Resenha - Rio Vermelho

21 maio 2018
Livro: Rio Vermelho
Autor: Amy Lloyd
Cortesia: Faro Editorial
Páginas: 274
Onde comprar:  Amazon / Saraiva

Você acredita nele... então porque está com tanto medo?
Uma combinação perfeita de A Sangue Frio e Making a Murder! Como confrontar quem você ama quando você não tem certeza se quer saber a verdade? 
Há vinte anos, Dennis Danson foi preso pelo assassinato brutal de uma jovem no condado de Red River, na Flórida. Agora ele é o assunto de um documentário sobre crimes reais que está lançando um frenesi online para descobrir a verdade e libertar um homem que foi condenado erroneamente. A mil milhas de distância na Inglaterra, Samantha está obcecado com o caso de Dennis. Ela troca cartas com ele e é rapidamente conquistada por seu aparente charme e bondade para ela. Logo ela deixou sua velha vida para se casar com ele e fazer campanha para sua libertação. Mas quando a campanha é bem sucedida e Dennis é libertado, Sam começa a descobrir novos detalhes que sugerem que ele pode não ser tão inocente...



“O corpo da menina foi encontrado 76 horas depois da comunicação de seu desaparecimento. As pontas dos dedos tinham sido removidas por um alicate de desencapar e cortar fios – uma tentativa deliberada de ocultar a prova do DNA, uma vez que fragmentos da pele do agressor teriam ficado sob as unhas da vítima, que o teria arranhado...”



Dennis Danson é um jovem que acusado de ter cometido um crime brutal, acaba por ser condenado a pena de morte. Conhecido por ser um lugar onde uma série de desaparecimentos sem solução de jovens, Red River é uma cidade na Flórida que tem atraído muita atenção. Com diversas suspeitas apontando para Dennis, mas sem provas contra ele, tais casos continuam sem solução, o que em nada impede de que muitas pessoas insistam em querer que ele lhe diga onde estão os corpos das jovens, mesmo que já tenha se passado 20 anos desde então. Conformado, o jovem aguarda o cumprimento de sua pena preso no corredor da morte, mas nem todo mundo está de acordo com essa sentença, motivo pelo qual Carrie elabora um documentário sobre crimes reais tendo Dennis como protagonista.

Levantando dúvidas e apontando aos vários defeitos que a investigação apresenta, o documentário passa a ser alvo de luta, movimentando pessoas de diversos locais do mundo pedindo que haja uma revisão de sentença, afinal um homem inocente poderia perder a vida... Com vários equívocos claros na investigação e diversas falhas no processo que apontam para alguém como autor que em nada se encaixa a Dennis, as pessoas só querem justiça e fazem questão de demonstrar seu apoio a Dennis de forma a fazer com que ela ocorra.

“É estranho que as pessoas saibam tanto a meu respeito. Acho que elas sabem mais de mim do que eu mesmo.”

E Samantha, uma professora de 31 anos, que mora na Inglaterra é uma dessas pessoas que acreditam na inocência de Dennis e que passam a ficar obcecadas pelo caso. Abalada e carregando dores pelo recente rompimento de um relacionamento cujo tempo já era considerável, ela encontra nos sites acerca do caso a companhia que tanto precisa.

Mas longe de ser suficiente, e acreditando fielmente que ele é inocente, ela então resolve passar a lhe escrever cartas; mas ao contrário do que o esperado, quando Dennis lhe responde uma amizade e muito mais do que isso passa a surgir entre eles. Sentindo em si uma necessidade de encontrá-lo pessoalmente, ela tira licença do trabalho e vai para Altoona, mas precisamente a prisão de lá que é onde ele se encontra. Com um certo estranhamento a primeira vista, visto que o único contato até então era por cartas, os dois se sentem tímidos na presença um do outro, mas logo passam a voltar a ter o relacionamento que sempre esperam e muito mais.

“Havia vezes em que ela se esquecia de que ele não era uma pessoa a ser descoberta, uma narrativa a ser desvendada. Dennis era uma pessoa confusa e complicada. Igualzinho a ela.”

Com o iminente julgamento e um amor forte os envolvendo, eles acabam por decidirem se casar. Sem contato, sem direito a convidados, véu e grinalda, o casamento ocorre ainda dentro da prisão; mas quando a absolvição de Dennis sai, as coisas parecem que finalmente irão se acertar e eles poderão ter o final feliz. Mas será mesmo? Quando você passa a conviver de verdade com alguém é que as verdadeiras personalidades aparecem, seria Dennis tão inocente como todos realmente acreditavam? E se Sam tem tanta certeza que seu marido é inocente, porque a sensação de medo crescente dentro de si? Parece que Red River tem muito mais a resolver do que desaparecimentos mal resolvidos, mas será que ainda há tempo pra isso?

“- Ele me assusta.
- Por que?
- Não é possível que uma pessoa passe décadas na prisão e seja normal. Não dá.”

Em um mundo onde as provas são tudo, às vezes a falta dela pode inocentar um culpado ou até mesmo manter um inocente preso, resta saber qual dessas alternativas é a verdadeira nessa obra que tem tudo menos monotonia em cada página! 

