Resenha - Clímax

26 julho 2016


O mesmo autor de Clube da Luta apresenta um retrato afiado do feminismo, do prazer sexual e do apocalipse do marketing em uma nova narrativa sobre as psiques desconjuntadas de homens e mulheres contemporâneos. Penny Harrigan é uma jovem recém-formada em Direito que trabalha no maior escritório de advocacia de Manhattan. Vinda do meio-oeste, ela mora em um apartamentinho no Queens com duas colegas e há tempos não tem nem sinal de vida amorosa. Por isso, imagine o choque que leva quando C. Linus Maxwell – ou “ClíMax”, o megabilionário famoso por casos com as mulheres mais lindas e cobiçadas do planeta – a convida para jantar? Pois ele não só a leva ao restaurante mais badalado de Nova York, como também a uma cobertura em Paris onde, caderneta à mão, começa a conduzi-la por dias e dias de ápices insonháveis de prazer orgásmico. Vai reclamar? Sim: Penny descobre que é a cobaia na etapa final de pesquisa e desenvolvimento da Beautiful You, uma linha de apetrechos sexuais que serão vendidos às mulheres do mundo todo numa cadeia multinacional de lojas. Milhões de mulheres fazem fila para abastecer-se do catálogo de aparelhinhos, tão potentes e eficazes que, por todo o globo, elas chegam em casa, trancam-se no quarto e não saem mais – a não ser quando precisam de pilhas. Alguém precisa deter o plano de Maxwell de dominar o mundo usando o prazer erótico. Mas como? “Chuck Palahniuk anda com sexo na cabeça (...) Mas não estamos falando de 50 Tons de Cinza. Clímax é praticamente um dedo do meio para a mommy porn e para a fama do erotismo moderno – e, ao mesmo tempo, uma sátira esperta sobre misoginia, fama, moda, autoajuda e ciência.” – USA Today “Palahniuk continua a extrapolar os limites nesta sátira sobre sexo e consumismo.” Publishers’ Weekly “Surpresa e diversão genuínas.” – The Times

Livro: Clímax
224 páginas || Skoob || Editora: Leya || Onde comprar


Leitura: +18 anos






A história gira em torno de Penny, que trabalha no escritório de advocacia mais prestigiado de Manhattan. Apesar de ter concluído a faculdade de direito estando entre os três melhores alunos, ela está tentando criar coragem para realizar a sua terceira tentativa do exame da Ordem. Como ainda não fora aprovada, é obrigada a agir como uma estagiária, trazendo café e levando cadeiras, então, em numa dessas ocasiões, acaba derrubando todo o café no chão e tropeçando na frente de C. Linus Maxwell, – ou Clímax – um homem mega bilionário famoso por seus casos com a presidenta Clarissa Hind e com a atriz francesa Alouette D’Ambrosia, vencedora de seis Palmas de Ouro e de quatro Oscar. Naquele momento, Penny nunca poderia imaginar que o maior tombo de sua vida iria ocasionar em algo ainda mais grandioso e incomparável após o vexame.

Penny não é uma mulher bonita, mas também não é feia. Ela não vestia 36 e sim 40, tinha coxas grossas e não sentia vergonha alguma de mostrá-las, e era uma boa filha, obediente e inteligente. Não era virgem, mas há tempos não embarcava num relacionamento amoroso e sua vida muda completamente – e de certa forma, a de outras mulheres também – quando Maxwell a convida para sair em um restaurante incrível no qual se encontra bastante vulnerável.


Engana-se quem pensa que Maxwell está interessado nela de forma carinhosa e amorosa. Nada disso! Além de oferecer a Penny uma vida de luxo, presenteando-a com roupas e sapatos caros, idas ao teatro, cinema e a lugares mais badalados de Paris, o seu único objetivo com Penny é proporcionar prazer sexual. Ela começa a passar a maior parte do seu tempo na cobertura de Paris se submetendo às suas mais variadas formas de estimular a genitália feminina, fazendo-a gritar e gemer de prazer sem parar. Obviamente não é o que Penny esperava, levando em conta o fato de que ele já se relacionara com mulheres poderosas e muito mais sensuais que ela.

