia conheceu e teve certeza, e talvez Lodavico se encontrará com os dias contados como regente absoluto.

Qualquer um que não fosse de lá era visto, com boa vontade, como aborrecimento necessário; e com má vontade, como um inimigo em potencial.

Na pequena Ilha de Oncon, seremos apresentados a outro jovem de origem desconhecida, que não sabe praticamente nada sobre seu passado. Declan é seu nome, e acaba de se tornar um mestre – ferreiro de armas, isso graças a sua imensa inteligência e talento, que acaba por deixar seu tutor extremamente orgulhoso. Ele após anos de dedicação, estudo, tentativa e erro acaba por descobrir finalmente como forjar o melhor e mais duradouro aço.

O caminho destes dois jovens tão diferentes virá a cruzar no decorrer de suas jornadas, que cada qual no fim virá a ter um único objetivo: trazer a paz de volta a Têmbria. Mas como dois jovens que desconhecem seu próprio passado e história seria capaz de cumprir com este objetivo que no fim é muito maior que seu próprio passado?

E no meio de tudo isto, uma guerra esta prestes a explodir e sua proporção é simplesmente inimaginável, mas com um potencial de destruição imenso. E pela primeira vez na vida Daylon, Dumarch se encontra pronto para enfim enfrentar o inescrupuloso Rei Lodavico. Ele passou uma vida esperando por este momento e com ele conseguir apaziguar a dor da traição que ainda arde em seu interior, quando viu seu amigo ser assassinado a sangue frio juntamente com sua família e povo na sua frente, ele nunca conseguiu se perdoar por isso. E agora, mais do que nunca ele anseia pelo momento em que enfrentará Lodavico e seu exército e enfim conseguirá consertar um erro do passado, erro este causado por uma decisão ruim e até mesmo egoísta. E no fim das contas, talvez os jubardentes não tenham sido completamente extintos, o que acabará de uma vez por toda com a sanidade do déspota e cruel Lodavico.



[- Minhas Impressões -]

E mais uma vez me deparo com uma obra única e atemporal do mestre da fantasia medieval Raymond E. Feist e que serei sincera com vocês: poderá ser considerado mais um consagrado clássico do autor.

Narrado em terceira pessoa, iremos mergulhar de cabeça no primeiro livro da Saga dos Jubardentes, onde teremos uma história densa e repleta de segredos e mistérios que acaba por nos prender em suas páginas repletas de detalhes, o que para muitos pode ser extremamente cansativo (até mesmo eu devo confessar que não sou fã de detalhes excessivos), mas que no fim das contas o autor faz valer a pena e o que deveria ser um imenso empecilho no decorrer da leitura, não é nada mais que um fator fundamental na história.

Este primeiro livro da saga pode ser considerado um livro introdutório, onde somos apresentados a uma premissa complexa e que vai muito além do genro fantasia, é uma árdua teia de aranha que por vezes pode parecer intransponível, com um interesse político sendo praticamente esfregado em nossa cara logo no inicio da leitura, o maior exemplo disso é o déspota Rei Lodavico, que você já odeia praticamente na primeira página. A ganância por poder é tão grande que vemos uma família e um povo ser assassinado como se não tivessem valor algum, tudo isso por quê? Por controle? Ganância? Para dominar e ter mais poder do que qualquer um jamais conseguiu? E são com essas perguntas que iniciamos o livro.

Não espere um livro repleto de ação aqui, queridos, pois não encontrarão. O autor nos prepara para algo grandioso, posso exemplificar isso com: o tabuleiro de xadrez aqui é montado do zero (este é o terreno onde a guerra virá a acontecer); somos introduzidos brevemente no mundo de cada personagem: Hatu, é o jovem de temperamento difícil e que não sabe praticamente nada sobre seu passado e é um dos melhores alunos treinados na artes mortais dos Quelli Nascotti; Declan, é um jovem ferreiro mestre que também desconhece qualquer fato de seu passado, mas esta disposto a trabalhar forjando armas para ninguém mais e ninguém menos que Daylon Dumarch, o Barão de Marquensas e que esconde um segredo terrível de todos que poderá mudar todo o futuro da Têmbria e fora que é o único que conseguirá enfrentar o Rei Lodavico - e com isso temos um jogo de xadrez pronto com as peças dispostas e uma promessa de uma guerra devastadora pairando sob a cabeça de todos.

Devo confessar que quando vi este livro, não pensei duas vezes antes de dizer o quanto ansiava para ler o mesmo dado que essa é a segunda saga do autor que irei ler, e devo ressaltar que sua escrita só melhorou com o passar do tempo; li A saga do Mago já tem um tempo considerável e lembro o quão encantada fiquei com o universo criado pelo Raymond e ao iniciar O Rei das Cinzas já pude perceber o quanto sua escrita foi aperfeiçoada e que logo de cara já me preparei para mais uma saga que viria para marcar a história e que tem todas as características de uma fantasia grandiosa.


Em A saga dos Jubardentes temos três protagonistas, e devo dizer que no inicio fiquei bem temorosa com relação em como ele viria a desenvolver cada um, se ele conseguiria cruzar o caminho dos mesmos sem prejudicar o ritmo da história. E meus amores, foi uma preocupação tola, pois quando o caminho desses protagonistas de fato se cruzam, você fica ansiando mais, o ritmo da história não foi prejudicado e vemos não de maneira nítida, mas por cima o papel de cada um e quando o livro de fato chega ao fim nos encontramos ansiando por mais e mais; querendo saber aquele famoso tá, e agora?

