Resenha - A-LII

22 março 2018

Título: A-LII
Autora: Ana Macedo
Editora: Novo Século
Páginas: 320
Ano de lançamento: 2015
Onde Comprar: Submarino / Americanas

Em um mundo devastado pelas Terceira e Quarta Guerras Mundiais, A-LII, um clone criado em cativeiro, começa a questionar sua existência, enquanto Will, um garoto crescido nos subúrbios de uma Londres destruída, luta pela sobrevivência de sua família. O que ninguém espera é que, juntos, esses dois possam ser a chave de uma revolução contra a opressora Voz. Mas qual será o preço pago pela liberdade?




Distopia escrita pela autora nacional Ana Macedo, A-LII se passa em um futuro apocalíptico, na cidade de Londres. Comandada por um governo totalitário chamado por A Voz, a população vê-se obrigada a viver em silêncio, temendo as represálias institucionais.

Por se tratar de um futuro decadente, a humanidade, em sua infinita ignorância e sede de poder, detém conhecimentos científicos e biológicos capazes de clonar todo o tipo de pessoa. Todavia, se hoje vemos a clonagem com olhos espantosos e ainda tão leigos de sua capacidade, nesta obra literária, cópias humanas são seres sem valia.

A-Lii é uma clone de uso exclusivo de empresas cosméticas e produtos de alto risco. Ela serve ao governo e nada que faça tem qualquer importância. Seus fabricantes constantemente a ferem, provocando danos não apenas físicos, como sequelas mentais. Porém, diferente de outras réplicas, A-LII é capaz de pensar e sentir. Ao seu ver, a humanidade merece ser aniquilada.

“…Eu não pedi para nascer. O que há aqui são homens sem escrúpulos, brincando com a vida ao seu bel prazer, homens guiados única e exclusivamente pelo desejo de sobrepujarem-se uns aos outros.”


Assistindo no laboratório o constante sofrimento da cobaia geneticamente fabricada, Dr. Alec Muniz decide libertar a clone de seu cativeiro. Ele a leva para sua casa com o intuito de proporcionar a dignidade nunca antes experimentada por A-LII. Entretanto, quanto mais tempo a cópia passa ao lado de outros homens, mais ela percebe a monstruosidade que a raça humana é constituída. 

Em contrapartida conhecemos Will, rapaz pobre, com uma família completamente disfuncional. Sua mãe uma prostituta, seu pai um bêbado que vive às custas do próprio filho. Como único provedor da casa, William se esforça para sustentar seus irmãos menores, crianças ainda tão novas e calejadas pela vida. Entretanto, o garoto se vê repentinamente sozinho e completamente devastado ao assistir sua família sendo morta pela Voz.

Se em um primeiro momento vemos Will e A-LII contando seus pontos de vista em situações individuais, na metade do livro em diante os dois protagonistas se encontram, unindo forças, ao lado de grupos rebeldes, contra a opressão governamental.

Ana Macedo, apesar de nova, possui uma escrita madura e bastante fluida. Seu vocabulário extenso muitas vezes nos surpreende. Suas descrições de cenas são muito vivazes, sendo possível ao leitor imaginar cada situação perigosa e terrificante com extrema clareza e realismo.

A edição do livro é uma beleza à parte. As cadeias de DNA complementam a obra que trata justamente da clonagem humana. Os capítulos são bem sinalizados, demarcando ao leitor as vozes da narrativa; ora representados pela A-LII, ora o enredo contado pelo Will. As folhas amareladas e a fonte de tamanho largo dá ao leitor a sensação de que a leitura transcorre de modo muito mais ligeiro, sendo o mesmo capaz de ser finalizado em dois ou três dias. 


Contudo, por mais marcantes que sejam seus personagens, a autora pecou em um aspecto muito importante.

Distopia é um gênero literário que muito me agrada. É de suma importância que o escritor estruture claramente o sistema político e social do meio no qual seus personagens estão inseridos. Por muitas vezes, questionei o papel da Voz. Diversas vezes não consegui compreender como era o regime ditatorial e porque vigiavam a população à torto e à direita. Em um trecho do livro sabemos que o governo assiste seus “eleitores”, tendo consciência das condições dolorosas nas quais eles vivem. É dito de maneira bastante evidente que o governo conhecia as mazelas de Will e seu esforço sobre-humano de sustentar seus irmãos mais novos. Quando William decide tomar uma atitude a respeito da violência sentida dentro de casa, a Voz se intromete e pune o garoto por querer se livrar de toda a dor. Os governantes dizem detestar a violência, mas os mesmos compactuam em silêncio com os agressores. Admito, isso me deixou confusa. 