"Não há versões. Não há história. Há apenas o que todos por aqui sabem que é verdade."


[ - Minhas Impressões - ]

Rio Vermelho é aquele livro que apesar de ser bom, fica faltando algo a mais que te faça ficar completamente de queixo caído diante de uma reviravolta inesperada ou de um desfecho de tirar o folego; no entanto, ainda que esteja longe de ser algo sensacional, essa é uma estória que nos leva a refletir acerca do que vivemos e pensamos e em como muitas vezes as aparências são capazes de enganar até mesmo a quem se acha mais espertos do que todos. Aqui, o ditado acerca do leão na pele de cordeiro acaba por mostrar sua realidade de forma mais crua possível e a tal ponto que chega a incomodar – no bom sentido – o leitor diante de tamanha frieza. Até que ponto o que achamos está certo? Até que ponto a pessoa é realmente aquilo que escreve ou aparenta ser? Qual seria a verdade no meio de tantas incertezas? 


Dennis Danson é o protagonista dessa estória cujas reviravoltas ocorrem a cada momento e cujas duvidas surgem a cada linha, no entanto, ao contrário do que acontece com muitos personagens principais, esse é um daqueles cuja empatia não surge desde o inicio – e no meu caso muito menos ao final. Tendo tido uma infância difícil, ele chega a causar certa empatia no leitor que se imagina no lugar dele quando ainda jovem acaba por ter que lidar com um lar completamente conturbado onde sua mãe era alguém completamente omissa e seu pai era extremamente violento, tendo que viver muitas vezes na rua ou de favores, ele é alguém cuja vida nunca foi fácil, mas que mesmo assim demonstrava uma inteligência tamanha.  Misterioso, um pouco assustador, e normal além do que deveria – afinal quem fica preso por 20 anos e ainda sim parece não ter sido afetado? -, ele é alguém cujo desenvolvimento não pode ser descrito como ruim, mas que está longe de ser envolvente. Bizarro, esse é um personagem feito para levantar suspeitas e suscitar dúvidas de forma a construir a trama que leva a um final inesperado e completamente chocante. Inocente ou culpado? Normal ou louco? Protetor ou assassino? Essas são apenas algumas das perguntas que surgem quando o assunto é Dennis. 

Samantha, por outro lado, não fica muito atrás no quesito despertar simpatia. Se mostrando uma mulher extremamente carente, de certa forma até desiquilibrada, ela é alguém cuja autoestima é extremamente baixa e cujas atitudes beiram a loucura – não é atoa que ela tenha feito o que fez com o ex-namorado. Mesmo sendo aconselhada por muitos acerca do que está a fazer, ela insiste em não escutar a ninguém e parece determinada a estar com o Dennis apenas para provar que ela pode. Desesperada, carente, e de certa forma até meio perturbada, ela é uma protagonista que nos divide acerca do que achar dela, mas que cumpre seu papel na trama ao fazer com que as dúvidas sejam suscitadas com cada vez mais força no leitor.    


Através de uma mistura que pode ser considerada surpreendente, Amy Lloyd vai criando uma trama repleta de duvidas e questionamentos enquanto utiliza-se de elementos tão comuns do cotidiano e explora acerca do poder do senso coletivo. Tratando de temas sérios e intensos a autora nos leva a questionamentos profundos acerca de confiança, de julgamentos e de abusos psicológicos. Ate que ponto uma pessoa é capaz de ir em nome do amor e o que é realmente certo e errado é apenas algumas das questões suscitadas ao longo das 276 páginas dessa obra. 

E falando em obra, a Faro Editorial já tão conhecida pelo esmero em suas edições vem mais uma vez criando uma edição a altura da obra que apresenta. Com elementos que realmente remetem a sua história, esse é um daqueles combos onde a estória e a diagramação se completam de forma a não deixar a desejar. Outro ponto é a revisão que foi bem feita, ainda que tenham passado alguns pequenos detalhes, no entanto, nada que atrapalhasse a leitura ou seu desenrolar. Com paginas de qualidade e amareladas, e uma fonte agradável, esse é uma daquelas obras que proporciona todos os elementos para fazer a leitura ainda mais prazerosa e que está sempre presente nas edições da editora. 


Intenso, real, vivido e totalmente impactante, esse é aquele livro que você lê e passa um bom tempo refletindo acerca de seus acontecimentos, detalhes e principalmente acerca de como é possível que seres humanos sejam capazes de tamanhas atitudes que são inconcebíveis em minha visão. Extremamente emocionante, essa é aquela estória feita para ir além, para ser mais do que um reles divertimento ou um mero passatempo – tanto que eu preciso confessar que apesar de já ter uns dois dias que eu terminei de ler a obra, ainda enquanto escrevo essa resenha aqui para vocês me sinto incomodada e inconformada sem conseguir entender ou saber exatamente como um desfecho como aquele pode ter acontecido... Sério, apenas quem leu consegue saber do que eu estou falando, mas eu realmente ainda estou sem chão com aquele final, eu realmente não seria capaz de fazer igual e me intriga se realmente existem pessoas que realmente conseguem, sabe? 

