"Selva de Pedra" apresenta um enredo totalmente carioca que tem como cenário principal o Rio de Janeiro de 1980, mais precisamente o bairro chique e glamoroso do Leblon. É neste panorama que a trama se desenvolve quando um garoto morre enquanto brincava com os amigos de "polícia e ladrão". O detetive Augusto Pessanha é designado a averiguar o ocorrido, acompanhado do perito Juarez Costa Santos, mais conhecido pela alcunha de "Jota Santos".
"Era a última ocorrência do dia. Um garoto por volta dos treze anos tinha "se esborrachado", segundo o delegado responsável pelo caso."
A frente da investigação, o detetive descobre segredos e fortes indícios que colocam todas as pessoas presentes no dia do ocorrido como suspeitos, já que ele está convicto de que não foi um infeliz acidente que tirou a vida do garoto.
"Ouvi mais de uma pessoa insinuar que o morto não era "boa bisca". E que muitos gostariam de vê-lo pelas costas."
Conforme as descobertas progridem, Pessanha tem certeza que está no caminho certo de sua investigação e que logo, logo colocará as mãos no culpado.
"O pai estava desolado e repetia sem parar "mataram meu garoto" e que o filho não teria se matado."
Contudo, algo inesperado acontece e a história dá um salto de vinte e cinco anos no tempo, colocando ninguém mais ninguém menos que Percival, filho de Pessanha como o detetive à frente do intrincado caso, chamando a atenção para quatro figuras de suma importância para esclarecer os fatos e finalmente elucidar o caso.
"Queria saber de tudo. Sentia-se enganada, traída pelas pessoas que mais amava."
[- Minhas impressões -]
O livro é maravilhoso, assim como a escrita do autor e penso que todos deveriam ler e conhecer a obra, pois trata-se de uma trama imperdível. A história é cheia de ação, mistério, suspense além de muitos suspeitos, mas a pergunta que não quer calar é: A queda e morte do garoto foi um infeliz acidente ou alguém de fato deu cabo de sua vida? Foi com esse ponto de interrogação pairando em minha mente que me joguei na leitura e me envolvi completamente nos estratagemas do autor Délio Galvão, que construiu uma narrativa hipnotizante extremamente bem escrita, instigante e desafiadora para nós, leitores.
A história é dividida em duas partes e ambas são sensacionais, porém confesso que gostei muito mais da primeira, por causa da época em que as coisas acontecem e que me permitiram voltar no tempo e relembrar com nostalgia de vários momentos da minha infância, o que achei simplesmente incrível, ainda mais por ter o Rio de Janeiro como pano de fundo para o desencadeamento dos fatos.
Os personagens são muito ricos e possuem camadas e versões que vão se mostrando à medida que a leitura avança e cada nova descoberta é mais surpreendente que a outra, e alguns trazem críticas sociais presentes em seu modo de ser e agir, principalmente por sua condição de vida, bem como a realidade surpreendente e até mesmo chocantes dentro seus lares.
Selva de Pedra vai muito além de um livro de suspense e mistério, pois enquanto lemos estamos a todo momento nos deparando com situações que nos faz pensar, refletir e questionar os acontecimentos, já que não se trata somente de entretenimento, vai muito além disso e serve para nos conscientizar quanto a sociedade, algo que é crucialmente necessário para todos nós e que está perceptível do começo ao fim no livro.
Não conhecia a escrita do autor, mas depois da experiência fantástica que tive com a obra em questão quero ler e ter ainda mais contato com sua literatura sagaz e de extrema qualidade, aproveito também para convidar os apaixonados por histórias policias a conhecerem a obra e vivenciar todas as emoções contidas em cada uma de suas páginas. Vale muito a pena!
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