Resenha - A Desconhecida

05 setembro 2017


Título: A Desconhecida
Autora: Mary Kubica
Cortesia: Editora Planeta
Ano: 2017
Páginas: 352
Skoob
Onde Comprar: Saraiva / Amazon

Mais um instigante thriller psicológico da mesma autora de A Garota Perfeita, best-seller do The New York Times Todos os dias, a humanitária Heidi pega o trem suspenso de Chicago e se dirige ao trabalho, uma ONG que atende refugiados e pessoas com dificuldades. Em uma dessas viagens diárias ela se compadece de uma adolescente, que vive zanzando pelas estações com um bebê. É fato que as duas vivem nas ruas e estão sofrendo com a fome, a umidade e o frio intenso que castigam Chicago. Num ímpeto, Heidi resolve acolher Willow, a garota, e Ruby, a criança, em sua casa, provocando incômodo em seu marido e sua filha pré-adolescente. Arredia e taciturna, Willow não se abre e parece esconder algo sério ou estar fugindo de alguém. Mas Heidi segue alheia ao perigo de abrigar uma total estranha em casa. Porém Chris, seu marido, e Zoe, sua filha, têm plena convicção de que Willow é um foco de problemas e se mantêm alertas. Em um crescente de tensão, capítulo após capítulo a verdade é revelada e o leitor irá descobrir quem tem razão.







Duas histórias unidas pela dor da perda. Uma atitude que pode mudar a vida delas. Um thriller psicológico que nos leve a inúmeras reflexões sobre aqueles que nos cercam.

Heidi é uma humanitária que todos os dias ao ir para o trabalho se depara com uma cena que a incomada muito: uma jovem e um bebê no meio da rua, no frio, pedindo esmolas. Aquilo a deixa muito triste e a cada dia ela sente que precisa fazer alguma coisa para mudar aquela situação.

Essa sua essência empática, já é bem conhecida por sua família. Seu marido Chris, sabe que ela é uma mulher que se preocupa muito com os outros e que ele como um bom investidor, não se preocupa tanto. E além dessa cena que ela vê repetidas vezes e não consegue esquecer, Heidi ainda tem que lidar com uma filha adolescente que odeia tudo e têm comportamentos que a irritam.

"Sorrir não é algo que a garota faça naturalmente. Eu a comparo com Zoe e sei que é mais velha. O desespero em seus olhos, por um lado, a falta da vulnerabilidade evidente de Zoe, por outro. E claro, há a bebê."

Não suportando mais a situação daquela garota, ela decide então pagar um jantar na tentativa de ajudá-la de alguma forma. No início a menina se mostra resistente a aproximação dela, e se nega a todo custo a encontrá-la , mas no fim termina indo até a lanchonete na qual Heidi disse que estaria esperando. Ao conversarem a garota diz se chamar Willow e a bebê Ruby e apesar de não saber como ela foi parar naquela situação, Heidi lhe dá seu cartão para caso ela precise falar com ela e tenha decidido ir para um dos tantos abrigos existentes para sem-tetos.

Numa tentativa absurda de salvar aquelas duas vidas, Heidi decide levá-las para sua casa até que elas estejam mais recuperadas.

Chris e Zoe (filha do casal), acha tudo aquilo uma loucura, afinal quem colocaria uma total desconhecida dentro do seu lar ?

O marido começa a desconfiar de tanta falta de informação sobre Willow e inicia uma busca na rede para tentar encontrar algo sobre a garota. Mas o que torna tudo ainda mais estranho é que não existe nada sobre Willow Greer na internet , a não ser por uma conta no Twitter que se chama W. Greer de uma garota com tendências suicidas. Nessa conta, Chris encontra inúmeras fotos de auto-flagelação e a dúvida sobre aquela ser ou não a garota que ele procura só aumenta.

“Havia fotos nas paredes, lá naquela casa, fotos da família, eles três abraçados, sorrindo. Felizes. Era sempre quente lá, um tipo diferente de calor, um calor que você sente de dentro para fora, não de fora para dentro."

Cheia de segredos , Willow parece esconder algo. Parece que está fugindo. Como a menina que não quis aceitar 20 dólares, de repente está morando com desconhecidos? Tudo aquilo é bem esquisito, e um ambiente de medo, dúvidas e insegurança começa a se firmar na casa.

