Autor: Kathryn Ormsbee
Cortesia: Editora Seguinte
Skoob
Páginas: 376
Onde comprar: Saraiva / Amazon
Natasha Zelenka é apaixonada por filmes antigos, livros clássicos e pelo escritor russo Liev Tolstói. Tanto que Famílias Infelizes, a websérie que a garota produz no YouTube com Jack, sua melhor amiga, é uma adaptação moderna de Anna Kariênina. Quando o canal viraliza da noite para o dia, a súbita fama rende milhares de seguidores e, para surpresa de todos, uma indicação à Tuba Dourada, o Oscar das webséries. Esse evento é a grande chance de Tash conhecer pessoalmente Thom, um youtuber de quem sempre foi a fim. Agora, só falta criar coragem para contar a ele que é uma assexual romântica ou seja, ela se interessa romanticamente por garotos, mas não sente atração sexual por eles. O que Tash mais gostaria de saber é- o que Tolstói faria?
“Eis outra pérola de sabedoria de Tolstói, o mais genial dos homens: “A vida é verdadeiramente vivida quando pequenas mudanças ocorrem”. Parece genérico, eu sei – como algo que estampariam em uma almofada. Mas parece mais profundo na negativa: “Você não está vivendo de verdade se nada estiver mudando”.”
Natasha, ou Tash como gosta de ser chamada, é uma jovem de 16 anos que se encontra atualmente no segundo ano do ensino médio e possui um canal no YouTube onde junto com um grupo de amigos está a realizar a produção de uma websérie inspirada na famosa obra de Anna Kariênina.
“Não é engraçado como algo pode ser sério por tanto tempo até que de repente não seja mais? Um dia, vira uma piada. Você se pega rindo disso, sem se machucar ou cutucar nenhuma ferida no processo. É engraçado e não dói nadinha.”
Apesar de possuir um público cativo, Família Infelizes está longe de ser um grande sucesso, mas quando uma grande YouTuber indica a websérie como uma das melhores produções independentes e de baixo orçamento, Tash e Jack - sua melhor amiga e sócia - se veem diante de uma grande explosão de visualizações fazendo com que a série se torne viral, alcançando novos níveis.
"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira." Não é perfeito? Leo sabe exatamento o que dizer para conquistar uma garota."
Com a crescente visualização, elas também acabam por ter que lidar com a responsabilidade e pressão cada vez maior, principalmente com o surgimento de fãs, gifs da séries, shippes e os famosos haters - algo para o qual Tash logo se vê longe de estar preparada. Enfrentando a nova rotina que a fama trouxe para sua vida, principalmente com a recente indicação a Tuba Dourada (uma espécie de Oscar para webséries iniciantes), Natasha acaba por se ver tendo que lidar com as difíceis escolhas acerca de para qual faculdade ir, quais são suas prioridades, dar a devida atenção aos amigos e lidar com estranhas sensações que surgem sempre que um certo alguém está próximo, além de aprender um pouco mais sobre a sua diferente opção sexual...
“Não entendo. Como a atração sexual pode ser julgada com tanta facilidade? Um simples vídeo, uma olhada rápida e pronto, as pessoas são reduzidas a uma única característica: fodabilidade.”
Estaria ela preparada para tudo o que está por acontecer e pelo que a vida tem preparado para ela? Em meio a muitas aventuras e descobertas, Tash irá aprender mais sobre si enquanto ensina ao leitor sobre temas poucos conhecidos, mas extremamente necessários.
"Não importa o que aconteça no futuro, temos isto: contamos uma história que não poderíamos ter contado sem a ajuda um do outro."
[ - Minhas Impressões -]
Tash e Tolstoi é um livro que surpreende pela leveza e pela cultura inserida, além de apresentar um diferencial ao retratar de uma forma mais divertida e acessível uma das grandes obras desse grande escritor. Utilizando-se de elementos atuais e com uma narrativa mais jovem, Kathryn Ormsbee foi capaz de criar uma obra capaz de agradar a todas as idades além de tratar de temas importantes sem deixá-los banais. Muito bem construído e instigante, essa é uma daquelas obras cujas leituras rapidamente acabam por serem feitas demonstrando um grande talento da autora ao criar uma obra original e com personagens tão cativantes.
