Observatório Literário #21: Os Colecionadores de Livros x Os Compradores de Livros

21 junho 2018
Recentemente, me fiz a seguinte pergunta: eu quero este livro pois ele é bonito ou porque eu quero realmente ler a história que está nele?


E aparentemente isso parece ser uma pergunta simples, não é mesmo? Mas acho que nós que gostamos muito de ler e de livros enquanto objeto sabemos que não é tão simples assim...


Quem aqui não gosta de ter um livro bonito na estante para chamar de seu, não é verdade? SIM, claro que é, e não há nada de errado nisso! Acredito que o fato comece a ficar um pouco “fora de controle” quando o desejo de possuir o livro seja algo momentâneo e para massagear de alguma forma nossos egos.


“- Ah, mas que exagero, Eduardo! Eu quero o livro pois tem uma capa super fofa e uma hora ou outra eu vou acabar lendo ele!!”

E sim, seria ótimo se isso fosse o que REALMENTE  acontece, mas comigo isso não se realizou e talvez alguns de vocês também se identifiquem com essa situação: comprar livros no calor do momento, e depois de um tempo curto perder totalmente o interesse sobre ele.


E é dessa situação que a ideia para este post surgiu: eu só quero comprar livros para encher minha estante, ou quero manter uma biblioteca essencial e extremamente pessoal?

Vou explicar melhor: não há nada de errado em comprar muitos livros, a não ser que isso esteja se tornando algum tipo de compulsão ou algo do tipo. Mas querer encher suas estantes dos mais variados livros (até mesmo daqueles que nunca serão lidos) é relativamente normal no momento em que vivemos hoje, afinal, querendo ou não, coisas como essas são bem mais acessíveis do que há anos atrás, por exemplo, em que um livro sequer era artigo de luxo. E isso claro é muito relativo, para uns uma estante com 30 livros é uma estante cheia, para outros, uma com 500 que é cheia, e por aí vai.


E existem pessoas que apenas compram livros que ou se identificam muito com tal autor ou gênero, ou sabem que vão querer reler aquela obra. É meio complicado isso, mas vou dar um exemplo, há um tempo atrás, qualquer livro que me chamasse um pouco de atenção seja pela capa, pela sinopse, ou porque alguém que eu conhecia falava muito bem, a minha compra era certa. Mas depois de um tempo, eu fui perdendo o interesse pela quantidade excessiva de títulos diferentes que eu acabava adquirindo e com isso, lógico, eu saía no prejuízo.


“- Ah, mas como é que eu vou sair da minha zona de conforto, se eu não experimentar livros novos? ”

Sim, você que me faz esta pergunta está certíssimo. É ótimo experimentar coisas novas e da qual não estamos acostumados! Mas será que vale a pena sair comprando a torto e direto um monte de livros que vemos pela frente? Se façam esta pergunta! Para muitos, sim, é claro que vale, eu quero lotar minha prateleira das mais variadas coisas, e é isso que pensa o grande autor Umberto Eco. Para ele, com um acervo de mais de 30 mil livros, aqueles que ele ainda não leu, valem muito mais do que os que leu. Ele chama isso de anti-biblioteca. É um conceito de que ter um acervo grande é o equivalente a ter inúmeras possibilidades de pesquisa (e podemos considerar inúmeras possibilidades de entretenimento também, por que não?).


Já outros pensam que hoje, as pessoas perderam completamente o hábito de ir em bibliotecas públicas, o que é ruim, pois todos aqueles livros, de uma certa forma, são bens de todos, e indiretamente também são seus! Andar em uma biblioteca pública pensando mentalmente: tudo isto é meu, tudo isto é meu....é um dos exercícios propostos por outro grande autor: Juan Pablo Villa Lobos. Para ele não é preciso adquirir esta compulsão por comprar livros e sim somente para lê-los.


Parece que não, mas estas discussões rendem muito “pano pra manga”. Tudo vai depender de como você que ama ler e comprar, ou colecionar livros, encara estas situações aqui apresentadas. Você aí é um colecionador, ou um comprador? Você gosta de encher sua estante sem nem saber o que vai encontrar pela frente, ou prefere pesquisar bem sobre o que vai comprar, ou até mesmo tentar uma versão digital primeiro e ver se gosta para depois adquirir a física? Ou nem um nem outro, você vai a bibliotecas e faz a festa?