Heidi parece não se preocupar com a falta de conhecimento sobre a vida de sua hóspede, pois tudo que ela deseja é ajudar aquela mãe e seu bebê, que apresenta assaduras intensas no bumbum e precisam ser tratadas com urgência.

Quando Chris precisa viajar a trabalho, a verdade sobre Willow vem à tona. E agora , quem estava com razão?



[- Minhas Impressões -]

Uma leitura super fluída que levantou questões que eu não estava esperando, me surpreendendo de forma muito positiva. Esse é o meu primeiro contato com a escrita da autora, e fico feliz em dizer que ela soube construir um belo suspense. Um livro que traz inúmeras reflexões em uma trama envolvente que faz o leitor desejar cada capítulo.

Heidi é um personagem que apresenta uma característica bem marcante em  sua personalidade: empatia. Ela se põe muito no lugar do outro (uma coisa que está em bastante falta na atualidade) e isso a faz sofrer demasiadamente, já que ela não pode ajudar o mundo inteiro. Ao "conhecer" Willow na estação de trem, com aquele bebê no colo, com frio, ela não consegue lidar com aquilo sem intervir. Achei essa característica da personagem muito bacana apesar de que ela pode ser bem inconsequente às vezes (como bem podemos ver).

Apesar de toda a bondade que Heidi apresenta ao querer ajudar Willow, ela não percebe que pode estar caminhando para o fim de sua vida. Infelizmente vivemos um tempo, no qual não dá pra ser bondoso com qualquer pessoa, pois muitos se aproveitam dessa bondade para se promoverem e crescerem a nossas custas. Na minha família vivi um caso bem parecido com o que vemos nesse livro e não desejo que isso aconteça com ninguém.

A avó da minha irmã abrigou um desconhecido em sua casa, deu alimento , abrigo e no final ele acabou a matando. Isso foi algo muito trágico, mas que abre os nossos olhos e nos faz entender que não dá pra ser bondoso com qualquer pessoa, pois por mais que nossas intenções sejam boas não temos como saber a real intenção do outro.

A autora também levanta uma discussão muito interessante sobre a adoção.
Imagina que dor de alguém perder seus pais e em seguida ver sua irmãzinha também ir pra longe ?

Por mais que ela esteja indo pra um lugar melhor (é o que se espera) perder a única parte da sua família que lhe restou não é fácil. Isso é bem triste e foi uma coisa que me surpreendeu muito na narrativa.

O enredo de "A Desconhecida" também mostra , o quão falho pode ser o acompanhamento do processo adotivo, pois o montante de crianças que um assistente social fica responsável o impede de pesquisar melhor sobre a família que adota e deixa muita coisa importante passar, até por que como sempre vejo boletins negativos de uma criança que está sobre minha responsabilidade e não vou na escola pra saber avaliar melhor a situação ?

Outra discussão bem interessante que pode ser retirada desse livro, é a questão do abuso infantil. Bem sabemos que os monstros que cometem tal crime, podem está mais perto de nós do que imaginamos e até mesmo dentro do nosso próprio lar.

É triste imaginar como fica a cabeça de uma criança que após perder toda sua família é adotada na esperança de obter um novo lar e ao invés de amor encontra agressão e abuso. É tão revoltante pensar nisso e saber que essa é a realidade de muitos é ainda mais.

"E, além disso, Joseph disse que ninguém acreditaria em mim. Ninguém. Era a palavra dele contra a minha. E eu era uma criança. Uma criança que ninguém queria - ninguém -, só ele e Miriam."


Mas como nem só de temas fortes "vive" um thriller psicológico... A trama também consegue lançar o amor como uma válvula de escape em meio a tanto sofrimento.

O amor é um sentimento que nasce até mesmo em tempos de dor. E quando sentimos a plenitude desse sentimento, sem dúvida somos capazes de enfrentar qualquer coisa. Vemos nessa obra , a entrega de um dos personagens de forma linda , em nome do amor e isso foi algo que me agradou muito, pois não tem nada de meloso (que obviamente não seria legal em meio ao suspense e proposta do livro) e muito acrescenta a história.

A capa do livro é muito interessante e eu gostei assim que a vi, pois apresenta tons sombrios de mistério que logo me agradou. A edição do livro está linda. As páginas são amareladas e contém um tamanho de fonte muito confortável.