Natasha, ou Tash que é como prefere ser chamada, é uma protagonista totalmente diferente e inovadora das muitas encontradas por aí. Com um senso de maturidade muito maior que a de muitos adolescentes, um intenso talento para a direção e um grande amor pelas obras de Tolstói, ela é alguém que já ganha destaque logo nas primeiras páginas, mas que não deixa de surpreender principalmente com sua revelação acerca de ser o que é denominado como assexual. Muito bem construída, ela é alguém que tem medos e inseguranças, sonhos que nunca imagina realizar e crushs e ídolos virtuais assim como a maioria dos adolescente, tornando-a extremamente real e apaixonante além de aproximar o leitor criando uma empatia. Sem medo de arriscar - apesar de se encontrar receosa em alguns momentos - ela é alguém que luta pelo que quer, mesmo diante das adversidades e não se deixa desanimar ainda que não alcance o que realmente desejaria. Totalmente crível e divertida, ainda que em alguns momentos ela se mostre alguém completamente egotista, Tash é alguém que torna a leitura agradável e inspira no leitor vontade de ser mais do que é, não tendo medo de assumir as suas próprias opções por mais diferentes que elas sejam.
Já os personagens secundários também não ficam atrás no quesito de destaque. Com personalidades fortes e únicas, logo nos vemos encantados e torcendo pelos dois irmãos e melhores amigos de Tash, Jack e Paul, elo sucesso de sua irmã, Klaudie e por todos os outros atores reunidos para tornar famílias infelizes. Diferentes entre si, mas de alguma forma em completa harmonia, esse grupo se destaca tendo seus pontos altos e baixos, mas que fazem com que a história se mostre ainda melhor do que se fosse completamente perfeitinha.
Narrado em primeira pessoa, essa é uma obra que apresenta constantes altos e baixos principalmente se tratando de seu desenrolar que por vezes acabou por se tornar repetitivo, enquanto que em outros soube adaptar e demonstrar perfeitamente o que Tolstoi quis dizer com "Todas as famílias felizes se parecem, mas as infelizes o são a sua maneira". Repleto de drama em cada página, esse é um enredo que insiste em demonstrar as imperfeições e dúvidas dentro de uma família, as rupturas e mudanças difíceis de serem aceitas e até mesmo o se aceitar diante da forma como tudo acaba por mudar.
Já quanto a edição, não é nenhum segredo o talento e maestria que a Editora Seguinte apresenta para suas obras, e essa não é diferente. Com uma capa bonita e que atraí olhares, além de condizer com sua trama - e representar a bandeira assexual em suas cores -, uma diagramação simples - porém bem feita - e uma revisão completa; essa é uma obra que acaba por se mostrar completa e atrativa. Com uma fonte agradável e folhas amareladas, apesar de seu tamanho de livro ser relativamente menor aos muitos encontrados por aí, esse é um livro cuja leitura se torna fácil e agradável. Sem rebusques, mas na medida certo, somos capazes de nos deparar com um livro que desperta o desejo do leitor em possuí-lo, além de propiciar ótimos momentos ao seu lado.
Tash e Tolstoi é uma história que ao mesmo tempo que se mostrou diferente e intrigante, se mostra um pouco vaga deixando a desejar em alguns pontos. Lidando com um dos grandes nomes da literatura, vemos varias referencias difíceis de serem pegas e frases que levam a reflexões profundas e intensas ainda que de uma forma não tão natural ou rápida. Agregando uma carga de cultura grande a uma trama adolescente, Kathryn convida o leitor a se aventurar pelas mais diversas descobertas e escolhas dessa difícil fase da vida, a adolescência, de forma simples e natural. Se mostrando promissor, essa é uma obra que mostra um grande talento e criatividade com seu enredo original e divertido e suas referências às mídias sociais atuais.
