Observatório Literário #20 - Clássicos x Livros Contemporâneos: o embate final!

29 maio 2018


Que embate que nada!

Eu queria muito, com esse post, tentar deixar as coisas um pouco mais amenas em relação a eterna briga que existe entre quem é amante de clássicos e quem ama literatura contemporânea (os famosos YA, New Adult, e afins). Em outras palavras, tentar ser diplomático nessa “guerrinha” que acontece, e muito, por aí entre os leitores.

Bom, vamos lá! Opiniões e gostos pessoais sempre vão existir e vão ser diferentes sim, e adivinhem: isto é ótimo!!!!! Eu sou muito partidário de que discussões e debates entre pessoas com opiniões contrárias devem ser incentivados, mas com um grande porém: RESPEITO!!!


Livros Clássicos são importantes sim!! Mas quem diz isso não sou eu, não é o Joãozinho do bar, nem a Mariazinha. Quem diz isso é a crítica especializada.


“- Ah, Eduardo, mas a crítica especializada é obvio que vai puxar saco destes livros velhos!!
E eu te digo, será mesmo que uma pessoa que muitas vezes dedicou a vida a ESTUDAR literatura merece este tipo de julgamento? É obvio que devem existir politicagens neste meio, assim como existe em qualquer outro, porém eu acredito que muitos destes livros considerados clássicos absolutos da literatura tem fortes embasamentos para ganharem estes títulos. Pensem bem: livros escritos há muitos anos atrás e que já passaram pela mão de milhares e milhares de pessoas e em épocas diferentes e ainda assim perduraram, devem ter alguma coisa de especial não é mesmo?

Mas quem disse que, porque eles são especiais, você aí leitor deve obrigatoriamente gostar dele? Não, gente, o gosto é algo muito pessoal, e eu acho totalmente plausível a pessoa ler um desses livros e simplesmente odiar. Veja bem o que eu disse, LER o livro, ou pelo menos experimentar, ninguém precisa ler um livro de 500 páginas até o final para dizer que não gosta. O estilo e a forma do autor de escrever a gente consegue perceber logo no começo do livro, aí vai de cada um apostar ou não naquilo. E isso vale para os dois lados, pois existem MUITAS pessoas que torcem o nariz para YA, Romances Hot contemporâneos sem ao menos terem lido um único paragrafo sequer. Tem aquele grande SE nisso tudo: e SE eu acabar gostando? Olha a chance que vamos perder de nos deliciarmos com um livro fora da nossa zona de conforto. Pensem bem nisso!


Bom, mas mudando um pouco de assunto, eu nem considero Clássico como um gênero literário, e sim como um “título de honra” conquistado por um livro, seja ele do gênero que for. No meu ponto de vista, um livro passa a ser clássico a medida que ele conquistou algo: seja o apreço de uma geração inteira e sua posterioridade, seja um pioneirismo no estilo de escrita, entre outras coisinhas mais. E para isso acontecer não necessariamente o livro precisa ser velho.

Existem os clássicos da Ficção Cientifica, do romance, do terror, enfim de todo e qualquer gênero que vocês possam imaginar. Até mesmo estes temas que estão mais em destaque atualmente, de uma maneira ou de outra já foram explorados por esses livros: vocês acham que o sadomasoquismo de Cristian Grey veio de onde? Sim, dele mesmo, o Marquês de Sade. Um escritor do século 18!!! Estes romances onde existe um protagonista jovem e depressivo, não tem nada de atual. Goethe já escrevia isto com seu Os Sofrimentos do Jovem Werther, em 1774. E por aí vai.

Agora vocês podem me rebater:

 “- Ah, mas a linguagem destes livros é chata, rebuscada, nada acontece.”

Mas pensem bem, e vocês podem discordar, é claro: estes livros nunca vão ter uma linguagem atual! Eles refletem toda uma cultura que já não existe mais, e eu pelo menos vejo isso como algo interessantíssimo. Vocês já pararam para pensar como estas pessoas viviam, como elas pensavam, de que jeito elas falavam? Tudo isso a gente encontra nesses livros, e isso não é legal? Eu quando estou lendo um clássico, sempre tento vestir minha “roupa” de habitante daquela época da qual estou lendo, tento me imaginar como vivendo naquele tempo diferente, muitas vezes sem eletricidade, sem meios de transporte ágeis, sem o dinamismo que temos hoje. Acho que tudo fica bem mais interessante na hora da leitura ao pensarmos assim.

Clássicos da literatura não devem ser lidos com pressa, com a mesma velocidade com a qual lemos um livro contemporâneo. O legal é degustar aquilo, aquela época, aquelas pessoas, com bastante tempo. Eu sei que as escolas traumatizam muitas pessoas com isso, afinal quem nunca teve que ler Memórias Póstumas, ou Dom Casmurro quando tinha seus 13, 14 anos e odiou toda aquela chatice de prova e etc.


Agora, deixando um pouco os clássicos de lado e falando um pouquinho dos livros atuais: vocês podem achar que eu “puxei muito o saco” dos clássicos agora a pouco e vou detonar os YAs e New Adults da vida, só que não.