Maxwell está desenvolvendo uma linha de produtos de brinquedos sexuais chamado Beautiful You e usa Penny como cobaia para aprimorar os seus instrumentos antes de lançá-los no mercado e atingir todas as mulheres do mundo, sendo gorda ou magra, feia ou bonita, velha ou jovem. Todas elas aprenderiam a amar o seu próprio corpo e a estimularem suas genitálias, alcançando os maiores níveis de prazer que nenhuma delas sentiu antes na vida. Maxwell é um cientista que se destaca por demonstrar ser um homem muito preocupado com o prazer feminino, algo que ninguém nunca pensou. Penny aceita tudo que ele lhe pede, afinal, nunca havia tido um orgasmo antes e durante todos aqueles experimentos ela passa a acreditar realmente que as mulheres merecem sentir todo esse prazer que fora proporcionado a ela.

O problema é que ela não contava que os planos de Clímax eram muito maiores que explorar o prazer feminino: o seu real objetivo é dominar o mundo! Pois é, pode parecer um pouco estranho, mas quando a sua linha Beautiful You é lançada e as mulheres correm para as suas casas para experimentar os apetrechos, Penny não imaginava que o estrago que causaria no mundo ao colaborar para que os planos de Clímax se transformassem em realidade começassem a deixar as mulheres tão viciadas nesses objetos. Deixando de lado tudo que havia em suas vidas: marido, trabalho e filhos.

Tudo na vida perde o sentido, os homens se tornam completamente desnecessários e todas elas passam a se trancar no quarto apenas para satisfazer o seu próprio prazer, saindo de casa somente para comprar novos produtos e pilhas.

“Apesar da reação deliciosa, os produtos Beautiful You eram nada além de um substituto para o amor, bem potente, aliás. Seu maior medo era de que as mulheres do mundo não notassem a diferença.”

Clímax é um desses livros que quando você termina, em um primeiro momento, não consegue afirmar se gostou ou não. Após refletir por um tempo sobre a mensagem que o livro passa, não há como negar que Chuck faz uma crítica muito bem construída sobre feminismo, misoginia, erotismo e fama. Uma das críticas abordadas que eu mais gostei foi que apesar de o livro ter sido escrito por um homem, nesse livro Palahniuk não deixa de acentuar o fato de que os homens são incapazes de dar prazer a mulher. São tantas as mensagens implícitas na história que chegava a ser cômico em várias cenas. Além de conter uma crítica social, os livros de Palahniuk sempre são escritos de forma irônica, cética e sarcástica e para quem aprecia, - como eu, fã do autor – o livro pode acabar provocando várias risadas no leitor, mas tudo depende do seu senso de humor, é claro.


Sendo fã ou não de Palahniuk, acredito que posso afirmar que haverá cenas em que você pode sentir um pouco de repulsa, já que elas são tão absurdas e completamente estranhas. O livro fala sim, de sexo, mas de maneira científica, bruta e nada sensual, garanto que nenhuma cena irá te fazer associar o livro com o do gênero hot ou com a obra 50 tons de cinza, por exemplo. Na verdade, pode-se dizer que o livro é uma paródia de 50 tons de cinza e até mesmo quem nunca leu poderá sentir as semelhanças dos personagens, e obviamente nesse livro eles são construídos com o objetivo de gerar no leitor reflexões sobre sexo, misoginia e consumismo.

Assim como o gênero hot não está presente no livro, não há o mínimo de resquícios de romance também. Essa é uma história sobre poder, não entre homens e mulheres, mas em como as pessoas são controladas com o sexo e nem mesmo percebem, e adotam essa prática como se fosse algo normal. Como não sentir as referências dessa história sobre o nosso mundo machista, onde a imagem feminina é vendida como forma de estimular as pessoas, especialmente os homens hétero, a consumir desenfreadamente?

A diagramação está bonita e simples, o espaçamento entre linhas está bem agradável para a leitura e as páginas são amareladas. A escrita é em terceira pessoas sob a perspectiva de Penny e encontrei poucos erros de revisão que dá para deixar passar. Essa é uma história que definitivamente não posso recomendar a todos, já que leva em sua bagagem o erotismo criticado de maneira construtiva. Quem aprecia as obras de Palahniuk e ainda não leu o livro, posso afirmar que vai gostar dele e das mensagens implícitas, ainda que essa não seja a melhor de suas obras. E para quem ainda não é adepto à escrita do autor, peço que comece por outro livro, como Clube da luta ou Condenada, para que possa se habituar à sua escrita de ficção transgressiva.

