Resenha - O Escritor Fantasma

11 maio 2018
Título: O Escritor Fantasma
coleção Hora do Espanto
Autor: Edgar J. Hype
Editora: Ciranda Cultural
Páginas: 112
Onde Comprar: Amazon / Saraiva

Charlie é um aluno com talento para escrever, mas nem mesmo ele consegue se lembrar de ter escrito todas aquelas palavras que aparecem em seu bloco de notas. Parece uma história que está sendo contada nas páginas do texto manuscrito, mas quem está fazendo a narrativa e por quê? O diretor da escola de Charlie está se mostrando interessado demais no bloco de notas e não parece muito contente. Conforme Charlie investiga, descobre que as coisas são piores do que ele jamais poderia imaginar.




O Escritor Fantasma se inicia com a família de Charlie mudando para o outro lado da cidade. Charlie é o irmão mais velho de três, além dele conhecemos Kate e Neil. Não fica claro se eles estão de férias ou é recesso, mas toda a nossa atenção fica em suas interações com o novo lugar de moradia que é antigo, tendo o foco de vista nas ações de Charlie.

Vemos o processo de desempacotar as caixas que demanda grande tempo dos jovens e, quando achamos que o enredo se limitará a esses atos entediantes, o narrador introduz no enredo um ato estranho que deixa Charlie muito confuso por vários dias.


Charlie é integrante de uma revista (teria caído bem o autor mencionar um nome para ela) de um clube de jovens da região onde, semanalmente, escreve um conto. Nesse processo de escrita ele sempre anota tudo em um bloco de notas que o acompanha para baixo e para cima. Toda noite, o bloco fica em sua escrivaninha, mas na segunda noite de sono na casa nova frases estranhas que ele não se recorda de ter escrito começam a aparecer no bloco de notas em caligrafia idêntica à sua, mas escritas com caneta-tinteiro ao invés da caneta esferográfica que ele têm. Na primeira vez, ele releva por acreditar que o cansaço de desempacotar as coisas e arrumar o tenha feito apagar o episódio, mas fica impossível ignorar quando o ato se repete na noite seguinte com novas frases.

Tudo piora quando ele passa a ter pesadelos constantes com um homem que o empareda em um quarto com chão de pedra. Quanto mais se deteriora o estado de lucidez de Charlie, mais o cerco se fecha e novas cenas vão sendo reveladas nos pesadelos do jovem que não quer pregar os olhos com medo do que irá ver, mas isso não é tudo. Ele e seus irmãos buscam respostas, pois acreditam que a casa é assombrada.


[ - Minhas Impressões - ]

Por conter meras cento e doze páginas, vejo o livro como uma obra inicial para fisgar potenciais novos leitores a adentrar o mar da leitura e, se esse foi o objetivo do autor Hyde, ele cumpriu com excelência.


Com escrita simples, fluída e direta, a carga dramática não tem vez no enredo onde se escolheu a narração descritiva para relatar a história de Charlie na casa nova. Parece um conto comum e clichê antigo esquecido numa biblioteca pública ao invés de um romance com viés investigativo. Mas não pensem que o livro é de todo ruim! Não! Por ser descritivo e direto no que importa em praticamente sua totalidade, ele é ótimo para atrair novos leitores que ainda caminham devagar (e leem a passos de jegue), sem a paciência adquirida para enredos onde os autores apresentam incontáveis histórias paralelas ou tentam destrinchar as almas dos seus personagens profundamente através de análises em seus passados na busca de respostas.

Os personagens do enredo são, infelizmente, tão comuns que o destaque em suas personalidades não ocorre. São praticamente estereotipados onde os dois irmãos tem que ser competitivos e a irmã tem que ter a sabedoria que ambos não tem, não importa a sua idade. Esses detalhes incomodam o leitor que já vem lendo há anos/décadas, mas volto a repetir minha crença de que essa série não foi criada para leitores já vorazes, são para os novos!

Kate despertou. Sentiu a mão de alguém no rosto. Abriu os olhos, mas não havia ninguém. Chegou à conclusão de que tinha imaginado aquilo e tentou voltar a dormir. De repente, ela sentiu a mesma coisa novamente. Abriu os olhos, nada. Então viu a sombra de uma forma humana no canto e abriu a boca para berrar.

Os clichês são usados em peso. Temos os tacos de beisebol para enfrentar o inimigo que ameaça a casa, temos o irmão querendo proteger a irmã de entrar em uma luta por acreditar que o sexo feminino é delicado, e temos o mais clichê de todos (e que sabemos que só traz confusão para algo que muito bem poderia não ser uma confusão): os jovens não contam os atos sobrenaturais vivenciados para os pais por medo de serem desacreditados.