Sinceramente, eu não me atraio muito por este tipo de literatura, e são poucos os livros produzidos atualmente que me chamam a atenção. Mas isso é uma coisa muito pessoal, e eu dou muito valor para a produção atual sim! Afinal, a literatura não é algo que deve ficar estagnado no tempo, ela deve se renovar todos os dias! 

Eu acredito ser um erro muito grande quem despreza literatura hoje intitulada como descartável e contemporânea. Existe literatura assim? Ô se existe. Mas é bom lembrar que os clássicos universais hoje considerados também foram contemporâneos de suas épocas e muitas vezes taxados e excomungados do mesmo jeito que alguns pseudointelectuais fazem com os nossos contemporâneos hoje. Para mim, um clássico, entre outras coisas, serve como um registro de como o povo antigo enxergava o mundo e como eles podiam agregar conhecimento para nós até nos dias de hoje. Quem nos garante que daqui a 50 anos, um 50 tons de cinza da vida não servirá como estudo do que as pessoas pensavam hoje e se tornará leitura indispensável para o entendimento da nossa época?


Enfim, a mensagem final que eu queria deixar é esta: qualquer coisa pode ter seu devido valor. Eu acho chato taxar um livro clássico como chato, sem ter ao menos experimentado. Gente, mesmo Ilíada e Odisseia, que foram escritos antes de Cristo, não passam de histórias de guerra e aventuras. Madame Bovary, é uma senhora história de traição, e por aí vai. E o contrário também, Harry Potter, pode não ser lá algo tão original assim, mas a influência que este livro causou na vida das pessoas é GIGANTESCA, nem consigo falar aqui. 50 tons de cinza apesar de bastante controverso, serviu para muitas pessoas como porta de entrada para o mundo da literatura, e tem que ter seu valor por isso. Existem muitos exemplos como esse que eu poderia incluir aqui, mas aí esta conversa não iria terminar nunca!


E vocês, queridos leitores, o que acham de tudo isso? Concordam com todo esse textão de Facebook, discordam? Por Favor, não deixem de opinar, isso é muito importante!!!

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10 comentários

  1. Boa tarde Eduardo!
    Eu não tenho essas preferências literaria, leio qualquer romances, a história sendo cativante e boa eu já estou lendo. Eu super concordo com você, como podemos taxar um livro de chato se nem experimentamos ler ele para saber se é bom ou não. Adoreeeei esse post, muitos leitores deveriam ler para então pararem desse preconceito literário.

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  2. Acho muito desnecessária essa disputa entre os dois tipos. Clássicos vão ser sempre clássico não pelo tempo, mas sim o quanto alcançou certo tipo de público e teve uma grande importância. Mas também sem a literatura contemporânea iriamos ficar estagnados para sempre, sem avanço nenhum. As duas são muito importantes e cada uma tem seu tipo de público, eu sou super fã de clássicos e não dispenso a leitura de nenhum. Assim como também gosto de ler algo mais moderno.

    beijinhos
    She is a Bookaholic

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  3. Concordo plenamente com você, as pessoas têm o direito de ter suas preferências e ninguém pode julgá-las por isso. O clássico tem seu valor e os livros contemporâneos também. Claro que existem diferenças e daí? Eu particularmente leio tudo, e mais uma vez concordo quando diz que independente dessa divisão o que importa é nos sentirmos atraídos e imersos na leitura.

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  4. Eduardo!
    Penso assim: quando a leitura vem de forma impositiva e somos obrigados a ler, prinipalmente os clássicos, nunca dá certo... porém, os clássicos são importantíssimos para conhecermos as linguagens utilizadas na época, os gêneros literários e a lingugem mais culta. São tão importantes que as editoras ando relançando os livros e algumas, para facilitar, tem tornado os clássicos em HQ, assim poderão atingir um público mais jovem e mostrar que não é uma leitura 'enfadonha' como muitos acham.
    Acredito que o principal desse 'embate', não é o clássico X contemporâneo, é LER! O mais importante de tudo, é que a leitura seja feita.
    cheirinhos
    Rudy

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  5. Onde assina?rs
    Tipo, a Literatura é isso. Esta eterna "briguinha" de títulos, de gostos. E tomara que nunca mude, pois é isso que dá cores aos amantes de livros.
    Adorei a definição dos livros clássicos como uma espécie de título de honra, merecidamente!
    Eu sou o tipo de leitora que lê de tudo. Não me prendo a gêneros, títulos ou autores. Evito um ou outro gênero, mas isso não quer dizer que eu não os leia.
    Eu acredito que o mais importante é ler, seja bula de remédio, rótulo de shampoo, Dom Quixote ou Rio Vermelho.
    Leiamos!
    Beijo

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  6. Olá! Eu tenho o hábito de ler de tudo um pouco, não costumo me prender a um determinado gênero, claro que existem aqueles queridinhos, mas acredito que o importante é gostar do que está lendo. Também não considero o clássico como gênero e adoro mergulhar nessas histórias e poder ter a experiência, mesmo que passageira, de como seria viver naquela época de conhecer um pouco mais sobre os costumes, os hábitos o cotidiano daquele período. Outro ponto importante é conhecer sim, antes de detonar e dizer que o livro é ruim, chato (isso serve para os 2 estilos). Acredito que para o leitor o que conta mesmo é que a história prenda e acima de tudo encante.