Pessoalmente falando, eu já fui muito de sair comprando tudo para querer ter bastante coisa na minha estante, como já falei. Hoje eu penso um pouco diferente. Gasto as vezes muito mais com um livro de sebo bem velhinho que é raro e que quero muito ter em minha coleção (cof, cof...80 reais em uma edição de A Coisa do Stephen King de 1986), do que em um livro novinho que com certeza eu nunca vou ler de 20 reais. Mas como eu já disse isso é muito PESSOAL. E existe uma coisa chamada de Valor Agregado, que é o quanto aquilo que eu gastei significa para mim!


Quis levantar esta discussão mais para pensarmos um pouco mesmo a respeito disso, sem querer criticar o que cada um faz com suas aquisições.

Mas e vocês, como pensam a respeito disso? Deixem sua opinião aí nos comentários que é muito legal conhecermos os diferentes perfis que nós leitores temos!!!

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5 comentários

  1. Olá! Como a maioria dos leitores já tive minhas fases de comprar qualquer coisa, ou por ser moda, ou por ter capa bonita, ou porque estava em promoção. Já me livrei de muitos livros, outros até hoje não li, depois de uma certa idade aprendi que menos é mais, tenho uma cristaleira pequena, nela divido meus livros em lidos X não lidos. Só compro novos para equilibrar e manter uma média saudável, mesmo assim às vezes me surpreendo com os não lidos aumentando. Também presenteio com livros, e os comprados por impulso geralmente terminam em sebos,quero chegar num ideal de ter só livros que realmente façam diferença na minha vida. Quero só aqueles que pretenda reler.Sobre comprar por impulso ,mais do que lê, acho que cada leitor deve ter a liberdade de fazer o que quiser, até mesmo ter os livros por perto só para olhar, não devem existir regras e limites para os leitores,somos livres.

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  2. Que post incrível!! Estes dias estava pensando sobre isso ao olhar minha pequena estante.
    Dos livros que estavam ali, quantos estavam por realmente fazerem parte da minha vida e quantos estavam por simplesmente não conseguir me segurar em alguma promoção?
    A resposta veio fácil e decidi que comecaria este ano de 2018 só tendo livros que eram meus, que em algum momento eu o leria novamente, emprestaria ou os indicaria a alguém. E assim o fiz. Doei boa parte dos meus livros a uma biblioteca itinerante da minha cidade, outros doei a um bazar para ajudar animais de rua e foi a melhor coisa que já fiz na vida!! Pois alguns dias depois, vi uma moça sentada em uma praça lendo aquele livro que eu havia colocado junto com os outros para doação.
    Hoje mantenho meus livros favoritos. Apenas isso. E viva a literatura que pode sim e deve ser passada adiante e nunca ser apenas um objeto de colecionador!!
    Beijo

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  3. Olá! Não vou negar que tive minha fase de compradora compulsiva em relação aos livros (#quemnunca). E para me justificar citava diversas desculpas tais como “mas está na promoção”; “A capa é tão bonita”; “Eu já tenho o primeiro”. Mas chegou um momento que a ficha caiu (e o dinheiro e o espaço físico acabaram) e atualmente (com 243 livros na minha estante, dos quais não li uns 15%) penso muito antes de comprar um livro, pesquiso, coloco na lista, aguardo promoções e procuro prestigiar aquele meu autor queridinho.

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  4. Ola Eduardo, ótima postagem confesso que há alguns anos atrás comprava todo livro em oferta, ou mesmo lançamento, alguns que nem iria ler, hoje estou mais eclética compro os livros que realmente quero ler e reler, as séries que gosto completo ou pelo menos tento. Por isso já estou doando alguns livros que fazem parte dessa compra desenfreada do passado. Hoje olho para minha estante e me orgulho do que vejo.
    abraços

    Joyce
    Livros Encantos

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  5. Oi, Eduardo!
    Quando compro livros eu penso bastante antes de realizar a compra pois a lista de desejados é imensa então eu tenho que escolher com bastante atenção, por isso não costumo comprar livros por impulso... Mas depois de ler se eu não gostar da história eu me desfaço do livro, na minha estante há somente aqueles livros que eu gostei bastante, que ganharam um lugar em meu coração... Até hoje nunca comprei um livro por causa de uma capa ou edição bonita, mas entendo os leitores que fazem isso, e como você disse, é muito pessoal, cada um dever ser aquele tipo de leitor que deseja ser e devemos sempre respeitar a forma de ser das pessoas.
    Eu amei o Observatório Literário, muito interessante! Abraços.

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