Resenha - O Feiticeiro de Terramar

14 março 2017

Título: O Feiticeiro de Terramar (Ciclo Terramar #1)
Autora: Ursula K. Le Guin
Editora: Arqueiro
Páginas: 176
Skoob / Goodreads
Onde comprar: Saraiva / Amazon

Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda.
Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários.Publicado originalmente em 1968, O feiticeiro de Terramar se tornou um clássico da literatura de fantasia. Ged é um predecessor em magia e rebeldia de Harry Potter. E Ursula K. Le Guin é uma referência para escritores do gênero como Patrick Rothfuss, Joe Abercrombie e Neil Gaiman.










Essa história nos mostra toda a jornada de Ged, o menino que descobriria ter poderes de um mago e seria reconhecido como o Gavião, famoso por ser um dos mais maiores feiticeiros do mundo. Ged vivia numa pequena aldeia com o pai, um forjador de bronze esquentado e calado que o obrigava a trabalhar como aprendiz na forja. Sua mãe veio a falecer quando ele ainda era apenas um bebê, e a única mulher com quem possuía algum contato era a sua tia. Certa vez, Ged ouvira a mulher dizer algumas rimas para algumas cabras que estavam no telhado e não queriam descer, e essas palavras fizeram com que saíssem dali. Ged, maravilhado com aquilo, recitou os mesmos versos para algumas cabras, mas isso fez com que atraíssem tantas para perto de si que ele tentou fugir delas, apavorado, chamando a atenção da aldeia inteira.

Sua tia perguntou-lhe se sabia o significado daquelas palavras e quando Ged respondera que não, ela percebera que o filho de sua irmã falecida possuía um dom consigo e dali a diante, postou-se a ensinar tudo o que sabia para o menino, mesmo possuindo um conhecimento bem básico e escasso da magia. Após alguns anos, houve uma invasão de centenas de soldados que desejavam tomar e destruir aquele povoado. A maioria das pessoas fugiu e se escondeu, mas Ged acabou surpreendendo todos ao criar um grande nevoeiro contra esses guerreiros e os derrotou, ocultando a si mesmo e seu povo e confundindo os inimigos e guiando-os ao grande penhasco e à morte iminente.

Após esse grande feito, não demorou para que Ged se tornasse reconhecido por várias terras e chamasse a atenção de Ogion, O Silencioso, um grande mago que deseja torná-lo seu aprendiz. Ged partiu de sua terra natal animado e ansioso pelas novas aprendizagens e experiências que viria a ter com seu mestre, mas nessa época era um menino que almejava realizar grandes coisas com o uso da magia e conforme o tempo foi passando, se sentia cada vez mais infeliz sob a tutela de Ogion, pois o feiticeiro, como o seu apelido diz, era bastante calado e Ged não sentia que estava aprendendo algo de relevante.

“A feitiçaria não é um jogo que jogamos por diversão ou para receber elogios. Pense nisto: toda palavra, todo ato de nossa arte, é falada e é feita para o bem ou para o mal. Antes de você falar ou fazer, tem que saber o preço a pagar!”

Dessa forma, Ogion acaba enviando o garoto para uma escola de magia e é lá que ele finalmente acredita ter encontrado o lugar do qual pertence. No meio de tantos mestres e feitiços, dois alunos acabam entrando na vida de Ged. Um deles se torna seu melhor amigo e o outro, por sempre falar com ele de forma bastante debochada e tratá-lo como inferior, seu maior rival. Ged ainda não sabia que a magia poderia lhe trazer consequências obscuras e que da mesma maneira que é capaz de encaminhá-lo para a luz, não haveria dificuldade em provocar as trevas. Sentindo a necessidade de provar sua honra, acaba cometendo um erro e trazendo para àquele mundo uma sombra sem forma e sem nome que passa a persegui-lo a qualquer lugar, seja na terra, mar e até mesmo nos sonhos.

Ged passa a refletir se tomou a decisão certa ao deixar Ogion, pois a sua vida se transforma tanto que é obrigado a trilhar uma longa jornada sozinho para não correr o risco de ferir as outras pessoas. Será que ele conseguirá vencer essa criatura imprevisível e poderosa?