19 comentários

  1. Oi Amanda
    eu nunca li nada do autor, mas tenho muita vontade em conferir, especialmente por já ter lido várias resenhas positivas sobre seus livros. Por falar em livros, esse eu desconhecia, mas me interessei por conta da temática. Imagino mesmo que algumas cenas devem causar repulsa, por isso creio que o leitor já deve estar preparado antes de começar a ler.
    Beijos, Fer
    www.segredosemlivros.com

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  2. Oi, Amanda menina que coisa doida esse livro. Eu nunca tinha ouvido falar dele e esse enredo mirabolante não me atraiu em nada. Eu gosto do gênero e mesmo gostando de alguns que são estranhos também, esse não me deixou curiosa, não. Achei muito doido o ele querer dominar o mundo dessa maneira e mais doido ainda as mulheres abandonarem os filhos para irem atrás de um prazer sexual com brinquedinhos. Sei lá, mas não foi só isso que me deixou com essa aversão, a maioria dos pontos que você mencionou não me agradaram e acredito que se eu (por acaso) fosse ler, não conseguiria gostar da leitura e talvez terminasse por obrigação ou abandonasse mesmo.

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  3. Oi Amanda, já li um livro do autor e gostei bastante, por isso que o nome dele na capa deste livro, foi o que mais me chamou a atenção.
    Achei mega interessante essa abordagem crítica sobre homem e mulher e acho que isso pode render muitas reflexões.
    Fiquei curiosa em ler e acho que seria uma leitura muito intensa e boa para mim.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  4. Oi Amanda,
    Apesar de muitos falarem, não li o Clube da Luta. E só fiquei sabendo desse livro aqui, com a resenha.
    Apesar de você afirma que não se pode associar a outros livro do gênero hot, acho que o autor quis isso sim e a partir disso cria a crítica. Moça caindo na frente de bilionário, suspeito em?! e até mesmo uma crítica as leitoras desse romance, já que em 50 tons esse tipo de relação é romantizada e aqui ele dá uma toque de enganação digamos e em seguida vem joga a verdade na cara, digamos assim.
    Não é um livro que eu leria por hobbie e sim se fosse a título de pesquisa mesmo.

    Bjs

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  5. Olá Amanda,
    Ainda não li nada do autor e confesso que fiquei bem interessada na leitura de Clímax. Achei a premissa muito interessante. É um jogo de poder fascinante.
    Estou me perguntando como a protagonista reage quando percebe o que aconteceu com todas as mulheres que começaram a usar esse produto e que ela foi uma das responsáveis, mesmo que indiretamente.
    Dica mais que notada!
    Beijos ♥
    Um Oceano de Histórias

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  6. Oie.
    Não sei se sou boa para falar desse livro, primeiro porque nem gosto de O clube da luta e segundo porque acho surreal a trama. Não que eu me sinta ofendida, mas não consigo fazer descer...
    Bjokas, apesar de não gostar a resenha está muito boa.

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  7. Oi Amanda,

    Eu quero muito ler essa obra. Eu ADORO a escrita do Chuck e o acho muito original e inteligente. Já foi em Condenada, Clube da luta e imagino que seja em Clímax, ainda mais tratando sobre um assunto pertinente como o poder, o sexo e trazendo e escancarando o machismo que é presente e essa sociedade misógina. Espero poder ler e adorei suas considerações e sua resenha.

    bjs =)

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  8. Oi
    Apesar da premissa ser bastante interessante e sua resenha bastante clara e sincera, não me interessei por Climax no momento. Entendi a crítica que o autor quis fazer e até certo ponto concordo, mas acho que tudo deve ter uma medida.
    Mesmo assim anotei a dica para quem saber ler em outra oportunidade.
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  9. Oi, desculpa mas eu acabei gargalhando conforme ia lendo na sua resenha o enredo do livro sabe? No começo até achei interessante a experiência com os produtos e tal. Mas quando veio a parte de que isso era um plano para dominar o mundo eu achei meio forçado. Mesmo com suas reflexos finais e sobre as críticas que o autor quis passar eu não leria esse livros.
    Bj