Mas Rio Vermelho, uma obra muito bem escrita por Amy Lloyd, é uma estória que eu – como leitora e critica – imagino que tenha realmente essa proposta: a de tirar o leitor de sua zona de conforto e fazê-lo refletir acerca de coisas que provavelmente não ocorreria de outra forma. Ainda que não possa ser considerado, em minha opinião, o melhor thriller do mundo esse é um livro totalmente incrível ainda que não pelos pontos pelos quais se possa estar acostumado a admirar; escrito de uma forma real, desafiadora, capaz de causar angustia e apreensão ao leitor, ela mostra porque de ter recebido o prêmio (pegar nome do prêmio na capa) pela (pegar na capa do livro de onde é o prêmio) fazendo jus a ele em cada palavra presente em suas páginas. Desafiador, creio que é essa a palavra que melhor pode definir essa obra que foi tão magistralmente planejada e na qual o leitor se sente tão inserido e envolvido de forma a não encontrar furos e cuja linha linear não peca, apesar de ser rápida em alguns pontos. Se eu recomendo? Com a mais absoluta certeza! Desafio você a ler e não se sentir inclinado a acreditar na inocência ou não desse protagonista que tem tudo menos previsibilidade em si. Em qual lado de Red River você estará? Só lendo para descobrir! 

Ah, e depois não deixa de me dizer o que achou tá? ;) 

Se Inscreva e Participe!!!






8 comentários

  1. Eu fiquei com muita vontade de ler, adoro livros assim, onde nada e ninguém é o que parece. Apesar de achar que as pessoas merecem uma segunda chance é bom ficar de olho.Um thriller que faz a gente ficar pensando depois que acaba o livro deve ser muito bom. Curiosa pra saber se Dennis é inocente e até onde vai o amor ou a obsessão de Samantha. Achei a capa linda.

    ResponderExcluir
  2. Oi Bruna!
    Quando eu vi a capa e a premissa desse livro eu pensei: Tenho que consegui ele de qualquer jeito senhor. Kkkkkk
    Pelo que vi em alguns igs e vendo sua opinião já sei que vou gostar da história.

    ResponderExcluir
  3. Bruna!
    Entendo perfeitamente todas suas observações e são mesmo bem pontuadas, mas a curiosidade é tão maior... tenho tanta vontade de ler esse livro que assim que tiver oportunidade, farei.
    Muito bom ver que é um livro bem escrito e envolvente.
    Maravilhosa semana!
    “Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca ouve. “(Ernest Hemingway)
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  4. Estou na reta final de leitura deste livro e vou confessar algo:preciso matar Sam!rs Putz, nunca senti tanta raiva de uma personagem, como estou sentindo dela. Ainda deve faltar umas 30 páginas para eu terminar a leitura e até agora estou com este sentimento de revolta, indignação, pois já dá para ver onde a estória irá parar.
    Um livro agoniante..e revoltante!!rs
    Beijo

    ResponderExcluir
  5. Oi, Bruna!
    Pois é, quem consegue permanecer normal depois de passar anos na prisão?!... Confesso que só de ler os seus comentários a respeito do Dennis eu não senti empatia por ele, e o mistério o envolvendo - se ele é ou não o culpado - não me deixou curiosa para ler Rio Vermelho tentar descobrir a resposta... A Samantha também não é o tipo de personagem que me desperta simpatia, não gosto de personagens carentes e inseguros... Por isso, eu não leria esse livro. Mas curti sua resenha. Abraços!

    ResponderExcluir
  6. Olá Bruna
    Esse é o meu primeiro contato com livro, é realmente a primeira vez que vejo alguma resenha sobre o mesmo. Na resenha, tem um trecho que diz que a proposta do livro é tirar, o leitor da zona de conforto, ai é que pegou para mim, não costumo sair muito da minha zona de conforto. Mas contudo, o enredo da obra me parece atrativo!

    ResponderExcluir
  7. Olá!Já li muita coisa referente a esse livro, tanto positiva quanta negativa e o sentimento que fica é que eu preciso vê com os meus próprios olhos onde a história nos levará. A Sam parece ser uma pessoa bem necessitada de atenção, não ganhou minha torcida só pela sinopse. A dúvida que fica e que me impulsiona para ler o livro é ele é ou não culpado?!

    ResponderExcluir
  8. Desde que vi esse livro pela primeira vez fiquei cheio de vontade de ler a obra. Comparando os pontos analisados e mesmo focando com o que faltou na trama, Rio Vermelho continua com prioridade na minha lista de leitura. Adorei a capa.

    ResponderExcluir

Licença Creative Commons
O site I LOVE MY BOOKS por Silvana Sartori está licenciado com uma Licença
Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Por isso, qualquer contéudo aqui presente como resenhas, fotos e Colunas publicadas são exclusividade. RESPEITE e NÃO COPIE, pois PLÁGIO é CRIME!


Instagram

I Love My Books - Blog Literário . Berenica Designs.