Sempre me sinto um pouco receosa ao ler obras que foram escritas há um bom tempo, já que a narrativa e linguagem utilizadas podem ser bem diferentes dos livros contemporâneos que estou acostumada a ler. Esse receio foi apaziguado logo nas primeiras páginas, pois a escrita é tão fluída e direta que nem vi o tempo passar enquanto lia. É evidente que a autora possui um grande talento para a escrita, pois apesar de conter poucos diálogos, através da escrita em terceira pessoa ela soube dar ênfase na ambientação e nos conflitos do protagonista, envolvendo o leitor constantemente. Minha única ressalva é que senti que havia muitas informações sobre lugares diferentes de uma só vez, de modo que eu precisava olhar para o mapa a todo momento para saber de qual local a história estava se referindo.

“O mundo mantém seu balanço, seu equilíbrio. O poder da transformação e de invocação de um feiticeiro pode abalar esse equilíbrio. É perigoso, esse poder. Nocivo, em grande parte. E deve vir acompanhado do conhecimento e servir à necessidade. Acender uma vela é lançar uma sombra...”

Algo que preciso ressaltar é que a autora alterou alguns padrões de histórias de fantasia nessa obra e adorei perceber essas mudanças. Na época em que o livro foi lançado, as pessoas visualizavam os magos como sendo homens velhos, brancos e de barba, como Merlin e Gandalf. O protagonista Ged, bem como a maioria dos personagens secundários, além de jovem e nada sábio, é um mago de pele escura e adorei essa quebra de modelo. Outra alteração é que não há a presença da guerra, algo que sempre presenciamos em histórias que magos fazem parte. Porém, nem por isso a história é estagnada demais ou pouco movimentada; cada capítulo é finalizado de forma a deixar o leitor curioso sobre qual será o próximo passo de Ged.

A diagramação não deixa nada a desejar: a capa, revisão ortográfica e edição estão impecáveis. É perceptível o capricho e cuidado que a editora Arqueiro concedeu a essa obra magnífica. Recomendo bastante essa história, os leitores que amam fantasia com certeza irão apreciá-la, e para aqueles que ainda não conhecem o gênero a leitura também é adequada, já que a escrita é direta e o livro contém poucas páginas. Venham acompanhar a incrível jornada de Ged!

17 comentários

  1. Estou me programando para ler essa série de livros Terramar. Ele me cativou de cara por diversos motivos. Um por ser da Editora Arqueiro, outro por ser fantástico e outro por tratar de magia em suas páginas. Bem, se vou gostar tanto quanto acho que vou eu já não sei, mas que vou ler ele isso é certo rs

    |amorlivresco.wordpress.com|

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  2. Oi, tudo bom?
    Já vi resenhas desse livro mas ainda não consegui me interessar completamente pela história. Parece ser um enredo muito "em seu próprio mundinho". Não sei explicar, mas não me chama a atenção. Acho que é muita informação de uma vez, algo assim. Quem sabe um dia?

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  3. Oi Amanada,
    Li em algum lugar que esse livro foi um marco para a fantasias e acho que esse ponto de tirar a imagem do mago como sendo um homem velho deve ter sido uma das principais questões.
    Já tenho ele anotado a um tempinho na minha lista e espero ter a oportunidade de ler, principalmente para ter contato com uma fantasia mais antiga e fora de um certo padrão que costumamos ver hoje.

    Bjs,

    Bjs,
    Garotas de Papel

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  4. Oie! Tudo bem?

    Desde o lançamento desse livro essa é a primeira vez que encontro uma resenha sobre, pelo o que me lembro kkk, mas de qualquer forma parece ser um livro de fantasia muito boa, mas ainda não me animei para realizar a leitura do livro e sobre Merlin que você citou, não sei porque mas nunca imaginei ele velho e sim novo kkk E olha que esse Mago é um exemplo para mim amo demais ele!

    Bjss

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  5. Oii então eu ao contrário de você gosto de livros com linguagens rebuscadas antigas dá um tom de sofisticação e também aprendemos palavras novas e tal. Gostei da história me pareceu bem interessante, acho que daria um ótimo filme, ficção com fantasia de um jeito diferente, gostei bastante da resenha, parabéns bjs

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  6. Oi, Amanda

    Eu não conhecia esse livro antes da editora lançar. Não sabia que a autora tinha quebrado esse estereótipo dos magos, achei interessante. Eu não curto muito o gênero, a única fantasia que me prendeu e despertou meu amor foi HP.