A narração acontece sobre a perspectiva de Chris, Heidi e Willow, sempre em primeira pessoa, sendo assim temos uma visão muito ampla sobre tudo que acontece no enredo. Podemos contar ainda, com alguns flash's do passado, nos levando a entender melhor as atitudes de alguns personagens e nos fazendo imaginar os próximos acontecimentos.
"É mais comum eu não estar lá do que estar, tem sido assim desde que começamos a namorar. Heidi está acostumada com minha ausência. Como dizem: a ausência faz crescer a saudade." (Chris)

Mary Kubica nos apresenta uma trama muito bem construída, que nos mostra o quanto podemos ser desconhecidos para os outros e até para nós mesmos.

"A Desconhecida" é um thriller incrível, que surpreende o leitor e nos faz mergulhar nas páginas e não largar até ter concluído a história.

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18 comentários

  1. Oi Italo.
    Que livro mais interessante, eu já vou confessando que sou uma pessoa de capa e essa não me chamou a atenção de forma alguma.
    Porém, o menmo não posso falar da história, estou curiosa para saber qual o desfecho e concordo com você é difícil hoje em dia ver um ato de empatia, mas ainda não sim não deixa de ser algo perigoso, o fato que a autora ainda aborda temas como abuso infantil e adoção me deixou triste, mas ainda assim quero muito ler.
    Bjs.

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    1. Apesar de nos deixar tristes, são temas que precisam ser trabalhados, não é? Obrigado por comentar ! Beijão

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  2. Italo!
    Gosto demais dos thrillers psicológicos também, porque ficamos totalmente envolvidos.
    E ver que as personagens tem defeitos e virtudes, torna a leitura mais crível e aproxima o leitor, porque podemos nos identificar.
    Achei importante os assuntos tratados: abuso infantil e as falhas no sistema de adoção.
    Gostaria demais de ler.
    Uma semana de alegrias.
    “A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade.” (Aristóteles)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE SETEMBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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    1. São assuntos realmente importantes. Espero que você consiga ler, é um livro que vale muito a pena. Abraços!

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  3. Olá Italo!
    Mais um livro no meu gênero favorito. Já ouvi falar bastante do outro livro da autora, "Garota perfeita", mas ainda não conheço sua escrita. Ainda!
    "A desconhecida" já me deixou curiosa ao ler sua sinopse e resenha, imagino que seja uma narrativa que nos prende literalmente às suas páginas.
    Um bom mistério, aliado a pessoas diferentes vivendo sob o mesmo teto, e a empatia que sempre temos em relação a bebês são os ingredientes para tornar o livro bem instigante. Acredito que o mistério será revelado aos poucos, e com certeza haverá uma conexão entre as pessoas envolvidas.
    Afinal, qual a identidade da garota que praticamente não tem registros online? O que ela e sua bebê irão trazer para esta família?
    Enfim, enquanto não forem respondidas, estas questões continuarão a atormentar o leitor! Com certeza uma garantia de um bom livro!

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    1. Esse foi o primeiro livro que li da autora e amei! Achei o enredo muito original e isso contribui ainda mais para a leitura.Tomara que possas ler em breve! Beijos!

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  4. Oi Ítalo, tudo bem?
    Ganhei este livro em uma promoção, e não vejo a hora de ele chegar em casa para eu conhecer esta estória. Eu a princípio tinha achado a premissa bem normal, mas depois fiquei bem curiosa para entender o que tinha acontecido com esta jovem, e porque ela morava na rua com um bebê. Sinto muito pela avó da sua irmã, esta é uma história realmente muito triste, e nos prova como as nossas boas intenções nem sempre resultam em coisas boas. Não sabia que na estória falava sobre adoção, estou bem interessada nesta leitura.
    Beijos

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    1. Espero que a leitura seja tão boa pra você quanto foi pra mim. E que sorte hein? Beijos!

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  5. Acho super legal essas historias com suspenses... Me lembrou um pouco o filme A orfã, por levarem uma menina para a casa deles sem saber nada sobre ela... Sinto muito pela avó de sua irmã! Temos que tomar cuidado com quem colocamos dentro de casa mesmo... Me recordo que aconteceu algo parecido com o pai de uma amiga minha, ele abrigou um desconhecido e depois de duas semanas esse rapaz descobriu um lugar onde o pai da minha amiga guardava dinheiro, roubou e fugiu!
    Gostei bastante da sua resenha, creio que o livro é aquele que podemos ter todo tipo de sentimento quando estamos lendo... medo, confusão, duvidas e até amor!

