Resenha - Misery

06 junho 2017

Título: Misery
Autor: Stephen King
Editora: Cia das Letras / Suma de Letras
Páginas: 326
Onde comprar: Amazon / Saraiva

Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira foi que Annie Wilkes tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkes era perigosamente louca. Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo.







Paul Sheldon é um escritor consagrado que atingiu o sucesso devido a série de livros que escreveu sobre a Misery Chastain. Seus fãs, compostos pela maioria por mulheres idosas, adoram a série e são bastante obcecados pela protagonista forte que o escritor criou. Porém, Paul não estava mais se sentindo contente e satisfeito com as histórias e, sendo Deus de suas narrativas, fez aquilo que é considerado imperdoável por muitos leitores: matou a heroína Misery. Decidiu colocar um fim definitivo e começar uma história totalmente diferente intitulada Carros Velozes, com muitos palavrões, ambientado em uma outra época e cheio de ação. E foi justamente por causa dessa história que Paul acabou caindo em uma grande enrascada, mais precisamente, nas mãos de Annie Wilkes.

Ao levar o manuscrito de Carros Velozes ao seu editor, Paul acaba sofrendo um acidente de carro e é resgatado por uma enfermeira bem estranha, que diz ser a sua fã número um. Depois de vários dias mergulhado na inconsciência, ao observar atentamente Annie, ele vai percebendo que não está exatamente em um lugar seguro. Afinal, ela exibe vários episódios de catatonia, o deixa passando fome e morrendo de dor, levando um tempo maior do que deveria para administrar as pílulas. Além disso, ele não deveria estar em um hospital?

Paul precisa dos remédios, já que o acidente acabou destruindo as suas pernas. Mas a sua situação não para de piorar por aí, porque até então, Annie não havia acabado de ler o seu último livro. Ela fica extremamente furiosa com Paul e, é claro, não aceita de jeito nenhum o final que o escritor deu à Misery Chastain. Lhe oferecendo uma velha máquina de escrever, Paul agora possui a missão de escrever um livro só para Annie e que precisa agradá-la, ou irá sofrer terríveis consequências.

“Será que ela teria agido da mesma forma caso se tratasse de um zé-ninguém de algum cafundó? Não. Ele achava que não. Ela o aprisionara porque ele era Paul Sheldon e ela... - Ela é minha fã número um – murmurou Paul e cobriu os olhos com o braço outra vez.”

Misery é um livro fantástico. Que o Stephen King é um escritor muito talentoso vocês já devem estar cansados de saber, mas a cada livro que devoro do autor, fica ainda mais difícil não admirar sua escrita. Há muitos elementos presentes em Misery que se tornaram imprescindíveis para que a história ficasse ainda mais extraordinária. Como leitores, acabamos nos sentindo na pele de Paul, aprisionados pelas garras de Annie e pensando em milhares de maneiras de escapar da prisão que é a sua casa. Essa habilidade do autor de nos fazer sentir empatia e carisma pelo protagonista torna ainda mais difícil se distanciar do livro.


Adorei a forma que Stephen King utilizou para mostrar um pouco do passado de Annie, pois isso tornou a personagem ainda mais amedrontadora do que já era e acabou enriquecendo-a de alguma forma. Outro componente interessante da trama é a visão peculiar que Annie tem do mundo e das pessoas, o que explica o porquê de ter cometido tais atos, e é claro que fiquei bastante perplexa com a sua perspectiva.

A questão principal que ronda durante grande parte do livro é: Paul irá sobreviver? Afinal, Annie passa a demonstrar cada vez mais que está a dez passos à frente do protagonista, provando que pode ser louca, mas não burra. Com uma atenção bastante meticulosa, nenhum mísero detalhe passa despercebido pela psicótica enfermeira. Além disso, o escritor possui muitas desvantagens: é incapaz de andar, não tem telefone, a casa está bem trancada e não há vizinhos próximos. Tudo que ele dispõe é o seu cérebro, seu conhecimento e suas memórias. E, claro, a sorte, se estiver do seu lado. Esse suspense que o autor alimenta acerca do protagonista é o que faz com que o leitor fique preso na leitura, o que é um excelente ponto positivo.

Acredito que Paul Sheldon é um dos personagens mais resistentes que Stephen King criou. Isso se deve ao fato de que, enquanto Paul se dedica ao novo livro de Misery obstinadamente, também precisa lidar com os horrores da sua própria história. Mesmo que Annie complique a sua vida e o torture de várias maneiras cruéis, o escritor não se permite abandonar o livro, por mais que esteja consciente de que o seu fim esteja cada vez mais próximo. Isso é um ponto interessante porque a escrita acaba se tornando a fuga da realidade assustadora de Paul e ele passa a se apegar ao seu trabalho a fim de tentar não acabar enlouquecendo, aprisionado naquela casa.

"E a outra voz retornou imediatamente: Eu não sei se Deus vai ajudar ou atrapalhar, mas sei de uma coisa: se você não der um jeito de ressuscitar Misery de um modo que Annie possa acreditar, ela vai matar você."

