Resenha - Dilacerada

28 junho 2018

Título: Dilacerada
Autora: Helô Delgado
N° de páginas: 253
Editora: Coerência
Skoob
Onde comprar: Submarino


O que você faria se alguém do seu passado voltasse para a sua vida e você tivesse que enfrentar seus traumas?
Uma família peculiar. Uma mãe rigorosa. Um romance.
Aos 27 anos, Vivian é uma adulta marcada por seu passado e leva uma vida reservada. Não confia em quase ninguém e acredita ser incapaz de amar. Quando menos espera, depara-se com uma situação delicada, a qual evita por vários anos: a necessidade de buscar ajuda profissional para falar sobre seu passado, seus sentimentos e enfrentar seus conflitos mais profundos.
                                                                 



``Dilacerada`` conta a história de Vivian, uma mulher que não consegue esquecer os traumas e feridas de um passado que insiste em atormentá-la. Sua vida muda drasticamente quando ainda muito pequena ela perde o pai a quem amava muito, e desde então a felicidade passou a ser algo raro em sua existência. Morando com a mãe Karina e com a irmã caçulaValeria, Vivian não têm muitos motivos para ser uma adolescente igual a todas as outras, mesmo porque, o jeito como ela e sua família vivem não tem nada de normal e comum.

Karina insiste em manter as filhas em um regime extremamente rigoroso de vigilância e proibições, e as duas são constantemente censuradas e cobradas pela forma como se comportam e reagem às ordens da mãe (completamente desequilibrada na minha opinião).Vivian tem um problema grave de convulsão e esse é um fator determinante para que ela fique permanentemente dentro de casa junto da irmã.

" - Como vão, meninas?"
A voz dela não me enganava. Por mais que soasse doce e encantadora, eu tinha plena consciência de que poderia estar carregada de veneno e maldade. Um lobo vestido de ovelha. Era isso que ela era."

Além de cuidar da casa e de todos os afazeres domésticos Vivian também é responsável por cuidar da irmã, que requer muita atenção e cuidados redobrados, já que ela é uma menina portadora de necessidades especiais. As duas são muito amigas e se dão muito bem também, e por isso mesmo Vivian sabe que precisa protegê-la das oscilações de humor e mudanças bruscas de comportamento por parte da mãe.

" - Val cantou pra Vivi. Mamãe também gosta de música? Val pode cantar pra mamãe...
  - Não quero ouvir música hoje, Val - falou, avançando pelo corredor."

Sua vida segue uma rotina diária que se resume a limpar, lavar, cozinhar e cuidar da irmã, sem que ocorra uma única mudança sequer, até que um certo dia algo, ou melhor alguém, surge e vira sua vida de cabeça para baixo. Seu nome é Lucas, ou pelo menos é nisso que Vivian acredita, já que o rapaz se apresenta com esse nome.

Desses encontros furtivos e em segredo um sentimento nunca antes sentido por Vivian começa a brotar em seu coração e o mesmo parece acontecer com Lucas, de modo que ela não têm motivos para desconfiar de sua inesperada aparição e o que possa estar por trás disso.

"Lucas deu um sorriso enorme e, sem me preocupar com qualquer outra coisa, me joguei em cima dele."

E é neste clima de sonho e amor juvenil que Vivian passa a viver seus dias e ansiar pelos momentos em que poderá encontrar-se com Lucas, o responsável por trazer emoção e magia para sua vida triste e solitária. Mas sua alegria está com os dias contados, já que sua mãe têm outros planos em mente e, em nenhum deles Lucas faz parte, muito pelo contrário. E a partir daí é que a vida de Vivian sofrerá um baque e tanto e a pobre garota perderá bem mais do que poderia imaginar.

Anos se passam e Vivian é agora uma adulta de 27 anos com o coração mais frágil e traumatizado do que nunca, e que por conta disso acredita ser incapaz de amar, já que ela carrega um enorme fardo de um passado sofrido e marcado por mentiras, falsidade, traição e vingança. Porém o que está ruim tende a piorar, uma vez que o fantasma de seu passado e a quem ela julgava conhecer profundamente reaparece reivindicando o lugar de destaque em seu coração.

"Aqueles olhos.
Aqueles. Malditos. olhos."

Todavia desse reencontro com seu amor do passado acarretará em revelações surpreendentes e alegrias sem medidas, já que Vivian se deparará novamente com alguém muito importante para ela e a quem julgava morta e, portanto, perdida para sempre. Mas até que todas essas coisas aconteçam Vivian precisará encarar uma verdade que insiste em empurrar para um lugar bem fundo em seu coração. O fato irrefutável de que continua amando Lucas e no entanto julgando-se incapaz de amar.