A maneira com que este livro foi finalizado me deixou completamente boquiaberta e chocada, não consegui iniciar outro livro pois fiquei com as revelações tomando conta de grande parte dos meus pensamentos, e só conseguia pensar: necessito de mais. Não creio que o autor finalizou bem aqui a história. Isso é simplesmente inaceitável; mas ao parar para refletir, não tinha outra maneira de finalizar esse livro, pois o contrário não seria uma saga e sim somente uma duologia. Devo alertar vocês de que este é um livro completamente viciante e o que inicialmente seria um ponto negativo e empecilho (capítulos extensos e narrativa detalhista) acabou contribuindo com o ritmo da história: nem lenta demais e nem corrida demais. O autor soube criar um universo, propor uma premissa e sustentar tudo até o fim, de maneira que em momento algum foi uma leitura cansativa e demasiadamente lenta.

A edição esta simplesmente maravilhosa, mesmo com a simplicidade da mesma ficou um livro belo e que por fim acabará atraindo a atenção de qualquer leitor não só por sua capa bela, mas por sua sinopse totalmente atrativa.

E só por falar para vocês lerem sem receio algum, pois não tem como se decepcionar com algum livro do autor. Mas fica um alerta: quanto mais teoria você criar, mais incerteza terá com tudo. Enfim, esse é um livro que favorito e indico para todos e que por mi o mundo todo devia conhecer.



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10 comentários

  1. Sabe, eu penso que uma boa resenha seja aquela que faça o leitor desejar arduamente pelo livro resenhado.
    E foi isso que desejei ao ler esta resenha. Como não conhecia o livro, estou fascinada com o que li acima. Não somente por trazer uma fantasia que parece ter sido muito bem elaborada, mas também personagens construídos milimetricamente para aguçar ainda mais a vontade ler.
    Apenas um primeiro passo para algo ainda maior!!!
    Com certeza vai para a lista de desejados.
    Beijo

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  2. Oi, Byanca,

    Em volto de um enredo vasto, é perceptível como esse primeiro volume - com um real potencial e com o intuito de deixar o leitor familiarizado com os personagens -, foi muito bem formalizado.

    No entanto, o livro não despertou o meu interesse...

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  3. Oi Byanca.
    Confesso que não sou muito fã de fantasia medieval. Sempre tem muitos detalhes e não curto muito a parte de disputas e lutas por poder.
    Mesmo sendo um volume bem introdutório, com início mais lento, dá para notar que o autor criou uma trama bem envolvente que poderá ter desfechos interessantes.
    Beijos

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  4. Oi, Byanca!
    Curto fantasia, mas não gosto de história cheia de interesses e maquinações políticas, com uma trama complexa e detalhes excecivos... prefiro enredo mais simples, confesso até que fiquei angustiada com a ganância presente em O Rei das Cinzas... Por isso esse é um livro que eu não leria. Abraços!

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  5. Não conhecia esse livro mas adoro fantasia, sendo meu gênero favorito e não conheço a escrita do autor, e depois de ler essa resenha até acredito que para alguém que goste tanto de fantasias, incluindo a medieval como eu para não ter lido seja quase um crime haha
    Fiquei bem curiosa e intrigada.

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  6. Ainda não conhecia o autor e nunca tive contato com nenhum de seus livros, mas adoro o gênero e acho que a história tem várias características capazes de agradar uma ampla gama de leitores. Eu confesso que não sou muito fã de detalhes numerosos, mas entendo que, nessa trama tão complexa, talvez eles sejam a forma encontrada pelo escritor para inserir o leitor dentro do enredo e contextualizar o universo criado por ele. Gosto do fato de a história contar com três protagonistas, cujos destinos se cruzam e se entrelaçam em algum momento, acho que isso dá mais complexidade e riqueza para a trama. Além disso, essa capa é maravilhosa pra se ter na estante!

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  7. Byanca!
    Gosto de livros que trazem a época medieval.
    Bom ver que o livro apesar de tão grande, tem uma escrita fluida e envolvente que faz o leitor ficar grudadinho até acabar.
    Adoro livros que tem mapas, fica mais fácil de localizar.
    cheirinhos
    rudy

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  8. Olá! Acho que já não é mais segredo para ninguém que eu simplesmente amo um bom livro de fantasia e esse me conquistou de imediato. Confesso que fiquei um pouco confusa com esses nomes “diferentões”, mas nada que uma leitura mais devagar não me faça entender e ficar por dentro de toda a trama e que trama hein, gostei desse toque de mistério que a história traz, além é claro da oportunidade de montar diversas teorias, eita que imaginação já está correndo solta aqui.

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  9. Olá Byanca!
    De cara eu já gostei da capa e da sinopse, agora ledo sua resenha, tive ainda mais ctz que preciso conhecer esse livro.
    A escrita parece ter deixado a leitura fluída, adoro isso...;
    Vou anotar a dica e torcer pra conseguir ler me breve.
    Bjs!

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  10. Um livro de fantasia medieval, com direito à mapa e narrado em terceira pessoa, muito descritivo, tem tudo para ser perfeito. Esses livros que tem um personagem que busca pelas suas origens , seu passado ,acho muito interessante. Sempre que um livro nos leva para esse caminho é viciante.E que bom saber que apesar do tema não é um livro de ação, e sim algo mais profundo e complexo .Nós , leitores só temos a agradecer. Linda capa e título.

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