Leve e divertido, essa é uma obra que não se mostra de grande profundidade com seu enredo, mas prova ser capaz de levar a importantes reflexões sobre a vida. Com uma variedade de personagens tão únicos em seu jeito de ser e um romance leve e quase inexistente, esse é um livro fluido e de rápida leitura capaz de propiciar aquela sensação de leveza ao lado de uma boa história. Abordando assuntos poucos vistos e sem preconceitos, Kathryn Ormsbee leva a cada um a mergulhar em uma caminhada pelo auto-conhecimento e aceitação ao lado de seus personagens tão reais e com características inusitadas. Recomendo!
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8 comentários
Quando vi este livro pela primeira vez pensei isso: uma maneira diferente e divertida de tentar se inserir na vida deste grande artista, sempre repleto de muita sabedoria em tudo que deixou.
ResponderExcluirHá assuntos que quanto mais leves forem produzidos, melhor serão aceitos e degustados.
Quero muito ler o livro, a capa é maravilhosa e ele já está na lista de desejados!
Beijo
Oi Bruna!!
ResponderExcluirEu vi essa indicação de leitura há uns dias e fiquei curiosa pra conhecer, confesso que a capa tinha me chamado atenção, mas agora lendo resenha me chamou mais ainda, vou tentar ler em breve.
Bjs!
Bruna!
ResponderExcluirUma pena que tenha se entediado em algumas narrações de um dos personagens, mas como disse se não atrapalha a leitura, melhor.
Se o livro traz todo esse drama e ainda uma protagonista assexuada e toda insegura, além do fato de ser um enredo totalmente inédito na minha opinião, claro que quero ter a oportunidade de fazer a leitura.
Uma pena você ter achado uma leitura que fica a desejar em vários aspectos, e ainda assim ser uma leitura intrigante.
Desejo Um ótimo final de semana e Novo Ano repleto de realizações!!
“Chega de velhas desculpas e velhas atitudes! Que o ano novo traga vida nova, como o rio que sai lavando e levando tudo por onde passa.” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!
Eu não conhecia este livro, mas achei bem diferente a história ser sobre um canal de YouTube de jovens que realizam a produção de uma websérie, que acaba ficando famosa após uma indicação de uma grande Youtuber. Que bom que a protagonista é bem madura para a idade dela e é diferente e inovadora, e que os personagens secundários também se destacam, após ler sua resenha sobre Tash e Tolstói acabei ficando curiosa para ler este livro e adicionei ele em minha lista de leituras.
ResponderExcluirAdoro livros narrados em primeira pessoa, pena que são poucos que acho assim atualmente. Não foi uma historia que me agradou muito, acho que estou em uma fazer que não tenho muita paciência para dramas adolescentes, mas acho bem interessante o fato da descoberta e aprendizado com a fama inesperada, acho que é uma coisa que pode dar uma melhorada na história.
ResponderExcluirOi Bruna!
ResponderExcluirA capa realmente é linda, e o assunto eu acho que não é aqueles sempre abordados. Apesar de pelo que eu vi na sua resenha, se tratar de um tema não tão profundo, eu achei muito interessante o fato da garota ser assexual e romântica e a própria questão da fama repentina. Já foge um pouco dos temas mais comuns abordados em livros do gênero. Eu acho sempre bom uma trama jovem de vez em quando pra ler. Uma pena ter deixado a desejar em alguns pontos.
Menina vou te dizer que to bem chocada por que não sei quantas vezes eu passei pela frente de livro e nunca tinha parado pra ler a sinopse e o que achei mais legal foi o fato de tratar sobre a menina ser assexual, uma vez uma amiga minha me explicou sobre isso mas confesso que não lembrava até ver sua resenha. Por mais que não tenha sido aquela leitura tenho certeza que valeu a pena e obrigada pela resenha.
ResponderExcluirCapa linda e a sinopse é incrível eu não sabia que eu falasse disso e eu me identifiquei muito com a personagem porque eu também tenho essa condição e eu achei muito interessante eu ligo abordar a respeito disso só assim para mais pessoas saber o que é aSexualidade
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