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  10. Olá!
    Confesso que não gostei do livro, mas amei sua resenha. Achei super válida essa crítica que você fez no final, sobre o machismo e como somos só objetos sexuais para a grande maioria dos homens. Foi interessante essa abordagem que o livro tomou, já pensou se a gente não precisasse mais deles mesmo? Realmente iria acontecer isso aí.
    Beijos.
    http://arsenaldeideiasblog.wordpress.com/

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  11. Oi Amanda!
    Nunca li nada do autor, mas já ouvi falar muito dele. Muitos amam, outros nem tanto. Amei sua resenha e fiquei curiosa pra ler esse livro, adoro livros que no final a gente fica sem saber o que pensar e como avaliar a leitura. Esse tipo de livro meio que tira a gente de zona de conforto! Dica anotada e espero poder ler em breve!
    Bj

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  12. Nunca li nada do autor e esse livro não me interessou nem um pouquinho. Já é difícil eu ler um livro que tenha sexo mesmo que seja repleto de romance, imagina um que o aborda desse jeito, não é pra mim não, obrigada. Linha de brinquedos sexuais misturada com dominação do mundo é muito pra minha cabeça.

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  13. Oi Amanda,
    Que dica ótima! Eu vi apenas o filme do Clube da Luta e posso dizer que explodiu a minha cabeça. Nunca li nenhum livro do autor, mas esse certamente irá para a lista. É muito bom repensarmos o que achamos que é normal e socialmente aceitável hoje.
    Fiquei muito curiosa para saber como essa história acaba!
    beijos

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  14. Oi!

    Gostei bastante dessa capa, achei ela bonita por demais.
    Eu já ouvi falar nesse autor, tenho aqui em casa Clube de Luta, mas ainda não li. No entanto, ainda não conhecia Clímax e devo admitir que achei a trama um tanto interessante e leria sim, com certeza, estou está colocando ele na lista de desejados. Mas só pelo simples fato de ter achado bizarra essa trama, que loucura.

    Fiquei me perguntando se esses brinquedinhos eram tão bons assim já que as mulheres jogavam tudo pelos ares para ir atrás deles. E mais curiosa ainda em descobrir como a protagonista lida com isso.

    Ingrid Cristina
    Plataforma 9 3/4

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  15. Fiquei de cara com sua resenha, sério. Olhando a capa não imaginava a premissa e história que você descreveu. Gosto muito de alguns livros do Chuck mas me pergunto se conseguirei gostar desse por esse fator de cara dominador, mesmo com as críticas abordadas e a falta do romance. Mesmo assim fiquei curiosa haha Sua resenha tá maravilhosa. Beijos <3

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  16. Oi, flor.

    Nossa, que livro! Eu nunca li nada do autor, mas vejo muitas pessoas falando bem sobre suas obras. Aliás, gostei bastante da premissa desse livro. Saber que ele, apesar de homem, faz critica sobre como homens não conseguem dar prazer as mulheres é sensacional. Fiquei super curiosa com a história e espero ler em breve.

    Beijos!

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  17. Oiii, tudo bom???
    Nossa, que capa maravilhosa é essa e que livro maravilhoso, nunca tinha ouvido falar do livro, agora o escritor. Ele é simplesmente maravilhoso. To apaixonada ainda nessa capa, é simplesmente perfeita. O fato do protagonista ser o dominador e o livro mostrar o lado do dominador é muito interessante. Gostei bastante da premissa.

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  18. Oiii, tudo bom??
    To apaixonada nessa capa, imagino que esse livro tenha a mesma escrita gostosa de ler do livro Clube da Luta, apesar de nunca ter ouvido falar dele, acredito demais na escrita desse autor. Gostei mais ainda dele não ser só mais algum romance hot como 50 tons. Com certeza eu vou procurar lê-lo ele rapidamente. Gostei da resenha e da sua forma positiva de falar como ele fica na cabeça até que você entenda ele.
    Abraços

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  19. Oi Amanda, tudo bem?
    Eu já tinha ouvido falar brevemente sobre esse livro e devo dizer que sua resenha chamou muito minha atenção. Fiquei bem feliz em ver que você curtiu a obra e recomenda, esse livro traz um enredo bem diferente do que estou acostumada e pelo que percebi parece ser um assunto que me interessa. Adorei sua resenha e adorei ver seu ponto de vista, com certeza lerei o livro em breve.

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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