    Beijos

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  7. Oi Amanda,
    Gosto muito do gênero fantasia e tenho vontade de ler essa obra. Achei sua resenha extraordinária e fiquei contente que você tenha gostado e que a autora tenha quebrado esses padrões que é tão presente nas obras do gênero.
    Claro que vou anotar a dica e estou torcendo para gostar.
    Beijos

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  8. Olá, Amanda!
    Não sou fã de livros de fantasia, entretanto sou atraída instintivamente pelos clássicos e clássicos em potencial. Muito boa sua resenha sobre uma obra que inspirou o best-seller Harry Potter, entre outros livros de bons autores.
    De Ursula, já li "A Mão Esquerda da Escuridão" e gostei bastante, por ser um livro além do tempo que foi escrito e publicado.
    Te indico a obra por trazer temáticas tão transgressoras.
    Abraço.

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  9. Oi! Tenho que confessar que o fato dele mesmo tão jovem ser capaz de fazer feitos tão incríveis me interessou bastante. Acho que tem os elementos certos para trazer algo novo e diferente em um mundo tão igual sobre magia e achei interessante ter uma escola para isso, mas sem se parecer com uma tão famosa. É legal essa quebra de padrão e inovação nos personagens e definitivamente fiquei curiosa para ler, algo que até agora eu não havia tido sobre essa obra em particular! Espero conseguir ler em breve e fico feliz que tenha gostado.
    Um beijo
    www.brookebells.com

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  10. Oie...
    Amei sua resenha!
    Sempre vejo considerações positivas sobre essa obra, porém, não gosto de ler livros de fantasia, pois, nunca consigo me conectar com a história, prefiro histórias mais reais... Enfim, não é uma obra que leria, mas, tenho certeza que os fãs do genero irão amar <3
    Beijos

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  11. Oie...
    Amei sua resenha!
    Sempre vejo considerações positivas sobre essa obra, porém, não gosto de ler livros de fantasia, pois, nunca consigo me conectar com a história, prefiro histórias mais reais... Enfim, não é uma obra que leria, mas, tenho certeza que os fãs do genero irão amar <3
    Beijos

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  12. Oiee
    Eu ainda não conhecia esse livro e apesar da sua resenha positiva, não me senti atraída pela história. Confesso que é um gênero q leio pouco e talvez seja isso que não me atraiu.
    Que bom que você sentiu a leitura fluida pois isso é um ponto que deixa a história mais gostosa.
    Achei interessante tb a mudança de visões ultrapassadas q a autora deixa claro. Foi uma forma inteligente da autora desenvolver a história.
    Bjo

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  13. Oie
    parece ser um livro muito legal, eu não leria por não ser o que procuro no momento mas com certeza o enredo e a capa estão encantadores, muito legal a dica e que bom que gostou tanto

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  14. Oi,
    sou bem resistente a livros do gênero, são raras as fantasias que realmente me atraem, por ser um clássico e estar sendo muito falado nos últimos tempos devido ao seu relançamento confesso que tenho um pouquinho de vontade de dar uma chance, mas pra falar a verdade a trama sequer me chama a atenção de verdade, não me sinto atraída pela premissa e essa é a grande razão deu nunca tê-lo pegado para ler.

    Abrçs
    Delmara Silva

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  15. Olá!!
    Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas nunca tinha lido nenhuma resenha nem conhecia o enredo até agora...
    Achei muuuito interessante, e fiquei imaginando como ele pode ter sido uma influência para JK Rowling, já que na história também existe uma escola para magos...
    Fiquei bastante curiosa e espero poder ler em breve...
    Obrigada pela dica, um beijo!

    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  16. Oi Amanda,

    Adorei saber que esse é um livro que sai do padrão da fantasia. Um mago criança é novidade. Fiquei muito interessada, ainda mais por ter influenciado a JK. Já acrescentei na minha TBR.

    Beijos e parabéns pela resenha
    Flora Literária

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  17. Oi, amanda, gostei de saber que essa história quebrao padrão de algumas outras de fantasia que encontramos por aí. Realmente, em um livro tão pequeno deve ser meio tenso tantas informações, mas que bom que ainda assim a leitura foi positiva. Espero que você goste dos próximos volumes.

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