O plot twist (reviravolta) da obra falha pois o vilão é introduzido já com referências não ocorridas nos capítulos anteriores, ou seja, vemos um personagem maligno nunca antes mencionado, e ele é primordial para trazer a coragem ao nosso protagonista. Fiquei muito em dúvida se a minha edição não foi impressa faltando páginas ou se o autor cometeu um tremendo furo em sua narrativa que é imperdoável! Mas volto a deixar claro que esses detalhes encontrados são de um olho treinado que busca os pontos negativos numa narrativa e não aceita qualquer coisa ser jogada e ter que engolir sem questionar.


Sobre a edição física da obra, as páginas são amareladas, propícias para horas de leitura sem agressão a vista, a fonte das letras é grande e os capítulos são curtos. Com o título da série em alto relevo, a capa é metalizada com destaque na cor amarela e infelizmente não possuí orelhas na edição feita pela editora. Se ignorarmos os clichês e falta de elementos originais, O Escritor Fantasma é ótimo para curar ressacas literárias de enredos completos e ótimo para introduzir novos leitores na paixão pela leitura.

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9 comentários

  1. Mesmo sendo um livro tão curtinho(ah, adorei o leitor que lê a passos de jegue..rs me vi incluída nisso :/ culpa do pouco tempo),me vi inserida no contexto da história. Não é apenas o sobrenatural, o tédio da mudança e recomeço,mas também a inserção dos clichês tornando tudo tão óbvio e ao mesmo tempo tão irreal.
    Como não conhecia o livro, espero poder conferir ele o quanto antes.
    Beijo

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  2. Oi Bruno!

    Ainda bem que não sou de ler histórias desse gênero, mas a capa do livro achei bem bonita. Pena que a história tem clichê. Bjs

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  3. Olá Bruno
    Visualmente o livro é incrível, realmente muito bonito. Infelizmente o livro não me cativou, mesmo sendo um livro bem curtinho, ele não faz muito o tipo de livro que eu goste!

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  4. Olá! Não tenho nada contra clichês, em certas histórias até que gosto e muito. O enredo do livro não me prendeu ao ponto de dar uma chance à leitura nesse momento. Acho que a sensação que eu teria é de ficar frustrada e ao mesmo tempo brava com os personagens e o autor. Acredito que já posso me considerar uma leitora voraz (risos).

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  5. Oi, Bruno!
    Lendo sua resenha também tive a impressão de que O Escritor Fantasma era indicado para inciciar novos leitores a paixão pela leitura, é bem o estilo de livros que eu lia em minha adolescência e que sinceramente não me atrai mais hoje em dia... Não tenho problemas com livros cheios de clichês mas a trama de O Escritor Fantasma não despertou o meu interesse, por isso, esse é um livro que eu não leria, contudo ele é bem o estilo de leitura de uma prima minha e vou indicá-lo a ela. Valeu pela dica. Abraços!

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  6. Bruno, não sou tão treinado quanto você e geralmente só preciso me inserir na ambientação para gostar do livro. Não gostei muito da capa, mas a premissa me agradava. Lendo os detalhes na resenha vejo que talvez o caminho escolhido pelo autor para contar sua estória, pudesse ter tomado rumos diferentes e muito mais interessantes. Nem vejo problemas com os clichês propriamente ditos, mas em um aprofundamento melhor, principalmente na construção das personagens, como por exemplo o vilão.

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  7. Oi Bruno!
    Pelo jeito esse livro serve para isso mesmo, conquistar novos e jovens leitores, pois para quem já está nessa estrada há tempos fica difícil gostar de um livro tão "banal" e cheio de clichês, pena os personagens serem tão comuns...Não leria, mas acredito que tenha seu valor para o publico alvo.

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  8. Bruno!
    Nossa! Pelo visto, nada satisfez você no livro: personagens rasos, narrativa bem descritiva e com muitos clichês, sem aprofundamento das personagens e sem um enredo que conquista ou tenha reviravolta...Que horror!
    “Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta. “(Ernest Hemingway)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MAIO – 4 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  9. Uma pena que o livro não te agradou, mas parece ser mais uma leitura jovem para inserir adolescente na literatura. Acho que é algo para um público diferente.
    Mas gostei bastante do tipo de livro, algo curtinho para uma leitura rápida.

    beijinhos
    She is a Bookaholic

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