Nenhum empecilho será capaz de mantê-los separados a não ser aqueles criados por ela mesma, portanto caberá a Vivian a responsabilidade de, ao encarar seu passado e tudo que vem junto com ele a oportunidade de se libertar de anos de enclausuramento dentro de si mesma e encontrar uma chance real e imperdível de ser feliz e de reconstruir sua vida pedaço por pedaço.


[- Minhas Impressões -]

A história de Vivian é emocionante e me tocou profundamente, não só pelo romance em si, mas por se tratar de uma história que pontuou a todo momento os traumas, sofrimentos e inseguranças pelos quais a personagem conviveu em toda a sua trajetória.

Vivian é uma mulher adulta que carrega dentro de si uma boa parte da adolescente maltratada pela mãe e que encontra no primeiro amor a felicidade de ser aceita e querida. Só que ao descobrir toda a verdade que está por trás da aproximação de Lucas ela se depara com um sentimento forte de rejeição que a faz se fechar para o amor e a acreditar que não sabe amar... Bem, quando eu li isso senti uma enorme empatia por ela e muita pena também, já que sua vida nunca foi fácil, ainda mais tendo uma mãe desequilibrada e má como a sua.

Em vários momentos eu senti uma raiva tão grande pela Karina que deu vontade de agredi-la se me fosse dada essa oportunidade. Afinal, ninguém merece ter uma mãe como ela, muito menos a doce e meiga Val que por sinal foi um acréscimo maravilhoso à história. Gostei demais dessa personagem e de como era o relacionamento das duas irmãs, pois pude perceber claramente o quanto elas se amavam e se queriam bem e por isso mesmo eu não consegui acreditar que algo de ruim pudesse ter acontecido a uma pessoa tão meiga e ingênua quanto ela.

Quando li esse momento específico do livro foi inevitável para mim, pois fez com que lágrimas se derramassem dos meus olhos... eu simplesmente não conseguia acreditar no que estava lendo. Aí não teve como eu não ficar brava com a autora (risos), mas acredito que isso tenha sido muito bem pensado e elaborado por ela, tendo em vista que escrever seja exatamente isso, mexer com a emoção do leitor, tirá-lo do seu lugar de conforto ao ler somente aquilo que gostaria que acontecesse com os personagens nos livros.

Devo dizer que a Helô soube usar e abusar desse poder com maestria e a medida que eu lia, mais eu queria ler porque foi impossível para mim desgrudar os olhos das páginas, já que eu me vi profundamente envolvida pelos personagens.

O Lucas me decepcionou um pouco, porque eu não conseguia acreditar que um garoto tão novo como ele fosse capaz de se aproximar de alguém da forma como ele se aproximou da Vivian com intenções nem um pouco dignas. Mas ele conseguiu se retratar e ganhar o meu perdão quando decidiu abrir o coração para ela e contar seus motivos para tal.

Por outro lado, a Vivian me irritou um pouco em alguns momentos, pois percebi que por várias vezes ela se mostrou muito indecisa  em relação aos seus sentimentos por ele. No entanto, eu a compreendo e me solidarizo por ela, porque sua vida realmente nunca foi fácil (acho mais que seja picuinha da minha parte mesmo) e acaba sendo totalmente compreensível seu comportamento, afinal, ela confiou no Lucas e ele acabou enganando-a sordidamente.

O que mais me tocou em toda a história foram os momentos em que a Vivian abriu seu coração para a psicóloga e falou dos seus sentimentos mais profundos em relação a mãe, a Val e ao Lucas. Naqueles momentos específicos eu me senti conectada ao personagem, porque percebi uma verdade explícita no quanto uma relação influencia toda uma vida, seja para o bem ou para o mal.

A Helô conseguiu passar essa verdade com perfeição e eu fiquei extremamente tocada e sensibilizada com tudo o que li. E são por essas razões que digo que vale muito a pena ler Dilacerada e atesto com toda certeza que cada pessoa que vier a ler vai se identificar com a história de algum modo.

A leitura foi agradabilíssima e bastante fluída, tirando os momentos em que tive que parar de ler para poder secar minhas lágrimas (risos) correu tudo bem.

O livro têm paginas amarelas e é muito bem caprichado nos detalhes. Eu amei os capítulos serem bem curtinhos, pois isso permitiu que a história avançasse mais rápido, o que possibilitou uma dinâmica mais ágil ao enredo. Percebi que tudo foi pensado nos mínimos detalhes e com a intenção de agradar em cheio ao leitor, desde a nota da autora até os agradecimentos na última folha. E foi justamente isso o que aconteceu comigo.