Não há como não sentir um misto de emoções em relação a Annie. Considerando a sua situação patológica, cada atitude sua é bastante imprevisível, ou seja, tanto o leitor quanto Paul não podem prever qual será seu próximo passo. Dependendo do que ela disser, cabe ao protagonista dizer as coisas certas para impedir ou adiar a sua morte o máximo possível. Ou seja, sentimentos como desespero e aflição predominaram em mim quando presenciei essas cenas. Essa imprevisibilidade deu um toque macabro à história, o que acabou deixando-a ainda mais interessante.

A diagramação do livro está impecável, a capa está linda e a revisão ortográfica foi feita com um cuidado especial. Não tenho nenhuma falha ou defeito a ressaltar do livro, tanto da edição física quanto da obra em si. Amei a experiência de leitura que tive com Misery e é claro que agora vou correndo assistir a adaptação do livro, intitulada “Louca Obsessão”. Recomendo fortemente!



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10 comentários

  1. Oi amanda =)
    Nunca me aventurei para literatura de terror mas morro de curiosidade de conferir a escrita do Stephen King. Já vi varios filmes baseados em suas estórias, e recentemente vi no skoob esse livro mas não dei muita atenção. Agora vendo sua resenha fiquei completamente curiosa para ler. A personagem pode ser louca, mas ela faz justamente que a maioria dos leitores morrem de vontade de fazer com os autores quando matam nossos personagens queridinho hahahahah Vai saber se esse livro não foi um presente do autor pro fãs enraivecidos? Mas enfim, sua resenha me cativou e fiquei envolvida e curiosa pra poder ler mais ♥
    Bjão

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  2. Esse foi o único livro do autor que já li. E caramba, é muito bizarro! Deu pra entender um pouco porque falam tão bem dele, essa fama da escrita e tudo mais. O personagem passa por cada coisa e dá uma agonia, a gente fica torcendo por ele pra se livrar daquela louca e conseguir escapar...
    E a Annie me dava medo, ê bichinha louca essa daí. Parecia que sabia tudo o que o cara ia fazer antes mesmo dele pensar em fazer! E a gente fica mesmo perdido, sem saber o que esperar dela tanto quando o Paul.
    Adorei o negócio da escrita do personagem também. Sempre acho interessante quando fazem um livro dentro de um livro. Fiquei com vontade de ler os livros que o Paul escrevia!

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  3. Olá!!!
    Esse é um livro que está ha um bom tempo na minha lista de desejados, mesmo nunca ter lido nenhum livro do autor pretendo começar por esse e depois assistir ao filme, penso em como será o final desse livro pois o autor é que nem esse da historia kkkkkkk já estou ciente disso.
    Abraços!!!

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  4. Olá!
    Fiquei super feliz com sua resenha. Desde o ano passado tenho vontade de ler Stephen King mas só esse ano tive oportunidade. Já li Carrie e It dele e estou apaixonada! Misery está na lista também e pretendo ler ainda esse ano <3
    Beijos

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  5. Amanda!
    Já tive oportunidade de ler Misery e também de assistir o filme baseado no livro e é bem como falou, King cria um mundo onde não tem como não nos envolvermos, como não nos compadecermos da situação de Paul, nas mãos da fã e psicopata Anne. É um verdadeiro terror que acompanhamos página a página sem querer desgrudar até o final...
    “A única sabedoria que uma pessoa pode esperar adquirir é a sabedoria da humildade.” (T. S. Eliot)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  6. Ainda não li nada do Stephen King, o que é um pecado já que não foi por falta de indicações positivas, até coloquei como meta ler pelo menos um livro dele esse ano.
    Adorei a resenha e a ideia do livro, quem nunca quis torturar um autor que matou seu personagem preferido? Brincadeirinha hahaha.

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  7. Lembro que já assisti o filme baseado nessa obra e apesar de não me recordar dos detalhes, lembro muito bem da angústia e da tensão que a produção passava. Imagino que o livro deve ser igualmente bom (ou até melhor né, tenho muito fé no trabalho do King e são poucas as obras dele que não me conquistam). Eu acho essa história incrível, e a Annie é uma vilã incrível. Gostei muito de saber que o livro é tão bom assim, e tnho muita vontade de ler ele logo.

    Beijos!

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  8. Oi Amanda,
    Apesar de ser medrosa não posso mais fugir, tenho que dar uma chance ao mestre King logo, já tenho alguns títulos escolhidos, mas Misery me conquistou, quem sabe não será esse meu primeiro contado com a escrita tão aclamada do King?
    Que trama mais intrigante! Deve ser uma leitura repleta de ansiedade e aflição com as ações imprevisíveis da Annie, que mulher mais doida. Amo um bom suspense, desde que não seja tão tenebroso, mas confesso que fiquei fisgada com essa história, parece ser do tipo que prende o leitor até a última página.
    Vou colocar esse livro na meta, não posso mais ficar adiando minha estria com esse autor.
    Beijos

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  9. Olá! Esse é um autor que sai totalmente da minha zona de conforto não curto nenhum pouco livros que me fazem sentir medo, embora já tenha assistido a alguns filmes que foram baseados em seus livros, ainda não me aventurei a lê-los, todo esse terror psicológico não é para mim.

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  10. Olá !!
    King é King ne ?! 💜
    Que enredo diferente de todos já criados ! Queria eu as vezes obrigar o autor e mudar o fim do livro (sequestraria Jojo para que ela deixasse o Will vivo ♡¤))
    ADOREI !!

    BJOS

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