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    1. É bem triste quando vemos pessoas boas sofrerem por serem bons. Sim sim, esse é um livro que nos enche de diversos sentimentos! Beijocas

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  6. Achei bem interessante a premissa, parece ser uma trama muito boa e envolvente, bem como parece ser um livro forte. Gostei que o livro nos deixa intrigado e nos faz questionar, refletir. Vou anotar a dica.
    Beijos.

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  7. Olá Italo ;)
    Ah, como eu adoro um bom suspense! Não conhecia a autora ainda, mas adorei sua indicação... o livro já foi para minha lista de leitura com certeza!
    Gosto de romances que surpreendem, e fiquei muito curiosa para saber a história real da Willow. Esse parece um daqueles livros em que o autor deixa o leitor "a beira do abismo", e sempre quando achamos que algo vai acontecer, acontece o oposto (não sei se estou enganada).
    Que legal que o livro só mostra o ponto de vista de três personagens, não suporto quando mostra inúmeros pontos de vista, eu fico toda perdida (como aquele livro Em Águas Sombrias).
    Enfim, adorei sua resenha e espero conseguir ler logo A Desconhecida.
    Abç

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  8. Oieeeee!!
    Para início de conversa, que capa linda!! Achei a resenha bem interessante, com um tema atual que tem que ser descutido, o quando nós temos que confiar nas pessoas que nos cercam, principalmente, no caso do livro, pessoas que não conhecemos direito. Acho esse um assunto polêmico, e achei legal aborda-lo em um livro.
    Concordo com você, devemos ser bondosos, mas abrigar um completo desconhecido em nossas casas é algo meio estranho, pois nós não conhecemos as intenções da pessoa, de onde ela veio, o que ela está pensando, se ela está fugindo de alguém ou de algo ou se ela apenas é uma pessoa precisando de ajuda. Não que nós não devamos ajudar desconhcidos, mas temos que procurar saber mais sobre eles.
    Muito triste essa história que você falou.
    Deu vontade de ler o livro para saber o que vai acontecer com a família e a menina.
    Beijooooos

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  9. Olá!
    Realmente tenho que confessa, a sua resenha estar perfeita. Literalmente amei cada coisa que você falou sobre o livro. Eu já li tantas resenhas sobre ele mas me falta algo mas sobre essa historia e nele vemos como a personagem é uma pessoa muito bondosa, que pensar nos outros antes de si mesma, mas também achei ela muito prudente ao fazer isso porque não há nada sobre a garota, de onde veio, quem é sua família e etc., mas a personagem mostrou ter uma personalidade unica e claro, já me deixou bem curiosa pela trama.

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  10. Oi! Devorei a resenha ahah O livro parece ser sensacional, daqueles que prendem de inicio ao fim e tira o folego. Fiquei curiosa para sabem quem afinal é a Willow. Beijoss

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  11. Pelo visto, a história realmente apresenta assuntos bem marcantes e pautáveis no mundo atual, mexendo nas feridas da sociedade. Ficar com um pé atrás, nos dias de hoje, nunca é demais. Infelizmente, é necessidade. Estou curiosa para conhecer a real origem da Willow e descobrir todos os seus "motivos". Alguns quotes citados realmente mexeram com o meu emocional, o livro parece ser denso e carregar essa carga necessária.

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  12. Ainda não li nada da autora, estou tentada a dar uma chance a esse livro apesar de achar o enredo com temas muito fortes e triste algo que não me agrada muito...

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  13. Livros com folhas amareladas são muito bons, permite uma melhor leitura, pena que editoras não dão atenção a isso... :/ Me senti intencionada a ler esse livro, thriller psicológicos me tiram do eixo. Gostei dos temas abordados como abuso infantil, cuidado com quem ajudamos, questões familiares. As vezes muitos livros ficam muito em transmitir medo/terror do que um conteúdo que possa ser usado no dia a dia. Hoje já não se pode ajudar ninguém, pois podemos ser usados :/, triste esse fato que ocorreu na sua vida. A morte de parentes é horrível por si só, quando é sem ser causa natural, desgraça nossa vida. Voltando a livro, o que me interessou em primeiro foi a capa, é bem elaborada e o conteúdo parece ser realmente bom. Vale a pena ler

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