E por último, quero dividir com vocês a alegria que me invadiu ao ler meu nome citado nos agradecimentos feitos pela Helô por ter sido uma das pessoas que leu o seu livro quando ele ainda estava em fase de construção. Para mim foi uma enorme honra ter lido o livro antes e saber que ela confiou em mim para opinar dizendo o que gostei ou não anteriormente e o que poderia ser mudado para que ficasse ainda melhor, e o resultado final é esse livro maravilhoso e cheio de conteúdo e emoção que eu tive o maior prazer em ler novamente e trazer a resenha dele aqui para vocês.

 Espero que vocês tenham gostado da resenha do livro e que sintam vontade de lê-lo o quanto antes.

E a você Helô, deixo aqui o meu muito obrigado eternizado e que venham mais livros.


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7 comentários

  1. Como enche os olhos e a alma da gente ao ler algo assim tão lindo e saber que é nosso,literatura nossa!! Eu posso nunca ter contato com nenhum autor nacional,mas vou bater até o fim na tecla de que nossos nacionais são isso aí acima, únicos!!!
    Já li algumas resenhas deste livro, tanto que ele está na lista de desejados faz um tempinho.
    Não é só a dor de Vivian, mas todos os personagens trazem suas dores, seu passado e o medo do futuro.
    Mas o amor pode tudo né?? E acredito que só o amor pode salvar não apenas um coração dilacerado, mas muitos corações dilacerados.
    Espero poder ter e ler o livro!!
    E nada mais do que justo o reconhecimento!!! Você merece!!!
    Beijo

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  2. Olá.
    Como sou muito influenciável já digo que detestei a Karina, parece ser aquelas mães obcecadas com a segurança das filhas, mas no fundo esconde um segredo...
    Fiquei com um pé atrás com Lucas, o que será que ele fez? Deve ter sido muito grave para causar tanto sofrimento em Vivian, que aliás morri de dó, mas fiquei feliz de saber que ela aceita se tratar e buscar os motivos de seu problema em relação à sentimentos .E o que de ruim aconteceu com Valéria? Já fico imaginando tragédias horríveis.
    Não conhecia esse livro, nem a escritora, mas adorei a capa , muito de acordo com o tema. Bom que apesar de fazer chorar é ao mesmo tempo uma história fluída , bem pensado os capítulos curtos,isso dinamiza a leitura. Gostei. Quero ler.

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  3. Ola Kaline lindona, a premissa do livro já nos mostra a grande gama de emoções da protogonista, como nossa infância, o carinho que recebemos e o modo de criação interfere em nosso futuro, ao ler sua resenha sobre a postura da mãe das menina fiquei brava assim como você, primeiro por podar demais ambas as filhas e jogar uma responsabilidade enorme ao pedir que uma irmã cuide da outra, da casa e tudo mais. Percebemos que há muito sentimento a ser colocado para fora, fiquei muito curiosa com o desfecho do livro, pois a tão sofrida mocinha merece seu final feliz. Dica mais que anotada. ótima resenha muito. beijos

    Joyce Penedo

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  4. Me identifiquei muito com a história da protagonista em relação ao relacionamento dela com a mãe isso aconteceu comigo e ainda acontece a questão de sentimentos que ela tem que colocar para fora realmente é um livro que com certeza vou ler

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  5. Olá! Não conhecia a autora, mas adoro quando o livro promete mexer de forma única com as nossas emoções e esse parece fará bem isso, trás uma história tocante que já me deixou aqui aflita, para descobrir os percalços pelos quais Vivian teve que passar, realmente não é muito agradável quando nossos personagens favoritos acabam sofrendo durante a história, mas acredito que esse tipo de leitura acaba tornando tudo mais real, afinal em nossas vidas, por muitas vezes, é isso que acontece.

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  6. Oi, Kaline!
    Gosto de romances, mas não curto os com drama, e pelos seus comentários Dilacerada é repleto dele, deu até pena da coitada da Vivian, que mãe que ela tem, hein?!... Contudo, o relacionamento dela com Lucas me interessou, principalmente a segunda parte da história, amo histórias de reencontros, de amores perdidos... sem falar que é um livro nacional e como uma leitora de livros nacionais já fui logo me interessado rsrs... Então, valeu pela dica, já anotei na minha lista de leitura e espero lê-lo futuramente. Abraços!

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  7. Kaline!
    Nossa! Deve ser um daqueles romances tensos e intensos, carregado de sofrência, mas que não queremos desgrudar de jeito nenhum, porque é bem escrito e muito bem desenvolvido.
    Não conhecia a autora.
    Bom domingo e mês de julho!
    “Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. “ (Clarice Lispector)
    cheirinhos
    Rudy

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