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  7. Oi, Eduardo!
    Acredito que onde se tem RESPEITO toda discussão/debate é válida... sempre devemos respeitar os gostos literário de cada leitor... Mas torcer o nariz para um gênero que você nem mesmo leu um parágrafo é algo incompreensível para mim, sabe?! Se a pessoa não leu com que direito sai falando mal?!...
    Meu gênero favorito é o romance, mas sempre estou lendo de tudo: distopia - esse eu conheci no mês passado e amei o gênero -, fantasia, thriller, clássicos... li Dom Casmurro na minha adolescência, e diferente do que acontece ou aconteceu com várias pessoas a leitura desse clássico não foi traumática para mim; li vários outros clássicos da literatura e concordo com você, todos os clássicos deveriam ser lidos com calma, sem pressa.
    Em relação aos YAs e New Adults, também não me atraio por esses gêneros, mas eu leio de vez em quando e os respeito, como acredito que todos deveriam fazer, seja clássicos ou contemporâneos, como você disse, qualquer coisa pode ter seu devido valor...
    Abraços, gostei bastante do seu texto, parabéns!

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  8. Gostei muito desse texto. Eu me considero aficccionada por clássicos, desde que comecei a ler, sempre busquei mais os livros seculares, acredito que se eles estão aí há dezenas de anos, alguns há séculos devem ter seu valor, sem querer criar polêmica, mas será que alguém lembrará de cinquenta tons daqui à 100 anos?
    Para não ficar muito elitista e exclusivista eu leio geralmente um clássico ,um nacional (clássico ou não ) e um contemporâneo, geralmente esses de mais sucesso, para não ficar bitolada também gosto de ler algo diferente e que não seja muito conhecido. Enfim não desvalorizo nada, mas valorizo muito quem se mantém em destaque apesar de tudo. Viva os clássicos!

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  9. Olá Eduardo
    Eu acho uma grande besteira, todo esse embate entre a Literatura Contemporânea e os Clássicos. Ambos são maravilhosos e importantes! 💗 Você citou ali a cima "50 tons de cinza" e por incrível que pareça, o meu amor por livros começou depois da leitura desse... E pouco tempo depois depois eu comecei a ler clássicos da literatura brasileira! Ambos os gêneros foram de suma importância para despertar meu interesse pelos livros. 💗

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  10. Oi, Eduardo :)
    Que ótimo debate esse que você trouxe!!!
    Eu tenho uma visão que clássico se torna quando retrata a época em que ele foi escrito ou se trouxe debate para o assunto abordado pelo autor.
    A experiência que tive lendo os livros chamados "clássicos" me ajudaram a compreender que nem todo livro com esse título de honra (AMEI ESSA DESCRIÇÃO!!!! 💙) é de fato bom. Geralmente quando acabo a leitura, faço a resenha, e depois procuro outras opinões e do que o livro é exaltado. Um exemplo recente que tive foi lendo A BAGACEIRA, do José Américo, não me foi uma leitura tocante mas ele representa um fator histórico regional, entretanto eu já li VIDAS SECAS do Graciliano Ramos que retrata também o regionalismo e miséria e tal livro me tocou tanto que me fez ter a certeza que nem todo livro tido como clássico é ruim e também é bom. Valorizo a crítica especializada que se formou para fazer essa análise histórica mas sempre irei questionar se esses livros antigos tiveram sucesso na época que foram escritos, o pessoal que tinha acesso a leitura os lia?
    Não aceito um livro ter esse título de honra se não tiver meio que um documentário por trás mostrando se ele teve importância em sua época de escrita, se influenciou uma geração. Não vou aceitar nunca calado o que a crítica afirmar como material de qualidade porque eles estão - querendo ou não - selecionando o que foi bom no passado.
    Só me resta viver tempo suficiente para vê se livros contemporâneos se tornaram clássicos pela sua influência em um público que não existia.
    Já sobre os contemporâneos o meu questionamento fica na quantidade de livros com enredos rasos e clichês, também tem aqueles que ficam perpetuando pensamentos e ações inadequadas com a realidade atual, que compartilham ainda preconceitos que lutamos luta combater e destruir da mentalidade humana. Será que essas obras se tornaram clássicos da crítica do futuro? Esse é um temor meu se não documentarem hoje em dia como um livro foi recebido. Tem que se aprender com erros do passado!
    Mas no fim de tudo isso o que importa é se gostamos ou não da leitura. Mas tem que haver a tentativa, o SE que você mencionou com maestria e clareza, Eduardo.
    Muito obrigado por essa discussão maravilhosa!!!
    Abraços.

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