Quando terminei o livro fiquei sem entender o que era A Voz e seu governo de punhos quentes. Não entendi porquê pessoas como o Dr. Muniz levavam uma vida que agradavam os líderes políticos, enquanto Will e os rebeldes eram inimigos do governo. Quer dizer, a revolta da A-lii soou completamente plausível, já o dos rebeldes não ficou muito claro pois, se essas mesmas pessoas sofreram opressões por parte dos fazedores de lei, o que a soberania esperava dos seres humanos? 

De acordo com Ana Macedo, A-lii faz parte de uma trilogia e apesar de se encontrar na segunda edição, aguardo ansiosamente, desde 2015, o desfecho dessa clone que me cativou desde as primeira linhas. 


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10 comentários

  1. Também sou fã de distopias ainda mais quando elas chegam assim, de autor nacional! Não conhecia o livro e embora o título remeta a um nome de um filme que amo, vi que tem tudo a ver ou nada a ver!rs
    Mas já me apaixonei por A-lii desde que percebi que mesmo sendo um clone e criado em cativeiro, tem ali, sentimentos!
    E claro que preciso saber como ele e Will se cruzaram nesse mundo totalmente maluco.
    Vai para a lista de desejados!!
    Beijo

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    1. Oiii!!!
      A-LII é uma personagem que nos apaixonamos instantaneamente. Ela nos faz pensar muito na forma como vivemos em sociedade e como, sem que percebamos, nos tornamos distantes e frios. A verdade, é que muita gente deseja o poder e simplesmente se esquecem do mais importante: respeitar as pessoas e saber compartilhar os feitos em sociedade.
      Recomendo muito a leitura!!!

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  2. Oi Bella.
    Eu gosto muito de distopias e achei a premissa dessa trilogia interessante, a ideia de poder facilmente clonar as pessoas.
    A-lii parece passar por muitas situações dolorosas, tanto fisicamente como mentalmente, já que pode pensar e sentir. A-Lii deve pensar o pior da humanidade, já que ela é capaz de fazer coisas tão horríveis =/
    A jornada de Will e A-lii deve ser desafiante.
    Parece que muita coisa ficou em aberto e até mal explicada. Não sei se lerei esse livro.
    Beijos

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    1. Oi, Pam!
      A-LII é uma clone que sofre demais nas mãos dos homens. E, se pararmos pra pensar, muitas pessoas tratam as outras como lixo e não aceitam suas limitações e sentimentos.
      Will também sofre demais, sobretudo quando A Voz interfere com a sua vida.
      Will e A-LII acabam se encontram e formando uma dupla maravilhosa!!!

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  3. Certamente um dia vou abrir minha mente e coração para esse tipo de livro, pois como nao gosto de filmes assim imagino que livro também não vai rolar, mas o dia que isso acontecer vai ter que ser um livro, tipo TODO MUNDO GOSTOU, ai sim vou tentar ler, fora isso, não mesmo ahahah

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    1. Oi Fabi.
      Acho que todo mundo deveria ler uma distopia na vida, sobretudo as mais antigas como 1984, Fahrenheit 451 e Admirável Mundo Novo. Elas nos despertam pra realidade e passamos a questionar nosso governo e como estamos nos tornando seres alienados.

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  4. Uau. Eu não sabia da existência desse livro, eu li bem poucas histórias distopia, mas esse parece ser bem maneiro, já vou add a minha imensa lista de desejados kkkkkkkk. Adoreeeei as fotos também. E esses funkos, sonho meu ter pelo menos um.😍😍😍

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    1. Oi, Kley!!!
      Distopia é um gênero que eu amo!!! A gente sempre termina a leitura repensando muito sobre a nossa situação sócio-política atual.
      Eu sou apaixonada por fundos!!! Uma pena serem tão caros.

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  5. Adorei o enredo, e a história! Amo muito as distopias, um dos tipos de livros que mais gosto de ler. Confesso que alguns me decepcionaram de certa maneira, por sempre usufruir das mesmas ideias das distopias, mas A-LII parece ter muita originalidade!! Estou ansiosa pra ler :)

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  6. Oi Bella!
    Não leio tantas distopias mas acho interessante a história, essa ambientação com apocalipse rolando, e clones presentes. Por sinal um ponto positivo pra mim é a gente ver algo no ponto de vista de A-lli, e também de Will,e tirarmos nossa conclusões gerais. No geral gostei bastante da ideia :)
    Bjs

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